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Correio (Portuguese)

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Title:
Correio (Portuguese)
Place of Publication:
Brussels, Belgium
Publisher:
Hegel Goutier
Publication Date:
Copyright Date:
2009
Language:
English
French
Portuguese
Spanish

Subjects

Genre:
serial ( sobekcm )

Record Information

Source Institution:
University of Florida
Holding Location:
University of Florida
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Caribbean Newspapers, dLOC
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CORREIO
A REVISTA DAS RELAOES E COOPERAO ENTIRE
AFRICA-CARAfBAS-PACfFICO EA UNIAO EUROPEIA


Comit Editorial
Co-presidentes
John Kaputin, Secretrio-Geral
Secretariado do Grupo dos pauses de Africa, Caraibas e Pacifico
www.acp.int
Stefano Manservisi, Director Geral da DG Desenvolvimento
Comissao Europeia
ec.europa.eu/development/

Equipa editorial
Director e Editor-chefe
Hegel Goutier

Colaboradores
Franois Misser (Editor-chefe adjunto),
Debra Percival

Editor assistente e pmduo
Joshua Massarenti

Colaboraram nesta edio
Marie-Martine Buckens

Relaes Pblicas e Coordenao de arte
Relaoes Pblicas
Andrea Marchesini Reggiani (Director de Relaoes Pblicas
e responsvel pelas ONG e especialistas)
Joan Ruiz Valero (Responsvel pelas relaoes com a UE
e instituioes nacionais)

Coordenao de arte
Sandra Federici

Paginao, Maqueta
Orazio Metello Orsini
Arketipa

Gerente de contrato
Claudia Rechten
Tracey D'Afters


Capa
Design por Arketipa


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45, Rue de Trves
1040 Bruxelas
Blgica (UE)
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www.acp-eucourier.info
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ou contact directamente info@acp-eucourierinfo

Editor responsivel
Hegel Goutier
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Gopa-Cartermill Grand Angle Lai-momo
A opinio express dos autores e nao represent o ponto de vista official da Comisso Europeia nem
dos paises ACP.
Os parceiros e a equipa editorial transferem toda a responsabilidade dos artigos escritos para os
colaboradores externos.


NGHOR


0 nosso parceiro

priuilegiado:

o ESPRCE SE1GHOR


0 Espace Senghor um centro
que assegura a promoo de
artists oriundos dos pauses de
Africa, Caraibas e Pacifico e o
intercmbio cultural entire comuni-
dades, atravs de uma grande
variedade de programs, indo das
artes cnicas, msica e cinema
at organizao de confern-
cias. um lugar de encontro de
belgas, imigrantes de origens
diversas e funcionarios europeus.

E-mail:
espace.senghor@chello.be
Site: www.senghor.be





As vinhetas e ilustraoes satfricas
apresentadas nesta ediao (pg. 3,
9, 18, 25, 26 e 27) foram realizadas por
caricaturistas europeus e africanos que
foram convidados a representar a
Carta dos Direitos Fundamentais da
Unio Europeia no project Manifesta!
(www.manifestaproject.eu), realizado
pela associaao Africa e Mediterraneo.


40.
L







O N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009








C*RREIO

A REVISTA DAS RELAES E COOPERAO ENTIRE AFRICA-CARAfBAS-PACfFICO E A UNIAO EUROPEIA



Indice
O CORREIO, N Il NOVA EDIAO (N.E)


EDITORIAL i
EM DIRECTOR
Glynis Roberts: um exemplo para as mulheres...
e para os homes 4

PERSPECTIVE 8
DOSSIER
Doadores alinham com o desporto
'International Inspiration' visa 12 milhoes de crianas
em 20 paises at 2012 11
Um Campeonato do Mundo que pode mudar a Africa
do Sul para sempre 13
A ONU adere ao Desporto para o Desenvolvimento 15
A fora do sucesso da Jamaica em pista 16
Desporto promovido pela CE como ponto de partida
para projects de desenvolvimento 17
O poder do desporto 18
INTERACES
Passado o espanto... O que nos fica do pacote do G20? 20
Estados ACP em sintonia com a chamada "Facilidade
Alimentar" 22
As ONGs Alertam para os cortes na ajuda ao
desenvolvimento 23
A Assembleia ACP-UE admoesta o G20 24
O desmantelamento das Antilhas Holandesas 25
Intensificaao das ligaoes ACP/Commonwealth 26
EM FOCO
Um home de muitas facetas. Um dia na vida do
actor sul-africano Tobie Cronje 28
COMRCIO
Mais flexibilidade, exigem os deputados ACP-UE 30
A "Amrica" da Africa resisted a um acordo commercial
com a UE 31
NOSSA TERRA
A favor de umajustia climatica 32


REPORTAGEM
Dominica/Granada
A Dominica. Paixao pela natureza e aposta no ser
human
Estratgia governmental: manter o crescimento
enquanto se aguardam ventos favoraveis
Psicologia
A oposiao exige um governor mais transparent
Ajuda da UE: uma recompensa para a boa governaao
Todas as belezas de um pais que devera visitar a p
Granada Surpreendente !
Nao se deve colocar todos os ovos num s6 cesto
Crise financeira. Manter as pessoas empregadas
Caraibas autnticas. Um sinal de espirito
Granada: o novo governor perdeu milhoes em
investimentos, alega a oposiao
Cooperaao. Uma aposta nas escolhas de Granada
Descoberta. Uma Granada resplandecente
Art. Heart Attack
DESCOBERTA DA EUROPA
Estocolmo. 0 paradox sueco
Um modelo de abertura
Migraao: uma sensibilidade caracteristicamente sueca
Jornadas do Desenvolvimento 2009
Inovaao custe o que custar
Como Verde a minha cidade!
Hammarby Sjstad, laboratorio da cidade sustentavel
Luz e Sombra
CRIATIVIDADE
Editores Africanos unidos contra a invisibilidade
Turismo ecologico e cultural: uma panaceia para o
turismo africano?
Quando a Africa descobre o blues

PARA JOVENS LEITORES
Desporto e desenvolvimento


CORREIO DO LEITOR/AGENDA



























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L. t.

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Trabalho de Hemerson Andrianetrazafy. Artista malgaxe,
historiador de arte da Universidade de Antananarivo.
Marie-Martine Buckens
Incrustaao: Nathalie Murphy, director executive da filial
dominiquense da ONG Channel Cross Disability, 2009.
Hegel Goutier







editorial


uando se lhe pergunta o que mudou na
sua vida, todo o seu rosto se ilumina e
deixa transparecer um sorriso radiante
que da aos seus olhos fechados um olhar
completamente novo. "Toda a minha vida
nova". E a beleza, a alegria que emana dela um pre-
sente para os outros. Nathalie Murphy invisual desde a
adolescncia, vitima de uma cegueira parcial de nascen-
a que o tempo agravou.

Nathalie director executive da secao da ONG
"Channel Cross Disability" na Dominica. O que mudou
a sua vida foi um project de aprendizagem das tecno-
logias da informaao e comunicaao, lanado ha cinco
anos, que beneficiou de subvenoes diversas, nomea-
damente da Uniao Europeia. Desde que lhe foi possivel
utilizar a Internet, graas a computadores adaptados e
a um software especial, "Job activation with speech"
(JAWS): "Toda a minha vida mudou. Absolutamente!
Antes, estava dependent de algum. Agora, fao tudo
eu prpria. Meu Deus! E realmente uma vida nova
maravilhosa!"

E o mais impressionante nao a felicidade de Nathalie,
mas o que ela comunica, o que transmite a quem a aborda.
Uma pergunta entire outras: o que vale, nos parmetros
economicos existentes, esta ajuda que tomou possivel
a irradiaao de uma pessoa? A resposta a esta pergunta
deveria constar, pelo menos implicitamente, nas conclu-
soes do G20 apresentadas neste numero de O Correio. O
G20 imps-se, entire outros objectives, a formulaao de
novos indicadores de desenvolvimento. Pacincia!

A Dominica, object de uma das nossas reportagens, que
figure em bom lugar na metade superior da classificaao
do PNUD relative ao desenvolvimento human, um dos
pauses com mais centenrios, com uma esperana de vida
relativamente elevada e, sobretudo, igual para os ricos
e para os pobres. Logicamente, um sinal de equidade
social e de desenvolvimento. E em terms de PIB?


Entre os inumeros arguments a que recorreu Jean
Gadrey para contestar ao PIB a sua qualidade de indica-
dor "de progresso, ha um especial senao especioso: o
sexo do PIB seria masculine. Primeiro, aquando da sua
adopao nos anos 30, foi uma escolha de homes. Em
seguida, s6 tinha em conta a riqueza e o poder porque o
seu principal objective era, segundo Franois Fourquet,
dar aos governor uma ideia dos recursos mobilizaveis
em caso de guerra. Por ultimo, foi integrada, embora
tarde, a produao domstica de bens, como a reparaao
de uma garagem, mas nao os servios domsticos. Por
outras palavras, a "bricolagem"dos homes foi incluida,
mas o trabalho das mulheres em casa, nao!

A Sucia, que neste numero 11 de O Correio object
da Descoberta de Regies da Europa, tem talvez algumas
lioes a dar, tanto a nivel do lugar da mulher depois
dos Vikings como na atenao prestada aos servios nao
mercantis. Tem igualmente lioes a dar em matria de
luta contra as alteraoes climaticas, a exemplo de varios
pauses pobres, nomeadamente de Africa, a fazer f nos
especialistas que trabalham no terreno, como os da ONG
Misereor da Alemanha que trabalham em varios pauses
de Africa e exigem uma "justia climatica". Trata-se
de uma informaao que vem mesmo a propsito antes
da prxima Convenao da ONU em Copenhaga sobre
esta questao. Mas as populaoes destes pauses pobres s6
fizeram adaptaoes ao seu modo de vida e sua relaao
ao ambiente, que nao tm, provavelmente, nenhum valor
no PIB dos seus pauses!

Hegel Goutier
Editor-chefe




Leitura aconselhada:
Jean Gadrey, "Nouveaux indicateurs de richesse" (dois livros),
La Dcouverte, coll. Repres 2009.
Jean Gadray "En finir avec les ingalits" (Mango, 2006).
Franois Fourquet, "Les comptes de la puissance", publicado em 1980.
Franoise Hritier, "Masculin/Fminin II", Odile Jacob, 2002.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009




































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Glynis Roberts Ministra do Trabalho, do Desenvolvimento Social e da Igualdade de Gneros no
Governo do Congresso Democrtico Nacional (NDC) no poder h vrios anos de Granada,
um pais das Caraibas Orientais. Iniciou a sua carreira no Gabinete da UE, em Granada.
Conhecida por fazer as coisas andarem, partilhou connosco as suas ideias de como envolver
mais as mulheres na political nas Caraibas. Esta a promover uma "Associao de Mulheres
Politicas das Caraibas" com o objective de former mulheres para carreiras political a nivel das
Caraibas, seguindo os passes de figures notveis como Eugenia Charles, a primeira mulher a
assumir funes de Primeiro-Ministro de um pais das Caraibas, a Dominica (1980-1995), e a
antiga PM da Jamaica, Portia Simpson-Miller (2006-2007).


mulheres?

um pais simpatico para toda a
gente, mas as mulheres enfrentam desafios que
nao sao exclusivos de Granada, mas sim proble-
mas com que elas se deparam em todo o mundo.
Uma grande preocupaao a violncia contra as
mulheres e a necessidade de as capacitarmos para
fazerem parte integrante do desenvolvimento.
Creio que o medo a nossa maior dificuldade: o
medo da mudana e de nos expressarmos aber-
tamente. Ainda vivemos num mundo de homes
em que estes acreditam que as mulheres sao
necessarias... mas so at um certo ponto. Desejo
ser uma agent de mudana para as mulheres
porque o posso fazer, qualquer pessoa pode. Para
que haja desenvolvimento precise fazer as coisas
colectivamente, porque todos possuimos talents
diferentes tanto os homes como as mulheres.
Onde quer que se va, parece que as mulheres


estao a conseguir cargos superiores, mas os
lugares de topo estao sempre nas maos de
homes?

Por vezes deixamo-nos utilizar e marginalizar
pelos homes e at mesmo por mulheres. Posso
recorrer minha propria experincia de vida
para incentivar as mulheres, dizendo-lhes que
possivel progredirem, mas precisamos de ter
cuidado para haver respeito entire todos. Tm de
ser as mulheres a promover-se, porque ningum
tera confiana nelas se elas nao tiverem confian-
a em si proprias.

Pensa que as mulheres que ocupam cargos de
alto nivel tm de trabalhar o dobro para atingi-
rem as mesmas ... ; .. que os homes?

Nao penso que em Granada as mulheres se
sintam atraidas pela political. A political para as
mulheres muito diferente da political para os


homes, especialmente para as mulheres que
sao esposas e maes, porque tm de encontrar
umjusto equilibrio para cuidarem de si prprias,
dos cidadaos que representam e ainda da sua
familiar. Muitas vezes as mulheres tm de pon-
derar outros factors nas suas vidas, enquanto
um home, se sair de casa s nove da manha e
regressar s duas do dia seguinte, o mais que a
sua mulher fara mostrar-se desagradada. Se for
ao contrario, a situaao torna-se muito dificil.

Que tal seguir o exemplo de passes do norte
da Europa como a Finlndia onde nao ha
reunites ministeriais depois das cinco ou seis
da tarde e os homes so obrigados a pedir
licena de paternidade?

Talvez tenhamos de o fazer mais tarde, mas no
nosso Parlamento temos apenas duas mulheres
na Cmara Baixa: uma no governor e outra na
oposiao. Na Cmara Alta existem apenas trs


CRREIO







Em director


mulheres, por isso teremos de trabalhar em con-
junto para conseguirmos coisas que nos afectam.
Vendo bem as coisas, eu incentive as mulheres a
participarem no process de tomada de decises
- uma necessidade. E precise que as mulheres
estejam ao corrente de tudo.

Como que acha que o pode conseguir?

Temos de nos concentrar mais na construao
de families, que nos proporcionara comunida-
des mais fortes e naoes tambm mais fortes.
Precisamos de uma abordagem colectiva e de
comear a fazer algo pela familiar e nao apenas
por parte do governor, mas tambm com as igre-
jas e ONG.

Temos situaoes em que uma mulher object
de abuso por parte de um home: injuriada
uma vez, duas vezes, mas mesmo assim volta
atras e acaba por ter um filho desse home. Este


sindroma leva-nos pobreza. Como que nos
libertamos das correntes de abusos e da pobre-
za? Nao apenas s igrejas ou ao governor que
cabe a responsabilidade de o fazer. As mulheres
tm de enfrentar a situaao. Um dos maiores
problems da Humanidade o nosso receio de
negaoes ou de decepoes. O maior receio que
temos quando entramos na political : "E se eu
falhar?" Ainda temos a percepao de que algu-
mas posioes estao destinadas a pessoas de um
determinado cla. Dizemos que nos libertamos
dos colonizadores, mas somos nos proprias que
nos escravizamos, porque nao estamos prontas
para dizer sim. Quero ser um exemplo para as
mulheres que se sentem marginalizadas. Como
mulher que veio de uma comunidade rural pobre
e algum habituada a ter fome na escola e que
nao foi para a universidade e ainda como mae
e esposa, sempre mantive uma vontade forte.
Nao quero dizer que toda a gente tenha a minha
fortaleza de espirito, mas acho que se formos ao


nosso interior profundo conseguiremos detectar
essa fora interior que nos impulsionara.

O seu Ministrio esta a planear programs
para permitir que as mulheres assumam o con-
trolo das proprias vidas?

Temos muitos programs, por exemplo um
program national destinado aos pais, em que
reunimos pais, igrejas e centros de saude comu-
nitarios para ensinarem as pessoas a tratar dos
filhos, porque este um dos nossos maiores
problems. Existe um ciclo de violncia porque
os filhos cresceram a ver as maes serem maltra-
tadas. Como tudo o mais que envolva financia-
mentos e custos, levara o seu tempo. E precise
compreendermos que em Granada existe actual-
mente uma "sindroma de dependncia"; temos
de voltar a libertar as pessoas para tomarem as
suas proprias decisoes.

Que medidas foram adoptadas para pr cobro
violncia contra as mulheres?

Em Granada temos uma lei, uma linha telefoni-
ca de urgncia e abrigos para mulheres, mas o
maior problema conseguir levar os autores da
violncia a tribunal nao possivel forar essa
situaao. Em muitos casos, as vitimas mulhe-
res e crianas nao querem ir para tribunal.
Estamos a avanar para uma reform da OECO
e a criar o nosso proprio Tribunal da Familia, no
qual em relaao a estes casos nao sera necessa-
rio passar pelo complex sistema judicial um
cenario diferente, menos rigido, mas ainda assim
com o objective de obter a puniao das pessoas
pelas suas praticas criminosas.

Qual o grau de envolvimento da sociedade
civil na agenda para a igualdade de gneros?

A Organizaao das Mulheres de Granada desen-
volve uma grande actividade em terms de
promoao e de gestao de programs comunita-
rios para apoiar mulheres vitimas de violncia
domstica. Temos muitas igrejas e outras orga-
nizaoes (grupos contra o cancro, organizaoes
comunitarias e pequenas empresas), mas preci-
samos de fazer muito mais para conseguirmos
repartir os beneficios tanto pelos homes como
pelas mulheres numa sociedade bem equilibrada.
H.G. M










Palauras-chaue
Glynis Roberts; Caraibas; Granada;
gnero; trabalho; desenvolvimento social


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009


































Os acp "sacrificados em nome


do liberalism"

Ao conceder uma nova reduo dos direitos aduaneiros s importaes latino-ame-
ricanas de bananas, "a Comisso Europeia sacrifice o desenvolvimento em proveito
da liberalizao do comrcio", declarou em 6 de Abril, em Bruxelas, Gerhard Hiwat,
Embaixador do Suriname, que preside o grupo "Bananas" dos ACP (Africa, Caraibas
e Pacifico). Os Ministros do Comrcio da Unio Africana j tinham condenado, em
20 de Maro, a deciso da Unio Europeia, que eles consideram como um risco para
os Camares e a Costa do Marfim, que so os maiores exportadores ACP de bananas
para a UE.


para 136 euros por tonelada at 2011 com disposioes que
permitem continuar a reduao at 114 euros por volta de 2019
esperando assim resolver o litigio que a opoe ha vrios anos
aos pauses latino-americanos produtores de bananas essencialmente o
Equador, a Colmbia e a Costa Rica. Esta reduao provocaria, segundo
uma primeira estimativa, uma perda de rendimentos de "pelo menos, 350
milhes de euros" para os exportadores de bananas ACP, no period de
liberalizaao 2009-2019, acrescentou o Sr. Hiwat. Para compensar estas


perdas, a Comissao props cerca de 100 milhoes de euros de ajuda para o
perfodo 2010-2013, montante este que foi considerado insuficiente pelos
ACP, que recordam a sua proposta: direitos reduzidos a 150 euros e conge-
lados durante um period de quatro anos, sem esquecer as respectivas
medidas de acompanhamento.
Por sua vez, o Embaixador da Republica Dominicana, Federico Alberto
Cuello Camilo, apontou o facto de os direitos aduaneiros actuais nao terem
impedido o aumento das exportaoes dos paises latino-americanos para o
mercado europeu, fazendo assim perder quotas de mercado aos exportado-


CRREIO






Perspective


res ACP. O Embaixador apontou igualmente o facto de as produoes latino-
americanas pertencerem a multinacionais, ao passo que, nos pauses ACP,
sio "as families que constituem a base da nossa estabilidade political .
Segundo os numerous da Organizaao Central dos Produtores-Exportadores
de Ananases e Bananas (OCAB), a totalidade das exportaoes de bananas
dos pauses ACP para a UE em 2008 (918.376 toneladas) foi inferior s
exportaoes s do Equador (cerca de 1,3 milhao de toneladas) e ficou
muito aqum da totalidade dos pauses da Amrica Latina (3,9 milhes). Os
produtores ACP de bananas representam assim um quinto das exportaoes
de bananas para a Uniao Europeia. Uma proporao que continuou a ser
sensivelmente a mesma durante os ultimos trs anos, enquanto que as
exportaoes de bananas continuaram a progredir lentamente. M


III


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Os Camares so o principal exportador ACP de bananas
(279.530 toneladas em 2008), seguido de perto pela Costa do
Marfini (216.583 toneladas) e pela Repblica Dominicana (170.406
toneladas). Estes trs paises assinaram uni acordo de parceria
econmica (APE), temporrio (no caso dos paises africanos),
ou uni acordo global no mbito do Cariforum, que o caso da
Repblica Dominicana, que lhes permite exportar livremente as
suas bananas para a UE.






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> Guin Conacri: incertezas quanto
s intenges dos golpistas


consultas com a Guin que conduziram
a promessas de democratizaao pelas
autoridades de Conacri. Estavam pre-
vistas misses de acompanhamento no terreno
at 14 de Abril de 2009.
Apos o golpe de Estado subsequent morte
do President Lansana Cont, em Dezembro
de 2008, a junta military, constituida em
Conselho Nacional para a Democracia e o
Desenvolvimento (CNDD), recebeu um acolhi-
mento favoravel por parte da opiniao public
guineense desejosa de romper com o passado
e evitar a destabilizaao do pais. Nem por
isso o CNDD deixou de recorrer tomada do
poder pela fora, condenada pela UE, a Uniao
Africana, a CEDEAO (Comunidade Econmica


dos Estados da Africa Ocidental), os Estados
Unidos e a Nigria. A Guin foi suspense da
Uniao Africana, da CEDEAO e da OIF. Em
contrapartida, o regime foi saudado pela Libia,
Senegal, Mauritnia e Gmbia. A CEDEAO ini-
ciou uma mediaao e a Uniao Africana, a ONU,
a Frana e a UE enviaram misses.
Alguns dos novos dirigentes sao sinceros quan-
do dizem querer limpar o Estado da corrupao
do regime Cont, sublinha Richard Moncrieff,
director do project Africa Ocidental da ONG
International Crisis Group. Mas outros sao
acusados de graves violaoes dos direitos do
home.
Numa carta ao president do CNDD, Moussa
Dadis Camara, e ao Primeiro-Ministro, Kabin
Kamara, a UE convidou as autoridades guine-
enses para consultas political. Na sequncia das
consultas que decorreram em 29 de Abril em
Bruxelas, as duas parties acordaram num rotei-


ro de transiao, especificando a realizaao de
eleioes antes do fim do ano, um acordo entire
todas as parties (CNDD, governor, partidos polf-
ticos, sindicatos, sociedade civil), a criaao de
um Conselho Nacional de Transiao dispondo
dos poderes e prerrogativas de uma assembleia
constituinte e de medidas urgentes a favor do
respeito dos direitos do home e das liberdades
fundamentals.

> Cooperaao suspense com a
mauritnia

Apos o golpe de Estado de 6 de Agosto de 2008,
que derrubou o president eleito da Republica
Islmica da Mauritnia, Sidi Ould Cheikh
Abdallahi, a UE iniciou, em 20 de Outubro,
consultas com os representantes da junta mili-
tar. Como os dirigentes mauritanos nao deram
garantias suficientes de regresso ordem cons-


CRREIO































































titucional, as consultas fracassaram levando a
UE a pr-lhes termo, em 6 de Abril de 2009, e
a gelar por dois anos a sua cooperaao com este
pais, exceptuando a ajuda humanitaria e o apoio
director populaao.
Entretanto, a Comissao Europeia saudara, em
Maro de 2009, a decisao do Conselho de Paz e
de Segurana da Uniao Africana de sancionar,
nomeadamente, as "pessoas do poder, civis e
militares" implicados no golpe de Estado.
A UE condiciona a retoma gradual da sua coo-
peraao a uma srie de medidas a tomar por
Nouakchott nos proximos 24 meses.
Caso haja uma soluao consensual com vista a
uma said da cruise e um quadro legal que permi-
ta a realizaao de eleioes presidenciais livres e
transparentes, a UE desbloqueara determinados
financiamentos, nomeadamente o do project
de renovaao do porto mineiro de Nouadhibou.
Em caso de "execuao irreversivel" desta solu-


ao consensual, a UE poderia apoiar a instalaao
da said da crise e a organizaao de eleioes,
prosseguir o program de apoio justia, etc.
Aplicaria igualmente todos os programs pre-
vistos no 8. e 9. FED ainda nao contratuali-
zados.
So o pleno regresso ordem constitutional per-
mitira levantar todas as restrioes e a execuao
da integralidade dos 156 milhoes de euros do
10. FED.
Em de 15 Abril, o General Mohamed Ould
Abdel Aziz, chefe da junta, demitiu-se do
exrcito e do seu post de president do Alto
Conselho de Estado para se candidatar elei-
ao presidential, prometendo uma "Mauritnia
nova" e uma "democracia autntica". Previsto
em 6 de Junho mas boicotado em principio
pelos seus opositores, o escrutinio sera acompa-
nhado de perto pela comunidade international.

> Guin-Bissau: euitar o caos

O assassinate do Presidente Joao Bernardo
Vieira, no inicio de Maro de 2009, por milita-
res nao identificados nao foi considerado golpe
de Estado e a Guin-Bissau nao foi suspense
pelo Conselho de Paz e de Segurana da Uniao
Africana. O exrcito prometeu respeitar a via
constitutional e o president da Assembleia,
Raimundo Pereira, Chefe de Estado interino,
dispoe de 60 dias para organizer o escrutinio
presidential. Acontece que a situaao political
do pais muito instavel, gangrenada pela cor-
rupao e o trafico de droga o pais um ponto
de passage essencial da cocaine sul-americana
em trnsito para a Europa que ameaam minar
todo o process de democratizaao. A oposiao


pediu a demissao do Governo acusando-o da
incapacidade de controlar o exrcito e fazer
cessar as agressoes dos militares.
O Parlamento Europeu convidou a UE e a
comunidade international, embora mantendo o
pais sob vigilncia, a prosseguirem a sua ajuda
e pediu a manutenao da missao da Politica
Europeia e de Defesa que, desde Junho de
2008, apoia a reform do sector da segurana.
Segundo Alioune Tine, president da ONG
Encontro Africano de Defesa dos Direitos
Humanos, muito active na Africa Ocidental,
enquanto nao houver uma reform do exrcito
na Guin-Bissau, na Mauritnia e na Guin
Conacri, continuar-se-a a construir castelos na
areia. M


Palauras-chaue
Mauritnia; Guin Conacri; Guin-Bissau;
Joao Bernardo Vieira; Raimundo Pereira;
Alioune Tine; Mohamed Ould Abdel Aziz;
Sidi Ould Cheikh Abdallahi; Lansana Cont.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009

















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O program 'International Inspiration' ('Inspirao Internacional') sera um legado dos

Jogos Olimpicos de Londres de 2012: um objective que visa tornar acessivel educao fisica,
desporto e jogos de alta qualidade a 12 milhes de crianas em 20 pauses em desenvolvi-

mento, entire os quais se encontram Estados da Africa, Caraibas e Pacifico (ACP). A Directora

do Program, Debbie Lye, descreve como a UK Sport- o Conselho para o Desporto no Reino

Unido, criado por Carta Real em 1996 com o mandate de promover o desenvolvimento do

desporto e o desporto para o desenvolvimento se associou ao Fundo das Naes Unidas
para a Infncia (UNICEF) e ao British Council para realizar este program.


taao decisive das propostas para a reali-
zago dos Jogos Olfmpicos de 2012, que
Sebastian Coe Lord Coe -, lider da pro-
posta vencedora de Londres, fez uma promessa de
que os Jogos de Londres beneficiariam as crian-


as em todo o mundo. A seguir o Departamento
da Cultura, dos Media e do Desporto (DCMS) do
RU presidiu a um grupo de reflexao sobre como
honrar esta promessa, descreve Debbie Lye. At
hoje o DCMS contribuiu com 280.000 libras, o
Fundo das Naoes Unidas para a Infncia com


1,45 milhoes, a Primeira Liga Inglesa de Futebol
com 4,2 milhoes e o British Council com 2,85
milhoes de libras.
O Comit Organizador dos Jogos Olimpicos e
Para-Olimpicos de Londres (LOCOG), junta-
mente com a Associaao Olimpica Britnica


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009


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Dossier Desporto para desenvolvimento


esquerda: 0 desporto em combinaao com o ensino de
competncias para a vida. Um project financiado pelo
Conselho do Desporto do Reino Unido, Brasil. CCaldas Leo
direita: Renovaao de infra-estruturas de
desporto e lazer, Brasil. Caldas Leo
1 / 1


(BOA), desejava que o programa-piloto inclu-
isse um pais de cada um dos cinco continents
representados pelos anis olimpicos. O progra-
ma para os cinco primeiros paises arrancou em
Outubro de 2007: Azerbaijao (Europa)*; Brasil
(Amricas); India (Asia); Palau (Ocenia) e
Zmbia (Africa), prevendo-se que se seguiriam
outros 15 paises. Debbie Lye descreve como
a escolha dos paises se fez com base num
equilibrio entire as necessidades e a capacidade
existente no pais para fazer as coisas avana-
rem. Refere como a UK Sport pde utilizar
os conhecimentos da UNICEF que tem em
curso estratgias contra a pobreza destinadas s
crianas em pauses em desenvolvimento e do
British Council, com as suas 110 delegaoes em
todo o mundo. A iniciativa "Dreams + Teams"
do British Council deu formaao ajovens lideres
desportivos de escolas que organizam festivals
desportivos para crianas e fazem tudo, desde
comunicar atravs da Internet at anunciar festi-
vais desportivos, estabelecer calendarios e pintar
linhas nos campos. Se juntarmos isto ao sucesso
comprovado da UK Sport na gestao de progra-
mas desportivos a nivel mundial, temos uma
parceria excepcional e de grande alcance.
"O que queremos fazer com o 'International
Inspiration' chegar aos responsaveis politicos,
s instituioes nas quais se pode fazer desporto
e aos praticantes, como professors e partici-
pantes", diz Debbie Lye. Lembra o estudo feito
pelo Professor Fred Coalter da Universidade de
Sterling, Escocia, que disse nao poder haver ver-
dadeiro desporto para o desenvolvimento se nao
houver desporto de boa qualidade. "Nao se pode
dar a este grupo de jovens uma bola de futebol
e esperar que aconteam coisas maravilhosas.
Tem de haver treinadores de grande qualidade
e uma percepao de como se podem utilizar os
principios do desporto a favor do desenvolvi-
mento", diz Debbie Lye. E acrescenta: "Existe
uma facil propensao para utilizar o desporto de
forma simplista."


> Uisitas de demarcaao


Debbie Lye explica como o program funciona
na pratica. Primeiro marcada uma visita de
demarcaao" ao pais visado para avaliar as suas
necessidades. "Quando fazemos uma visit de
demarcaao, sabemos quais as perguntas a fazer
e antes fazemos uma pesquisa para conhecer o
context do pais e as areas em que ha necessi-
dades. Reunimo-nos com o pessoal da UNICEF
e do British Council e partilhamos os nossos
conhecimentos de programs e depois aprovei-
tamos para encontrar profissionais e responsa-
veis politicos por este dominio e iniciamos um
debate sobre como o program 'International
Inspiration' os pode ajudar a realizar os objecti-
vos. Por ultimo, quando partimos incentivamo-
los a criar um comit director." Os Ministrios
do Desporto e da Educaao e as Associaoes
Olfmpicas e Para-Olfmpicas dos respectivos
paises sao igualmente consultados.
Debbie faz a descriao do program ja em curso
na India, onde a UNICEF lanou uma campa-
nha national em torno do desporto e do jogo,
para mostrar o trabalho que a 'International
Inspiration' esta a fazer, promovendo a forma-
ao de lideres comunitarios e criando espaos
seguros para jogar. "E evidence que nao vamos
ter Wembley (o estadio national do RU) ou um
campo de cnquete perfeito, mas possivel asse-
gurar que num determinado sitio a relva apa-
rada, que as cobras sao afastadas e que os vidros
partidos sao retirados e fornecer equipamentos
simples, como cestos de basquetebol ou uma
rede de voleibol e a propriedade de tudo isto a
pertencer comunidade", diz ela. Para que isto
acontea, continue, necessaria uma intervenao
tanto a nivel da escola como da comunidade para
criar estes ambientes. A UNICEF tambm esta
a levar o program s comunidades, aos bairros
de lata e s aldeias e esta a preparar material
de apoio nas linguas locais. "A UNICEF India
aprecia tanto este program que esta a levar a


campanha a todos os Estados e o efeito multipli-
cador potencialmente muito grande", diz ela.
Os programs para os primeiros cinco paises
estao actualmente no ultimo ano. Ja foram fei-
tas visits de demarcaao a outros oito paises,
havendo a intenao de futuramente os parceiros
colaborarem ainda mais estreitamente. A UK
Sport integra o seu trabalho nos plans do British
Council desde o primeiro dia e o British Council
e a UNICEF coordenam-se em cada pais desde
o inicio para assegurar uma abordagem mais
global do planeamento e da execuao.
Os outros trs paises ja aprovados pelo conselho
de administraao sao Moambique, a Jordnia e
o Bangladesh. Dois outros programs no Gana
e Trindade e Tobago devem comear no final
do ano. Outros paises que estao a comear o
process de planeamento sao a Africa do Sul, a
Malasia e a Nigeria.
Com a actual crise economic constitui um
desafio conseguir o financiamento da totalida-
de do program ao nivel pretendido, explica
Debbie Lye. Contudo, at data ja foram con-
seguidos 23,9 milhes de libras dos 50 milhes
do oramento do project. a UNICEF que
lidera actualmente a obtenao de funds de
fontes nao governamentais, mas os objectives
de angariaao de funds serao dificeis de atin-
gir. A 'International Inspiration', cuja criaao
foi apoiada pelo Govemo do RU, actualmente
administrada por uma fundaao independent
para poder usufruir da orientaao e dos conheci-
mentos necessarios para conseguir concretizar a
sua ambiciosa ideia. M
* Neste project, o Azerbaijo considerado como fazendo
parte da grande Europa.




Palauras-chaue
International Inspiration; UK Sport;
UNICEF; British Council; Debbie Lye;
LOCOG; Debra Percival.


C RREIO

















































Os Governos tentam combater a crise financeira mundial

ortodoxas para reactivar a economic. Na Africa do Sul,

Campeonato do Mundo de Futebol de 2010.


atravs de medidas menos

as atenes so outras: o


O pais tem escapado bastante bem s
consequncias da crise devido ao
seu solido sistema bancario, que
dispoe de poucos produtos txi-
cos nas suas reserves. Mas a recessao gene-
ralizada tem sempre impact numa economic
tao globalizada como a da Africa do Sul. No
ultimo trimestre do ano passado, a economic
contraiu-se pela primeira vez em dez anos. Este
ano ja houve uma queda macia da produao,
contribuindo provavelmente para outro trimes-
tre de contracao. Mas o anterior president da
Africa do Sul, Kgalema Motlanthe, estava muito
optimista a esse respeito. A razao era a bonana
dos events desportivos globais que culminam
no Campeonato do Mundo de Futebol da FIFA
daqui a menos de 18 meses. Este ms, a Indian
Professional League (Liga Indiana de Futebol
Profissional) trouxe o seu torneio para a Africa
do Sul aps os ataques terrorists de Bombaim;
a equipa de rguebi British Lions inicia uma
digressao em Maio de 2009, seguida da Taa das
Confederaoes de Futebol da FIFA em Junho
de 2009.


Associam-se numerous enormes ao que tudo isto
podera significar em terms de aumento do turis-
mo, de sector hoteleiro, de meios e de impostos
para o Governo. O Vice-Ministro do Desporto,
Gert Oosthuizen, calcula a contribuiao direct
do Campeonato do Mundo para o PIB em 55,7
mil milhoes de randes** (cerca de 6 mil milhoes
de dolares dos EUA, gerando impostos no valor
de 19,3 mil milhoes de randes: "A sucessao de
torneios imps-nos a necessidade de investor
em grandes infra-estruturas e esse investimento
serve de media contraciclica para enfrentar
as consequncias negatives da fusao economi-
ca global."). Os analistas interrogam-se sobre
os numerous utilizados por Oosthuizen. Alguns
dizem que seria mais plausivel falar de 22 mil
milhoes de randes, com o Governo a recuperar
nao mais de 8 mil milhoes de randes de uma
despesa superior 15,6 mil milhoes de randes.
Isto parece mais de acordo com as contas do
Campeonato do Mundo de outros anfitries
recentes, como a Coreia do Sul, que ainda hoje
se bate para saldar as dividas contraidas pelo seu
Campeonato do Mundo.


> Espirito de nao arco-iris

Motlanthe tem razao no que respeita aos fac-
tores mais intangiveis. No ano passado, os
Sul-Africanos sofreram estoicamente com o
trabalho de construao quase frentica de novas
modalidades de transport porque sabem que
eles mudarao a Africa do Sul para sempre.
Orgulhosos do lugar atribuido ao "Gautrain",
um nome que engloba a palavra da lingua seso-
tho para Joanesburgo, a capital commercial do
pais, assim como a palavra do africanso "gou",
que significa rapido. Ha tambm uma alusao
a "goud", o metal que deu velha cidade de
110 anos a sua existncia. um exemplo quase
perfeito do espirito de naao arco-fris de Nelson
Mandela, abrangendo velhas e novas ordens nos
projects de reconciliaao. Mas vai muito mais
long do que isso. Extremamente caro como
parece ser os custos atingirao 40 mil milhoes
de randes (4,5 mil milhoes de dolares dos EUA)
- o empreendimento catapultara a Africa do Sul
para o sculo XXI e dara um rude golpe num dos
legados mais tenazes do passado: o Apartheid.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009







Dossier Desporto para desenvolvimento



Sob o regime do antigo Partido Nacional, no
poder entire 1948 e 1994, o pais modernizou-se
rapidamente, mas os beneficios do crescimento
ficaram reservados durante anos populaao
branca, que tinha um dos niveis de vida mais
elevados do mundo.

Uma das consequncias mais inimaginaveis foi
que a Africa do Sul nunca desenvolveu sistemas
de transport colectivos adequados. Embora
fosse dos primeiros pauses, ja no sculo XIX,
a dotar-se de elctricos, estes acabaram por ser
progressivamente eliminados. Os plans para o
metropolitan nunca passaram do papel. Em vez
disso, foram gastos ros de dinheiro na constru-
ao de auto-estradas modernas para automoveis.
O Governo do Apartheid planeou estradas que
evitavam os bairros negros (black townships)
com um crescimento habitacional exponencial.
Foi s6 sob a acao do Ministro das Finanas,


Trevor Manuel, que o Govemo iniciou o enorme
desafio de desenvolver sistemas de transportes
acessiveis a todos: ricos e pobres. Esses sis-
temas tambm se tomaram rapidamente, nos
ultimos anos, essenciais para o plano de luta do
pais contra as alteraoes climaticas. Transportes
colectivos adequados tornaram-se uma questao
de urgncia. Imediatamente apos o anuncio do
Campeonato do Mundo, iniciou-se a construao
do Gautrain (linha a grande velocidade), que liga-
ra Joanesburgo capital administrative Pretoria,
na distncia de 60 km, serpenteando entire ambos
os suburbios ricos, agora de raa mista, e os bair-
ros negros ainda extremamente pobres.

A febre do Campeonato do Mundo tambm foi
utilizada para lanar outro sistema important: o
sistema de trnsito rapido de autocarro Rea Vaya
("vamos a caminho"), tambm conhecido por
sistema BRT (Sistema de Trnsito Rapido por


Autocarro), considerado essencial para transpor-
tar adeptos principalmente dos bairros negros
para os varios estadios do CM. Os dois projects
revelaram os pontos fracos do espectaculo do
Campeonato do Mundo: beneficiary um numero
relativamente pequeno de homes de negocios
intemacionais. Em fins de Maro 2009, os con-
dutores negros de taxis minibus lanaram a pri-
meira greve contra o sistema BRT. Durante cin-
quenta anos, transportaram trabalhadores negros
que s6 encontravam trabalho nas zonas brancas.
No organigrama do ps-apartheid, foram acla-
mados como empresarios, criando actividades
de transpores sem a ajuda dos brancos. "Vamos
perder empregos devido a estes autocarros.
Nao vamos permitir que estes autocarros circu-
lem", disse o porta-voz da Associaao de Taxis
Alexandra, Velile Thambe.

Estao a surgir outras questes: que beneficios
trara o Campeonato do Mundo para os pobres?
Estao a ser construidos cinco estadios novos e so
o da Cidade do Cabo custard 3 mil milhoes de
randes (350 milhoes de dlares dos EUA). "Esse
dinheiro dava para construir 60.000 habitaoes
(para pobres) onde viveriam cerca de 300.000
pessoas que as utilizariam todos os dias durante
dcadas e nao uma vez durante 45 minutes
de cada lado", afirma o Professor Anthony
Leiman da Universidade do Cabo. "Celebrar a
Humanidade da Africa" o tema mais amplo
de todo o project 2010, mas a integraao extre-
mamente bem sucedida do futebol da Alemanha
nas artes e noutras disciplines em 2006, atravs
do seu project "goalposts", parece ser um con-
ceito estranho para Joanesburgo. Mais ainda, os
Sul-Africanos estao extremamente optimistas
para 2010. Num inqurito feito o ano passado,
quase nove em dez pessoas (87%) esperavam-se
melhorias em infra-estruturas. Cerca de 88%
diziam-se orgulhosos por a Africa do Sul acolher
o Campeonato do Mundo e 83% consideravam
que a imagem da Africa do Sul no estrangeiro
ia melhorar. M

* Hans Pienaar jomalista resident em Joanesburgo.
** Em 28 de Abril de 2009, 1 rand sul-africano= 0,0876 euro.













Palauras-chaue
Africa do Sul; Campeonato do Mundo de
2010; futebol; FIFA; desenvolvimento;
economic; Trevor Manuel; Kgalema
Motlanthe; estdios.


C RREIO


Ir




















O poder do desporto no desenvolvimento foi reconhecido ha algum tempo pelas Naes
Unidas (NU.,ONU). Wilfried Lemke, Conselheiro Especial do Secretario-Geral da ONU em
matria de Desporto para o Desenvolvimento e a Paz, falou-nos das suas actividades.






Dossier Desporto para desenvolvimento


R fora do sucesso da





J fl ICH em pista

Desde 1948, a Jamaica ganhou 13 medalhas de ouro, 27 de prata e 21 de bronze em
logos Olimpicos e 7 de ouro, 29 de prata e 30 de bronze em Campeonatos do Mundo de
Atletismo. Patrick Robinson*, um juiz jamaicano do Tribunal Criminal Internacional de
Haia, elogia o sistema exemplar do seu pais que incentive a auto-confiana para desen-
volver o talent dos atletas.


O Campeonato Interescolar (CHAMPS) uma competiao
annual de juniores o terreno de formaao e a plataforma de
lanamento de atletas jamaicanos e tem estimulado talents
nacionais ha quase um sculo, explica Robinson numa entre-
vista a O Correio. Treinadores qualificados em cada escola preparam rigo-
rosamente os estudantes para as provas desportivas. "Na minha opiniao,
apesar de a Jamaica ter um extraordinario talent natural para o atletismo,
o sistema aplicado desde 1910 que sustenta e explica os excelentes resul-
tados da Jamaica no atletismo international", afirma Robinson.
"Todos os atletas que ganham medalhas competiram no CHAMPS quando
frequentavam o ensino secundario, nomeadamente Usain Bolt, que o
actual recordista da Categoria 1 do CHAMPS em 200 e 400 metros, com
tempos de 20,25 segundos e 45,35 segundos, ambos realizados em 2003, e
Veronica Campbell, que a actual recordista da Categoria 1 do CHAMPS
em 100 metros, com um tempo de 11,13 segundos realizado em 2001",
afirma Robinson. Usain Bolt foi a estrela dos Jogos Olimpicos de Pequim
em 2008, tornando-se no primeiro home a vencer o duplo sprint olimpi-
co com records mundiais nos 100 e nos 200 metros.
"Para que um pais beneficie plenamente do financiamento desportivo, tem
de ter uma political desportiva coerente que consider o desporto como
parte integrante do desenvolvimento national", refere ainda o autor. Nao
pode haver melhor exemplo do potential do desporto para o desenvolvi-
mento do que o sucesso dos dois melhores treinadores da Jamaica, Stephen
Francis (treinador de Asafa Powell) e Glen Mills (treinador de Usain Bolt).
"Pelo seu exemplo de profissionalismo e aplicaao, eles mostraram que os
Jamaicanos podem obter xitos em atletismo a nivel mundial permanecen-
do e treinando na Jamaica, descartando assim a necessidade de irem treinar
para os EUA", diz-nos Robinson.
"A Jamaica beneficia do sucesso dos seus atletas porque o exemplo da
excelncia, empenhamento, dedicaao, trabalho arduo e confiana em si
por eles estabelecidos uma inspiraao para cada jamaicano, e deve ser
contrastada com as imagens negatives de violncia com que a nossajuven-
tude bombardeada diariamente pelos orgaos de comunicaao social",
refere ainda. Na sua opiniao, os atletas e treinadores jamaicanos podem
presentear o mundo inteiro com provas de atletismo.
E o desporto cria oportunidades para os jovens se formarem numa area
especifica de emprego. Alm disso, ajuda a manter os jovens fora da rua
e afastados de actividades ilicitas. "Este exemplo da autoconfiana vital
para o emprego national, dando plena fora s palavras do Heroi Nacional,
Marcus Garvey", citadas por Robinson: t....... fora, rumo vitoria; tu
podes realizar o que quiseres." D.P. M
*Autor de "Jamaican Athletics: A model for 2012 Olympics and the World" (Atletismo
jamaicano: um model para os Jogos Olimpicos de 2012 e para o Mundo), Arcadia Books,
Londres, 2009.


[Hin IIT 11 ^IL!II iTI ^i













Palauras-chaue
Jamaica; Patrick Robinson; Usain Boit; Veronica Campbell; Stephen
Campbell; Glenn Mills; CHAMPS; Jogos Olimpicos; Debra PercivaL


CeRREIO





















































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N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009

































































D e que forma pode o desporto contri-
buir para o desenvolvimento socio-
economico de ..... .em desenvol-
vimento?

Creio que todos os que trabalham nesta area se
preocupam em nao exacerbar o assunto, mas a
verdade que o desporto tem qualidades espe-
ciais que podem contribuir para os nossos objec-
tivos de desenvolvimento. E particularmente efi-
caz como um modo de trabalho com os jovens,
que gostam de desporto e o associam sua
imagem global. O futebol atrai jovens por todo o
mundo e estes responded com entusiasmo quan-
do lhes dada a oportunidade de participaao.
Ja verificamos que o desporto traz os jovens de


volta para as escolas e os centros comunitarios
e, nesses casos, da-lhes acesso a um vasto leque
de apoio. Posso indicar tres areas: o desporto
como veiculo da educaao formal; o desporto
como veiculo da educaao para a saude e das
competncias para a vida; e o desporto como um
mecanismo de capacitaao feminine e de abor-
dagem de questoes de desigualdade de gnero.
Uma das areas especialmente produtivas o
trabalho de desenvolvimento do desporto com
jovens do sexo feminine. A nossa experincia
em Africa e na India mostra que o desporto pode
ser um mecanismo de capacitaao das jovens
particularmente eficaz.

Que critrios devero ser utilizados na avalia-


o do contribute do desporto para o desenvol-
vimento socioeconomico?

Temos de pensar no desporto essencialmente
como um contribute e nao como uma soluao
per si. O desporto particularmente positive
ao envolver pessoas a que dificilmente chega-
riamos de outra forma e ao oferecer-lhes acesso
a apoio, o que por sua vez pode maximizar as
probabilidades de ultrapassarem as restrioes
que enfrentam no dia-a-dia. Parece-me que um
dos factors mais importantes o facto de o
desporto poder constituir uma base de relaoes
construtivas com adults compreensivos. Em
Africa, vimos quao diferente a forma como os
jovens interagem com os adults em contextos


C@RREIO





































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podemos dar ;, -. .. ...- do
desporto para o desenvolvi-
mento?


de desporto. A natureza recreativa e divertida
do desporto quebra barreiras e promove relaoes
menos formais e mais abertas. Ja assistimos a
alguns testemunhos bastante solidos de docen-
tes da Zmbia que descrevem como o facto
de praticarem desporto com os seus alunos
lhes oferece uma forma totalmente distinta de
interacao, comparativamente com a interacao
que desenvolvem com os mesmos alunos em
contextos de sala de aula. Isto permite-lhes falar
mais directamente sobre questoes importantes
(na Zmbia, o VIH/SIDA especialmente) e os
jovens responded de modo bastante positive
informaao que assim lhes dada.

Qual o tipo de assistncia mais tit a: que


Eu diria que o desporto
similar a outras forms de
trabalho de desenvolvimento:
as iniciativas mais eficazes
sao aquelas que sao totalmen-
te adequadas s realidades
praticas e culturais locais e
que tem na propriedade local
uma certa perspective de sus-
tentabilidade, alem do finan-
ciamento initial. A assistn-
cia mais eficaz desenvolver
programs desportivos em
total parceria com a naao de
acolhimento.

Uma das coisas com as quais devemos ter cuida-
do nao nos basearmos em sistemas desportivos
prontos a utilizar demasiado "ocidentalizados".
fulcral terms em total consideraao o contex-
to cultural em que os programs desportivos sao
introduzidos. Isto significa que devemos recor-
rer a abordagens de parcerias desde o inicio e
nao s6 nas fases de implementaao e entrega.
E igualmente important reconhecermos que,
por vezes, existe alguma resistncia cultural ao
desporto. Em comunidades mais pobres, at
as crianas tm de trabalhar e, nestes casos, o
desporto parece totalmente irrelevant. Mas
interessante ver que, at nestas situaoes, depois
de introduzidos, os programs desportivos tm a
capacidade de crescer.


Sente algumafalta de interesse nofinanciamen-
to de programs de desporto para o desenvolvi-
mento por parte de agncias de doadores?

Nao tanto falta de interesse; mais uma falta
de conhecimentos genuina sobre o que se pode
fazer com o desporto. Assim que as organi-
zaoes tomam conhecimento dos resultados
das investigaoes sobre o quao poderoso o
desporto pode ser, envolvem-se activamente e
interessam-se por utiliza-lo como ferramenta
de desenvolvimento. As agncias e os inves-
tigadores da area do desporto tm um papel a
desempenhar na sensibilizaao das agncias
de doadores sobre o potential do desporto na
promoao das suas actividades principals pro-
moao da educaao, apoio a agendas de saude e
ensino de competncias para a vida. O desporto
tem o seu proprio valor, enquanto actividade
recreativa para crianas e jovens que, em comu-
nidades pobres, sao frequentemente privados de
outras formas de diversao e entretenimento. E
estes sao aspects que as agncias de doadores
valorizam. Enquanto investigadores, temos de
certificarmo-nos de que sabem como o desporto
pode servir os seus interesses. D.P. M







Palauras-chaue
Desporto; Tess Kaye; Instituto do Desporto
Juvenile; Universidade de Loughborough;
India; Africa; Debra PercivaL


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009































































0 que nos fica do pacote do G20?


do G20 (Grupo dos 20)* em
Londres, no passado 2 de Abril,
a dissecaao do acordo concluido
para ressuscitar a economic mundial deu inicio.
Grupos de reflexao e organizaoes nao governa-
mentais (ONG) lideres chamam a atenao para
o facto que, para nao arrastar ainda mais pes-
soas para a pobreza, e sobretudo nos pauses em
desenvolvimento, o G20 deve agora cumprir as
promessas feitas no Plano Global Intemacional
de Recuperaao e Reforma.
"Este o dia em que o mundo se une para com-


bater a recessao mundial, nao com palavras mas 100 mil milhoes de emprstimo adicional pelos


com um piano de recuperaao global e de refor-
ma bem calendarizado", expressou o Primeiro-
Ministro britnico, Gordon Brown, anfitriao
da Cimeira que teve lugar no Excel Centre de
Londres. Foi acordado um pacote de reforo de
1,1 biliao de dolares dos EUA para restaurar o
crescimento e criar emprego, incluindo: 500 mil
milhoes de dolares EUA para o FMI; 250 mil
milhoes de dolares EUA em direitos especiais de
saque (DES)** (para todos os membros do FMI);
um pacote de dois anos de 250 mil milhoes de
d6lares EUA para financiamento do comrcio; e


bancos de desenvolvimento multilaterais.
O unico africano mesa dos G20, o antigo
President da Africa do Sul, Kgalema Motlanthe,
disse que estava "plenamente satisfeito" com o
resultado e especialmente com "o compromisso
de assegurar que os pauses em desenvolvimen-
to beneficiam de financiamento especialmente
destinado a infra-estruturas". O Presidente dos
EUA, Barack Obama, afirmou que o event
tomou "medidas sem precedent para restaurar
o crescimento e impedir que crises como esta
ressurjam no future". O Presidente da Uniao


C@RREIO







G20 Interaces


cionismo, para sustentar a prosperidade. Os
lideres comprometeram-se igualmente a aderir
aos principios globais do sistema bancario:
proteger o sistema bancario, incluindo os funds
especulativos, dentro de uma rede global regula-
mentada; definir novas regras de contabilidade
international; regulamentar agncias de crdito;
e pr cobro aos paraisos fiscais que nao prestam
a informaao solicitada.

> Funds frescos?

Num document ps-Cimeira, Martin Kohr do
South Centre, um grupo de reflexao de politi-
cas de desenvolvimento, disse que os funds
garantidos nao sao dotaoes totalmente novas:
"Alguns desses funds ja tinham sido decididos
muito antes da cimeira e alguns deles reflectem
apenas uma intenao em vez de serem promessas
concretas." A promessa da Cimeira consistindo
em disponibilizar emprstimos ao FMI e de os
converter em emprstimos aos pauses afectados
pela crise decorrente do esgotamento das reser-
vas estrangeiras comprometeria a capacidade de
control e discipline do FMI em relaao aos paf-
ses fornecedores de emprstimos, argumentou
Kohr, exigindo a reform do FMI.
Mais ainda, os 250 mil milhes de dolares EUA
de direitos especiais de saque prometidos seriam
partilhados entire os 186 membros do FMI,
segundo as suas quotas ou direitos de voto, o que
significaria que 44% destas verbas reverteriam
assim em proveito dos sete pauses mais ricos
e apenas 80 mil milhes iriam para os paises


Africana (UA), Jean Ping, e Primeiro-Ministro
da Etipia, Meles Zenawi, representante da
Nova Parceria para o Desenvolvimento da Africa
(NPDA NEPAD), foram ambos convidados.
O G20 assumiu alguns compromissos gerais, a
saber: restaurar a confiana, criar crescimento
e emprego; reformar o sistema financeiro para
relanar o crdito; reforar a regulamentaao
financeira para restabelecer a confiana; capi-
talizar e reformar as instituioes financeiras
internacionais para superar a crise e impedir
novas crises no future; promover o comrcio
e o investimento globais e rejeitar o protec-


pobres em desenvolvimento, explica Martin
Kohr. E acrescentou que o G20 nao fez nada
para ajudar os pauses em desenvolvimento a
evitar a distorao provocada pela divida. Duncan
Green, Director de Investigaao na Oxfam avan-
ou: "Ha um ponto de interrogaao enorme
sobre o alcance real dos compromissos relatives
aos paraisos fiscais. Travou-se, sem duvida, uma
grande batalha no seio do G20 para decidir esta-
belecer uma lista dos maus alunos e sentiram-se
aliviados ao atirar com as culpas para a OCDE."
(ver caixa) Duncan Green pensa que dos 250 mil
milhes de dolares para incentivar o comrcio,
apenas 12 mil milhes serao afectados aos pauses
com baixos rendimentos. D.P. M

* O grupo dos 20 inclui os Ministros das Finanas e os
Governadores dos Bancos Centrais de 19 Estados: Argentina,
Australia, Brasil, Canada, China, Frana, Alemanha, fndia,
Indonsia, Italia, Japo, Mxico, Russia, Arabia Saudita,
Africa do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados
Unidos da Amrica. A Unio Europeia, representada rota
tivamente pela Presidncia do Conselho e o Banco Central
Europeu, o 20. membro do G20.
** O DES um fundo international de reserve, criado pelo
FMI em 1969, para complementary as reserves oficiais exis
tentes dos pauses membros. Os DES so dotados aos pauses
membros em proporo das suas quotas no FMI.







Palauras-chaue
G-20; Kgalema Motlanthe; Trevor Manuel;
Gordon Brown; Jean Ping; paraisos fiscais;
facilidade alimentar; Debra Percival


Ant e. d o e20 e "Cmt ds e z" 1 ep de e- isro e a e. ana e d e-. aco
Cetaspe-ii oses-e Mnse.o .a Fiana e. *ic .do Sul T evo Maue,- -
ses.gam goald .eee.e. pe... a C r. 0 -e --ela i es-be e. se.t dacis-a



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N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009






InteracJes Faadad alimentar


OPELO PORR 0 HUMEnTO DO RJUDR
0 Presidente da Comisso Europeia, Jos Manuel Duro Barroso, apressou-se em defender,
em 8 de Abril, um aumento da ajuda ao desenvolvimento pelos 27 Estados-Membros da UE:
"Estamos a mais de metade da data-limite de 2015 para a realizao dos Objectivos de
Desenvolvimento do Milnio (ODM) e alguns dos ganhos realizados at agora arriscam de
ser perdidos, deixando os paises pobres piores do antes da crise." Como o maior doador da
ajuda em termos de Produto Interno Bruto (PIB), a UE disponibilizou 49 mil milhes de euros
em 2008, ou seja 40% do seu PIB.
Mas ser necessrio aumentar colectivamente o volume da ajuda para 69 mil milhes em
2010 a fim de cumprir a promessa de 0,56% do PIB para a assistncia ao desenvolvimento
ultramarino feita na Cimeira de Gleneagles do G8 em 2005. 0 Presidente Jos Manuel Duro
Barroso advoga a favor de uma "maior utilizao da ajuda ao desenvolvimento para alavancar
outros fundos, inclusive atravs do Banco Europeu de Investimento (BEI). Cada euro gasto na
ajuda pode impulsionar cinco euros de investimento privado", disse o Presidente.
0 Presidente Barroso disse que a Comisso Europeia queria "concentrar os esforos da
ajuda" (expedindo o pagamento da sua ajuda) e refocalizar os seus compromissos existen-
tes incluindo os 3 mil milhes de euros de apoio ao oramento previstos sobre os mais
vulnerveis. Alm disso, um instrumento FLEX ad hoc destina-se a compensar os paises em
desenvolvimento mais seriamente afectados pela queda das receitas de exportao, tendo
em conta a contraco do comrcio mundial. 0 Presidente Barroso afirmou que este instru-
mento estar operacional antes do final de 2009 e inclui 500 milhes de euros para permitir
aos paises em desenvolvimento continuarem as despesas liquids de segurana social.
Alm disso, a UE adoptou uma Tacilidade AlimentaC para fomentar a produo agricola nos
paises em desenvolvimento (ver o artigo que segue).


^*l i['Im ^^^^^^^
os pari ss fis' ai' a umfia' o


Paris jpubicu a pMi dami ent^ e airsi ptados

Estado que eto a re^gPppitar5a a eec
o das normas iscis detr^aB^nMspar


Estados fCP em sintonia com a chamada




"FBCILIDIDE LImEInTHR"


Trinta e quatro pauses vo beneficiary de uma srie de projec-
tos e programs financiados pela Comisso Europeia para
melhorar a segurana alimentar nos pr6ximos trs anos.


Europeia aprovou uma decisao de
financiamento inicial de 1000 milhes
de euros ao abrigo da "Facilidade
Alimentar" que foi adoptada no final do ano
passado pelas instituioes da Uniao Europeia
(UE) e fortemente apoiada pelas ONG de desen-
volvimento. Em geral, durante trs anos, vai
beneficiary os mais pobres de um total de 50
pauses em desenvolvimento.
"A Europa colabora na luta contra a cruise alimen-
tar atravs da ajuda de emergncia. A 'Facilidade
Alimentar' a resposta de desenvolvimento para
restabelecer o equilibrio da agriculture", disse o
Comissario Europeu do Desenvolvimento e da
Ajuda Humanitaria, Louis Michel, numa decla-
raao em 30 de Maro de 2009. Recuando a 18
de Dezembro de 2008, o Parlamento Europeu e
o Conselho de Ministros deram luz verde pro-
posta apresentada pela Comissao Europeia em
resposta crise alimentar mundial de 2007/2008


caracterizada por uma subida acentuada dos
preos dos produtos alimentares. Neste pacote
de trs anos (2009-2011) serao contempladas
tres areas:
* Melhor acesso a factors de produao agrf-
cola, como fertilizantes e sementes, bem como
a servios agricolas, como veterinrios e con-
sultores;
* Medidas em pequena escala destinadas a
aumentar a produao agricola, nomeadamente
microcrditos, infra-estruturas rurais, formaao
e apoio a grupos profissionais no sector agri-
cola; e
* Medidas do tipo "rede de segurana", pro-
porcionando uma fonte de rendimento a grupos
vulnerveis da populaao, atravs de projects
de obras publicas de mao-de-obra intensive
(estradas, irrigaao, etc.).
Os primeiros pauses ACP a beneficiary desta
Facilidade sao: Burquina Faso, Burundi,
Republica Centro-Africana, RD do Congo,






ONG ODU Interacoes


Cuba, Eritreia, Etiopia, Gmbia, Guin-Bissau,
Haiti, Qunia, Libria, Mali, Moambique,
Serra Leoa e Zimbabu. Nesta primeira leva,
todo o financiamento aos Estados ACP sera
canalizado atravs de organizaoes internacio-
nais: a Organizaao das Naoes Unidas para a
Alimentaao e a Agricultura (FAO), o Fundo
International de Desenvolvimento Agricola
(FIDA), o Programa Alimentar Mundial (PAM),
o Banco Mundial (BM) e o Programa das Naoes
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Segundo os funcionarios da Comissao Europeia,
serao atribuidas outras dotaoes durante os trs
anos a outros Estados ACP (ver caixa) atravs
de um grupo alargado de interlocutores: orga-
nizaoes internacionais e regionais e governor
nacionais, bem como atravs de convites
apresentaao de propostas para agents nao esta-
tais, organismos dos Estados-Membros e outros
interlocutores elegiveis. D.P. M











RDEUS, SEnHORR KinnOCK!
A Assembleia encerrou a sua 17a ses-
so prestando homenagem britnica
Glenys Kinnock, que assistia sua
ltima sesso como co-presidente. A
"incansvel" e "irresistivel" Sra. Kinnock


As crises financeira e alimentar, os acordos de parceria eco- is-------..ah e
nomica e as concluses do G20 de Londres constavam da i
agenda dos parlamentares da Assembleia Paritria de Africa,
Caraibas, Pacifico e Unio Europeia, reunidos em Praga de 4 a 9 de Abril. Os parlamentares
tambm adoptaram uma resoluo de urgncia sobre a Somlia e os problems de pirata-
ria que se fazem sentir ao largo do pais.


ecididamente, os pauses
ACP nao foram poupa-
dos pela cruise econmica",
sublinhou a eurodeputada,
Co-Presidente da Assembleia, Glenys Kinnock,
no seu discurso de abertura da sessao. "Por
isso, os pauses nao devem ficar margem dos
esforos empreendidos para reduzir os efeitos."
Quanto s promessas de ajuda feitas no G20, a
eurodeputada manifestou-se inquieta por estes
funds serem disponibilizados "sob a forma de
emprstimos em vez de dons e por o process ser
controlado pelo FMI". Numa resoluao urgente,
os deputados da Assembleia Paritaria pediram
que a ajuda ao desenvolvimento, proveniente
do pacote de um milhao de milhoes de dolares,
prometida pelo G20 em 2 de Abril em Londres,
fosse desembolsada rapidamente e proviesse de
funds novos.


Ao voltarem a exigir mais flexibilidade Comissao
Europeia na conclusao dos Acordos de Parceria
Econmica (APE) com os pauses ACP (ler a
rubrica Comrcio), os deputados tambm convi-
daram os Estados da UE e a Comissao a redefi-
nirem inteiramente as suas political de ajuda ao
desenvolvimento para financial as consequncias
sociais e ambientais das alteraoes climaticas. "Os
pauses ACP nao devem repetir os erros cometidos
pelos pauses industrializados desenvolvendo as
suas economies a partir de energies fosseis", subli-
nhou Netty Baldeh i.iinil.,.i i. co-autor da resolu-
ao com o Espanhol Josep Borrell Fontelles.

> fltacar-se s uerdadeiras
causes da pirataria

Os deputados lanaram um apelo ao novo
Govemo somaliano para que ponha termo aos


combates e garanta o acesso da ajuda humani-
taria aos 2,6 milhoes de vitimas do conflito que
devasta o pais. A resoluao afirma que as causes
reais da pirataria sao a pobreza, o desemprego e
o declinio do sector da pesca. Pede uma coope-
raao entire as foras navais europeias da missao
Atalanta e os Americanos, Russos e Chineses
presents na regiao.
Finalmente, dois dias apos a comemoraao do
genocidio ruands, os deputados adoptaram uma
resoluao na qual exigem um quadro jurfdico
que garanta o respeito das diversidades tnicas,
culturais e religiosas (ver O Correio n. 10).
M.M.B. a

Palauras-chaue
APP; acordos de parceria econ6mica; G20;
Glenys Kinnock; clima; Somnlia; crise
alimentar; crise econ6mica; Marie-Martine
Buckens.


InteracJes ACP UE


l fSSEmBLEIR BCP-UE


admoesta o G20


I








































Parte dos Paises e Territorios Ultramarinos neerlandeses (PTU), as Antilhas
e o Governo neerlands chegaram a acordo sobre o desmantelanmento das
Neerlandesas em Janeiro de 2010.


Neerlandesas
Antilhas


estatuto com maior autonomia no
Reino dos Paises Baixos, compar-
vel ao estatuto que Aruba tem desde
1986. As outras trs ilhas dos PTU neerlande-
ses, Bonaire, St. Eustatius e Saba, tornar-se-ao
uma "gemeente" dos Paises Baixos, ou seja,
um pequeno municipio com um president de
cmara neerlands. Porque que no sculo XXI
algumas ilhas se querem tornar mais dependen-
tes, em vez de menos dependents? Uma expli-
caao que sao demasiado pequenas: Bonaire
tem 11.537 habitantes, Saba 1491 e St. Eustatius
2699. At agora tem sido o governor central das
Antilhas Neerlandesas, em Curaao, a tomar as
decises por estas pequenas ilhas. O Governo
neerlands quer manter o control financeiro e a
supervisor financeira de Curaao. A populaao
de Curaao tera oportunidade de se pronunciar
no referendo a realizar em 15 de Maio de 2009.

> Terra do coraao

Curaao a maior ilha das Antilhas Neerlandesas:
140.000 pessoas e 40 nacionalidades vivem em
conjunto numa superficie de 44 km2. Devido
s bafas da ilha com uma forma que lembra
um coraao, Curaao recebeu o nome espanhol
corazon (coraao). O turismo e os servios finan-


ceiros sao uma important fonte de rendimento
de Curaao, cuja economic esta a funcionar bem.
Os principals sectors que tm contribuido para
a recent expansao econmica sao o turismo, a
industria logistica, incluindo as actividades por-
tuarias e aeroportuarias, a industria petrolifera e
os servios financeiros. Existe regulamentaao
que permit a Curaao oferecer subvenoes
especiais para atrair investidores para a area do
comrcio electronic e para facilitar o desenvol-
vimento deste tipo de comrcio, para os bancos
locais que oferecem servios electronicos e
para empresas financeiras offshore que acolhem
empresas electronicas internacionais.

> H rota do arroz dos PTU (Paises e
Territorios Ultramarinos)

Desde longa data que existe uma cooperaao/
relaao historica com o Suriname. A rota do
arroz dos PTU era famosa: o arroz do Suriname
ia de Curaao para o mercado da UE isento de
direitos. O contact commercial entire Curaao
e Barbados e Trindade e Tobago tornou-se
relevant nos ultimos cinco anos. As Antilhas
Neerlandesas fazem parte da Associaao dos
Estados das Caraibas (AEC). Em Maio de 2008
a Cmara de Comrcio de Curaao organizou
uma missao de informaao commercial no mbito


de um APE em Trindade e Barbados, com a par-
ticipaao de intervenientes dos sectors pdblico
e privado, a fim de identificar oportunidades de
negocios Cariforum-CE-APE. M


Palauras-chaue
es e Territorios Ultramarinos neerlandeses;
PTU; Curaao; Antilhas Neerlandesas.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009
















































Existem sinais de relaes cada vez mais estreitas entire os 53 membros do Grupo de
Naes da Commonwealth e os 79 membros do Grupo de Estados de Africa, Caraibas
e Pacifico (ACP). Edwin Laurent, Chefe do Departamento de Comrcio Internacional e
Cooperao Regional do Secretariado da Commonwealth, narrou-nos recentemente as
respectivas causes e razes.


A maior parte dos Estados da
Commonwealth pertence ao Grupo
ACP (ver caixa em baixo). Esta
em curso um grande e important
project do tipo centro e eixos irradiantes ("Hub
and Spokes") entire a Comissao Europeia (CE), o
Secretariado da Commonwealth e a Organizaao
International da Francofonia (Organizaao dos
pauses de expressao francesa). "O objective
aumentar a capacidade de os Estados ACP
desenvolverem, gerirem e negociarem de forma
eficaz as suas proprias political comerciais",
explica Edwin Laurent. O financiamento prin-
cipalmente da Comissao Europeia, mas igual-
mente de outros parceiros para uma srie
de "hubs", incluindo um conselheiro senior
de political commercial e analistas de political
commercial estabelecidos em orgaos regionais
dos ACP, que sao assistidos por analistas de


political commercial nos Estados ACP conhe-
cidos por "spokes". Trabalham ao lado dos
funcionrios do comrcio dos governor nacio-
nais. Geralmente os analistas nao sao do pais
de acolhimento e muitos sao recrutados numa
regiao completamente diferente, explica Edwin
Laurent. Sao elegiveis analistas comerciais dos
ACP e da CE. Cerca de metade dos Estados
ACP beneficiam de peritos nacionais, referee
Laurent, que continue: "Trata-se de um project
que funcionou extremamente bem e que ajudou
os pauses a perceberem os problems das nego-
ciaoes comerciais e das areas ligadas ao comr-
cio dos quais, de outro modo, eles nao se teriam
apercebido." Acrescenta que foi uma ideia origi-
nal do antigo Comissario Europeu responsvel
pelo Comrcio, Pascal Lamy, nos primeiros dias
das conversaoes comerciais sobre os Acordos
de Parceria Economica (APE) e as negociaoes


comerciais da Ronda de Doha da Organizaao
Mundial do Comrcio (OMC). Um dos desa-
fios com que o project "Hub and Spokes" se
defronta actualmente a sua natureza s6 ACP,
diz Laurent: "Existe agora uma corrente, que
compreendo, que defended que a sua gestao seja
descentralizada e em vez de terms de um lado
todos os ACP, as regies ACP comunicaram-nos
claramente que no interesse da gestao e da coe-
rncia de todo o sistema era muito mais eficaz
faz-lo numa base regional."

> Estudo sobre a ascensao da China

A Commonwealth tambm forneceu peritos e
conselheiros ao Secretariado ACP em dominios
especializados financiados a partir de um Fundo
da Commonwealth para assistncia tcnica.
Estes peritos, recrutados a nfvel international,


CRREIO






Cultura de bananas em Santa Lcia. o Debra Percival

direita: No Secretariado ACP, Bruxelas: o secretrio-geral
da Commonwealth, Kamalesh Sharma ( esquerda), com o
parceiro ACP Sir John Kaputin ( direita). Robert roga


trabalham com o Secretariado ACP durante um
period fixo e muitas vezes num assunto especi-
fico. Neste moment existe um conselheiro no
escritorio ACP de Genebra que essencial para
dar informaoes aos embaixadores ACP sobre
o que se passa na OMC extremamente util
para os Estados ACP que nao tm representaao
em Genebra, explica Laurent. E acrescenta:
"Tambm fornecemos estudos e assistncia ao
Grupo ACP e gostarfamos de reforar ainda mais
as suas posioes negociais sobre certas ques-
toes." Diz que a sua organizaao teve um pedido
especifico sobre o impact da ascensao da China
sobre as naoes africanas. "Tambm estamos
a trabalhar para tentar promover consensus e
compreensao entire os pauses, por isso fazemos
reunites informais", diz Laurent. Foram promo-
vidas reunites political entire Ministros ACP e
os seus homologos europeus. "Fazemos isto de
modo informal, sem qualquer registo e por isso
podemos falar abertamente. Muito recentemente
realizamos um encontro entire a nova Comissaria
da CE para o Comrcio, a Baronesa Ashton, e 12
Ministros ACP. Ela era nova e pensamos que tal
como a Commonwealth, podiamos dar um con-
tributo promovendo o entendimento fora da sala
de conferncias e do quadro de confrontaao
das negociaoes", diz Laurent, acrescentando:
"Nas estruturas estabelecidas, como o Comit
Ministerial Misto ACP-CE para as questoes
comerciais, as discusses sao registadas: as
pessoas tomam posioes e defendem-nas. O
objective das reunites informais ganhar argu-


mentos. O que podemos fazer promover a
compreensao-empatia."
Mas sera que a Commonwealth vai continuar a
apoiar os ACP como uma entidade, tendo em
conta a actual tendncia para reforar os agru-
pamentos regionais no ACP, especialmente no
dominio do comrcio? Laurent afirma que como
muitos membros da Commonwealth tambm
pertencem ao Grupo ACP, ao apoiar os ACP
a Commonwealth esta a apoiar-se a si prpria.
Existe igualmente uma razao mais fundamental,
acrescenta: o principio da Commonwealth de
criaao de um mundo mais just e melhor. "Se
quisermos fazer mudanas e criar um mundo
melhor, que grupo melhor para se centrar nisso
do que os ACP? o grupo que mais preci-
sa de assistncia." Afirma que qualquer que
seja a configuraao future do Grupo ACP, o
Secretariado da Commonwealth apoiara os ACP
e tentara assegurar que se obtm o beneficio
maximo dos outros parceiros. D.P. M
Para mais informaes: www.commonwealth.org








Palauras-chaue
Secretariado da Commonwealth; Grupo
ACP; "Hub and Spokes"; Sir John Kaputin;
Kamalesh Sharma; Pascal Lamy; Baronesa
Ashton; Debra Percival


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N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009


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espsecia 0 n s s a s s sinte ioriza a s s e q cto 11ual

e a d I s o tema h a s d a s puit sele s d s' "a n c
ps to e q S a da sua s s Z s s sp d u m c p e gns sdita s.

s alit h v as s c o R i alterna a s a uma c i' i 'n a qu a ra a s sa
sa a d a s a i u e o l a o s a n guio s a s do im u e, d t a ti a d a A jv de
chique* rt em R E e o q m d m c e o * nos ddo as



* s s












> Sector no sindicalizado


"Um dia, ela cansou-se das minhas saladas de
tofu e azeitonas", observa Cronje friamente. Mas
adoram-se. Mais tarde, Cronje conta como ele e
o seu parceiro, o malogrado jornalista William
Pretorius, tentaram adoptar a Refilwe quan-
do Philippine, que tinha comeado a trabalhar
como sua empregada domstica, comunicou que
estava gravida. Cronje e Pretorius foram acon-
selhados a nao o fazer, porque isso poderia criar
problems insoluveis no future. Soube mais
tarde que o pai de Refilwe, que nao contribui
para o seu sustento, era condutor de autocarros
na cidade a norte de Polokwane. "Foi assim que
me tornei seu pai financeiro em vez do seu pai
adoptivo", diz Cronje.
Saimos no carro de Cronje, depois de ter post
o meu no espao do seu atras da barreira de
segurana o guard que todo o habitante dos
suburbios de Joanesburgo tem de ter hoje em
dia nao se v em lado nenhum. Cronje tem a
sua propria historia de criminalidade, como todo
o sul-africano que se preze: por pouco, o carro
de um amigo nao era roubado recentemente nos
poucos segundos que o guard passou pelas bra-
sas na sua guarita. Durante o trajecto em hora de
ponta, Refilwe confessa o seu sonho: ser pilot,
como um amigo que iniciou o curso de quatro
anos em Pretoria este ano. Dai que nao esteja
muito interessada em ir para a universidade.
Entretanto, chegavamos ao velho edificio acas-
tanhado, depois de percorridos dois ou trs
quilometros, quando a moa se lembrou que
tinha esquecido alguma coisa. "E o unico incon-
veniente de ir para um internato tao perto de
casa", diz Cronje. "Ela esquece-se facilmen-
te de alguma coisa, porque sabe que eu lha
levarei rapidamente." Depois disso, regressa
a casa para memorizar mais alguns dialogos.
Na Binnelanders, nao lhe exigem que comece
s 7 horas da manha, a sua chamada s6 esta
prevista para as 10h30 para tres cenas at s 17
horas. Mas ele comea rapidamente a franzir as
sobrancelhas. O problema destas telenovelas,
observa Cronje, que os dialogos sao muito
inconsistentes por terem a colaboraao de various
escritores. Apontou entao algumas inconsistn-
cias aos directors, que nao fizeram caso disso
dizendo-lhe que ningum notaria.
Cronje senate a falta do seu William, falecido ha
dois anos. Os responsaveis do teatro sabiam que,
ao contratar Cronje para uma produao, teriam
de contratar tambm Pretorius para lhe servir de
ponto. Sabia-se que Cronje esquecia facilmente
o seu papel. Agora confia em doses saudaveis
de espirulina e 6mega3, especialmente quando
trabalha num filme, numa pea de teatro e numa
telenovela no mesma dia, como aconteceu ha
tres semanas.


Cronje partilha o camarim com Hans Strydom,
o personagem principal da telenovela. Strydom
advogado na vida real e trouxe a profissao con-
sigo para o studio no centro de Joanesburgo.
Esta a trabalhar como representante dos actors
de teatro da Africa do Sul, que sao muitissimo
explorados no sector nao sindicalizado. Cronje
disso um exemplo perfeito. Actuou em 20 fil-
mes, mas se s6 recentemente conseguiu que lhe
pagassem, pela primeira vez, direitos de autor de
filmes em vez de honorarios pagos uma s6 vez,
deve-o intervenao de Strydom.
As suas roupas do dia foram penduradas num
trlei mvel do camarim. Depois, tempo de
pausa na sala dos artists para caf e bolos.
Os pedaos de bolo seco acabam por nao ser
comidos, porque praticamente ja faz parte do
scenario e os actors e as pessoas da produao ja
se cansaram disso. Na sala dos artists, ha um


> Pai financeiro


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009


monitor que anuncia em teleponto quem tem
que fazer o que. "E estranho que esteja tudo em
ingls quando se trata de uma telenovela em
afrikaans", diz Cronje. Embora a srie tenha um
elenco multiracial e o afrikaans seja falado por
milhoes de negros, o ingls a lingua veicular
na profissao. Cronje chamado para o ensaio da
primeira das suas tres cenas do dia. Como Cronje
tao professional, o director esta satisfeito. Os
quatro operadores de cmara sao chamados e
participam no ensaio. Depois, foi a verdadeira
filmagem, apos um unico ensaio. Toda a gente
estava content pensando que o rest eram favas
contadas. Todos, except Cronje, claro. "Foi
uma actuaao instantnea", suspirou. "Ainda
tenho que me habituar a isto." H.P. M


Palauras-chaue
Tobie Cronje; Africa do Sul; Binnelanders;
Teatro; Hans Pienaar.


Em foco











MRIS FLEXIBILIDRDE,


exigem os deputados IACP-UE

Os acordos de parceria econmica (APE) devem ser mais flexiveis e apoiados por um novo
fundo de ajuda ao comrcio. A ajuda europeia no deve, em caso algum, ser condicionada
assinatura dos acordos insistiram os parlamentares da Assembleia Parlamentar Paritria
(APP) de Africa, Caraibas, Pacifico e da Unio Europeia, reunidos em Praga de 4 a 9 de Abril.

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SAfrica do Sul hoje considerada
por muitos africanos a "Amrica"
do continent. As suas empresas
altamente eficientes tendem a obter
grandes quotas de mercado e a dominar a con-
corrncia, agindo quase como uma potncia
colonial.
Por outro lado, a Africa do Sul tornou-se a voz
da Africa na cena international, especialmente
com um antigo Presidente, Thabo Mbeki, que
foi a fora impulsionadora de varias instituioes
pan-africanas desde o lanamento da Uniao
Africana (UA) em 2000. Na Africa do Sul, o
partido no poder pensa que o Ocidente ainda nao
v a Africa do Sul com bons olhos. Esta dupla
personalidade de ser um pais relativamente
"rico" e um campeao de negros pobres come-
ou a ser conhecida nas conversaoes sobre os
APE entire a UE e os Estados ACP.
Os APE aceleraram o ritmo de trabalho na
parte final de 2007, quando a manutenao
do tratamento preferencial dado aos Estados
ACP deixou de ser permitida pelas regras da
Organizaao Mundial do Comrcio (OMC).
Por iniciativa da UE, os APE foram propostos
ao abrigo do Acordo de Cotonu (2000-2020).
Em Africa, foram rubricados nao assinados
- varios APE provisrios para evitar acoes em


justia segundo as regras da OMC. Na Africa
Austral, nove dos 15 membros da Comunidade
de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC)
fizeram-no, ameaando retirar-se da integraao
regional, uma das pedras angulares das political
estrangeiras do "campeao negro" da Africa
Austral.
Ora, como a UE o maior parceiro commercial
da Africa do Sul desde a era colonial, esta ja
tem o seu prprio acordo commercial com a UE,
que periodicamente renegociado. Em 2007,
tambm foi celebrado um Acordo de Parceria
Estratgica com a UE, sendo um dos poucos
pauses a faz-lo.
As conversaoes sobre um APE para substituir
possivelmente o actual acordo Africa do Sul-
UE, expirando em 2012, foram retardadas pelas
duas parties. Como potential concorrente da UE
no seu proprio territorio africano, a Africa do
Sul esta ansiosa, especialmente no respeitante ao
future dos seus sectors de servios. No sistema
bancario, por exemplo, os encargos bancarios
sao muito mais elevados na Africa do Sul do
que na Europa, pelo que nao seria competitive
fora da Africa do Sul. A introduao de politi-
cas comerciais exigidas pelo project de APE
implicaria a eliminaao progressive das pautas
aduaneiras. Mas a maior parte dos governor


africanos, com as suas estruturas ineficazes de
tributaao, estao extremamente dependents dos
direitos aduaneiros, ocultos ou declaradamente,
como a sua principal fonte de rendimentos. A
Africa do Sul deseja uma pauta externa comum
para toda a regiao, administrada por uma Uniao
Aduaneira da Africa Austral (SACU) alargada,
que uma das principals pedras basilares e eta-
pas da integraao econmica da Africa Austral,
que, por sua vez, espera ser um modelo de inte-
graao no rest do continent.
Na reuniao da troika ministerial em Janeiro de
2009, as duas parties acordaram que a integraao
em torno da SACU deveria ser um ponto de refe-
rncia important nas futuras negociaoes. Mas
a UE registou, depois disso, a sua intenao de
obter um APE com o Botsuana, Lesoto, Namfbia
e Suazilndia (os pauses BLNS), mais Angola e
Moambique, mas sem a Africa do Sul. H.P. M







Palauras-chaue
Africa do Sul; SACU; SADC; APE; Thabo
Mbeki; Hans Pienaar.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009

























































"Uma political climtica equitativa a ajuda ao desenvolvimento eficaz", declarou recen-
temente Hans Joachim Schellnhuber, Director do Instituto Postdam para a investigao
sobre o impact climtico. A ONG alem Misereor prova-o no terreno e intensifica a sua
aco, a menos de seis meses da Cimeira, sobre o clima, o que a levou a descobrir que, o
mais das vezes, os pauses do Sul tm algo a ensinar aos pauses do Norte.


Os grandes perdedores do pacto
sobre o clima, que devera ser deci-
dido no proximo ms de Dezembro
em Copenhaga no mbito da
Convenao das Naoes Unidas sobre as alte-
raoes climaticas, correm o risco de serem
os pauses em desenvolvimento, que sofreram
imenso com a desregulaao do clima anunciada,
e provocada em grande parte pelos pauses indus-
trializados responsaveis pelo aumento dos gases
com efeito de estufa (GEE).


> Influenciar as negociaes

Por duas razes. Por um lado, as soluoes preco-
nizadas para limitar os GEE sao essencialmente
instruments de mercado geridos por e fre-
quentemente para- pauses industrializados (ler
a caixa); por outro lado, a falta de perfcia e de
peso politico dos representantes dos pauses do
terceiro mundo arrisca de encurtar a influncia
sobre as negociaoes que se anunciam muito
dificeis e muito tcnicas e complexes. E a estas


duas carncias que se ataca a rede das ONG da
associaao CIDSE (www.cidse.org), que reune
16 agncias catolicas. Entre elas, a agncia
alema Misereor esta empenhada em encontrar -
em parceria com a populaao local mtodos
que permitam a estes pauses atenuar os efeitos
das alteraoes climaticas e adaptar-se a esses
mtodos. Dois conceitos alivio e adaptaao
- que serao object de arduas negociaoes em
Copenhaga, onde as parties na Convenao terao
de decidir a criaao de um fundo especial que


CRREIO







Nossa Terra


permit aos pauses em desenvolvimento tomar
as medidas ad hoc.
"Tentamos pr disposiao dos nossos parcei-
ros os instruments necessarios sua participa-
ao nas negociaoes", explica Anika Schroeder,
responsavel pelo clima e desenvolvimento na
Misereor. "Copenhaga apenas o inicio do
process. O pessoal de terreno ainda nao esta
preparado para influenciar os seus governor,
mas consegui-lo-a pouco a pouco." E nessa pers-
pectiva que a ONG alema tenciona organizer no
Malavi uma retransmissao por Internet entire os
representantes do Malavi e os negociadores dos
pafses do Norte, durante a reuniao de preparaao
da Cimeira de Copenhaga que tera lugar em
Junho, em Bona (Alemanha).

> Rprender com os praises do Sul

Mas a ONG actua tambm no terreno.
"Organizamos", prossegue Anika Schroeder,
sessoes de trabalho com as populaoes locais
de trs pafses: Mali, Niger e Burquina Faso. Na
verdade, estes trs pauses subsarianos tiraram
ensinamentos muito interessantes das altera-
oes climaticas que eles vivem ha mais de dez
anos. Ja estao preparados e mostram que tm
a flexibilidade necessaria. A adaptaao ja faz
parte das suas vidas. E como um laboratorio.
Ora, nos tentamos compreender o seu process
de adaptaao para podermos alarga-lo ao rest
do mundo". Estas sessoes de trabalho serao,
sem duvida, seguidas de atelis de inspiraao
political. No proximo ms de Outubro, sera orga-


nizado em Niamei, capital do Niger, um grande
colquio, onde serao debatidas em profundidade
questoes relacionadas com as alteraoes climati-
cas. "Esta previsto convidar cientistas do Norte,
do Institute de Investigaao sobre o Impacto do
Clima Potsdam (PIK), para verem o que signifi-
ca a alteraao climatica no terreno e nao segundo
os seus modelss"
Metade dos financiamentos da Misereor afec-
tada a projects agricolas. "Nos vemos que
as pequenas exploraoes agricolas adaptam-se
muito bem s alteraoes climaticas. O nosso
project tambm colher e preservar as semen-
tes genuinas. Nas Filipinas, por exemplo, ha
comunidades de camponeses que utilizam umas
variedades antigas de arroz e at conseguiram
desenvolver novas variedades que resistem, seja
seca, seja a uma elevada pluviosidade", acres-
centa Anika Schroeder.

> Combater a pobreza

A Misereor actua igualmente noutros terrenos
que apresentam desafios diferentes, entire outros,
na Africa do Sul. "E uma economic de emergn-
cia, que apresenta dificuldades mas cria tam-
bm oportunidades", explica Anika Schroeder,
prosseguindo: "Ja sao grandes poluentes, mas
ao mesmo tempo subsiste uma pobreza enorme.
E necessario lutar nas duas frentes." Ja ha ONG
sul-americanas muito activas no terreno e lutam
arduamente para diminuir o teor de carbon das
populaoes ricas. Nos bairros pobres, a Misereor
trabalha com as comunidades confrontadas com


riscos diarios, como o aluimento de terrenos.
Estes bairros sao frequentemente construidos em
zonas limits. Com um "credo": as iniciativas
devem vir das populaoes envolvidas. A ONG
oferece aconselhamento e fornece o financia-
mento. M.M.B. M

Palauras-chaue
Misereor; CIDSE; Anika Schroeder; Araya
Asfaw; Convenao Clima; Copenhaga;
adaptaao; Marie-Martine Buckens.


Dreclor do Cetr Am i[[!lReioa



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N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009










































natureza



Uma reportagem de Hegel Coutier

Alguns confundem-na com a Republica Dominicana.
Quando se descobre a Dominica, o que fica logo na
memria a sua "beleza selvagem". E verdadeira-
mente aquela "ilha da natureza", como os seus habi-
tantes gostam de design-la. Contudo, a Dominica
ainda mais surpreendente, mais cativante do que
este atributo, embora lisonjeador. O recent interesse
em relao ao turismo verde -lhe favorvel e apesar


ser human


da crise financeira international, enormes navios de
cruzeiro fazem ai escala todos os dias, em frente as
janelas dos hotis beira-mar de Roseau, a capital.
Outra curiosidade, esta pequena ilha foi governada
durante 15 anos por Eugenia Charles, a 5" Presidente
ou Primeira-Ministra eleita do mundo a primeira do
continent americano.


CIRREIO







- Z
tAF


Dominica eportagem


Apesar de muitas das paisagens da Dominica serem geralmente acessi-
veis por estradas, a ilha seduz principalmente o novo turismo, atraido
pelas caminhadas no seio de uma natureza virgem de uma beleza intacta,
pela sua floresta tropical, as suas quedas de agua, os seus rios e as suas
curiosidades tais como o "Boiling lake", ou ainda as suas fontes quentes
e sulfurosas que escorrem ou brotam das profundezas geotrmicas. A
Dominica a ilha mais montanhosa das Caraibas: quase sem planicies,
com picos que atingem os 1500 m de altitude. Alia a modernidade
protecao da natureza selvagem, inclusive nas cidades. E igualmente um
pais que, embora baseado numa economic agricola com todos os seus
imprevistos, nao conhece uma grande pobreza e beneficia de uma repar-
tiao das riquezas relativamente equilibrada, de um nivel de instruao
bastante elevado e de uma boa assistncia mdica. A esperana de vida,
at bastante elevada, igual para os ricos e para os pobres, sinal de um
bom equilibrio social e da preocupaao dos seus governor sucessivos em
investor no ser human. O sistema de protecao social e de saude eficaz.
A esperana de vida na Dominica 75 anos, ou seja 14 anos a mais do
que a mdia mundial coloca a ilha numa excelente posiao. Contudo,
o que faz com que este pais se destaque o numero bastante elevado de
pessoas centenarias, 22 em 2002 para
70.000 habitantes, sendo na altura Ma Pampo a mulher mais velha do
mundo, falecida em 2003 com 128 anos; uma das suas vizinhas era 13
anos mais nova.

O pais oferece ainda uma certa qualidade de vida, segurana e afabilidade
nas relaoes humans. E frequent um estrangeiro ser abordado, numa
aldeia ou em Roseau, por um Dominicano apenas para lhe desejar as
boas-vindas e a conversa alongar-se.

A Dominica um pais agricola. Ao contrario de outras pequenas ilhas, a
populaao nao esta concentrada na capital. Pouco mais de um tero dos
habitantes vivem em Roseau ou nos arredores. Embora tenhamos assis-
tido recentemente a um xodo rural, em consequncia dos ciclones que
destruiram as plantaoes aos quais se acrescem as dificuldades dos
produtores de banana (o primeiro produto de exportaao) causadas pela
erosao das preferncias no mercado da Uniao Europeia.


Sendo igualmente um pais anglofono, a Dominica fala o mesmo crioulo
francs" que os territorios franceses da Amrica, o Haiti. Situa-se entire
as ilhas de Guadalupe, a Norte, e de Martinica, a Sul, em pleno centro do
arco das Antilhas, prologando-se entire a Florida e a Venezuela. Como
em todas as ilhas das Caraibas, a Dominica possui uma populaao e uma


I Catedral romana catlica, Roseau, Domfnica, 2009.
Hegel Goutier


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009







eportagem Dominica


cultural mestia, apesar da maioria dos seus habitantes terem origens
africanas. A ilha uma das poucas ilhas das Caraibas insulares a possuir
ainda uma minoria amerindia (Caribes), um pouco menos de 2500 para
uma populaao de cerca de 70.000 habitantes. Mistura entire o francs e
o ingls, entire as influncias europeias, africanas e amerindias, s quais
se acrescem as dos recm-chegados da regiao e da Asia; mistura reli-
giosa entire o protestantismo e o catolicismo romano, mais as crenas de
Africa e da sua populaao autoctone, sem esquecer uma forte presena
do movimento politico-religioso Rastafari. Seis dominicanos sobre dez
sao catolicos praticantes e o ensino desta religiao forte, tanto no plano
moral como no plano politico. Aquando da visit do Correio, concen-
traoes de grupos de oraao em Roseau, por ocasiao da Semana Santa,
reuniam geralmente, num s6 local, cerca de duas mil pessoas, um numero
consideravel escala do pais. Todos eles animados por predicadores que
usam o cenario, o tom e a veemncia dos seus mediaticos congneres dos
Estados Unidos e condenam os desvios da moral, tais como os devaneios
sensuais do carnaval. O carnaval conhece, no entanto, um grande sucesso
todos os anos. Cultura mista!




Apesar de a Dominica ter sido descoberta por Cristvao Colombo desde
Novembro de 1493, apenas um ano apos a sua chegada s Caraibas, a


ilha so foi ocupada um seculo e meio mais tarde, tendo sido defendida
com fervor pelos audazes guerreiros caribenhos, mas tambm graas
sua topografia acidentada. Nao era, alias, assim que se chamavam os
Indios caribenhos a palavra advm de um erro por parte de Cristvao
Colombo mas Kalinago. A primeira chegada do navegador genovs
teve lugar no dia 3 de Novembro, um domingo dai o nome Domenica
dado ilha, que os seus ocupantes honravam com o nome encantador de
Waitikubuli (Esguia a ilha/Esguio o seu corpo)* para designer esta ilha
surgindo abruptamente do mar. Por volta da segunda metade do seculo
XVI, os navios espanhois que navegavam na regiao tinham um local de
abastecimento na ilha, em Prince Rupert Bay. O local foi tambm utiliza-
do a seguir pelos navegadores franceses, ingleses e holandeses. Em 1569,
viviam 30 espanhois e 40 africanos no meio dos Indios Kalinago. Entre
os aventureiros ilustres que ai encontraram assistncia, encontram-se Sir
Francis Drake, Georges Clifford Earl of Cumberland e o Principe Rupert
do Reno.Alguns flibusteiros franceses instalar-se-ao na ilha muito mais
tarde, seguidos pelos ingleses e os holandeses cada vez mais numerosos.
Em 1625, os Kalinago iniciaram uma guerra defensive contra os ocupan-
tes. Contudo, tiveram de se retirar devido sua inferioridade numrica e
falta de munioes. Passariam doravante a arbitrar os conflitos interco-
loniais, encontrando-se entire os ultimos da regiao a serem colonizados.
Em 1627, o ingls Earl of Carlisle declara a soberania do seu pais sobre
varias ilhas situadas volta da Dominica. Os franceses fizeram o mesmo.
Relativamente Dominica, os dados apenas foram lanados em 1805,
data em que a Inglaterra venceu, apos a destruiao complete de Roseau
pelos franceses. Nesse espao de tempo, os Kalinago jogaram frequente-
mente um contra o outro.

A colonizaao inglesa, apos a Primeira Guerra Mundial, ira conceder
cada vez mais liberdade de autogestao ilha, doravante habilitada a
eleger os seus representantes locais. A Dominica passa a um sistema de
autonomia em 1967, no quadro do Estado Associado das Caraibas (West
Indies Associate State) e torna-se independent em 3 de Novembro de
1978, sendo Patrick John, do Dominica Labor Party, nomeado Primeiro-
Ministro. Este demitir-se-a alguns meses mais tarde, devido a alegados
actos de corrupao. Ao mesmo tempo, a ilha foi devastada por um fura-
cao. Em Junho de 1980, Eugenia Charles venceu as eleioes, como cabe-
a-de-lista do Dominica Freedom Party (DFP).Vencera mais duas elei-
oes gerais, permanecendo 15 anos no poder. Resistiu a duas tentativas
de golpe de Estado, apoiou enquanto Presidente da OECS (Organisation
of Eastern Caribbean States) a invasao americana de Granada em 1983
e ficou conhecida como a Dama de Ferro das Caraibas. Embora perma-
necendo membro da Commonwealth britnica, o novo Estado optou em
1989 por um sistema republican e o seu chefe de Estado um president
dotado de um poder protocolar, sendo o Primeiro-Ministro o chefe do
governor.

Presentemente, o pais dirigido por um jovem Primeiro-Ministro, mem-
bro do Dominica Labor Party, Roosevelt Skerrit, o qual subiu ao poder
em 2004 com 31 anos. I
* Tall is her body.




Palauras-chaue
Hegel Goutier; Dominica; Caraibas; Caribe; Kalinago; Waitikubuli;
Sir Francis Drake; Georges Clifford Earl of Cumberland; Principe
Rupert do Reno; Earl of Carlisle; Patrick John; Dame Eugenia
Charles; OECS; Edison James; Roosevelt (Rosie) Douglas; Roosevelt
Skerrit; Dominica Labor Party; Dominica Freedom Party; United
Worker Party.


C RREIO















pq
* f P2


NIIIIL


iII'''


1 -il,


omo que a Dominica esta a enfren-
tar a actual crise economic mun-
dial, a seguir ao seu proprio peri-
odo de turbulncia da economic ha
alguns anos?

A nossa economic passou por algumas dificul-
dades, mas o governor adoptou medidas fortes.
Recebeu assistncia da comunidade de doadores,
da Uniao Europeia (UE) e do Fundo Monetario


International (FMI). Em 2004-2005 comeamos
a assistir a algum crescimento da economic. Tal
como o resto do mundo, e especialmente no
caso das pequenas economies abertas, somos
afectados pelo que acontece nos grandes pauses.
A nossa economic esta muito ligada dos EUA
e da Europa, porque muitos dos nossos cidadaos
emigraram para esses pauses e enviam remessas
para as families. Se o seu emprego nesses paf-
ses for afectado, as remessas tambm o serao.


Estamos igualmente preocupados com a actual
insegurana no mercado do petroleo.
O Governo indicou que continuara a dinamizar
o crescimento economic e procurou utilizar o
program governmental de investimentos para
estimular a actividade no pais. Esta a impulsio-
nar a execuao de uma srie de projects rodo-
viarios e habitacionais, quer directamente quer
facilitando o seu financiamento de modo menos
oneroso. Esta a fazer investimentos na agricul-


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009


eportagem
F*-**-


s-.


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Cltl


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eportagem Dominica


tura e nas pescas que irao, esperamos, aumentar
a nossa produao internal, a fim de minimizar
os efeitos da crise. Estamos igualmente a ver
como melhorar as exportaoes, especialmente na
regiao, devido aos investimentos que fizemos na
agriculture. Estamos a negociar com as grandes
empresas de cruzeiros e pensamos que podera
haver na prxima poca um aumento de 40 por
cento das visits de turistas de cruzeiros.

A 7-. .'.. ;.'- diz que no so aplicados recursos
suficientes na agriculture.

O investimento na agriculture num local como a
Dominica pode nunca chegar, porque a Dominica
largamente um pais agricola e, de facto, a
maior parte da regiao, especialmente Antigua,
Sao Cristvao, Sao Martinho e as Ilhas Virgens
Britnicas e Americanas, procuram bens alimen-
tares da Dominica. Neste sentido ha sempre lugar
para mais investimentos. O Governo continuara
a fazer esses investimentos, mas s6 possivel
investor se houver recursos disponiveis. Em
2007, o furacao Dean atingiu a nossa agriculture,
especialmente as bananas. O Govemo teve de
reinvestir na agriculture e em vez de acrescen-
tarmos valor substituimos apenas o que tinhamos
perdido. Depois, em 2008, o furacao Omar afec-
tou a nossa industria da pesca. O Govemo teve de


fazer um investimento de perto de 5 milhoes de
dolares americanos nas pescas.

O que ha sobre medidas tomadas a nivel regio-
nal, atravs da CARICOM, para combater a
crise?

Os problems da Comunidade das Caraibas
(CARICOM) sao tratados por diversos minis-
trios: Comrcio, Negocios Estrangeiros e
Assuntos da CARICOM. Tenho a certeza de
que a CARICOM e os Chefes de Governo estao
a tentar adoptar posioes comuns sobre deter-
minadas questoes. Trabalham em conjunto, por
exemplo, para resolver problems financeiros,
como o que surgiu na sequncia da instabili-
dade no sector dos seguros. E os governor da
Organizaao dos Estados das Caraibas Orientais
(OECO) e de Barbados e de Trindade e Tobago
colaboraram muito de perto num esforo para
resolver o assunto. Por isso nao posso dizer que
a CARICOM nao esteja a fazer o suficiente.

A actual estratgia de desenvolvimento do
Governor manter-se-a quando acabar a crise
economic mundial?

A agriculture fara sempre parte da Dominica.
Provavelmente nao sera como nos anos 70, mas


continuara a ser um sector important. Estamos
a centrar-nos no turismo e a investor no melho-
ramento do nosso aeroporto, para podermos
receber mais visitantes e facilitar o acesso dos
Dominicanos, sobretudo dos que residem no
exterior. O turismo continuara a ser um sector
important. O Governo articulou os seus inte-
resses no sector offshore. Demos igualmente
atenao ao desenvolvimento das tecnologias
da informaao e comunicaao. Mas no future
imediato temos de pensar naquilo que permi-
tira manter o pais tona, apesar do que esta a
acontecer. Espera-se que o Governo prossiga
com mais programs de investimento do sector
public mais rapidamente do que no passado,
porque important combater o crescimento
lento. H.C. M










Palauras-chaue
Hegel Goutier; Rosamund Edwards;
Roosevelt Skerrit; Domfnica; CARICOM;
OECO.


PSICOLOGIR

Francis O. Severin


.j siiM J tipiniir .i 1 I l'minn.j iJiiiii-
l'lti- *ir-udq.ii.il'' iand' im 11111
p ji d iri lilh'ia .i lil ir i iielill-
lita-ci tldtdtlltTTlT1 ll killllt 1ill



c\i ilipll t iilln illnr, t.ida i i 1 i tul li lini.i i
pllllh l- 1i- I IL I )* D lil1111111lll in l I. l il-
tic dt qiir crl. pllaidi/ dc't ,ir I'i~ .ii.i iltll
i.u iiltl'r'L ;ad

" 'la 'I L dti[ llL ., l idda a *t'llt' '' C( i llllt l Pl'dit

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triii q.iL.lqit r ih .il t-cilir- -. .gLir..i \iti du
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Palauras-chaue
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C.RREIO






Dominica eportagem


exige




mais


o chefe do principal partido da oposiao da Dominica,

o Partido Unificado dos Trabalhadores, que conseguiu eleger oito

deputados nas eleies de 5 de Maio de 2005.


Fez .... .i ao governor de mai .. ..... .

As eleioes de 2005 tiveram imensas irregularidades e existe igualmente
a questao da grande corrupao na classes dirigente: fraude fiscal e aquisi-
ao de bens e uma srie de questoes a colocar nossa nova Comissao de
Integridade, mas que nao pode, de acordo com a lei, debruar-se sobre as
irregularidades que ocorreram no passado uma questao de retroactivi-
dade. Cabe ao Primeiro-Ministro esclarecer as questoes e prestar informa-
oes num espirito de responsabilidade.
A segunda questao a economic. Existe uma crise international, mas
como nao estamos ligados muito profundamente ao sistema financeiro
international essa crise ainda nao atingiu a Dominica. No entanto, nos
ultimos quatro a cinco anos atravessamos um period econmico extrema-
mente sombrio perda de postos de trabalho, perda de rendimento, impos-
tos elevados e falta de qualquer investimento produtivo na agriculture, o
nosso sector principal, e no turismo, o segundo sector para permitir que
as pessoas tenham uma vida capaz. Possuimos vantagens naturais impor-
tantes, mas por qualquer razao nao conseguimos capitaliza-las.


O que que esta mal no modo como o pais governado?

Pedimos cartes de identidade e que a lista de votantes seja limpa. A nossa
lei diz que um cidadao dominicano deve ter visitado o seu pais nos ultimos
cinco anos para poder votar. Devem tambm ser solicitados observadores
intemacionais. Pensamos igualmente que os partidos da oposiao devem
ter acesso equitativo e razoavel aos meios de comunicaao do Estado
(Servios de Radiodifusao da Dominica e Servios de Informaao do
Governo).

Se ganhar as proximas i. .'. .. o que que fard de diferente?

Pensamos que as vantagens naturais da Dominica sao tao extraordinarias
que o titulo de "Ilha da Natureza" devia ser plenamente valorizado. Em
segundo lugar temos a questao da integridade: precisamos de uma demo-
cracia aberta e transparent e de reforar o nosso sistema de governaao
local. Temos o melhor sistema de governaao local da regiao, mas foi
sufocado. H.G. I


Voltemos questao dau irregularidades eleitorais.


Ao long da nossa historia political contempornea, desde 1960, tem havi-
do irregularidades, mas as eleioes de 5 de Maio de 2005 foram as mais
corruptas da historia da Dominica. Recorreu-se largamente a dinheiro para
comprar votos. Ha casos de cidadaos dominicanos que vivem no estrangei-


ro a quem foram oferecidos bilhetes para virem
votar, o que contraria a lei.

Parece que houve um numero elevado de votantes
em i .! .. .. . com a ;*. -! i.. .-..

Na lista de votantes havia 68.000 pessoas, quan-
do sabemos que 20.000 nao tinham 18 anos e
por isso, por lei, nao podem votar. No moment
da eleiao a populaao situava-se entire 60.000-
65.000 pessoas, portanto a lista de votantes devia
ter cerca de 48.000 pessoas.

O Governo diz que existe uma ;.. q! ..' eco-
nomica.

Bem, isso o que diz. A migraao um indicador
de pessimism econmico. A nossa populaao
esta proxima das 60.000 pessoas, quando se esti-
ma que eram 90.000 (ha dez anos), o que significa
que se verificou uma migraao em massa dos nos-
sos cidadaos para Antigua e outros locais dentro e
fora da regiao que partiram em busca de melhores
oportunidades.


Generaiidnadc








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N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009


Palauras-chaue
Hegel Goutier; Ron Green; Dominica; PUT; migraao; SRD.


Dominica e Granada em numerous


Granada



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Depois da grave crise economic que afectou a Dominica no final dos anos 90, sucessivos gover-
nos tm-se esforado consideravelmente para assegurar uma base slida da governao econ-
mica e political. Estes esforos foram de tal modo apreciados, salienta o Embaixador Valeriano
Diaz, Chefe da Delegao da Comisso Europeia para os Barbados e as Caraibas Orientais, que
a Dominica beneficiou de um aumento important do oramento.


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Jil i n.111. J L I ' 'inl\tni i n1 nii l -iiipr-.ir.ia l i
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da i irnii. in. i a tildri i II j i j.. ipijI ci i li r i niiii -
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ah i' .iiJIdar., a .i .i\.iI i 'rid ni pri .i lai dl pro-

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LL', I I ii l-,t -' i l J Il l. lIL '., ,i I id,' l.l 't J h .da-
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S.uai il [[ 1 L, nl 4 nilh,'i' di L 1.1, pli '. rnirl-
0 i 'l i'uLatinti |'pia il it .'I 'l'it iKl.u l t 'I
para utlilLnpln .l i' iiplItii d u ,, ir.ld dai, 'Il-


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,.i|.'iriin l' 1iii1i .i, ridLi/id i,. ,1,, ii i iii..j i-i i il1
'i[t lil. L d h l,'illidj pi ara .' q JI dl l) 11ii '
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I n.umini. In lLhli.. I 1 nm iiii.nna i r.mrajd.. iLJu Ii...
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Pdiduras-chaue
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C.RREIO








































"O meu project este, a Dominica, e sensual para a sua revista." E colocar um mapa da
ilha na parede tal como esta organizada para desenhar circuitos que ligam e evidenciam
as riquezas e maravilhas da natureza, bem como os sitios de alto interesse hist6rico e
cultural do pais. Yvanette Baron-George a responsvel pelo project do Waitukubuli
National Trail Project, implementado por uma ONG local e destinado a construir um
circuit pedestre serpenteando pela ilha, atravessando-a de norte a sul e de uma ponta
outra, permitindo igualmente descobrir as maravilhas da natureza, bem como os sitios de
alto interesse hist6rico e cultural do pais.


project financiado pelo governor da Dominica e a
Uniao Europeia (5, -* !. em colaboraao com o Conselho
Regional da Martinica. Varios troos da pista, que tera uma
distncia de 184 km (115 milhas), ja estao praticaveis.
Grande parte da pista ja existia, tendo sido traada no passado pela comu-
nidade indigena da Dominica. O "Trail Project" efectuara a ligaao dos
diversos troos. Uma boa parte da obraja esta concluida. Muitos turistas ja
visitam a ilha para os percorrer. Contudo, para os mais apressados, existe
um meio de descobrir a maioria destas maravilhas de carro ou efectuando
uma pequena caminhada. Um dia suficiente. Claro, nao chega para visi-
tar as fumarolas e os vapores do "Boiling Lake" ou as altitudes vulcnicas,
tendo em conta que a partir da estrada, sao precisas longas horas de cami-
nhada ida e volta. Nada que nao se faa.
No que toca a Roseau, a capital uma pequena jia, fora do tempo com as
suas casas gingerbread ou o seu bairro francs envelhecidos, as suas ruas
estreitas e ingremes, todos eles locais propicios para o passeio e a desenvol-
tura. E ainda a exuberncia dos seus macios florais, bougainvilleas, estrelf-
cias, poinstias, hibiscos, em frente a cada varandinha, cada balaustre!
A floresta tropical comea s portas da cidade. Podemo-nos aventurar
na floresta, mas a tentaao em seguir a imensa estrada que ladeia a costa


Oeste e forte. Dirigimo-nos para Este, passando em Canefield, onde pode-
mos visitar o magnifico Old Mill Cultural Center, que ao mesmo tempo
museu da industria da cana, museu de arte contempornea e centro cultural
polivalente, com biblioteca, palcos de teatro e de concerto. Sem esquecer o
prazer de deambular pelos patios impregnados de fragrncias cativantes.
Um pouco mais adiante: massacre, aldeia histrica, palco no inicio do
period colonial de uma cena shakespeariana, opondo dois filhos de um
governador, um deles mestio branco-indio que sera massacrado junta-
mente com os seus apoiantes pelo seu meio-irmao europeu. Um fresco
mural de Earl Etienne comemora esta pagina da histria, ao que tudo
indica tornada lenda. Da-nos a conhecer um pouco da arte do artist pintor
mais famoso da ilha.

>Bf

Os amantes de jogos farao uma paragem em Mahau, a cidade conhecida
como a cidade que nunca dorme. A seguir, nao podemos falhar a Boca do
leao, "lion djel" em crioulo anglicizado, enorme rocha qual tiveram de
cortar um bocado para construir a estrada. Como cidade, imprescindivel
ver Portsmouth, magnifica de nostalgia e de romantismo, situada a alguns


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009










Il. .. ,


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Noz-moscadB7 20i09
RB^HmnrtersbLA


mais pequeno pais independent do hemisfrio ocidental
extravasa de vida. A sul do arco das Caraibas e exactamente
ao norte da Trindade e da Venezuela, Granada um conjunto
de trs ilhas: Granada, Carriacou e Pequena Martinica. Cada
uma delas unica e tem encantos especificos. Saint-Georges, capital do
pais e da maior ilha, Granada, caracteriza-se por uma modernidade de
dimensao humana e uma das cidades mais bonitas e mais elegantes das
Caraibas, aninhada em redor de uma bafa de uma beleza excepcional, com
portos e marinas de sonho que convidam ao passeio por todos os seus
recantos, sobretudo ao cair da noite.

>B

O pais habitado por uma maioria de descendentes de africanos e em
menor numero de descendentes dos seus primeiros habitantes, aruaques e
sobretudo caribes, mais umas pequenas comunidades de descendentes de
antigos colonos europeus ou de trabalhadores vindos da India no sculo
XIX. Como todas as ilhas das Caraibas habitadas pelos caribes (Kalinago),
a colonizaao foi tardia. Porque os guerreiros caribes eram ferozes, mas
tambm porque criaram uma fama que aterrorizava os colonos. Caliba, na
"Tempestade" de Shakespeare, escravo e filho de uma bruxa, testemunha
entire muitas outras referncias a surpresa que a fama destes guerreiros
provocava. Cristovo Colombo abordou a ilha na sua terceira viagem


Amrica, em 1498, mas verdadeiramente s6 em 1650 esta foi ocupada pela
primeira vez pelos franceses.

Portanto, em 1498 Granada era habitada essencialmente por caribes. Os espa-
nhis nao puderam instalar-se la e as tentativas dos ingleses tambm nao sur-
tiram efeito. A "Compagnie des Iles d'Amrique" do Cardeal Richelieu, por
intermdio do seu representante na Martinica, Jacques Dyel du Parquet, tenta
apoderar-se de Granada desde 1636. Depois da falncia da Companhia em
1649, Du Parquet "compra" estas duas ilhas e lana nelas os seus soldados,
que depois de inumeras disputes acabam por vencer os guerreiros caribes,
cujos ultimos sobreviventes se atiram ao mar para nao se renderem.

> 'e .

A ilha passou a seguir por um pingue-pongue entire ingleses e franceses
at ao Tratado de Versalhes de 1783, que a atribuiu definitivamente
Inglaterra. Inicialmente era uma colonia produtora de aucar, mas no final
do sculo XVIII conheceu uma diversificaao com a introduao da noz-
moscada, sendo ainda hoje, juntamente com a Indonsia e a India, os trs
produtores quase exclusivos. Tornou-se assim numa ilha de especiarias. A
escravatura foi abolida na ilha em 1834. Aps diversos regimes de admi-
nistraao colonial, em Maro de 1967 obteve uma autonomia complete no
quadro do "Associated Statehood Act", antes da independncia official em


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009







eportagem Granada


1974. Mas continuou na Commonwealth e mantem como Chefe de Estado
o monarca britnico.

>T e

O seu primeiro Chefe de Governo, Sir Eric Gairy, viria a ser derrubado
cinco anos mais tarde, em Maro de 1979, por um golpe de Estado dirigido
por Maurice Bishop, inspirado num marxismo-leninismo tropical. Foi o
inicio de um grande traumatismo, porque Bishop, que tinha acabado por
ganhar a simpatia de uma boa parte da populaao, graas nomeadamente
aos seus programs sociais, acabou por ser derrubado por uma facao radi-
cal do seu partido dirigida por Bernard Coard e seria assassinado em 19
de Outubro de 1983 com oito dos seus ministros e partidarios. Seguiu-se,
alguns dias mais tarde, a invasao das tropas americanas, com a bnao da
Organizaao dos Estados das Caraibas Orientais (OECO), na sequncia da
qual foram condenados morte dezassete suspeitos. Esta pena de morte foi
depois comutada. Os prisioneiros foram libertados recentemente.


Bishop continue a ser um simbolo e uma especie de heroi romntico.
Mesmo os seus piores adversarios lhe prestam homenagem pelas suas rea-
lizaoes sociais e pela modernizaao das infra-estruturas do pais, embora
condenem as restrioes das liberdades individuals impostas pelo seu regi-
me. E esta, por exemplo, a posiao que Georges Brizan, antigo Primeiro-
Ministro e antigo Co-Presidente da Assembleia Parlamentar Paritaria ACP
- Uniao Europeia explicou ao Correio.

As eleioes de Dezembro de 1984 restabeleceram a ordem constitutional
no quadro do sistema bipartidario traditional, como em Westminster. O
partido actualmente no poder desde as ultimas eleioes de Julho de 2008
o Partido Democratico Nacional, estando frente do Governo o Primeiro-
Ministro Tillman Thomas. H.C. M


Palauras-chaue
Hegel Goutier; Granada; Carriacou; Pequena Martinica; Caraibas;
aruaques; Eric Gairy; Maurice Bishop; Georges Brizan; Tillman Thomas.






Granada eportagem


"nao se deue colocar todos

D tr s _rru s t t r'L


Entrevista com o Primeiro-Ministro de Granada, Tillman Thomas

O novo Primeiro-Ministro de Granada ocupa o cargo h um
ano (foi eleito em 9 de Julho de 2008), depois de o seu partido,
o Congress Democrtico Nacional (NDC), derrotar o governor
anterior de Keith Mitchell, que esteve no poder durante 13 anos.


m que que o governor do NDC dife-
rente?

Na nossa abordagem da govemaao:
acreditamos no respeito da independncia das
instituioes. As foras policiais estao mais bem
organizadas, sao mais independents e ope-
ram de modo mais eficaz. Defendemos que os
funcionarios pdblicos devem ser promovidos
por mrito e nao pela filiaao political. A admi-
nistraao anterior teve uma srie de questoes
litigiosas com os meios de comunicaao social.
A nossa abordagem da comunicaao social
diferente e a nossa abordagem da governaao
uma parceria com outros grupos de interesses
da sociedade.

Qual a sua estratgia de desenvolvimento para
Granada?

Temos grandes potencialidades na agriculture e
sao possiveis grandes avanos na transformaao
dos produtos agricolas. Temos noz-moscada,
uma fabrica de chocolate e uma industria cer-
vejeira. Sao pequenas, mas podem expandir-
se. Temos grandes potencialidades nas pescas
- peixe fumado e transformado e estamos
procura de novos mercados. Queremos desen-
volver o turismo comunitario e cultural para
alm do mar e do sol. Por exemplo, o project
"Sexta-feira de Peixe" em Gouyave (uma "frita-
da" de peixe semanal). A formaao essencial
para os nossos jovens, para poderem contribuir
para o desenvolvimento national com diplomas
profissionais de electricistas, pedreiros e canali-
zadores e para a industria hoteleira.
E quanto ao desenvolvimento da segurana
social?
Gostariamos que existisse um enquadramento
juridico na regiao tanto para a segurana social
como para as operaoes empresariais. Assim,
se algum se deslocasse de Granada para Santa
Lucia ou Sao Vicente, continuaria a ser benefi-
ciario (da segurana social).

E dada demasiada nfase ao turismo?

Precisamos de uma abordagem equilibrada. O
sector agricola o sector mais sustentavel a
long prazo: para fazer com que as nossas
comunidades rurais se envolvam em actividades
empresariais e industries artesanais e consigam
novos mercados para os nossos produtos. Nao
devemos colocar todos os ovos no mesmo cesto.


Acha que existe um abrandamento do ritmo da
;,,.. ....;. ..l da CARICOM em ..,.... .. com
o ritmo de hd duas dcadas?

O entusiasmo e a energia iniciais ja nao existem.
Apoiamos firmemente a iniciativa de criar um
espao econmico entire Trindade e Tobago e a
Organizaao dos Estados das Caraibas Orientais
(OECO)*. Port-of-Spain a capital financeira
das Caraibas Meridionais, por isso penso que
existem potencialidades para a integraao entire
Trindade e Tobago e a OECO. Se olharmos para
o que esta a acontecer com a cruise financeira,
precisamos de ter um enquadramento regio-
nal para as empresas que operam na regiao.
Devido inexistncia desse movimento de
integraao existe uma "abertura" para a discri-
minaao. Precisamos de olhar atentamente para
a CARICOM e decidir para onde queremos ir.
A regiao deve negociar como um bloco com as
organizaoes internacionais e nao devia haver
um pais a estabelecer relaoes com a China e
outro com Taiwan. Podiamos ter uma autoridade
juridica supranacional na regiao e um sistema
parlamentar regional.

Mas as economics de menor dimenso nao
sero absorvidas pela Trindade?

Trindade pode ser um pais de maior dimensao,
mas o nosso produto turistico muito
diferente. A estrutura econmica de
Granada e o sistema de propriedade
fundiaria que temos aqui, em que as
pessoas possuem terrenos em todo o
pais: nao penso que haveria qualquer
movimento de migraao de massas se
decidissemos unir-nos. Pensa-se sem-
pre que as pessoas querem ir para um 9
pais maior, mas nao penso que seja esse .
o caso porque a qualidade de vida em
Granada, na minha opiniao, nao tem ...-
rival na regiao. r.

Qual a.. .. i... que preside poli-
tica externa de Granada?

Ja nao existe a Guerra Fria. Nao existem
na regiao dois pauses que estejam mais
proximos em terms culturais do que
Granada e Trindade. O que conta um
empenhamento srio e partilhar e coo-
perar em areas que promovam as insti-
tuioes democraticas e a humanidade.


Existem actualmente alguns dominios de rela-
cionamento 'i;fT ;i com a UE, como as bananas
e o Acordo de Parceria Economica (APE). Que
opinio tem sobre as .. i-.. Granada-UE?

O APE tem vantagens e desvantagens. Se puds-
semos trabalhar efectivamente em conjunto
como uma regiao, podiamos beneficiary do APE.
Temos acesso (desde a assinatura do APE) ao
fornecimento de alguns servios UE. Devemos
obter o maximo beneficio nestas areas de vanta-
gens comparativas porque nao podemos de facto
produzir como a UE em terms de produtos
industrials. H.G. I

* Sao nove os paises membros da OECO: Antigua e
Barbuda, Comunidade da Dominica, Granada, Monserrate,
Sao Cristvao e Nevis, Santa Lucia e Sao Vicente e
Granadinas. Anguila e as Ilhas Virgens Britnicas sao
membros associados da OECO.




Palauras-chaue
Hegel Goutier; Granada; Tillman Thomas;
OECO; NDC; APE.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009
























> Diagnostico

Podemos agrupar os problems em trs grandes
categories. Primeiro, verificou-se uma queda
do investimento director estrangeiro. Muitos dos
grandes projects de infra-estruturas turisticas
que estavam previstos (e que representavam
investimentos de cerca de 700 milhoes de dola-
res) nao se irao realizar. Segundo, verifica-se
igualmente uma diminuiao na propria industria
do turismo em terms de chegadas e de gastos.
No sector do turismo de cruzeiros ainda assis-
timos chegada de grande numero de turistas,
embora gastem menos. Prevemos que havera
ainda uma maior diminuiao. O terceiro dominio
tem a ver com as remessas do estrangeiro. Os
granadinos que vivem no estrangeiro, na metrd-


pole, estao a enviar menos dinheiro para o pais
do que enviariam normalmente. Pensamos que
a diminuiao pode ter sido de cerca de 16 por
cento no ultimo ano. Devido desaceleraao em
various sectors, incluindo a construao, assisti-
mos a uma queda do emprego.

> ijustamento

Lanamos uma amnistia fiscal: um perdao total
dos juros e das multas para quem pagar a totali-
dade do que deve administraao.
Iniciamos igualmente alguns projects de cons-
truao a curto prazo e a renovaao de edificios
publicos, especialmente nos sectors da saude e
da educaao; intensificamos as obras do progra-
ma de conservaao de estradas. O nosso objecti-


Caraibas autnticas.





A empresa "De la Grenade Industries" represent uma das
prestigiosas imagens de marca de Granada. E dirigida desde
1992 por Cecile La Grenade, uma empresria que tem feito,
juntamente com alguns outros, com que os grandes runs
das Caraibas, que ganham frequentemente os prmios nos
concursos internacionais de bebidas espirituosas, sejam
mais conhecidos dos consumidores.


vo manter o emprego. Estamos prestes a iniciar
outro program que ira proporcionar apoio ao
rendimento dos agricultores, melhorando assim
ao mesmo tempo a segurana alimentar.
E preciso realizar uma revisao dos principals
projects de capital a mdio e a long prazo.
Poderemos identificar aqueles a que deve ser
dada prioridade e os que podem ser realizados
mediante parcerias sectoriais mistas publico/pri-
vadas, ou atravs de emprstimos em condioes
favoraveis ou mediante programs de coopera-
ao bilaterais. H.G. M


Palauras-chaue
Granada; Hegel Goutier; crise fnmanceira;
Nazim Burke; Ministro das Finanas.







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La.i le i

C.RREIO






Granada eportagem


:0


perdeu milhoes em



alega a


oposiao

Keith Mitchell foi Primeiro-Ministro de
Granada durante 13 anos (1995-2008).
O seu Novo Partido Nacional (NNP) foi
derrotado nas eleies gerais de 2008
e agora tem quatro lugares na Cmara
dos Representantes do pais. Agora, como
lider da oposio, diz que o governor res-
ponsvel pelo afastamento de potenciais
investidores.

uais sao as principals preocupaoes da oposiao em relaao
ao novo governor?
E precise a maxima unidade e associar ideias a todos os
niveis e sobretudo numa altura de problems financeiros. O
meu governor estabeleceu bases solidas para isso. Quando o
novo governor entrou em funoes tinha apenas de se apoiar nisso. De facto,
o que fizeram foi exactamente o contrario e procederam a uma caa-s-
bruxas dos seus opositores e exerceram represalias sobre os apoiantes
do anterior governor. O actual governor s6 venceu por 1800 votos. Quase
todos os grandes projects foram suspensos. Estamos a falar de centenas
de milhoes de d6lares de investimentos. O corredor de automveis da
Formula 1, Lewis Hamilton, cujo pai de Granada, estava interessado em
fazer aqui um investimento, mas a oposiao [da altura] disse que havia
corrupao entire ele, o governor [entao do NNP] e o anterior Governador-
Geral.

Algumas pessoas alegam que os investimentos esto suspensos devido
crise financeira mundial?
E evidence que o governor tem de dar uma volta s coisas, mas os factos
estao vista. Eles atacam a reputaao das pessoas essa a questao.
Apesar do context international, poderia haver uma actividade muito
maior e havia um conjunto de projects que estariam a andar. Atravs da
difamaao estao nao s6 a atacar os politicos, mas a pr em perigo a possi-
bilidade de investimento.

Porque que nao intent uma .... judicial contra o governor?
Tenho cerca de 20 processes em tribunal por calunias. Tenho sentenas
que me dao razao, mas o sistema anda com muita lentidao.


Qual a sua opinio da CARICOM? Parece que esta cada vez mais
enfraquecida.
A necessidade de laos econmicos e politicos mais fortes entire as
pequenas naoes de uma regiao torna-se cada vez mais fundamental se
querem sobreviver nesta aldeia global. O meu sentiment que o ritmo
de integraao demasiado lento, mas o desenvolvimento econmico dos
pequenos Estados esta a tornar-se cada vez mais dificil sem uma aborda-
gem integrada. Sempre que sao tomadas decises a nivel da CARICOM
para trabalhar em cooperaao, ha algum ou algum grupo de pessoas que
tende a enfraquecer o sistema e os rgaos da CARICOM nao sao suficien-
temente fortes para obrigar as pessoas a trabalharem no quadro em que as
decises sao tomadas. E precise reforar as instituioes da CARICOM.
Tornou-se muito burocratica na sua abordagem de uma srie de questoes.
Ha necessidade de um sentido mais profundo de integraao political, mas
algo que nao acontecera do dia para a noite.

Como que se pode transmitir esperana aos jovens nestes tempos i;, ;.
Se nao for transmitida esperana aos jovens eles ficarao com um senti-
mento de serem marginalizados e podem ver-se em situaoes em que as
suas acoes os prejudicam permanentemente. Existe um sentiment de
desespero a nivel das bases no pais. Tinhamos um sistema de transport
das crianas cujos pais nao podiam pagar o bilhete de autocarro e uma
autorizaao uniform para os alunos, mas estes e outros programs foram
cortados pelo governor. H.G.

Palauras-chaue
Hegel Goutier; Keith Mitchell; NNP; CARICOM; Lewis Hamilton;
Granada.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009





S eportagem
eportagem "cI "Jj


llllli" i


Uma aposta


A ajuda da Unio Europeia a Granada c
seguir aos devastadores ciclones de 2004
e das infra-estruturas sanitrias, que j

eficaz porque Granada se empenhou1
que salienta o Embaixador Valeriano Di
Organizao dos Estados das Caraibas ir


se nos ultimos anos na reconstruo a
o melhoramento do sistema hidrulico
Smuitas vezes ao period britnico e
X~~'auda international foi ainda mais
ff~go na reconstruo do pais. o
da Delegao da UE para os paises da


lr .. " : ......... .. ... .
Sii 1..' 1 1114 .I i i l [ 41 h.l | iiI l. til'tii I-,. 4 .1-i i. 'iii. lii 'j i. i iii i'iii i d .ii i i.I J '. l 1'i
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Granada eportagem


Descoberta


Uma


resplandecente


Se quisermos escolher um dia especial para descobrir a ilha de Granada, uma boa
escolha o domingo de Pscoa. Em cada cidade e em cada aldeia h ajuntamentos,
festas de rua e encontros e os estrangeiros so bem-vindos nos sitios em que entram.
As praias so muito frequentadas e em todo o lado se podem provar bebidas e pratos.
O pais aberto festa e aos encontros.


*1ii., Se fosse um fruto, Granada
.....1 evidentemente uma roma que
i',,ilia do exterior e que quando se
.ii.,.. deixa aparecer uma mirfade de
pequenas joias vermelhas, como todos estes
estribilhos que animam as aldeias neste dia,
como todas as casas de estilo colonial cor-
de-rosa, vermelhas, com enfeites, pequenas e
alinhadas em ruelas de aldeias, opulentas nos
centros das cidades maiores ou penduradas nas
encostas abruptas das colinas como as grandes
casas burguesas. Cores com o mesmo brilho
que os sorrisos que existem nas faces e que so
querem ser partilhados.
E preciso iniciar uma visit de um dia pela capi-
tal Saint-Georges, que acorda nos braos da sua
bafa adornada das cores azuladas e enevoadas
da manha. E ver chegar os cruzeiros de onde
desembarcam muitas vezes jovens casais para
o seu casamento que sera celebrado um ou dois
dias mais tarde neste cenario idilico de Port
Louis, sobre as antigas docas de Saint-Georges.
Port Louis so quer "concentrar todos os encantos
de St-Tropez, da Costa Esmeralda, de Portofino
e de St Bart's com o toque especial e a atmosfera
de Granada".
Da beira-mar admiram-se as numerosas colinas
que constituem a "city on the hill" ["cidade na
colina"], como chamam cidade, que cercam a
baia e no alto das quais podemos encontrar, entire
os sftios a visitar, os Fortes Friederick e Matthew
a leste e a norte o Forte George com as janelas
da prisao "Her Majesty Prison", que proporciona
uma vista magnifica sobre as docas. Sera que os
prisioneiros, entire os quais estao os assassins de
Bishop, podem admirar vontade as belezas de
Port Louis? Quanto ao Forte Matthew, que servia
de hospicio para os doentes mentais internados, foi
bombardeado por engano pela aviaao americana
em 1983 e muito dos seus ocupantes morreram.
A norte e a sul de Saint-Georges, situada a sudes-
te da ilha, estendem-se praias interminaveis, a
mais representative das quais Grand Anse. E
o ponto turistico mais frequentado. Um pouco


mais long, uma praia a nao perder e Morne
Rouge, com a areia mais branca que pode existir
juntamente com o mar mais cristalino. Ha poucos
habitantes nesta graciosa cidade, integrada numa
natureza virgem: apenas dez mil e sobretudo
poucos turistas. Mas a ilha tem imensas praias.
Entre as pequenas e lindas enseadas conta-se La
Sagesse, a sudeste, que se tornou simbolica por ai
se ter escrito uma pagina de historia. Quando o
proprietario de entao da grande residncia que ali
fica quis fechar esta enseada, o militant Bishop
organizou uma grande manifestaao que levou o
Estado a garantir atravs da lei fundamental do
pais o character public da beira-mar. O proprie-
tario actual, Mike Meranski, que a transformou
com bom gosto num hotel-restaurante original,
"La Sagesse Nature Center", tem outras preocu-
paoes, como explicou ao Correio: a diminuiao,
com a crise, do numero de visitantes e sobretudo
da duraao das estadias.
De entire as outras cidades costeiras a visitar,
Greenville na costa leste a segunda maior do
pais e provavelmente a mais animada; Sauteur,
no norte, tambm historica, porque foi do cimo
do seu rochedo de 40 metros de altura que os
Caribes vencidos se lanaram ao mar para se
suicidarem.
No interior das terras, o brilho avermelhado
o das flores e dos frutos: os cachos de caju,
cuja noz apenas o nucleo exterior; o vermelho
cardeal estampado com desenhos em relevo,
estilizados com a cor negra do caroo das noz-
moscada (nutmeg) faz pensar numa obra de
um artist minucioso. E o sfmbolo do pais. A
oeste, entire Saint-Georges ao sul e Gouyave
mais ao norte, estende-se a "Grand Etang Forest
Reserve", com o incontornavel "Grand Etang
Lake", tao calmo numa natureza repousante, e
nao muito long das numerosas quedas de agua,
as Concord Falls, ao long do rio Concord.
Resta Carriacou, nove mil habitantes, dez vezes
menos que a ilha de Granada, e a Pequena
Martinica, apenas com mil almas. Tambm sur-
preendentes? H.G. 0


if-i,,,,,


Palauras-chaue
Hegel Goutier; Granada; Carriacou; Pequena
Martinica; Forte Friederick; Forte Matthew;
Forte George; Port Louis; Morne Rouge;
Grand Anse; Greenville; Sauteur; Grand
Etang Forest Reserve; Caraibas; La Sagesse
Nature Center.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009






eportageM Grna






firt.


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LiLar .a iliitrr''ai' di Gil .tl daiid' J aJ'i j1i 'in1ii Lliiipn puilt i a% niliar
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Por vezes e arado com suspeita, sempre com inveja,
o "modelo/ eco" de Estado providncia, mas sobre-
tudo de Est o igualitario, influencia todas as politi-
cas. Para co ear, a da cooperao para o desenvol-
vimento. Es colmo orgulha-se, com todo o mrito,
de ser a rn generosa ern terms de percentage
do seu rendime to national bruto (RNB) para com os
paiss do 'SMul Na base, a Agncia Qficial de Cooperag (SIDA), mas tambm inlmeras
fundades., Encontros com uma dss fndaa s,. aDag Hammarskj.id.


om uma taxa inigualavel, 0,98 %
do RNB destinado ajuda para o
desenvolvimento em 2008, a Sucia
ultrapassa, de long, os outros pauses
industrializados (0,42 % em mdia para a Uniao
Europeia, 0,25 % para os pauses do G7) e supera
o objective de 0,7 % do RNB que os pauses
industrializados definiram religiosamente para si
at 2012. E sem margem para duvidas pelo facto
de os suecos conceberem, antes de tudo, as suas
relaoes com base na igualdade que a coopera-
ao assenta numa parceria real, cujo objective
final o de tornar os pauses parceiros totalmente
independents.



"O nosso objective de acabar com a discre-
pncia entire o Norte e o Sul, fazendo alianas
globais com pessoas que partilham os mesmos


valores em matria de democracia, de direito
human e de segurana", afirma espontanea-
mente Henning Melber, director executive da
Fundaao Dag Hammarskjold. Instalada na cida-
de universitaria de Uppsala, a cerca de quarenta
quilmetros a norte de Estocolmo, esta fundaao
(http://www.dhf.uu.se/Default.html) tem o nome
do sueco que exerceu o cargo de secretario-geral
das Naoes Unidas de 1953 a 1961, ano em que
foi vitima de um acidente de aviaao quando
se deslocava em missao de paz ao Katanga. No
mesmo ano, recebeu, a titulo pstumo, o prmio
Nobel da Paz. As suas intervenoes na crise do
canal de Suez, em 1956, e na crise da Jordnia,
em 1958, valeram-lhe a reputaao de fervoroso
defensor da paz.
O espirito de Dag Hammarskjold esta present
em todas as aces realizadas at data pela
Fundaao. Ha desde logo as conferncias e as
publicaoes, entire as quais a revista Development


Dialogu em que se cruzam anlises de autores
de diferentes correntes e cuja ultima ediao
referente ao neoliberalismo. "O nosso principal
trunfo", prossegue Henning Melber, " o prprio
nome de Dag Hammarskjold, muito respeitado,
sobretudo nos pauses do Sul. E nos utilizamo-lo
para reunir pessoas, o que de outra forma nao
aconteceria." Um exemplo: os encontros ini-
ciados desde Fevereiro passado entire represen-
tantes chineses, de pauses africanos e da Sucia
para discutir as relaoes entire a Africa e a China.
"A China esta bem present em Africa, alm
disso tem assento no Conselho de Segurana
das Naoes Unidas, mas os seus peritos sao
poucos face s realidades sociais em Africa, o
que causa tenses crescentes com determinados
pauses africanos." E continue: "Usamos esta
tradiao de dilogo noutros dominios, nomeada-
mente no dominio agricola. Assim, a Revoluao
Verde para a Africa lanada por Koffi Annan


CRREIO






Estocolmo escoberta da Europa


apoiando-se em agncias filantropicas faz com
que alguns receiem que apenas va servir os
interesses de algumas grandes empresas agroali-
mentares, sobretudo as especializadas nos OGM.
Pretendemos organizer um seminario sobre esta
questao no proximo ms de Novembro, aquando
das Jornadas Europeias do Desenvolvimento.
Os participants incluirao nomeadamente a
Universidade Agricola de Uppsala." Jornadas
que serao realizadas em Estocolmo, uma vez que
a Sucia estara na presidncia da UE.
Por fim, ultima acao, recent mas nao secun-
daria: a instalaao de um gabinete da fundaao
em Nova torque, onde estao sediadas as Naoes
Unidas. "O nosso objective o de fazer pressao
para efectivamente democratizar o sistema das
Naoes Unidas, fortalecer as foras que pre-
tendem verdadeiramente a paz e a segurana",
acrescenta Henning Melber. M.M.B.


Palauras-chaue
SIDA; SAREC; Dag Hammarskjold; Henning Melber; cooperaao sueca; investigaao; Marie-
Martine Buckens.


SIIGRffO: uma sensibilidade


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escoberta da Europa Estocolmo


PONTO DE VISTA







22 a 24 de Outubro



O texto seguinte uma comunicaao da
Comissao Europeia (Direcao-Geral do
Desenuoluimento).

Com a Presidncia Sueca da Unio Europeia
a aproximar-se, Gunilla Carlsson, Ministra
Sueca da Cooperao Internacional para 1
o Desenvolvimento, j est impaciente por
poder estabelecer as dreas prioritrias da
presidncia sueca no dominio do desenvol-
vimento. Est na ordem do dia o desenvol-
vimento da democracia, a coerncia das
political para o desenvolvimento (CPD), a
eficincia da ajuda e as alteraes climn-
ticas. No dominio das alteraes climn-
ticas, Gunilla Carlsson tambm presidiu
Comisso Internacional sobre Clima e
Desenvolvimento.


sta previsto focar questoes relacionadas com o desenvolvimento
durante a presidncia, uma vez que o maior event, durante os 6
meses, serao as Jornadas Europeias do Desenvolvimento.
Em poucas edioes, as Jornadas Europeias do Desenvolvimento
tornaram-se uma referncia na agenda international que acolhe mais
de 4000 visitantes vindos de 1500 organizaoes e 125 pauses do mundo
inteiro. Neste ano, o tema preponderante do event sera Cidadania e
Desenvolvimento com uma atenao especial para as i. ...... clima-
ticas e a crise economic. O event tera lugar na Feira Internacional de
Estocolmo, de 22 a 24 de Outubro.
Gunilla Carlsson acredita profundamente nos assuntos de cooperaao da
UE relatives ao desenvolvimento: "Estou convencida que uma das con-
tribuioes mais solidas da UE para o desenvolvimento global equitativo e
sustentavel sera evidenciar todo o potential da agenda CPD. A UE deve
procurar utilizar melhor e mais coerentemente todas as suas political
e instruments. De moment, todas as questoes prementes da agenda
international por exemplo, a recessao economic mundial, o desafio


das alteraoes climaticas e a questao da segurana alimentar confirmam
claramente esta necessidade."
Gunilla Carlsson regozija-se por acolher as Jornadas Europeias do
Desenvolvimento em Estocolmo. O objective fomentar um debate sobre
o que impulsiona o desenvolvimento e como poderemos, neste period de
cruise financeira, respeitar os compromissos ja assumidos em matria de
ajuda. As Jornadas Europeias do Desenvolvimento sao um forum unico
onde surgem grandes ideias. E uma plataforma aberta para debate de ques-
toes globais e nao de negociaoes porta fechada. Todos tm a palavra
- militants e peritos juntamente com parlamentares e ministros governa-
mentais. Gunilla Carlsson destaca a importncia de envolver a sociedade
civil, as empresas e as universidades nestes assuntos.
www.eudevdays.eu


CRREIO























i


i l Mi ;1


Kista, a cidade das cincias com mais de 4 700 empre-
sas, tendo a Ericsson cabea, simboliza s6 por si a
inveno " sueca". Campe em todas as categories em
matria de inovao, estando mesmo frente do Japo
e dos Estados Unidos, a Sucia deve este estatuto a uma
combinao de praqmatismo e de audcia.


vista um nome viking, que
significaria caixao!", expli-
ca-nos, com alguma malicia
e a titulo de introduao, Mats
Hedenstrom, responsavel pelas relaoes inter-
nacionais desta cidade das cincias, cuja ori-
gem remonta a 1976, quando a unidade SRA,
Svenska Radiobolaget da Ericsson ali se insta-
lou. Dois anos mais tarde vemjuntar-se a IBM.
" verdade que algumas pessoas nos veriam
bem num caixao, prossegue Mats Hedenstrm.
Desde 1976 Kista ganhou uma verdadeira
dimensao. Com cerca de 64 000 empregados
e um total de 4 731 empresas, das quais 70
criadas em 2008, Kista o primeiro centro
de inovaao em terms de densidade humana.
Isto muito important, porque permit que
as pessoas ali se encontrem facilmente, num
ambiente que alias muito international".
Depois da IBM, grandes nomes como a Nokia,
Intel ou Microsoft tambm se estabeleceram
no local. Porque Kista sobretudo um centro
de TIC (tecnologias da informaao e comuni-
caao). "Estamos nos primeiros cinco clusters
de TIC, a seguir a Silicon Valley e Boston nos
Estados Unidos", indica Mats Hedenstrom,
que continue: "na Europa mantemos uma
forte cooperaao com Sophia Antipolis, no
sul de Frana, que agrupa o mesmo tipo de
empresas".


Com diferenas, no entanto. Em Sophia
Antipolis, o numero de investigadores sensi-
velmente mais elevado do que em Kista (cerca
de 2 000 investigadores). ainda que a cidade
sueca abrigue a i ,. i i.I. l.. .1. i i..... .1 .
e o Instituto de ini .. i..r i Ii ....i l.'......
"Funcionam os di. nii ii..i .li..i.l. i.. i
orientados para a '.ili i|"'. I "l..... i -
ponsvel pelas relI .. iiii. ...h i .i i Ii
sum a, K ista urr i '.'." '". i i i ,i,. ....i...,...
rentes para permit iii, ,,.ni .. i .. ..i. ,i.
M elhor ainda, K ii. ... i. i. i iii, i i,
pessoas que se qii.. ... i I ,. 1 _-. 1, i i ,.,
oram ento public( i .. i. .. .. I.... .ii i'.-
sas e depois, em c i ... . .i . i.ii'. i . .
financial ento. ">- i ..ii. I.. I .. ii .111
Kista cerca de cern ,i... i '.i'i i"'r i 1i11 i',.i.
todas sobrevivem -' i, "ii. .i ii. i i..i..l
foram de 30% Tet l i ii... i i. i. ..,.,,.1.. -
rial e jam ais alg.iuL. I ,. i ....I.l.. 1.,.. . i i. i.,
falido". Sinaldosl..,li,. hii i .1I i i ....
em press especial, ,, II,- .. ..,I, i.... .l...I i .1.i
am biente e da coiinii,.. ii.. .... iI I..1,ii, ..,
em que a Kista se .i.ii'.. *. .i1" ii,,,


Palauras-chaue
Kista; TIC; inov.aca.n. .iiet i.. .iil
Hedenstrm; M.ii-l.-\iiliiic lit ikeiin


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1.1 III...I h l .l ,. I . 11 ,.. 1. 1 I. I 'u ul .I . I -I 'h I i ii .llllII.







nologias limpas", prossegue Ulla Hamilton. Tcnicas que. j permitiram aperfeioar um sistema...






de gestao dos residuos a triagem dos residuos j foi lanada em 1960 o que, por um sistema
.de canalizaes que le.a os resi.duos para as incineradoras, permit, entire outras coisas, dis







pensar a utilizaao de camies do lixo. As incineradoras "a nossa primeira tem mais de 100
anos!", sublinha a Vice-Presidente da Cmara desempenham um papel important no sistema
de climatizao da cidade: a . gua quente alimenta os apareil'hos de aquecimento e, depois de fria,
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serve para arrefecer os edificios no Ver i o. Finalmente, o tr fego Embora a bicicleta e os trans.-.,
lportes colectivos sejam muito utilizados, a maioria dos carrots console combustivel "cl.ssico".
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nologias limpas", prossegue Ulla Hamilton. Tcnicas que ja permitiram aperfeioar um sistema




Prime gesto dos residuos a triagem dos funcionduos a foi lanada em 1960 o que, por um sistema verdes
(biogde cans para comear). Depois, resduos pneceara as incistalar tadoras nos, permit, entire outras coisas, dis-
pensarvis com vista future vagami do lixo. As i ncineradoras "a nossa p meira tem mais de 100
anos !", sublinha a Vice-Presidente da Cmara desempenham um papel important no sistema




bairro de Hammarby, generalizar gua quente alizao de barcos aparelhatuitos de aque efctem o traje, depois de fria,
serve para arrefecer os edificios no Verao. Finalmente, o trafego. Embora a bicicleta e os trans-
portes colectivos sejam muito utilizados, a maioria dos carros consome combustivel classicco.
Primeiro objective: a utilizaao pelos funcionarios da cidade de carros exclusivamente verdes
biogass para comear). Depois, necessario instalar tomadas nos apartamentos e nas esta6es
de servios com vista future vaga de carros elctricos. Finalmente, e isso ja uma realidade no
bairro de Hammarby, generalizar a utilizaao de barcos (gratuitos) que efectuem o trajecto entire
todas as ilhas da capital, evitando assim a construao de novas pontes. M.M.B.


Palauras-chaue
Capital verde; Ulla Hamilton; aquecimento urbano; energies renovveis; residuos;
Marie-Martine Buckens.


C RREIO




















































esde o inicio, a ambiao
era fazer deste antigo sitio
poluido um modelo de
urbanismo ecologico. Nesse
moment, Estocolmo batia-se pela organizaao
dos Jogos Olimpicos e sabia que o desempenho
ambiental tinha sido determinante na atribuiao
dos Jogos a Sydney. Fomos ultrapassados por
Atenas, mas o project prosseguiu", explica
Erik Freudenthal, que nos recebe no centro de
informaao sobre o ambiente GlashusEtt, em
Hammarby Sjstad. " partida, o objective
era reduzir para metade o impact ambiental
do future bairro em relaao aos edificios de
Estocolmo que datavam de 1990. Foram estu-
dados todos os aspects: o ruido, a poluiao,
o trafego, o trabalho, os residuos, etc." Apos a
descontaminaao cuidadosa dos 200 hectares
de solo, as obras arrancaram em 1997. A maior
parte dos edificios industrials foi arrasada ou
restaurada, como a fabric Diesel, reconvertida
em centro cultural e desportivo. O fim das obras
esta previsto para 2016. "O project construir
11.000 apartamentos para cerca de 28.000 pes-
soas e proporcionar trabalho no bairro a 10.000
pessoas", diz-nos Erik Freudenthal que prosse-
gue: "Actualmente, ja foram construidos 8500
apartamentos, onde moram cerca de 18.000
pessoas." Os edificios nao ultrapassam cinco
andares e dao simultaneamente para a rua e para


o parque. Trata-se de um trabalho de planeamen-
to indito, fruto da cooperaao entire arquitectos,
engenheiros e urbanistas.
O novo bairro construido num terreno quase
virgem, o que permit aos seus promotores
enquadra-lo de transportes colectivos e propor
o transport partilhado. Sem contar um barco
que efectua, gratuitamente, de quarto em quar-
to de hora, a ligaao entire o bairro e a ilha de
Sdermalm, proxima do centro. Assim, 79%
das pessoas vao trabalhar a p, de bicicleta ou
de transportes colectivos. "Isto permitiu redu-
zir a utilizaao do carro de mais de 40%. Esta
percentage nao teria sido possivel se a rede de
transportes, em especial o elctrico, tivesse sido
construida mais tarde, forando toda a gente a
comprar carro."
Hammarby Sjstad responded a um program
ambiental com seis objectives: descontaminaao
dos solos, utilizaao dos solos ja construidos,
materials de construao saos, transportes colec-
tivos, limitaao do ruido a 45 dB e optimizaao
dos servios energticos, de agua e de residuos,
imagem do que prevem os vereadores para
o conjunto da cidade (ler o artigo acima). " a
primeira vez no mundo que se consegue reduzir
o impact ambiental de cerca de metade numa
superficie tao grande. E, no entanto, os objec-
tivos fixados tiveram em conta as normas de
1990. Hoje, seria possivel fazer melhor." O pro-


jecto sera duplicado brevemente noutros bair-
ros de Estocolmo, tambm eles relativamente
degradados. O custo esta altura dos objectives
e a cidade esta disposta a investor mil milhoes de
euros no project. M.M.B.


Palauras-chaue
Erik Freudenthal; Hammarby Sjostad;
impact ambiental; Marie-Martine Buckens.


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009


























































uem nao conhece a Pipi das Meias
Altas? Esta famosajovem de tran-
as ruivas uma rebelde e ha
64 anos continue a emancipar as
crianas em todo o mundo. No
seu universe fantastico salvou as crianas das
leis dos adults e da "camisa-de-foras" da
escola. Nao admira que tenha sido vitima da
censura nos pauses conservadores e nas dita-
duras. Nascida em 1945 da imaginaao de
Astrid Lindgren para prazer dos seus filhos, as
aventuras de Pipi foram traduzidas em mais de
60 linguas, do arabe ao zulu. Astrid Lindgren
tambm foi uma grande mulher, que at morrer
em 2002, com 95 anos, nunca deixou de se bater
pelo direito dos oprimidos, crianas, homes e
animals, o que lhe viria a valer, entire outras, a
medalha Albert Schweitzer. Activa na political,
esta mulher considerada como uma lenda viva
na Sucia foi igualmente instigadora de novas
leis a favor dos mais desfavorecidos.
Astrid Lindgren tinha como antepassada uma
outra grande senhora das letras e da humanidade.
Selma Lagerlg a autora de A Saga de Gsta


Berling, uma epopeia lirica, mas sobretudo de A
Maravilhosa I.~ .. 1 de Nils Olgersson atravs
da Sucia. Esta outra epopeia, que apareceu
em 1906, foi-lhe na verdade encomendada para
explicar a geografia da Sucia aos alunos. Trs
anos mais tarde foi a primeira mulher a receber o
Prmio Nobel da Literatura e, em 1914, a primeira
mulher a ser eleita para a Academia Sueca. Duas
medalhas que ofereceu no inicio da Segunda
Guerra Mundial Finlndia que procurava anga-
riar funds para combater a Uniao Sovitica.
Ha outros percursos mais sinuosos, mais intros-
pectivos. Os de August Strindberg, considerado
como um dos pais do teatro modemo. Mas este
home, nascido em 1849 e autor nomeadamen-
te de Mademoiselle Julie, tambm um dos
pioneiros do expressionism europeu em pintu-
ra, sem contar com as suas actividades de fot-
grafo, de alquimista e de telegrafista. Misgino,
mas tambm socialist ou at anarquista, o que
lhe valeu as honras da ex-Uniao Sovitica e
de Cuba, renegou o seu socialism depois do
encontro que teve com Nietzsche e antes de se
virar para o misticismo.


A introspecao psicologica e, por seu lado, o
fio condutor da obra desse gigante do cinema
que Ingmar Bergman. Nascido em 1918 em
Uppsala, este encenador teatral, guionista e rea-
lizador, actor no inicio da carreira, contava no
seu activo em 2007, quando morreu, 170 peas
de teatro e 62 filmes. Entre eles, o metafisico
Stimo Selo, o psicolgico A Mascara ou Fanny
e Alexandre ou ainda Cenas da Vida Conjugal,
que lhe valeram ser considerado como uma dos
grandes realizadores do sculo XX. Tal como
Strindberg, casado tres vezes, Bergman teve
uma vida sentimental movimentada: casou-se
cinco vezes e teve nove filhos. M.M.B.


Palauras-chaue
Pipi das Meias Altas; Astrid Lindgren;
Selma Lagerlof; Strinberg; Ingmar Bergman;
Marie-Martine Buckens.


C RREIO









&.onguliaciie


Abla
Ababou


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LUNE l m



ROCHEf







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S1 Lr n4'.lr il e ir


A inda que a actividade editorial varie exponencialmente de
um pais para o outro, actualmente existem editors em quase
todos os pauses africanos. As opinioes dos editors ACP
desempenharam um important papel no Colquio Cultura e
Desenvolvimento organizado pela Comissao Europeia em Bruxelas (1 a 3
de Abril de 2009). Editores, escritores, associaoes e organizadores de fei-
ras de livros de pauses ACP e da UE discutiram, em workshops especificos,
o modo como a industria cultural devera dar resposta tanto aos requisitos
do public ACP como aos interesses do public do Norte.

Os registos de dados acerca da capacidade economic do sector editorial
nos pauses ACP sao escassos. Os manuais escolares sao as publicaoes
mais vendidas, representando entire 55 % e 70 % do total. Sao o ramo mais
rentavel do sector, mas sao geralmente limitados a um certo numero de
editors locais e estrangeiros especializados ou s suas filiais locais. Todos
sabem que, excepao da Africa do Sul, da Nigria e do Egipto, a industria
livreira africana fraca. E porque os funds de apoio sao parcos, poucos
editors correm riscos financeiros. Consequentemente, os escritores que
procuram estabelecer-se no palco global tm de procurar um editor do
Norte (nas linguas coloniais em Nova torque, Londres, Paris e Lisboa),
onde podem ir ao encontro nao so de lucros como tambm de distribuiao,
promoao, prmios e festivals. A falta de livrarias outro problema que
contribui para a perda de oportunidades de venda de livros. Existem ape-
nas 13 livrarias no Mali, 11 no Burquina Faso e 215 no Senegal (das quais


Sandra Federici e
Andrea Marchesini Reggiani


Rede de editors



ricanos contra a



inuisibilidade

200 sao pequenas*), ao passo que num pais como Italia existem 2000.
Verifica-se igualmente uma ausncia de bibliotecas e centros de leitura:
nem mesmo as grandes cidades tm uma biblioteca.

No Coloquio ACP de Bruxelas, os participants perceberam que o prin-
cipal entrave a uma maior produao e uma melhor comercializaao dos
livros africanos consiste na falta de political publicas e no peso das taxas
aduaneiras que penalizam a circulaao dos livros e das matrias-primas
(papel, tinta ou materials de impressao). Na verdade, o Acordo de Florena
(1950) e o Protocolo de Nairobi (1976) relatives importaao de materials
pedaggicos, cientificos e culturais foram assinados por varios paises mas
nao sao respeitados.
Algumas editors das parties francfonas de Africa sao reconhecidas a
nfvel global pelo papel estratgico que desempenham no desenvolvimento
da literacia desde a independncia: O Centre d'dition et de diffusion afri-
caine (CEDA, Costa do Marfim), as ditions Cl (C.i, .....'. i.. as Nouvelles
ditions africaines du Sngal ( .....i. as Nouvelles ditions ivoiriennes
(NEI) e Afrique-ditions, em Kinshasa. Os novos editors africanos
sio mais dinmicos e abertos criaao de redes, como ferramentas de
promoao do desenvolvimento da ediao no continent. Apostam nas
novas geraoes, promovendo a educaao da leitura atravs de projects
inovadores e da circulaao de publicaoes em motociclos, autocarros ou
barcos... Juntamente com editors do Norte, produzem co-edioes que sao
disponibilizadas ao public do Sul a preos mais baixos: por exemplo, a
colecao Terres solidaires (com Le Serpent plumes e Actes Sud), que
public romances de autores africanos ao preo de 2000/3000 F CFA, ou
Global Issues, um project de "feira do livro" da Ecosocit, uma editor
do Quebeque.
Varias redes, como sejam associaoes nacionais de editors, redes de


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009





Criatividade


livrarias e associaoes de autores, sao activas no sector das publicaoes.
Tomemos como exemplo a Afrilivres, uma associaao de editors africa-
nos francofonos sediada em Cotonu (Benim) que tenta desenvolver uma
relaao mais igualitaria com o Norte, tornando as suas publicaoes visiveis
e disponiveis nos mercados do Norte; a African Book Collective, um
ponto de distribuiao baseado em Oxford sem fins lucrativos com 116 edi-
tores africanos independents de 19 pauses; a rede da Aliana Internacional
de Editores Independentes, que associa editors de quatro redes linguisti-
cas em areas ACP e UE; e a Rede de Editores Africanos (APNET), uma
organizaao pan-africana sediada no Gana (Acra) que une associaoes de
editors nacionais para "reforar a publicaao indigena em Africa". As
associaoes internacionais trabalham no sentido de facilitarem a presena
das publicaoes ACP nas feiras do livro do Norte, mas a sua participaao


continue surpreendentemente diminuta. Ao folhearmos os catalogos das
mais recentes feiras do livro italianas, reparamos, por exemplo, que na Feira
do Livro Infantil de Bolonha (23 a 26 de Maro de 2009), que contou com a
participaao de 66 pauses, a presena africana foi muito reduzida, represen-
tada somente por editors sul-africanos, tanzanianos e egipcios. M
* APNET ADEA, project de estudo sobre o comrcio livreiro africano interno.


Palauras-chaue
Colquio Cultura e Desenvolvimento; Bruxelas; Acordo de Florena;
Protocolo de Nairobi; ediao; editors.


VI


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Turismo; Africa.


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Ali Farka Tour.





Sara jovens leitores





DESPORTO E DESENVOLVIMENTO de POV*


* Desenhista de Madagascar


N. 11 N.E. MAIO JUNHO 2009












i palaura



aos leitores!


Estamos interessados na
sua opinio e nas suas reaces
aos artigos desta edio.


Sendo assim, diga-nos
o que pensa deles.


A propsito do artigo "O Preo do 'Carbono'
das Florestas" (nmero 9)
Em Angola, 80% da populaao encontra-se nas
zonas rurais e usa como principal fonte ener-
gtica as florestas. Com pequenos projects
de minihidricas, energia solar e distribuiao
de gas butano e, em simultneo, projects
de reflorestaao, podem obter-se muito bons
resultados. Mas estes projects seriam imple-
mentados por entidades independents, nao
governamentais.

Jos Flix de Caravalho Junior (Ili 'ili


O Correio um instrument de trabalho pre-
cioso para os investigadores que se interessam
pelas relaoes ACP-UE. Apreciei positivamente o
artigo sobre o "Impacto da crise em Africa visto
pelos peritos africanos". A analise realista e os
efeitos da crise desenvolvidos pelos especialistas
africanos comeam a sentir-se em pauses como
o nosso.
ONANA NGA Ferdinand
(Chercheur Cameroun).


Direito de resposta
O Secretariado ACP gostaria de solicitar uma
correcao da informaao dada pela Sr." Charity
Maruta no artigo da pagina 7 do n. 10 de O
Correio ACP-UE. Foi por ela referido o seguinte:
"Procurei mobilizar 150.000 euros da CE do
oramento destinado a filmes ACP para um
filme de longa metragem, mas nao foi possivel
aceita-los porque nao consegui angariar o resto
do dinheiro necessario."
O process de avaliaao ainda esta a decorrer e
confidencial. Como ainda nao esta concluido,
impossivel que qualquer pessoa tivesse comu-
nicado o que quer que seja Sr." Maruta em
relaao ao seu filme no moment em que fez
aquela afirmaao.


S0 e -45, Rue de Tr: 1
emil ino@acp-ucurir.n- webste w .apeucourS S


fAgenda

Julho 2009

) 5-20 Festival cultural pan-africano
de Argel 2009
Festival consagrado s diferentes
artes, desde o teatro ao cinema, da
literature banda desenhada, da
mtsica arte visual. Argel, Arglia.
Web: http: //www.panafalger2009.dz

> 6-8 Conferncia Mundial sobre o
Ensino Superior (WCHE+10)
A UNESCO acolher a
"Conferncia Mundial sobre o
Ensino Superior (WCHE+10)"
destinada a inventariar os progressos
realizados desde a primeira
conferncia organizada em 1998.
Paris, Frana.
Web: www.cepes.ro/forum/
welcome.htm


JULHO a SETEMBRO de 2009


> 22-02 30. Festival Internacional de
Cinema de Durban
O festival apresentar mais de 200
projecoes de filmes do mundo
inteiro, com uma atenao especial
para os filmes da Africa do Sul.
Durban, Africa do Sul.
Web: http://www.cca.ukzn.ac.za

flgosto

> 3-6 Ensino Distncia e Formao de
Professores (DETA)
Costa do Cabo, Gana.
Web: http://www.deta.up.ac.za/

> 31-04 Conferncia Mundial sobre o
Clima. Genebra, Suia.


Setembro

> 24-28 Perspectivas africanas 2009:
Centro urbano africano (re)
financiado
Pretoria-Tswhane, Africa do Sul.
Web: http://architectafrica.com/
AFRICAN-PERSPECTIVES- 2009
http: //www.africanperspectives. nl

> 28-01 17" Sesso da Assembleia
Parlamentar ACP e reunites
intercalares da Assembleia
Parlamentar Paritria ACP-UE
Bruxelas, Blgica. M


C@RREIO








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CARAIBAS
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Nauru Niue Palau Papuasia-Nova Guin Salomao (llhas) Samoa Timor-Leste Tonga
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As listas dos pauses publicadas pelo Correio nao prejudicam o estatuto dos mesmos e dos seus territrios, actualmente ou no future. O Correio utiliza mapas de inmeras fontes.
O seu uso nao implica o reconhecimento de nenhuma fronteira em particular e tao pouco preludica o estatuto do Estado ou territrio.


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ISSN 184-682




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N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 REPORTAGEMDominica Ilha natural Granadinas Renascimento rpido aps destruioDOSSIO desporto aposta no desenvolvimentoDESCOBRIR A EUROPAO paradoxo suecoREPORTAGEMDominica Ilha natural Granadinas Renascimento rpido aps destruioDOSSIO desporto aposta no desenvolvimentoDESCOBRIR A EUROPAO paradoxo sueco

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ndiceO CORREIO, N 11 NOVA EDIO (N.E)N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 EDITORIAL 3EM DIRECTOGlynis Roberts: um exemplo para as mulheres e para os homens 4PERSPECTIVA 6DOSSIERDoadores alinham com o desporto‘International Inspiration’ visa 12 milhes de crianas em 20 pases at 2012 11 Um Campeonato do Mundo que pode mudar a frica do Sul para sempre 13 A ONU adere ao Desporto para o Desenvolvimento 15 A fora do sucesso da Jamaica em pista 16 Desporto promovido pela CE como ponto de partida para projectos de desenvolvimento 17 O poder do desporto 18INTERAC’ESPassado o espanto O que nos fica do pacote do G20? 20 Estados ACP em sintonia com a chamada “Facilidade Alimentar” 22 As ONGs Alertam para os cortes na ajuda ao desenvolvimento 23 A Assembleia ACP-UE admoesta o G20 24 O desmantelamento das Antilhas Holandesas 25 Intensificao das ligaes ACP/Commonwealth 26EM FOCOUm homem de muitas facetas. Um dia na vida do actor sul-africano Tobie Cronje 28COMRCIOMais flexibilidade, exigem os deputados ACP-UE 30 A “Amrica” da frica resiste a um acordo comercial com a UE 31NOSSA TERRAA favor de uma justia climtica 32REPORTAGEM Dominica/Granada A Dominica. Paixo pela natureza e aposta no ser humano 34 Estratgia governamental: manter o crescimento enquanto se aguardam ventos favorveis 37 Psicologia 38 A oposio exige um governo mais transparente 39 Ajuda da UE: uma recompensa para a boa governao 40 Todas as belezas de um pas que dever visitar a p 41 Granada Surpreendente ! 43 No se deve colocar todos os ovos num s cesto 45 Crise financeira. Manter as pessoas empregadas 46 Carabas autnticas. Um sinal de esprito 46 Granada: o novo governo perdeu milhes em investimentos, alega a oposio 47 Cooperao. Uma aposta nas escolhas de Granada 48 Descoberta. Uma Granada resplandecente 49 Art. Heart Attack 50DESCOBERTA DA EUROPAEstocolmo. O paradoxo suecoUm modelo de abertura 52 Migrao: uma sensibilidade caracteristicamente sueca 53 Jornadas do Desenvolvimento 2009 54 Inovao custe o que custar 55 Como Verde a minha cidade! 56 Hammarby Sjstad, laboratrio da cidade sustentvel 57 Luz e Sombra 58CRIATIVIDADE Editores Africanos unidos contra a invisibilidade 59 Turismo ecolgico e cultural: uma panaceia para o turismo africano? 60 Quando a frica descobre o blues 62PARA JOVENS LEITORESDesporto e desenvolvimento 63CORREIO DO LEITOR/AGENDA 64

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Trabalho de Hemerson Andrianetrazafy. Artista malgaxe, historiador de arte da Universidade de Antananarivo. Marie-Martine BuckensIncrustao: Nathalie Murphy, directora executiva da filial dominiquense da ONG Channel Cross Disability, 2009. Hegel Goutier

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Brilho no olhar de algum invisual Quando se lhe pergunta o que mudou na sua vida, todo o seu rosto se ilumina e deixa transparecer um sorriso radiante que d aos seus olhos fechados um olhar completamente novo. “Toda a minha vida nova”. E a beleza, a alegria que emana dela um presente para os outros. Nathalie Murphy invisual desde a adolescncia, vtima de uma cegueira parcial de nascena que o tempo agravou. Nathalie directora executiva da seco da ONG “Channel Cross Disability” na Dominica. O que mudou a sua vida foi um projecto de aprendizagem das tecnologias da informao e comunicao, lanado h cinco anos, que beneficiou de subvenes diversas, nomeadamente da Unio Europeia. Desde que lhe foi possvel utilizar a Internet, graas a computadores adaptados e a um software especial, “Job activation with speech” (JAWS): “Toda a minha vida mudou. Absolutamente! Antes, estava dependente de algum. Agora, fao tudo eu prpria. Meu Deus! realmente uma vida nova maravilhosa!” E o mais impressionante no a felicidade de Nathalie, mas o que ela comunica, o que transmite a quem a aborda. Uma pergunta entre outras: o que vale, nos parmetros econmicos existentes, esta ajuda que tornou possvel a irradiao de uma pessoa? A resposta a esta pergunta deveria constar, pelo menos implicitamente, nas concluses do G20 apresentadas neste nmero de O Correio. O G20 imps-se, entre outros objectivos, a formulao de novos indicadores de desenvolvimento. Pacincia! A Dominica, objecto de uma das nossas reportagens, que figura em bom lugar na metade superior da classificao do PNUD relativa ao desenvolvimento humano, um dos pases com mais centenrios, com uma esperana de vida relativamente elevada e, sobretudo, igual para os ricos e para os pobres. Logicamente, um sinal de equidade social e de desenvolvimento. E em termos de PIB? Entre os inmeros argumentos a que recorreu Jean Gadrey para contestar ao PIB a sua qualidade de indicador “de progresso”, h um especial seno especioso: o sexo do PIB seria masculino. Primeiro, aquando da sua adopo nos anos 30, foi uma escolha de homens. Em seguida, s tinha em conta a riqueza e o poder porque o seu principal objectivo era, segundo Franois Fourquet, dar aos governos uma ideia dos recursos mobilizveis em caso de guerra. Por ltimo, foi integrada, embora tarde, a produo domstica de bens, como a reparao de uma garagem, mas no os servios domsticos. Por outras palavras, a “bricolagem”dos homens foi includa, mas o trabalho das mulheres em casa, no! A Sucia, que neste nmero 11 de O Correio objecto da Descoberta de Regies da Europa, tem talvez algumas lies a dar, tanto a nvel do lugar da mulher depois dos Vikings como na ateno prestada aos servios no mercantis. Tem igualmente lies a dar em matria de luta contra as alteraes climticas, a exemplo de vrios pases pobres, nomeadamente de frica, a fazer f nos especialistas que trabalham no terreno, como os da ONG Misereor da Alemanha que trabalham em vrios pases de frica e exigem uma “justia climtica”. Trata-se de uma informao que vem mesmo a propsito antes da prxima Conveno da ONU em Copenhaga sobre esta questo. Mas as populaes destes pases pobres s fizeram adaptaes ao seu modo de vida e sua relao ao ambiente, que no tm, provavelmente, nenhum valor no PIB dos seus pases! Hegel Goutier Editor-chefeLeitura aconselhada: Jean Gadrey, “Nouveaux indicateurs de richesse” (dois livros), La Dcouverte, coll. Repres 2009. Jean Gadray , “En finir avec les ingalits” (Mango, 2006). Franois Fourquet, “Les comptes de la puissance”, publicado em 1980. Franoise Hritier, “Masculin/Fminin II”, Odile Jacob, 2002. 3Editorial N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009

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4 Granada um bom pas para as mulheres? um pas simptico para toda a gente, mas as mulheres enfrentam desafios que no so exclusivos de Granada, mas sim problemas com que elas se deparam em todo o mundo. Uma grande preocupao a violncia contra as mulheres e a necessidade de as capacitarmos para fazerem parte integrante do desenvolvimento. Creio que o medo a nossa maior dificuldade: o medo da mudana e de nos expressarmos abertamente. Ainda vivemos num mundo de homens em que estes acreditam que as mulheres so necessrias mas s at um certo ponto. Desejo ser uma agente de mudana para as mulheres porque o posso fazer, qualquer pessoa pode. Para que haja desenvolvimento preciso fazer as coisas colectivamente, porque todos possumos talentos diferentes – tanto os homens como as mulheres.Onde quer que se v, parece que as mulheres esto a conseguir cargos superiores, mas os lugares de topo esto sempre nas mos de homens?Por vezes deixamo-nos utilizar e marginalizar pelos homens e at mesmo por mulheres. Posso recorrer minha prpria experincia de vida para incentivar as mulheres, dizendo-lhes que possvel progredirem, mas precisamos de ter cuidado para haver respeito entre todos. Tm de ser as mulheres a promover-se, porque ningum ter confiana nelas se elas no tiverem confiana em si prprias.Pensa que as mulheres que ocupam cargos de alto nvel tm de trabalhar o dobro para atingirem as mesmas posies que os homens?No penso que em Granada as mulheres se sintam atradas pela poltica. A poltica para as mulheres muito diferente da poltica para os homens, especialmente para as mulheres que so esposas e mes, porque tm de encontrar um justo equilbrio para cuidarem de si prprias, dos cidados que representam e ainda da sua famlia. Muitas vezes as mulheres tm de ponderar outros factores nas suas vidas, enquanto um homem, se sair de casa s nove da manh e regressar s duas do dia seguinte, o mais que a sua mulher far mostrar-se desagradada. Se for ao contrrio, a situao torna-se muito difcil. Que tal seguir o exemplo de pases do norte da Europa – como a Finlndia – onde no h reunies ministeriais depois das cinco ou seis da tarde e os homens so obrigados a pedir licena de paternidade?Talvez tenhamos de o fazer mais tarde, mas no nosso Parlamento temos apenas duas mulheres na Cmara Baixa: uma no governo e outra na oposio. Na Cmara Alta existem apenas trs E m directo Granada, costa leste, 2009. Hegel GoutierHegel GoutierGlynis Roberts Ministra do Trabalho, do Desenvolvimento Social e da Igualdade de Gneros no Governo do Congresso Democrtico Nacional (NDC) – no poder h vrios anos – de Granada, um pas das Carabas Orientais. Iniciou a sua carreira no Gabinete da UE, em Granada. Conhecida por fazer as coisas andarem, partilhou connosco as suas ideias de como envolver mais as mulheres na poltica nas Carabas. Est a promover uma “Associao de Mulheres Polticas das Carabas” com o objectivo de formar mulheres para carreiras polticas a nvel das Carabas, seguindo os passos de figuras notveis como Eugenia Charles, a primeira mulher a assumir funes de Primeiro-Ministro de um pas das Carabas, a Domnica (1980-1995), e a antiga PM da Jamaica, Portia Simpson-Miller (2006-2007).GLYNIS ROBERTS: um exemplo para as mulheres e para os homens GLYNIS ROBERTS: um exemplo para as mulheres e para os homens

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5 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 mulheres, por isso teremos de trabalhar em conjunto para conseguirmos coisas que nos afectam. Vendo bem as coisas, eu incentivo as mulheres a participarem no processo de tomada de decises – uma necessidade. preciso que as mulheres estejam ao corrente de tudo. Como que acha que o pode conseguir?Temos de nos concentrar mais na construo de famlias, que nos proporcionar comunidades mais fortes e naes tambm mais fortes. Precisamos de uma abordagem colectiva e de comear a fazer algo pela famlia e no apenas por parte do governo, mas tambm com as igrejas e ONG. Temos situaes em que uma mulher objecto de abuso por parte de um homem: injuriada uma vez, duas vezes, mas mesmo assim volta atrs e acaba por ter um filho desse homem. Este sndroma leva-nos pobreza. Como que nos libertamos das correntes de abusos e da pobreza? No apenas s igrejas ou ao governo que cabe a responsabilidade de o fazer. As mulheres tm de enfrentar a situao. Um dos maiores problemas da Humanidade o nosso receio de negaes ou de decepes. O maior receio que temos quando entramos na poltica : “E se eu falhar?” Ainda temos a percepo de que algumas posies esto destinadas a pessoas de um determinado cl. Dizemos que nos libertmos dos colonizadores, mas somos ns prprias que nos escravizamos, porque no estamos prontas para dizer sim. Quero ser um exemplo para as mulheres que se sentem marginalizadas. Como mulher que veio de uma comunidade rural pobre e algum habituada a ter fome na escola e que no foi para a universidade e ainda como me e esposa, sempre mantive uma vontade forte. No quero dizer que toda a gente tenha a minha fortaleza de esprito, mas acho que se formos ao nosso interior profundo conseguiremos detectar essa fora interior que nos impulsionar.O seu Ministrio est a planear programas para permitir que as mulheres assumam o controlo das prprias vidas?Temos muitos programas, por exemplo um programa nacional destinado aos pais, em que reunimos pais, igrejas e centros de sade comunitrios para ensinarem as pessoas a tratar dos filhos, porque este um dos nossos maiores problemas. Existe um ciclo de violncia porque os filhos cresceram a ver as mes serem maltratadas. Como tudo o mais que envolva financiamentos e custos, levar o seu tempo. preciso compreendermos que em Granada existe actualmente uma “sndroma de dependncia”; temos de voltar a libertar as pessoas para tomarem as suas prprias decises. Que medidas foram adoptadas para pr cobro violncia contra as mulheres? Em Granada temos uma lei, uma linha telefnica de urgncia e abrigos para mulheres, mas o maior problema conseguir levar os autores da violncia a tribunal – no possvel forar essa situao. Em muitos casos, as vtimas – mulheres e crianas – no querem ir para tribunal. Estamos a avanar para uma reforma da OECO e a criar o nosso prprio Tribunal da Famlia, no qual em relao a estes casos no ser necessrio passar pelo complexo sistema judicial – um cenrio diferente, menos rgido, mas ainda assim com o objectivo de obter a punio das pessoas pelas suas prticas criminosas.Qual o grau de envolvimento da sociedade civil na agenda para a igualdade de gneros?A Organizao das Mulheres de Granada desenvolve uma grande actividade em termos de promoo e de gesto de programas comunitrios para apoiar mulheres vtimas de violncia domstica. Temos muitas igrejas e outras organizaes (grupos contra o cancro, organizaes comunitrias e pequenas empresas), mas precisamos de fazer muito mais para conseguirmos repartir os benefcios tanto pelos homens como pelas mulheres numa sociedade bem equilibrada. H.G. Palavras-chave Glynis Roberts; Carabas; Granada; gnero; trabalho; desenvolvimento social. Em directo Glynis Roberts, ministro do Trabalho, do Desenvolvimento Social e do Gnero, Granada. “Os desafios enfrentados pelas mulheres no so exclusivosde Granada – so universais”, 2009. Hegel Goutier

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P erspectiva BANANES :Os acp “sacrificados em nome do liberalismo”Ao conceder uma nova reduo dos direitos aduaneiros s importaes latino-americanas de bananas, “a Comisso Europeia sacrifica o desenvolvimento em proveito da liberalizao do comrcio”, declarou em 6 de Abril, em Bruxelas, Gerhard Hiwat, Embaixador do Suriname, que preside o grupo “Bananas” dos ACP (frica, Carabas e Pacfico). Os Ministros do Comrcio da Unio Africana j tinham condenado, em 20 de Maro, a deciso da Unio Europeia, que eles consideram como um risco para os Camares e a Costa do Marfim, que so os maiores exportadores ACP de bananas para a UE. Marie-Martine Buckens Um vendedor de fruta prepara a sua banca no mercado Merkato, Adis-Abeba, Etipia, Maio de 2007. Manoocher Deghati/IRINA Comisso props, em 12 de Maro passado, reduzir de 176 para 136 euros por tonelada at 2011 – com disposies que permitem continuar a reduo at 114 euros por volta de 2019 – esperando assim resolver o litgio que a ope h vrios anos aos pases latino-americanos produtores de bananas – essencialmente o Equador, a Colmbia e a Costa Rica. Esta reduo provocaria, segundo uma primeira estimativa, uma perda de rendimentos de “pelo menos, 350 milhes de euros” para os exportadores de bananas ACP, no perodo de liberalizao 2009-2019, acrescentou o Sr. Hiwat. Para compensar estas perdas, a Comisso props cerca de 100 milhes de euros de ajuda para o perodo 2010-2013, montante este que foi considerado insuficiente pelos ACP, que recordam a sua proposta: direitos reduzidos a 150 euros e congelados durante um perodo de quatro anos, sem esquecer as respectivas medidas de acompanhamento. Por sua vez, o Embaixador da Repblica Dominicana, Federico Alberto Cuello Camilo, apontou o facto de os direitos aduaneiros actuais no terem impedido o aumento das exportaes dos pases latino-americanos para o mercado europeu, fazendo assim perder quotas de mercado aos exportado6

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O Presidente da frica do Sul, Jacob Zula, dirigindo-se pela primeira vez ao Parlamento sobre o Estado da Nao, na Cidade do Cabo, na quarta-feira 3 de Junho de 2009. Reporters.beN. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 7 Perspectiva No momento em que O Correio estava no prelo, Jacob Zuma, chefe do Congresso Nacional Africano (ANC), dever ser eleito, em 6 de Maio, Presidente da Repblica da frica do Sul pelos deputados da sua maioria. Aos 67 anos, este poltico controverso sucede a Kgalema Motlanthe, seu aliado, que assegurava a presidncia interina desde o afastamento de Thabo Mbeki, em Setembro de 2008. Em 22 de Abril passado votaram cerca de 80% – contra 72% em 2004 – dos 23 milhes de eleitores sul-africanos inscritos. Enquanto o ANC obtinha (segundo as ltimas estimativas) cerca de 66% dos votos, o novo partido dissidente, designado COPE e criado pelos aliados de Thabo Mbeki h quatro meses, obteve cerca de 8% dos votos. A Aliana Democrtica conduzida por Helen Zille, presidente da Cmara da Cidade do Cabo, de origem alem, mantm-se a primeira formao da oposio, obtendo 16% dos votos a nvel nacional e cerca de 50% na provncia do Cabo Ocidental, melhorando a sua posio em todo o lado. Jacob Zuma o quarto Chefe de Estado da frica do Sul ps-apartheid. O primeiro foi Nelson Mandela, em 1994, tendo Thabo Mbeki assegurado as duas presidncias seguintes, em 1999 e 2004. M.M.B. Os Camares so o principal exportador ACP de bananas (279.530 toneladas em 2008), seguido de perto pela Costa do Marfim (216.583 toneladas) e pela Repblica Dominicana (170.406 toneladas). Estes trs pases assinaram um acordo de parceria econmica (APE), temporrio (no caso dos pases africanos), ou um acordo global no mbito do Cariforum, que o caso da Repblica Dominicana, que lhes permite exportar livremente as suas bananas para a UE. VIT”RIA esmagadora do ANCfrica do Sul: res ACP. O Embaixador apontou igualmente o facto de as produes latinoamericanas pertencerem a multinacionais, ao passo que, nos pases ACP, so “as famlias que constituem a base da nossa estabilidade poltica”. Segundo os nmeros da Organizao Central dos Produtores-Exportadores de Ananases e Bananas (OCAB), a totalidade das exportaes de bananas dos pases ACP para a UE em 2008 (918.376 toneladas) foi inferior s exportaes s do Equador (cerca de 1,3 milho de toneladas) e ficou muito aqum da totalidade dos pases da Amrica Latina (3,9 milhes). Os produtores ACP de bananas representam assim um quinto das exportaes de bananas para a Unio Europeia. Uma proporo que continuou a ser sensivelmente a mesma durante os ltimos trs anos, enquanto que as exportaes de bananas continuaram a progredir lentamente.

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Jovens guineenses apoiantes do Partido Africano para a Independncia da Guin e Cabo Verde (PAIGC) participam na ltima corrida do candidato s eleies legislativas Carlos Gomes Jnior (Cadogo) na principal praa da capital, Bissau, Guin-Bissau, 14 de Novembro de 2008. EPA/TIAGO PETINGA8 > Guin Conacri: incertezas quanto s intenes dos golpistasEm 2004, a Unio Europeia iniciara consultas com a Guin que conduziram a promessas de democratizao pelas autoridades de Conacri. Estavam previstas misses de acompanhamento no terreno at 14 de Abril de 2009. Aps o golpe de Estado subsequente morte do Presidente Lansana Cont, em Dezembro de 2008, a junta militar, constituda em Conselho Nacional para a Democracia e o Desenvolvimento (CNDD), recebeu um acolhimento favorvel por parte da opinio pblica guineense desejosa de romper com o passado e evitar a destabilizao do pas. Nem por isso o CNDD deixou de recorrer tomada do poder pela fora, condenada pela UE, a Unio Africana, a CEDEAO (Comunidade Econmica dos Estados da frica Ocidental), os Estados Unidos e a Nigria. A Guin foi suspensa da Unio Africana, da CEDEAO e da OIF. Em contrapartida, o regime foi saudado pela Lbia, Senegal, Mauritnia e Gmbia. A CEDEAO iniciou uma mediao e a Unio Africana, a ONU, a Frana e a UE enviaram misses. Alguns dos novos dirigentes so sinceros quando dizem querer limpar o Estado da corrupo do regime Cont, sublinha Richard Moncrieff, director do projecto frica Ocidental da ONG International Crisis Group. Mas outros so acusados de graves violaes dos direitos do homem. Numa carta ao presidente do CNDD, Moussa Dadis Camara, e ao Primeiro-Ministro, Kabin Kamara, a UE convidou as autoridades guineenses para consultas polticas. Na sequncia das consultas que decorreram em 29 de Abril em Bruxelas, as duas partes acordaram num roteiro de transio, especificando a realizao de eleies antes do fim do ano, um acordo entre todas as partes (CNDD, governo, partidos polticos, sindicatos, sociedade civil), a criao de um Conselho Nacional de Transio dispondo dos poderes e prerrogativas de uma assembleia constituinte e de medidas urgentes a favor do respeito dos direitos do homem e das liberdades fundamentais.> Cooperao suspensa com a Mauritnia Aps o golpe de Estado de 6 de Agosto de 2008, que derrubou o presidente eleito da Repblica Islmica da Mauritnia, Sidi Ould Cheikh Abdallahi, a UE iniciou, em 20 de Outubro, consultas com os representantes da junta militar. Como os dirigentes mauritanos no deram garantias suficientes de regresso ordem cons-Perspectiva OS GOLPES DE FRICA OCIDENTAL A UE E OS GOLPES DE ESTADO NA FRICA OCIDENTAL Mauritnia, Guin Conacri e Guin-Bissau. No espao de poucos meses, estes trs pases da frica Ocidental foram vtimas de golpes de Estado militares que puseram em perigo a sua difcil caminhada rumo democracia. A comunidade internacional condenou os regimes autores dos golpes de Estado e apelou ao regresso ordem constitucional. Nos dois primeiros casos, a Unio Europeia recorreu ao artigo 96. do Acordo ACP-CE de Cotonou que prev, em caso de violao grave e evidente dos princpios democrticos e do Estado de direito, a abertura de consultas com os pases em causa. Anne-Marie Mouradian

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N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 9 Um soldado mauritano corre medida que ele e outros irrompem contra uma multido de protestantes contra um golpe de Estado na cidade de Nouakchott, Mauritnia, Agosto de 2008. Reporters.betitucional, as consultas fracassaram levando a UE a pr-lhes termo, em 6 de Abril de 2009, e a gelar por dois anos a sua cooperao com este pas, exceptuando a ajuda humanitria e o apoio directo populao. Entretanto, a Comisso Europeia saudara, em Maro de 2009, a deciso do Conselho de Paz e de Segurana da Unio Africana de sancionar, nomeadamente, as “pessoas do poder, civis e militares” implicados no golpe de Estado. A UE condiciona a retoma gradual da sua cooperao a uma srie de medidas a tomar por Nouakchott nos prximos 24 meses. Caso haja uma soluo consensual com vista a uma sada da crise e um quadro legal que permita a realizao de eleies presidenciais livres e transparentes, a UE desbloquear determinados financiamentos, nomeadamente o do projecto de renovao do porto mineiro de Nouadhibou. Em caso de “execuo irreversvel” desta soluo consensual, a UE poderia apoiar a instalao da sada da crise e a organizao de eleies, prosseguir o programa de apoio justia, etc. Aplicaria igualmente todos os programas previstos no 8. e 9. FED ainda no contratualizados. S o pleno regresso ordem constitucional permitir levantar todas as restries e a execuo da integralidade dos 156 milhes de euros do 10. FED. Em de 15 Abril, o General Mohamed Ould Abdel Aziz, chefe da junta, demitiu-se do exrcito e do seu posto de presidente do Alto Conselho de Estado para se candidatar eleio presidencial, prometendo uma “Mauritnia nova” e uma “democracia autntica”. Previsto em 6 de Junho mas boicotado em princpio pelos seus opositores, o escrutnio ser acompanhado de perto pela comunidade internacional. > Guin-Bissau: evitar o caosO assassinato do Presidente Joo Bernardo Vieira, no incio de Maro de 2009, por militares no identificados no foi considerado golpe de Estado e a Guin-Bissau no foi suspensa pelo Conselho de Paz e de Segurana da Unio Africana. O exrcito prometeu respeitar a via constitucional e o presidente da Assembleia, Raimundo Pereira, Chefe de Estado interino, dispe de 60 dias para organizar o escrutnio presidencial. Acontece que a situao poltica do pas muito instvel, gangrenada pela corrupo e o trfico de droga – o pas um ponto de passagem essencial da cocana sul-americana em trnsito para a Europa – que ameaam minar todo o processo de democratizao. A oposio pediu a demisso do Governo acusando-o da incapacidade de controlar o exrcito e fazer cessar as agresses dos militares. O Parlamento Europeu convidou a UE e a comunidade internacional, embora mantendo o pas sob vigilncia, a prosseguirem a sua ajuda e pediu a manuteno da misso da Poltica Europeia e de Defesa que, desde Junho de 2008, apoia a reforma do sector da segurana. Segundo Alioune Tine, presidente da ONG Encontro Africano de Defesa dos Direitos Humanos, muito activa na frica Ocidental, enquanto no houver uma reforma do exrcito na Guin-Bissau, na Mauritnia e na Guin Conacri, continuar-sea construir castelos na areia. Perspectiva Palavras-chave Mauritnia; Guin Conacri; Guin-Bissau; Joo Bernardo Vieira; Raimundo Pereira; Alioune Tine; Mohamed Ould Abdel Aziz; Sidi Ould Cheikh Abdallahi; Lansana Cont.

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10 D ossier “O desporto tem o poder de mudar o mundo, de inspirar, de unir as pessoas de uma forma que poucas outras actividades tm. Fala aos jovens numa linguagem que eles compreendem.” Estas palavras entusisticas do antigo Presidente da frica do Sul, Nelson Mandela, condensam a capacidade do desporto para pr o desenvolvimento em marcha, comeando pela auto-estima. Espera-se que o Campeonato do Mundo de Futebol da FIFA que se vai realizar na frica do Sul em 2010 – a primeira vez que se realiza no continente africano – traga benefcios sociais e econmicos ao pas que vo alm do acolhimento do evento. Com pequenas excepes, os doadores levaram tempo a financiar iniciativas de desenvolvimento relacionadas com o desporto, atendendo a outras prioridades e falta de dinheiro disponvel. Outras pessoas entrevistadas para este dossi sobre o desporto falaram da dificuldade de aceder a financiamentos devido a critrios de avaliao cada vez mais restritivos em funo das exigncias dos doadores de aplicarem critrios contabilsticos avaliao de projectos no domnio do desporto. Foram as ONG que habitualmente tomaram a iniciativa de financiar actividades desportivas, bem como alguns fundos das lotarias nacionais e federaes de futebol europeias. A nvel nacional, Estados no pertencentes UE, como a Noruega, o Canad e a Austrlia, bem como o Reino Unido, Estado-Membro da UE, com a sua iniciativa especial “Inspirao Internacional” para os Jogos Olmpicos de Londres de 2012, que relatamos, apresentam alguns dos projectos pioneiros de desporto para o desenvolvimento. As polticas nacionais de alguns pases da frica, Carabas e Pacfico (ACP), como a Papusia-Nova Guin e a Jamaica, j reflectem a importncia do desporto para alm da criao de atletas de elite e a Unio Africana (UA) tambm est decidida a assumir nos seus objectivos de poltica social a responsabilidade do desenvolvimento do desporto no continente, com alguns pases a aguardar que isto possa desencadear a libertao de mais fundos de doadores para programas de desporto. Um dossier de Debra Percival e Hans Piennar Representao da lenda do futebol da Serra Leoa Ajay Kallon num estdio de futebol nacional, Freetown, 2008. Debra PercivalDoadores DESPORTODoadores alinham com o DESPORTO

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11 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009Foi em Singapura, em 2006, na apresentao decisiva das propostas para a realizao dos Jogos Olmpicos de 2012, que Sebastian Coe – Lord Coe –, lder da proposta vencedora de Londres, fez uma promessa de que os Jogos de Londres beneficiariam as crianas em todo o mundo. A seguir o Departamento da Cultura, dos Media e do Desporto (DCMS) do RU presidiu a um grupo de reflexo sobre como honrar esta promessa, descreve Debbie Lye. At hoje o DCMS contribuiu com 280.000 libras, o Fundo das Naes Unidas para a Infncia com 1,45 milhes, a Primeira Liga Inglesa de Futebol com 4,2 milhes e o British Council com 2,85 milhes de libras. O Comit Organizador dos Jogos Olmpicos e Para-Olmpicos de Londres (LOCOG), juntamente com a Associao Olmpica Britnica Debra Percival “International Inspiration” “International Inspiration” visa 12 milhes de crianas em 20 pases at 2012 Uma jovem mulher participa num projecto financiado pelo Conselho do Desporto do Reino Unido. Matt Bright DossierDesporto para desenvolvimentoO programa ‘International Inspiration’ (‘Inspirao Internacional’) ser um legado dos Jogos Olmpicos de Londres de 2012: um objectivo que visa tornar acessvel educao fsica, desporto e jogos de alta qualidade a 12 milhes de crianas em 20 pases em desenvolvimento, entre os quais se encontram Estados da frica, Carabas e Pacfico (ACP). A Directora do Programa, Debbie Lye, descreve como a UK Sport – o Conselho para o Desporto no Reino Unido, criado por Carta Real em 1996 com o mandato de promover o desenvolvimento do desporto e o desporto para o desenvolvimento – se associou ao Fundo das Naes Unidas para a Infncia (UNICEF) e ao British Council para realizar este programa.

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(BOA), desejava que o programa-piloto inclusse um pas de cada um dos cinco continentes representados pelos anis olmpicos. O programa para os cinco primeiros pases arrancou em Outubro de 2007: Azerbaijo (Europa)*; Brasil (Amricas); ndia (sia); Palau (Ocenia) e Zmbia (frica), prevendo-se que se seguiriam outros 15 pases. Debbie Lye descreve como a escolha dos pases se fez com base num equilbrio entre as necessidades e a capacidade existente no pas para fazer as coisas avanarem. Refere como a UK Sport pde utilizar os conhecimentos da UNICEF – que tem em curso estratgias contra a pobreza destinadas s crianas em pases em desenvolvimento – e do British Council, com as suas 110 delegaes em todo o mundo. A iniciativa “Dreams + Teams” do British Council deu formao a jovens lderes desportivos de escolas que organizam festivais desportivos para crianas e fazem tudo, desde comunicar atravs da Internet at anunciar festivais desportivos, estabelecer calendrios e pintar linhas nos campos. Se juntarmos isto ao sucesso comprovado da UK Sport na gesto de programas desportivos a nvel mundial, temos uma parceria excepcional e de grande alcance. “O que queremos fazer com o ‘International Inspiration’ chegar aos responsveis polticos, s instituies nas quais se pode fazer desporto e aos praticantes, como professores e participantes”, diz Debbie Lye. Lembra o estudo feito pelo Professor Fred Coalter da Universidade de Sterling, Esccia, que disse no poder haver verdadeiro desporto para o desenvolvimento se no houver desporto de boa qualidade. “No se pode dar a este grupo de jovens uma bola de futebol e esperar que aconteam coisas maravilhosas. Tem de haver treinadores de grande qualidade e uma percepo de como se podem utilizar os princpios do desporto a favor do desenvolvimento”, diz Debbie Lye. E acrescenta: “Existe uma fcil propenso para utilizar o desporto de forma simplista.”> Visitas de demarcao Debbie Lye explica como o programa funciona na prtica. Primeiro marcada uma “visita de demarcao” ao pas visado para avaliar as suas necessidades. “Quando fazemos uma visita de demarcao, sabemos quais as perguntas a fazer e antes fazemos uma pesquisa para conhecer o contexto do pas e as reas em que h necessidades. Reunimo-nos com o pessoal da UNICEF e do British Council e partilhamos os nossos conhecimentos de programas e depois aproveitamos para encontrar profissionais e responsveis polticos por este domnio e iniciamos um debate sobre como o programa ‘International Inspiration’ os pode ajudar a realizar os objectivos. Por ltimo, quando partimos incentivamolos a criar um comit director.” Os Ministrios do Desporto e da Educao e as Associaes Olmpicas e Para-Olmpicas dos respectivos pases so igualmente consultados. Debbie faz a descrio do programa j em curso na ndia, onde a UNICEF lanou uma campanha nacional em torno do desporto e do jogo, para mostrar o trabalho que a ‘International Inspiration’ est a fazer, promovendo a formao de lderes comunitrios e criando espaos seguros para jogar. “ evidente que no vamos ter Wembley (o estdio nacional do RU) ou um campo de crquete perfeito, mas possvel assegurar que num determinado stio a relva aparada, que as cobras so afastadas e que os vidros partidos so retirados e fornecer equipamentos simples, como cestos de basquetebol ou uma rede de voleibol e a propriedade de tudo isto a pertencer comunidade”, diz ela. Para que isto acontea, continua, necessria uma interveno tanto a nvel da escola como da comunidade para criar estes ambientes. A UNICEF tambm est a levar o programa s comunidades, aos bairros de lata e s aldeias e est a preparar material de apoio nas lnguas locais. “A UNICEF ndia aprecia tanto este programa que est a levar a campanha a todos os Estados e o efeito multiplicador potencialmente muito grande”, diz ela. Os programas para os primeiros cinco pases esto actualmente no ltimo ano. J foram feitas visitas de demarcao a outros oito pases, havendo a inteno de futuramente os parceiros colaborarem ainda mais estreitamente. A UK Sport integra o seu trabalho nos planos do British Council desde o primeiro dia e o British Council e a UNICEF coordenam-se em cada pas desde o incio para assegurar uma abordagem mais global do planeamento e da execuo. Os outros trs pases j aprovados pelo conselho de administrao so Moambique, a Jordnia e o Bangladesh. Dois outros programas no Gana e Trindade e Tobago devem comear no final do ano. Outros pases que esto a comear o processo de planeamento so a frica do Sul, a Malsia e a Nigria. Com a actual crise econmica constitui um desafio conseguir o financiamento da totalidade do programa ao nvel pretendido, explica Debbie Lye. Contudo, at data j foram conseguidos 23,9 milhes de libras dos 50 milhes do oramento do projecto. a UNICEF que lidera actualmente a obteno de fundos de fontes no governamentais, mas os objectivos de angariao de fundos sero difceis de atingir. A ‘International Inspiration’, cuja criao foi apoiada pelo Governo do RU, actualmente administrada por uma fundao independente para poder usufruir da orientao e dos conhecimentos necessrios para conseguir concretizar a sua ambiciosa ideia. * Neste projecto, o Azerbaijo considerado como fazendo parte da grande Europa. Desporto para desenvolvimento Dossier 12 esquerda: O desporto em combinao com o ensino de competncias para a vida. Um projecto financiado pelo Conselho do Desporto do Reino Unido, Brasil. Caldas Leo direita: Renovao de infra-estruturas de desporto e lazer, Brasil. Caldas Leo Palavras-chave International Inspiration; UK Sport; UNICEF; British Council; Debbie Lye; LOCOG; Debra Percival.

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13 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 DossierDesporto para desenvolvimentoO pas tem escapado bastante bem s consequncias da crise devido ao seu slido sistema bancrio, que dispe de poucos produtos txicos nas suas reservas. Mas a recesso generalizada tem sempre impacto numa economia to globalizada como a da frica do Sul. No ltimo trimestre do ano passado, a economia contraiu-se pela primeira vez em dez anos. Este ano j houve uma queda macia da produo, contribuindo provavelmente para outro trimestre de contraco. Mas o anterior presidente da frica do Sul, Kgalema Motlanthe, estava muito optimista a esse respeito. A razo era a bonana dos eventos desportivos globais que culminam no Campeonato do Mundo de Futebol da FIFA daqui a menos de 18 meses. Este ms, a Indian Professional League (Liga Indiana de Futebol Profissional) trouxe o seu torneio para a frica do Sul aps os ataques terroristas de Bombaim; a equipa de rguebi British Lions inicia uma digresso em Maio de 2009, seguida da Taa das Confederaes de Futebol da FIFA em Junho de 2009. Associam-se nmeros enormes ao que tudo isto poder significar em termos de aumento do turismo, de sector hoteleiro, de meios e de impostos para o Governo. O Vice-Ministro do Desporto, Gert Oosthuizen, calcula a contribuio directa do Campeonato do Mundo para o PIB em 55,7 mil milhes de randes** (cerca de 6 mil milhes de dlares dos EUA, gerando impostos no valor de 19,3 mil milhes de randes: “A sucesso de torneios imps-nos a necessidade de investir em grandes infra-estruturas e esse investimento serve de medida contracclica para enfrentar as consequncias negativas da fuso econmica global.”). Os analistas interrogam-se sobre os nmeros utilizados por Oosthuizen. Alguns dizem que seria mais plausvel falar de 22 mil milhes de randes, com o Governo a recuperar no mais de 8 mil milhes de randes de uma despesa superior 15,6 mil milhes de randes. Isto parece mais de acordo com as contas do Campeonato do Mundo de outros anfitries recentes, como a Coreia do Sul, que ainda hoje se bate para saldar as dvidas contradas pelo seu Campeonato do Mundo.> Esprito de nao arco-risMotlanthe tem razo no que respeita aos factores mais intangveis. No ano passado, os Sul-Africanos sofreram estoicamente com o trabalho de construo quase frentica de novas modalidades de transporte porque sabem que eles mudaro a frica do Sul para sempre. Orgulhosos do lugar atribudo ao “Gautrain”, um nome que engloba a palavra da lngua sesotho para Joanesburgo, a capital comercial do pas, assim como a palavra do africanso “gou”, que significa rpido. H tambm uma aluso a “goud”, o metal que deu velha cidade de 110 anos a sua existncia. um exemplo quase perfeito do esprito de nao arco-ris de Nelson Mandela, abrangendo velhas e novas ordens nos projectos de reconciliao. Mas vai muito mais longe do que isso. Extremamente caro como parece ser – os custos atingiro 40 mil milhes de randes (4,5 mil milhes de dlares dos EUA) – o empreendimento catapultar a frica do Sul para o sculo XXI e dar um rude golpe num dos legados mais tenazes do passado: o Apartheid. Os Governos tentam combater a crise financeira mundial atravs de medidas menos ortodoxas para reactivar a economia. Na frica do Sul, as atenes so outras: o Campeonato do Mundo de Futebol de 2010. Estadio FIFA 2010, em construcona Cidade do Cabo. AP/Reportres.beHans Pienaar*Um Campeonato do Mundo Um Campeonato do Mundo que pode mudar a frica do Sul para sempre

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Desporto para desenvolvimento Dossier 14 Sob o regime do antigo Partido Nacional, no poder entre 1948 e 1994, o pas modernizou-se rapidamente, mas os benefcios do crescimento ficaram reservados durante anos populao branca, que tinha um dos nveis de vida mais elevados do mundo. Uma das consequncias mais inimaginveis foi que a frica do Sul nunca desenvolveu sistemas de transporte colectivos adequados. Embora fosse dos primeiros pases, j no sculo XIX, a dotar-se de elctricos, estes acabaram por ser progressivamente eliminados. Os planos para o metropolitano nunca passaram do papel. Em vez disso, foram gastos rios de dinheiro na construo de auto-estradas modernas para automveis. O Governo do Apartheid planeou estradas que evitavam os bairros negros (black townships) com um crescimento habitacional exponencial. Foi s sob a aco do Ministro das Finanas, Trevor Manuel, que o Governo iniciou o enorme desafio de desenvolver sistemas de transportes acessveis a todos: ricos e pobres. Esses sistemas tambm se tornaram rapidamente, nos ltimos anos, essenciais para o plano de luta do pas contra as alteraes climticas. Transportes colectivos adequados tornaram-se uma questo de urgncia. Imediatamente aps o anncio do Campeonato do Mundo, iniciou-se a construo do Gautrain (linha a grande velocidade), que ligar Joanesburgo capital administrativa Pretria, na distncia de 60 km, serpenteando entre ambos os subrbios ricos, agora de raa mista, e os bairros negros ainda extremamente pobres. A febre do Campeonato do Mundo tambm foi utilizada para lanar outro sistema importante: o sistema de trnsito rpido de autocarro Rea Vaya (“vamos a caminho”), tambm conhecido por sistema BRT (Sistema de Trnsito Rpido por Autocarro), considerado essencial para transportar adeptos principalmente dos bairros negros para os vrios estdios do CM. Os dois projectos revelaram os pontos fracos do espectculo do Campeonato do Mundo: beneficiar um nmero relativamente pequeno de homens de negcios internacionais. Em fins de Maro 2009, os condutores negros de txis minibus lanaram a primeira greve contra o sistema BRT. Durante cinquenta anos, transportaram trabalhadores negros que s encontravam trabalho nas zonas brancas. No organigrama do ps-apartheid, foram aclamados como empresrios, criando actividades de transpores sem a ajuda dos brancos. “Vamos perder empregos devido a estes autocarros. No vamos permitir que estes autocarros circulem”, disse o porta-voz da Associao de Txis Alexandra, Velile Thambe. Esto a surgir outras questes: que benefcios trar o Campeonato do Mundo para os pobres? Esto a ser construdos cinco estdios novos e s o da Cidade do Cabo custar 3 mil milhes de randes (350 milhes de dlares dos EUA). “Esse dinheiro dava para construir 60.000 habitaes (para pobres) onde viveriam cerca de 300.000 pessoas que as utilizariam todos os dias durante dcadas e no uma vez durante 45 minutos de cada lado”, afirma o Professor Anthony Leiman da Universidade do Cabo. “Celebrar a Humanidade da frica” o tema mais amplo de todo o projecto 2010, mas a integrao extremamente bem sucedida do futebol da Alemanha nas artes e noutras disciplinas em 2006, atravs do seu projecto “goalposts”, parece ser um conceito estranho para Joanesburgo. Mais ainda, os Sul-Africanos esto extremamente optimistas para 2010. Num inqurito feito o ano passado, quase nove em dez pessoas (87%) esperavam-se melhorias em infra-estruturas. Cerca de 88% diziam-se orgulhosos por a frica do Sul acolher o Campeonato do Mundo e 83% consideravam que a imagem da frica do Sul no estrangeiro ia melhorar. * Hans Pienaar jornalista residente em Joanesburgo. ** Em 28 de Abril de 2009, 1 rand sul-africano = 0,0876 euro. Em cima: Estdio FIFA 2010 na Cidade do Cabo. Flickr.com/JackySnappy2009Joanesburgo em estado de convulso medida que a construo continua no Sistema de Trnsito Rpido Rodovirio Rea Vaya e no sistema metropolitano Gautrain. Hans Pienaar Palavras-chave frica do Sul; Campeonato do Mundo de 2010; futebol; FIFA; desenvolvimento; economia; Trevor Manuel; Kgalema Motlanthe; estdios.

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Porque e quando que as Naes Unidas elaboraram um programa sobre o desporto para o desenvolvimento e a paz? O desporto para o desenvolvimento e a paz no uma abordagem nova no sistema das Naes Unidas. Os diferentes fundos da ONU, os programas e as agncias especializadas que constituem a famlia da ONU utilizam o desporto no seu trabalho de terreno h muito tempo. O poder e a utilidade do desporto nos programas humanitrios, de desenvolvimento e de consolidao da paz, porm, nem sempre foram utilizados de forma sistemtica ou coerente ou foram-no irrisoriamente. Esta uma das razes que levaram Kofi Annan a criar, em 2001, o cargo de Conselheiro Especial do Secretrio-Geral da ONU em matria de Desporto para o Desenvolvimento e a Paz. Sou o segundo titular do cargo, tendo sucedido, em Abril de 2008, ao antigo Presidente Adolf Ogi, de nacionalidade sua. O meu mandato comporta trs tarefas principais: defender a incluso sistemtica do desporto nas polticas nacionais e internacionais de desenvolvimento, trabalhar como facilitador entre os interlocutores na ONU e parceiros externos e representar o Secretrio-Geral da ONU nos grandes eventos desportivos. Em suma, qual o principal objectivo da poltica actual? Um dos principais objectivos a coordenao no mbito do sistema da ONU. Procuro contribuir para evitar a duplicao, criar sinergias e identificar boas prticas no terreno. Nesse sentido, vejo-me como um prospector de informaes no mbito da famlia da ONU e para ela. Um exemplo prtico o papel coordenador na preparao dos muitos eventos megadesportivos a realizar no prximo ano. Nestes eventos, a ONU deve destacar-se pela sua visibilidade e ser ela prpria um evento. A um nvel mais pragmtico, espero que, com a integrao do Secretariado do Grupo de Trabalho Internacional sobre o Desporto para o Desenvolvimento e a Paz no meu servio, possamos prosseguir o trabalho positivo de aconselhamento poltico aos Governos interessados em incorporar o desporto nos seus planos de desenvolvimento. Neste momento, as intenes da comunidade internacional de dadores esto solidamente orientadas para a consecuo dos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM). Qual a relao entre o investimento de fundos pblicos no desporto e a reduo da pobreza? Embora no seja uma panaceia, o desporto pode contribuir para realizar literalmente cada um dos oito ODM. Pode ajudar a reduzir a pobreza dando s pessoas qualidades de vida transferveis, melhorando a auto-estima e a autoconfiana que aumentam a sua empregabilidade. Alguns programas desportivos tambm incluem a produo de equipamento desportivo, o que cria empregos a nvel local. No fundo, os programas sustentveis podem ajudar a estabelecer instituies sociais e mercados mais complexos relacionados com o desporto que proporcionem oportunidades de emprego. Por ltimo mas no menos importante, o desporto pode ajudar a evitar doenas, que so um dos principais factores de pobreza. Que critrios so utilizados para avaliar o xito dos projectos no domnio do desporto para o desenvolvimento? A importncia da monitorizao e avaliao da qualidade do desporto para os programas de desenvolvimento e de paz no deve ser subestimada. Embora reconhecendo haver falta de ferramentas de avaliao amplamente disponveis, especificamente em matria de desporto para o desenvolvimento e a paz, os investigadores de todo o mundo esto a constituir uma base de elementos destinados a apoiar os esforos globais. A avaliao de qualquer programa deve basear-se na relevncia, eficcia, eficincia, impacto e sustentabilidade do programa. Sente que outras agncias de dadores no tm interesse em financiar o desporto para programas de desenvolvimento? Naturalmente, a crise financeira tem impacto em todas as actividades de desenvolvimento. Mas em comparao com outros objectivos de programas de desenvolvimento social, os programas que incluem o desporto como forma de promover o desenvolvimento e a paz so relativamente baratos. Este um dos muitos trunfos do conceito. Os programas de desporto para o desenvolvimento e a paz, executados pela ONU ou outros organismos, devem abrir o caminho incluso deste conceito pelos Governos nos seus planos nacionais de desenvolvimento. Est a realizar programas em comum com outras agncias de dadores? Conforme ao mandato de Conselheiro Especial, o meu servio est principalmente orientado para o trabalho de coordenao, facilitao e promoo. Embora ajudemos a iniciar e incentivar programas conjuntos e aconselhemos onde for necessrio, no temos mandato para nos empenharmos activamente na execuo de programas de desporto para o desenvolvimento e a paz. D.P. 15 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 Wilfried Lemke, Conselheiro Especial do Secretrio-Geral das Naes Unidas para o Desporto para o Desenvolvimento e a Paz. Naes Unidas O poder do desporto no desenvolvimento foi reconhecido h algum tempo pelas Naes Unidas (NU/ONU). Wilfried Lemke, Conselheiro Especial do Secretrio-Geral da ONU em matria de Desporto para o Desenvolvimento e a Paz, falou-nos das suas actividades. DossierDesporto para desenvolvimentoDESPORTO DESENVOLVIMENTO A ONU adere aoDESPORTO para o DESENVOLVIMENTO Palavras-chave Debra Percival; NU; Wilfried Lemke; ODM.

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16 O vencedor de duas medalhas olmpicas na velocidade, Usain Bolt, celebra com a bandeira jamaicana, Pequim, 2008. Pniesen, Dreamstime.com A fora do sucesso daJAMAICA em pistaDesde 1948, a Jamaica ganhou 13 medalhas de ouro, 27 de prata e 21 de bronze em Jogos Olmpicos e 7 de ouro, 29 de prata e 30 de bronze em Campeonatos do Mundo de Atletismo. Patrick Robinson*, um juiz jamaicano do Tribunal Criminal Internacional de Haia, elogia o sistema exemplar do seu pas que incentiva a auto-confiana para desenvolver o talento dos atletas. O Campeonato Interescolar (CHAMPS) – uma competio anual de juniores – o terreno de formao e a plataforma de lanamento de atletas jamaicanos e tem estimulado talentos nacionais h quase um sculo, explica Robinson numa entrevista a O Correio. Treinadores qualificados em cada escola preparam rigorosamente os estudantes para as provas desportivas. “Na minha opinio, apesar de a Jamaica ter um extraordinrio talento natural para o atletismo, o sistema aplicado desde 1910 que sustenta e explica os excelentes resultados da Jamaica no atletismo internacional”, afirma Robinson. “Todos os atletas que ganham medalhas competiram no CHAMPS quando frequentavam o ensino secundrio, nomeadamente Usain Bolt, que o actual recordista da Categoria 1 do CHAMPS em 200 e 400 metros, com tempos de 20,25 segundos e 45,35 segundos, ambos realizados em 2003, e Veronica Campbell, que a actual recordista da Categoria 1 do CHAMPS em 100 metros, com um tempo de 11,13 segundos realizado em 2001”, afirma Robinson. Usain Bolt foi a estrela dos Jogos Olmpicos de Pequim em 2008, tornando-se no primeiro homem a vencer o duplo sprint olmpico com recordes mundiais nos 100 e nos 200 metros. “Para que um pas beneficie plenamente do financiamento desportivo, tem de ter uma poltica desportiva coerente que considere o desporto como parte integrante do desenvolvimento nacional”, refere ainda o autor. No pode haver melhor exemplo do potencial do desporto para o desenvolvimento do que o sucesso dos dois melhores treinadores da Jamaica, Stephen Francis (treinador de Asafa Powell) e Glen Mills (treinador de Usain Bolt). “Pelo seu exemplo de profissionalismo e aplicao, eles mostraram que os Jamaicanos podem obter xitos em atletismo a nvel mundial permanecendo e treinando na Jamaica, descartando assim a necessidade de irem treinar para os EUA”, diz-nos Robinson. “A Jamaica beneficia do sucesso dos seus atletas porque o exemplo da excelncia, empenhamento, dedicao, trabalho rduo e confiana em si por eles estabelecidos uma inspirao para cada jamaicano, e deve ser contrastada com as imagens negativas de violncia com que a nossa juventude bombardeada diariamente pelos rgos de comunicao social”, refere ainda. Na sua opinio, os atletas e treinadores jamaicanos podem presentear o mundo inteiro com provas de atletismo. E o desporto cria oportunidades para os jovens se formarem numa rea especfica de emprego. Alm disso, ajuda a manter os jovens fora da rua e afastados de actividades ilcitas. “Este exemplo da autoconfiana vital para o emprego nacional, dando plena fora s palavras do Heri Nacional, Marcus Garvey”, citadas por Robinson: “Fora, fora, rumo vitria; tu podes realizar o que quiseres.” D.P. *Autor de “Jamaican Athletics: A model for 2012 Olympics and the World” (Atletismo jamaicano: um modelo para os Jogos Olmpicos de 2012 e para o Mundo), Arcadia Books, Londres, 2009. DossierDesporto para desenvolvimento CENTRO DESPORTIVO NA PNG A Papua-Nova Guin (PNG) e a Agncia Australiana para o Desenvolvimento Internacional (AusAID) conceberam uma Iniciativa Desportiva para o Desenvolvimento no valor de 44,5 milhes de dlares dos EUA, repartidos por um perodo de dez anos, passando de uma poltica desportiva na PNG baseada numa elite de atletas de alta competio para uma poltica desportiva a favor do desenvolvimento. As subvenes destinam-se a projectos com maior participao comunitria em programas regulares, desportivos e comunitrios de qualidade que fomentem actividades de competncias para a vida quotidiana baseadas no desporto, assim como cursos de formao em matria de treino e administrao. Sero igualmente reforadas as bases desportivas na PNG. Palavras-chave Jamaica; Patrick Robinson; Usain Bolt; Veronica Campbell; Stephen Campbell; Glenn Mills; CHAMPS; Jogos Olmpicos; Debra Percival.

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17 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009Louis Michel, Commissrio europeu responsvel pelo Desenvolvimento e a Ajuda Humanitria, recebe o Zakumi, a mascote do torneio do Campeonato do Mundo de Futebol da frica do Sul. CE Dossier Desporto para desenvolvimento As instituies da Comunidade Europeia reconhecem cada vez mais o papel que o desporto pode desempenhar no desenvolvimento. O Livro Branco de 2007 da Comisso Europeia sobre o Desporto contm um captulo especfico dedicado cooperao no mbito do desporto para promover objectivos e ambies em matria de educao, sade, dilogo intercultural, desenvolvimento e paz. Um “Memorando de Acordo” (MA) entre o Comissrio Europeu, Louis Michel, e o Presidente da Federao Internacional de Futebol (FIFA), Sepp Blatter, no dia da final do Campeonato do Mundo de Futebol de 2006 em Berlim, define o mbito de aplicao de uma parceria de projectos CE/ FIFA nos pases ACP. “Este novo contexto poltico pode mudar o perfil tradicionalmente baixo do desporto na cooperao para o desenvolvimento da CE. um dado adquirido que o desporto tem um certo poder de mobilizao e pode quebrar fronteiras”, afirma Tamas Varnai, responsvel pelo desporto na Direco-Geral do Desenvolvimento da CE. “O desporto tambm tem um potencial de criao de um quadro de paz, ao mesmo tempo que pode ser um instrumento com um custo relativamente baixo e um impacto elevado nos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM). Um bom exemplo um campo de futebol no recinto de uma escola para utilizao pelos seus alunos aps as aulas. Os atletas so modelos perfeitos para as crianas e a juventude, especialmente as de comunidades desfavorecidas”, diz Varnai. O Livro Branco traz discusso parcerias entre a CE e as Naes Unidas, os Estados-Membros da UE, as autoridades locais e organizaes privadas, ao passo que o Memorando de Acordo da FIFA/CE prev um dilogo poltico regular entre a Comisso e a FIFA. > Dfice de financiamentoMas foi difcil obter projectos fora das linhas de partida, dado que o desporto tem de competir com outras prioridades de financiamento. Em Maio de 2007, o Comissrio Michel e Sepp Blatter da FIFA enviaram uma carta comum a todas as delegaes da CE e associaes nacionais de futebol dos pases ACP sugerindo-lhes a procura e criao de possibilidades de cooperao. As principais ideias do projecto incluem a distribuio de equipamentos desportivos financiados pela CE, o financiamento de escolas de futebol e de competies nacionais de futebol, bolsas de estudo para jovens jogadores de futebol e o patrocnio de jogadores famosos de futebol para transmitirem mensagens de auto-estima, sade e educao (ver Caixa). Mas foram poucas as delegaes que se mostraram interessadas na incluso de projectos desportivos nos seus programas bilaterais no mbito do 10. Fundo Europeu de Desenvolvimento (2008-2013). Sem oramento da CE dedicado ao desporto, a nica opo o financiamento pelo pas atravs de programas regionais. Como o Campeonato do Mundo da FIFA de 2010 est a ser organizado na frica do Sul – pela primeira vez no continente africano –, este pas est a utilizar 10 milhes de euros do seu pacote de financiamento da CE para a prtica do desporto, especialmente do futebol, por rapazes e raparigas (ver na Caixa o artigo sobre a frica do Sul). D.P. JORNALISTAS FOT”GRAFOS PARA A FRICA DO SUL EM 2010A Comisso Europeia e a FIFA uniram-se para permitir a participao de jornalistas fotgrafos estagirios africanos num curso ministrado pela “Fundao Agence France Presse”, no intuito de melhorar a cobertura do Campeonato do Mundo. Os cerca de 200 participantes sero distribudos pelas vrias capitais africanas (Cairo, Lagos, Joanesburgo, Rabat, Dacar, Libreville e Maputo). DESPORTO PROMOVIDO CE projectosdesenvolvimentoDESPORTO PROMOVIDO pela CE como ponto de partida para projectos de desenvolvimento Palavras-chave Campeonato do Mundo da FIFA; Louis Michel; Sepp Blatter; frica do Sul; Tamas Varnai; Debra Percival.

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De que forma pode o desporto contribuir para o desenvolvimento socioeconmico de naes em desenvolvimento? Creio que todos os que trabalham nesta rea se preocupam em no exacerbar o assunto, mas a verdade que o desporto tem qualidades especiais que podem contribuir para os nossos objectivos de desenvolvimento. particularmente eficaz como um modo de trabalho com os jovens, que gostam de desporto e o associam sua imagem global. O futebol atrai jovens por todo o mundo e estes respondem com entusiasmo quando lhes dada a oportunidade de participao. J verificmos que o desporto traz os jovens de volta para as escolas e os centros comunitrios e, nesses casos, d-lhes acesso a um vasto leque de apoio. Posso indicar trs reas: o desporto como veculo da educao formal; o desporto como veculo da educao para a sade e das competncias para a vida; e o desporto como um mecanismo de capacitao feminina e de abordagem de questes de desigualdade de gnero. Uma das reas especialmente produtivas o trabalho de desenvolvimento do desporto com jovens do sexo feminino. A nossa experincia em frica e na ndia mostra que o desporto pode ser um mecanismo de capacitao das jovens particularmente eficaz. Que critrios devero ser utilizados na avaliao do contributo do desporto para o desenvolvimento socioeconmico? Temos de pensar no desporto essencialmente como um contributo e no como uma soluo per si. O desporto particularmente positivo ao envolver pessoas a que dificilmente chegaramos de outra forma e ao oferecer-lhes acesso a apoio, o que por sua vez pode maximizar as probabilidades de ultrapassarem as restries que enfrentam no dia-a-dia. Parece-me que um dos factores mais importantes o facto de o desporto poder constituir uma base de relaes construtivas com adultos compreensivos. Em frica, vimos quo diferente a forma como os jovens interagem com os adultos em contextos O Instituto do Desporto Juvenil da Universidade de Loughborough (Reino Unido) desenvolveu uma investigao sobre a forma como o desporto promove o desenvolvimento. Na nossa entrevista com o seu Director-Adjunto, Tess Kay, explormos os valiosos conhecimentos da instituio que so utilizados por organizaes financiadoras de projectos de desporto para o desenvolvimento. 18 DossierDesporto para desenvolvimentoDESPORTO SPORTO poder do DESPORTO

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19 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 Sudaneses participam numa campanha de divulgao de informao atravs do desporto, Cartum (Sudo), Novembro de 2006. Naes Unidas de desporto. A natureza recreativa e divertida do desporto quebra barreiras e promove relaes menos formais e mais abertas. J assistimos a alguns testemunhos bastante slidos de docentes da Zmbia que descrevem como o facto de praticarem desporto com os seus alunos lhes oferece uma forma totalmente distinta de interaco, comparativamente com a interaco que desenvolvem com os mesmos alunos em contextos de sala de aula. Isto permite-lhes falar mais directamente sobre questes importantes (na Zmbia, o VIH/SIDA especialmente) e os jovens respondem de modo bastante positivo informao que assim lhes dada. Qual o tipo de assistncia mais eficaz que podemos dar promoo do desporto para o desenvolvimento? Eu diria que o desporto similar a outras formas de trabalho de desenvolvimento: as iniciativas mais eficazes so aquelas que so totalmente adequadas s realidades prticas e culturais locais e que tem na propriedade local uma certa perspectiva de sustentabilidade, alm do financiamento inicial. A assistncia mais eficaz desenvolver programas desportivos em total parceria com a nao de acolhimento. Uma das coisas com as quais devemos ter cuidado no nos basearmos em sistemas desportivos prontos a utilizar demasiado “ocidentalizados”. fulcral termos em total considerao o contexto cultural em que os programas desportivos so introduzidos. Isto significa que devemos recorrer a abordagens de parcerias desde o incio e no s nas fases de implementao e entrega. E igualmente importante reconhecermos que, por vezes, existe alguma resistncia cultural ao desporto. Em comunidades mais pobres, at as crianas tm de trabalhar e, nestes casos, o desporto parece totalmente irrelevante. Mas interessante ver que, at nestas situaes, depois de introduzidos, os programas desportivos tm a capacidade de crescer. Sente alguma falta de interesse no financiamento de programas de desporto para o desenvolvimento por parte de agncias de doadores? No tanto falta de interesse; mais uma falta de conhecimentos genuna sobre o que se pode fazer com o desporto. Assim que as organizaes tomam conhecimento dos resultados das investigaes sobre o quo poderoso o desporto pode ser, envolvem-se activamente e interessam-se por utiliz-lo como ferramenta de desenvolvimento. As agncias e os investigadores da rea do desporto tm um papel a desempenhar na sensibilizao das agncias de doadores sobre o potencial do desporto na promoo das suas actividades principais – promoo da educao, apoio a agendas de sade e ensino de competncias para a vida. O desporto tem o seu prprio valor, enquanto actividade recreativa para crianas e jovens que, em comunidades pobres, so frequentemente privados de outras formas de diverso e entretenimento. E estes so aspectos que as agncias de doadores valorizam. Enquanto investigadores, temos de certificarmo-nos de que sabem como o desporto pode servir os seus interesses. D.P. Dossier Desporto para desenvolvimento Jovens mulheres participam no projecto de netball GOAL em Deli, ndia. Joanna Welford Palavras-chave Desporto; Tess Kaye; Instituto do Desporto Juvenil; Universidade de Loughborough; ndia; frica; Debra Percival.

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I nteraces O que nos fica do pacote do G20? 20Cado o pano na Cimeira dos Estados do G20 (Grupo dos 20)* em Londres, no passado 2 de Abril, a dissecao do acordo concludo para ressuscitar a economia mundial deu incio. Grupos de reflexo e organizaes no governamentais (ONG) lderes chamam a ateno para o facto que, para no arrastar ainda mais pessoas para a pobreza, e sobretudo nos pases em desenvolvimento, o G20 deve agora cumprir as promessas feitas no Plano Global Internacional de Recuperao e Reforma. “Este o dia em que o mundo se une para combater a recesso mundial, no com palavras mas com um plano de recuperao global e de reforma bem calendarizado”, expressou o PrimeiroMinistro britnico, Gordon Brown, anfitrio da Cimeira que teve lugar no Excel Centre de Londres. Foi acordado um pacote de reforo de 1,1 bilio de dlares dos EUA para restaurar o crescimento e criar emprego, incluindo: 500 mil milhes de dlares EUA para o FMI; 250 mil milhes de dlares EUA em direitos especiais de saque (DES)** (para todos os membros do FMI); um pacote de dois anos de 250 mil milhes de dlares EUA para financiamento do comrcio; e 100 mil milhes de emprstimo adicional pelos bancos de desenvolvimento multilaterais. O nico africano mesa dos G20, o antigo Presidente da frica do Sul, Kgalema Motlanthe, disse que estava “plenamente satisfeito” com o resultado e especialmente com “o compromisso de assegurar que os pases em desenvolvimento beneficiam de financiamento especialmente destinado a infra-estruturas”. O Presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que o evento tomou “medidas sem precedente para restaurar o crescimento e impedir que crises como esta ressurjam no futuro”. O Presidente da Unio A Cimeira de Londres 2009. Lawrence Looi/newsteam.co.uk espanto Passado o espanto

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21 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009Africana (UA), Jean Ping, e Primeiro-Ministro da Etipia, Meles Zenawi, representante da Nova Parceria para o Desenvolvimento da frica (NPDA – NEPAD), foram ambos convidados. O G20 assumiu alguns compromissos gerais, a saber: restaurar a confiana, criar crescimento e emprego; reformar o sistema financeiro para relanar o crdito; reforar a regulamentao financeira para restabelecer a confiana; capitalizar e reformar as instituies financeiras internacionais para superar a crise e impedir novas crises no futuro; promover o comrcio e o investimento globais e rejeitar o proteccionismo, para sustentar a prosperidade. Os lderes comprometeram-se igualmente a aderir aos princpios globais do sistema bancrio: proteger o sistema bancrio, incluindo os fundos especulativos, dentro de uma rede global regulamentada; definir novas regras de contabilidade internacional; regulamentar agncias de crdito; e pr cobro aos parasos fiscais que no prestam a informao solicitada.> Fundos frescos?Num documento ps-Cimeira, Martin Kohr do South Centre, um grupo de reflexo de polticas de desenvolvimento, disse que os fundos garantidos no so dotaes totalmente novas: “Alguns desses fundos j tinham sido decididos muito antes da cimeira e alguns deles reflectem apenas uma inteno em vez de serem promessas concretas.” A promessa da Cimeira consistindo em disponibilizar emprstimos ao FMI e de os converter em emprstimos aos pases afectados pela crise decorrente do esgotamento das reservas estrangeiras comprometeria a capacidade de controlo e disciplina do FMI em relao aos pases fornecedores de emprstimos, argumentou Kohr, exigindo a reforma do FMI. Mais ainda, os 250 mil milhes de dlares EUA de direitos especiais de saque prometidos seriam partilhados entre os 186 membros do FMI, segundo as suas quotas ou direitos de voto, o que significaria que 44% destas verbas reverteriam assim em proveito dos sete pases mais ricos e apenas 80 mil milhes iriam para os pases pobres em desenvolvimento, explica Martin Kohr. E acrescentou que o G20 no fez nada para ajudar os pases em desenvolvimento a evitar a distoro provocada pela dvida. Duncan Green, Director de Investigao na Oxfam avanou: “H um ponto de interrogao enorme sobre o alcance real dos compromissos relativos aos parasos fiscais. Travou-se, sem dvida, uma grande batalha no seio do G20 para decidir estabelecer uma lista dos maus alunos e sentiram-se aliviados ao atirar com as culpas para a OCDE.” (ver caixa) Duncan Green pensa que dos 250 mil milhes de dlares para incentivar o comrcio, apenas 12 mil milhes sero afectados aos pases com baixos rendimentos. D.P. * O grupo dos 20 inclui os Ministros das Finanas e os Governadores dos Bancos Centrais de 19 Estados: Argentina, Austrlia, Brasil, Canad, China, Frana, Alemanha, ndia, Indonsia, Itlia, Japo, Mxico, Rssia, Arbia Saudita, frica do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos da Amrica. A Unio Europeia, representada rotativamente pela Presidncia do Conselho e o Banco Central Europeu, o 20. membro do G20. ** O DES um fundo internacional de reserva, criado pelo FMI em 1969, para complementar as reservas oficiais existentes dos pases membros. Os DES so dotados aos pases membros em proporo das suas quotas no FMI. APELO CIMEIRA DE FRICA Antes do G20, o “Comit dos Dez”, um grupo de Ministros das Finanas e de Bancos Centrais presidido pelo Ministro das Finanas da frica do Sul, Trevor Manuel, estabeleceu um programa global da frica para a Cimeira. O seu relatrio sobre o impacto da crise nas economias africanas adverte que a progresso constante durante a ltima dcada poder ser posta em perigo: “A crise est a acabar com as firmas, as minas, os rendimentos do trabalho e os meios de subsistncia.” Pela primeira vez numa dcada, poder verificar-se no continente um crescimento per capita zero, com faltas de rendimentos nas exportaes, a nvel do continente, da ordem de 251 mil milhes de dlares EUA em 2009 e 277 mil milhes em 2010, sendo os exportadores de petrleo os mais afectados pela perda. Os influxos de capitais esto em diminuio dado as remessas dos trabalhadores e as receitas do turismo diminurem e os fundos de reservas estrangeiras estarem a esgotar-se. Alguns pases tm apenas cobertura para algumas semanas (por exemplo, a RDC), pondo gravemente em perigo a capacidade de importao de produtos de base, fornecimento de produtos alimentares e de medicamentos e factores de produo agrcola, adverte o relatrio. A maior preocupao saber como sustentar nveis adequados de investimento, especialmente em infra-estruturas. necessrio um suplemento de 50 mil milhes de dlares EUA em 2009 e de 56 mil milhes em 2010 para manter os nveis de crescimento anteriores crise. O aumento do investimento para o nvel necessrio realizao das taxas de crescimento mais elevadas compatveis com os ODM requer uma verba adicional de 117 mil milhes de dlares EUA para 2009 e 130 mil milhes para 2010, menciona o relatrio. O relatrio recomenda recursos adicionais, flexibilidade das polticas dos doadores com menos condies e medidas de promoo do comrcio. Interaces G20 Palavras-chave G-20; Kgalema Motlanthe; Trevor Manuel; Gordon Brown; Jean Ping; parasos fiscais; facilidade alimentar; Debra Percival.

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InteracesFacilidad alimentarEstados ACP em sintonia com a chamada “FACILIDADE ALIMENTAR”Trinta e quatro pases vo beneficiar de uma srie de projectos e programas financiados pela Comisso Europeia para melhorar a segurana alimentar nos prximos trs anos. 22 Uma jovem limpa comida num campo para deslocados no seu prprio pas em Arare, a 12 km de Jamaame, Sul da Somlia, Dezembro de 2006. Manoocher Deghati/IRINEm 30 de Maro de 2009, a Comisso Europeia aprovou uma deciso de financiamento inicial de 1000 milhes de euros ao abrigo da “Facilidade Alimentar” que foi adoptada no final do ano passado pelas instituies da Unio Europeia (UE) e fortemente apoiada pelas ONG de desenvolvimento. Em geral, durante trs anos, vai beneficiar os mais pobres de um total de 50 pases em desenvolvimento. “A Europa colabora na luta contra a crise alimentar atravs da ajuda de emergncia. A ‘Facilidade Alimentar’ a resposta de desenvolvimento para restabelecer o equilbrio da agricultura”, disse o Comissrio Europeu do Desenvolvimento e da Ajuda Humanitria, Louis Michel, numa declarao em 30 de Maro de 2009. Recuando a 18 de Dezembro de 2008, o Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros deram luz verde proposta apresentada pela Comisso Europeia em resposta crise alimentar mundial de 2007/2008 caracterizada por uma subida acentuada dos preos dos produtos alimentares. Neste pacote de trs anos (2009-2011) sero contempladas trs reas: cola, como fertilizantes e sementes, bem como a servios agrcolas, como veterinrios e consultores; aumentar a produo agrcola, nomeadamente microcrditos, infra-estruturas rurais, formao e apoio a grupos profissionais no sector agrcola; e porcionando uma fonte de rendimento a grupos vulnerveis da populao, atravs de projectos de obras pblicas de mo-de-obra intensiva (estradas, irrigao, etc.). Os primeiros pases ACP a beneficiar desta Facilidade so: Burquina Faso, Burundi, Repblica Centro-Africana, RD do Congo, APELO PARA O AUMENTO DA AJUDA O Presidente da Comisso Europeia, Jos Manuel Duro Barroso, apressou-se em defender, em 8 de Abril, um aumento da ajuda ao desenvolvimento pelos 27 Estados-Membros da UE: “Estamos a mais de metade da data-limite de 2015 para a realizao dos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM) e alguns dos ganhos realizados at agora arriscam de ser perdidos, deixando os pases pobres piores do antes da crise.” Como o maior doador da ajuda em termos de Produto Interno Bruto (PIB), a UE disponibilizou 49 mil milhes de euros em 2008, ou seja 40% do seu PIB. Mas ser necessrio aumentar colectivamente o volume da ajuda para 69 mil milhes em 2010 a fim de cumprir a promessa de 0,56% do PIB para a assistncia ao desenvolvimento ultramarino feita na Cimeira de Gleneagles do G8 em 2005. O Presidente Jos Manuel Duro Barroso advoga a favor de uma “maior utilizao da ajuda ao desenvolvimento para alavancar outros fundos, inclusive atravs do Banco Europeu de Investimento (BEI). Cada euro gasto na ajuda pode impulsionar cinco euros de investimento privado”, disse o Presidente. O Presidente Barroso disse que a Comisso Europeia queria “concentrar os esforos da ajuda” (expedindo o pagamento da sua ajuda) e refocalizar os seus compromissos existentes – incluindo os 3 mil milhes de euros de apoio ao oramento previstos – sobre os mais vulnerveis. Alm disso, um instrumento FLEX ad hoc destina-se a compensar os pases em desenvolvimento mais seriamente afectados pela queda das receitas de exportao, tendo em conta a contraco do comrcio mundial. O Presidente Barroso afirmou que este instrumento estar operacional antes do final de 2009 e inclui 500 milhes de euros para permitir aos pases em desenvolvimento continuarem as despesas lquidas de segurana social. Alm disso, a UE adoptou uma “Facilidade Alimentar” para fomentar a produo agrcola nos pases em desenvolvimento (ver o artigo que segue). ACO SOBRE OS PARASOS FISCAIS? Ao anunciar a aco do G20 sobre os parasos fiscais, a Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmicos (OCDE) com sede em Paris publicou rapidamente a lista dos Estados que esto a retardar a execuo das normas fiscais de transparncia. Uma lista “cinzenta” de pases que melhoraram as suas normas internacionais de transparncia, mas insuficientemente, inclui 16 pases das Carabas. Para mais informaes : oecd.org

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N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009As ONG ALERTAM para cortes na ajuda Os cortes de vrios Estados da UE nos oramentos da Ajuda ao Desenvolvimento Ultramarino (ODU) para 2009 como consequncia da contraco das suas economias levaro perda de vidas nos pases em desenvolvimento, afirma a principal ONG irlandesa. ONG ODU Interaces frica Central. Francois Groemans/EC ECHOEm Dezembro de 2008, a Itlia anunciou cortes de 56% da ajuda. No incio de 2009, a Letnia suspendeu toda a sua despesa (100%) e, em Maro de 2009, a Estnia reduziu o seu oramento de 10%. Surge agora uma nova reduo da ajuda por parte da Irlanda, o que significa que a contribuio inicial de 891 milhes de euros para 2009 foi reduzida para apenas 696 milhes de euros. Hans Zomer, Director da Dchas, a associao irlandesa de Organizaes No Governamentais, afirma que este corte desproporcionado em relao ao declnio da economia irlandesa: “A uma queda de oito por cento no rendimento nacional deveria corresponder um corte proporcional de 71 milhes de euros no oramento da ajuda, no um corte de 195 milhes.” E acrescentou: “Agora tero de ser reduzidos os programas vitais que fornecem gua potvel, cuidados de sade, alimentos e apoio s vtimas de calamidades.” Entretanto, os dados da Organizao de Cooperao e de Desenvolvimento Econmicos (OCDE) sedeada em Paris revelam um ligeiro aumento da ajuda fornecida colectivamente aos pases em desenvolvimento pelos Estados da OCDE/UE* de 0,39 para 0,42 por cento do Rendimento Nacional Bruto (RNB) em comparao com o de 2007. No entanto, segundo as ONG, os objectivos de despesa colectiva da UE de 0,56% do RNB para a ODU at 2010 esto longe de ser alcanados. O relatrio da OCDE destacou as graves consequncias da crise econmica mundial nos pases pobres resultantes da perda de receitas das exportaes, de investimento directo estrangeiro e de outros fluxos financeiros.* So membros da OCDE 19 Estados-Membros da UE: ustria, Blgica, Repblica Checa, Dinamarca, Finlndia, Frana, Alemanha, Grcia, Hungria, Irlanda, Itlia, Luxemburgo, Pases Baixos, Polnia, Portugal, Eslovquia, Espanha, Sucia e Reino Unido.Cuba, Eritreia, Etipia, Gmbia, Guin-Bissau, Haiti, Qunia, Libria, Mali, Moambique, Serra Leoa e Zimbabu. Nesta primeira leva, todo o financiamento aos Estados ACP ser canalizado atravs de organizaes internacionais: a Organizao das Naes Unidas para a Alimentao e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrcola (FIDA), o Programa Alimentar Mundial (PAM), o Banco Mundial (BM) e o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Segundo os funcionrios da Comisso Europeia, sero atribudas outras dotaes durante os trs anos a outros Estados ACP (ver caixa) atravs de um grupo alargado de interlocutores: organizaes internacionais e regionais e governos nacionais, bem como atravs de convites apresentao de propostas para agentes no estatais, organismos dos Estados-Membros e outros interlocutores elegveis. D.P. Dotao indicativa (em milhes de euros) 12.9 23.7 13.4 10 3.6 11.7 40.6 12.8 45.4 5.5 20.9 8.4 13.5 15.8 5.9 31.2 6Pas Benim Burquina Faso Burundi Repblica Centro-Africana Comores Cuba Repblica Democrtica do Congo Eritreia Etipia Gmbia Gana Guin-Bissau Guin Haiti Jamaica Qunia Lesoto PasLibria Madagscar Malavi Mali Mauritnia Moambique Nger Ruanda So Tom e Prncipe Senegal Serra Leoa Somlia Tanznia Togo Zmbia Zimbabu Dotao indicativa (em milhes de euros) 10.9 21.8 17.9 22.1 7.6 23.2 19.2 15.6 2.1 14.5 16.2 14.4 32.4 13.7 16.3 15.4Dotaes da “Facilidade Alimentar” aos Estados ACP (2009-2011) 23 Palavras-chave ONG; Ajuda ao Desenvolvimento Ultramarino (ODU); Dchas; Hans Zomer; Debra Percival.

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“ Decididamente, os pases ACP no foram poupados pela crise econmica”, sublinhou a eurodeputada, Co-Presidente da Assembleia, Glenys Kinnock, no seu discurso de abertura da sesso. “Por isso, os pases no devem ficar margem dos esforos empreendidos para reduzir os efeitos.” Quanto s promessas de ajuda feitas no G20, a eurodeputada manifestou-se inquieta por estes fundos serem disponibilizados “sob a forma de emprstimos em vez de dons e por o processo ser controlado pelo FMI”. Numa resoluo urgente, os deputados da Assembleia Paritria pediram que a ajuda ao desenvolvimento, proveniente do pacote de um milho de milhes de dlares, prometida pelo G20 em 2 de Abril em Londres, fosse desembolsada rapidamente e proviesse de fundos novos. Ao voltarem a exigir mais flexibilidade Comisso Europeia na concluso dos Acordos de Parceria Econmica (APE) com os pases ACP (ler a rubrica Comrcio), os deputados tambm convidaram os Estados da UE e a Comisso a redefinirem inteiramente as suas polticas de ajuda ao desenvolvimento para financiar as consequncias sociais e ambientais das alteraes climticas. “Os pases ACP no devem repetir os erros cometidos pelos pases industrializados desenvolvendo as suas economias a partir de energias fsseis”, sublinhou Netty Baldeh (Gmbia), co-autor da resoluo com o Espanhol Josep Borrell Fontelles.> Atacar-se s verdadeiras causas da piratariaOs deputados lanaram um apelo ao novo Governo somaliano para que ponha termo aos combates e garanta o acesso da ajuda humanitria aos 2,6 milhes de vtimas do conflito que devasta o pas. A resoluo afirma que as causas reais da pirataria so a pobreza, o desemprego e o declnio do sector da pesca. Pede uma cooperao entre as foras navais europeias da misso Atalanta e os Americanos, Russos e Chineses presentes na regio. Finalmente, dois dias aps a comemorao do genocdio ruands, os deputados adoptaram uma resoluo na qual exigem um quadro jurdico que garanta o respeito das diversidades tnicas, culturais e religiosas (ver O Correio n. 10).M.M.B. A ASSEMBLEIA ACP-UE admoesta o G20As crises financeira e alimentar, os acordos de parceria econmica e as concluses do G20 de Londres constavam da agenda dos parlamentares da Assembleia Paritria de frica, Carabas, Pacfico e Unio Europeia, reunidos em Praga de 4 a 9 de Abril. Os parlamentares tambm adoptaram uma resoluo de urgncia sobre a Somlia e os problemas de pirataria que se fazem sentir ao largo do pas. ADEUS, SENHO RA KINNOCK !A Assembleia encerrou a sua 17 sesso prestando homenagem britnica Glenys Kinnock, que assistia sua ltima sesso como co-presidente. A “incansvel” e “irresistvel” Sra. Kinnock foi saudada e aplaudida por inmeros intervenientes pelo seu trabalho e dedicao causa do desenvolvimento nos pases ACP. InteracesACP UE 24 Assembleia Parlamentar Conjunta ACP-UE em Praga, 4 a 9 de Abril de 2009. EC/ACP Secretariat Palavras-chave APP; acordos de parceria econmica; G20; Glenys Kinnock; clima; Somlia; crise alimentar; crise econmica; Marie-Martine Buckens.

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25 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009ACP Curaao e St. Maarten recebero um estatuto com maior autonomia no Reino dos Pases Baixos, comparvel ao estatuto que Aruba tem desde 1986. As outras trs ilhas dos PTU neerlandeses, Bonaire, St. Eustatius e Saba, tornar-se-o uma “gemeente” dos Pases Baixos, ou seja, um pequeno municpio com um presidente de cmara neerlands. Porque que no sculo XXI algumas ilhas se querem tornar mais dependentes, em vez de menos dependentes? Uma explicao que so demasiado pequenas: Bonaire tem 11.537 habitantes, Saba 1491 e St. Eustatius 2699. At agora tem sido o governo central das Antilhas Neerlandesas, em Curaao, a tomar as decises por estas pequenas ilhas. O Governo neerlands quer manter o controlo financeiro e a superviso financeira de Curaao. A populao de Curaao ter oportunidade de se pronunciar no referendo a realizar em 15 de Maio de 2009. > Terra do corao Curaao a maior ilha das Antilhas Neerlandesas: 140.000 pessoas e 40 nacionalidades vivem em conjunto numa superfcie de 44 km2. Devido s baas da ilha com uma forma que lembra um corao, Curaao recebeu o nome espanhol corazon (corao). O turismo e os servios financeiros so uma importante fonte de rendimento de Curaao, cuja economia est a funcionar bem. Os principais sectores que tm contribudo para a recente expanso econmica so o turismo, a indstria logstica, incluindo as actividades porturias e aeroporturias, a indstria petrolfera e os servios financeiros. Existe regulamentao que permite a Curaao oferecer subvenes especiais para atrair investidores para a rea do comrcio electrnico e para facilitar o desenvolvimento deste tipo de comrcio, para os bancos locais que oferecem servios electrnicos e para empresas financeiras offshore que acolhem empresas electrnicas internacionais.> A rota do arroz dos PTU (Pases e Territrios Ultramarinos)Desde longa data que existe uma cooperao/ relao histrica com o Suriname. A rota do arroz dos PTU era famosa: o arroz do Suriname ia de Curaao para o mercado da UE isento de direitos. O contacto comercial entre Curaao e Barbados e Trindade e Tobago tornou-se relevante nos ltimos cinco anos. As Antilhas Neerlandesas fazem parte da Associao dos Estados das Carabas (AEC). Em Maio de 2008 a Cmara de Comrcio de Curaao organizou uma misso de informao comercial no mbito de um APE em Trindade e Barbados, com a participao de intervenientes dos sectores pblico e privado, a fim de identificar oportunidades de negcios Cariforum-CE-APE. Willemstad, capital de Curaao, na lista do patrimnio mundial da UNESCO desde 1997, com a sua tpica arquitectura colonial neerlandesa. Uma cidade que cresceu em redor do primeiro forte construdo pelos neerlandeses em ambos os lados da entrada do porto. Joyce van Genderen-Naar MAIS INTEGRAO COM OS ACP A Comisso Europeia (CE) est em conversaes com todos os Pases e Territrios Ultramarinos (PTU) no sentido de reforar as relaes comerciais com as regies ACP. Num Livro Verde publicado em Junho de 2008 (ver O Correio n. 7), a CE admite a possibilidade de os 21 PTU se tornarem membros de Acordos de Parceria Econmica (APE) com os respectivos Estados ACP vizinhos. Joyce van Genderen-NaarO DESMANTELA MENTO O DESMANTELA MENTOdas Antilhas Holandesas Parte dos Pases e Territrios Ultramarinos neerlandeses (PTU), as Antilhas Neerlandesas e o Governo neerlands chegaram a acordo sobre o desmantelamento das Antilhas Neerlandesas em Janeiro de 2010. Palavras-chave es e Territrios Ultramarinos neerlandeses; PTU; Curaao; Antilhas Neerlandesas. Interaces

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26 A maior parte dos Estados da Commonwealth pertence ao Grupo ACP (ver caixa em baixo). Est em curso um grande e importante projecto do tipo centro e eixos irradiantes (“Hub and Spokes”) entre a Comisso Europeia (CE), o Secretariado da Commonwealth e a Organizao Internacional da Francofonia (Organizao dos pases de expresso francesa). “O objectivo aumentar a capacidade de os Estados ACP desenvolverem, gerirem e negociarem de forma eficaz as suas prprias polticas comerciais”, explica Edwin Laurent. O financiamento – principalmente da Comisso Europeia, mas igualmente de outros parceiros – para uma srie de “hubs”, incluindo um conselheiro snior de poltica comercial e analistas de poltica comercial estabelecidos em rgos regionais dos ACP, que so assistidos por analistas de poltica comercial nos Estados ACP – conhecidos por “spokes”. Trabalham ao lado dos funcionrios do comrcio dos governos nacionais. Geralmente os analistas no so do pas de acolhimento e muitos so recrutados numa regio completamente diferente, explica Edwin Laurent. So elegveis analistas comerciais dos ACP e da CE. Cerca de metade dos Estados ACP beneficiam de peritos nacionais, refere Laurent, que continua: “Trata-se de um projecto que funcionou extremamente bem e que ajudou os pases a perceberem os problemas das negociaes comerciais e das reas ligadas ao comrcio dos quais, de outro modo, eles no se teriam apercebido.” Acrescenta que foi uma ideia original do antigo Comissrio Europeu responsvel pelo Comrcio, Pascal Lamy, nos primeiros dias das conversaes comerciais sobre os Acordos de Parceria Econmica (APE) e as negociaes comerciais da Ronda de Doha da Organizao Mundial do Comrcio (OMC). Um dos desafios com que o projecto “Hub and Spokes” se defronta actualmente a sua natureza s ACP, diz Laurent: “Existe agora uma corrente, que compreendo, que defende que a sua gesto seja descentralizada e em vez de termos de um lado todos os ACP, as regies ACP comunicaram-nos claramente que no interesse da gesto e da coerncia de todo o sistema era muito mais eficaz faz-lo numa base regional.”> Estudo sobre a ascenso da China A Commonwealth tambm forneceu peritos e conselheiros ao Secretariado ACP em domnios especializados financiados a partir de um Fundo da Commonwealth para assistncia tcnica. Estes peritos, recrutados a nvel internacional, Existem sinais de relaes cada vez mais estreitas entre os 53 membros do Grupo de Naes da Commonwealth e os 79 membros do Grupo de Estados de frica, Carabas e Pacfico (ACP). Edwin Laurent, Chefe do Departamento de Comrcio Internacional e Cooperao Regional do Secretariado da Commonwealth, narrou-nos recentemente as respectivas causas e razes. O secretrio-geral da Commonwealth Kamalesh Sharma (quarto a contar da direita) com os lderes da Commonwealth na conferncia de imprensa comemorativa do final da mini-cimeira da Commonwealth dedicada ao tema “Reforma de instituies internacionais”, Marlborough House, Londres, 10 de Junho de 2008. Roland Kemp / Commonwealth SecretariatIntensificao das ligaes Intensificao das ligaesACP/COMMONWEALTH Interaces Commonwealth

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27 InteracesN. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009trabalham com o Secretariado ACP durante um perodo fixo e muitas vezes num assunto especfico. Neste momento existe um conselheiro no escritrio ACP de Genebra que essencial para dar informaes aos embaixadores ACP sobre o que se passa na OMC – extremamente til para os Estados ACP que no tm representao em Genebra, explica Laurent. E acrescenta: “Tambm fornecemos estudos e assistncia ao Grupo ACP e gostaramos de reforar ainda mais as suas posies negociais sobre certas questes.” Diz que a sua organizao teve um pedido especfico sobre o impacto da ascenso da China sobre as naes africanas. “Tambm estamos a trabalhar para tentar promover consensos e compreenso entre os pases, por isso fazemos reunies informais”, diz Laurent. Foram promovidas reunies polticas entre Ministros ACP e os seus homlogos europeus. “Fazemos isto de modo informal, sem qualquer registo e por isso podemos falar abertamente. Muito recentemente realizmos um encontro entre a nova Comissria da CE para o Comrcio, a Baronesa Ashton, e 12 Ministros ACP. Ela era nova e pensmos que tal como a Commonwealth, podamos dar um contributo promovendo o entendimento fora da sala de conferncias e do quadro de confrontao das negociaes”, diz Laurent, acrescentando: “Nas estruturas estabelecidas, como o Comit Ministerial Misto ACP-CE para as questes comerciais, as discusses so registadas: as pessoas tomam posies e defendem-nas. O objectivo das reunies informais ganhar argumentos. O que podemos fazer promover a compreenso–empatia.” Mas ser que a Commonwealth vai continuar a apoiar os ACP como uma entidade, tendo em conta a actual tendncia para reforar os agrupamentos regionais no ACP, especialmente no domnio do comrcio? Laurent afirma que como muitos membros da Commonwealth tambm pertencem ao Grupo ACP, ao apoiar os ACP a Commonwealth est a apoiar-se a si prpria. Existe igualmente uma razo mais fundamental, acrescenta: o princpio da Commonwealth de criao de um mundo mais justo e melhor. “Se quisermos fazer mudanas e criar um mundo melhor, que grupo melhor para se centrar nisso do que os ACP? o grupo que mais precisa de assistncia.” Afirma que qualquer que seja a configurao futura do Grupo ACP, o Secretariado da Commonwealth apoiar os ACP e tentar assegurar que se obtm o benefcio mximo dos outros parceiros. D.P. Para mais informaes: www.commonwealth.org LIGA’ES MAIS ESTREITAS Em 23 de Maro de 2009, o SecretrioGeral dos ACP, Sir John Kaputin, reuniu-se em Bruxelas com o seu homlogo da Commonwealth, Kamalesh Sharma, para examinarem novas reas de cooperao. O resultado, diz Laurent, foi um compromisso de uma “cooperao mais activa e mais extensa”. Vai ser elaborado um programa circunstanciado nas prximas semanas e provvel que se refira mais a um fortalecimento das ligaes nas reas j existentes do que criao de novas reas. A finalidade inclui mais investigao, actividades de formao, iniciativas de desenvolvimento de capacidades, workshops e seminrios. Durante a reunio Sir John recordou que a Commonwealth e os ACP j cooperavam nas reas da migrao, comrcio, cultura, dilogo poltico e preveno de conflitos. Kamalesh Sharma disse que a actual crise mundial nos domnios financeiro, alimentar e energtico constitua uma razo para intensificar a cooperao. Membros da Commonwealth que so tambm membros do Grupo ACP: frica do Sul; Antgua e Barbuda; Baamas; Barbados; Belize; Botsuana; Camares; Dominica; Ilhas Fiji*; Gmbia; Gana; Granada; Guiana; Jamaica; Lesoto; Malavi; Maurcia; Moambique; Nambia; Nauru**; Nigria; Papusia-Nova Guin; Qunia; Quiribati; Ilhas Salomo; Samoa; Santa Lcia; So Cristvo e Nevis; So Vicente e Granadinas; Seicheles; Serra Leoa; Suazilndia; Tanznia; Tonga; Trindade e Tobago; Tuvalu; Uganda; Vanuatu; Zmbia.*As ilhas Fiji foram suspensas do Conselho da Commonwealth em Dezembro de 2006 na sequncia de um golpe militar. **Nauru membro com pagamentos em atraso. Cultura de bananas em Santa Lcia. Debra Percival direita: No Secretariado ACP, Bruxelas: o secretrio-geral da Commonwealth, Kamalesh Sharma ( esquerda), com o parceiro ACP Sir John Kaputin ( direita). Robert Iroga Palavras-chave Secretariado da Commonwealth; Grupo ACP; “Hub and Spokes”; Sir John Kaputin; Kamalesh Sharma; Pascal Lamy; Baronesa Ashton; Debra Percival.

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28 O veterano de muitos filmes, divertimentos, sries televisivas, cabaret e pianista ocasional comea, pela primeira vez, a trabalhar como actor numa telenovela. Foi criado um cenrio especialmente para ele na srie Binnelanders (“Pessoas do Interior”) sobre o tema hospital. Est um pouco apreensivo. Estamos espera que venha da sua tarefa que realiza h vrios anos – conduzir Refilwe Matsimela, de 15 anos, ao internato, uma escola chique para raparigas em Rand. Embora ela tenha o seu prprio quarto, passa as noites dos fins-de-semana na cama da me, Philippine, que ficou invlida aps um acidente de viao seguido de abandono do sinistrado. “Corta demasiado perto do osso”, queixa-se Cronje, em linguagem mdica adequada. Est a falar da maneira apressada de realizar as filmagens, quase no deixando tempo para ensaiar uma cena. Cronje sente que no tem tempo para “interiorizar” a sua personagem e que, por conseguinte, deixa transparecer muito dele prprio. Cronje tambm professor de Tai-chi e de meditao Zen e adepto de uma medicina alternativa. Mas apenas uma coincidncia que o seu papel no guio seja o do irmo um tanto ou quanto marginalizado do mdico chefe e proprietrio do hospital, que aparece um dia sem prevenir e defende abordagens “new age”. A situao deve ser cmica, que o forte de Cronje. Ele comeou por conquistar os coraes dos Sul-Africanos, como o olho privado desastrado Willem. Cronje tornou-se to famoso que foi vrias vezes rodeado de simpatizantes, o que no habitual para algum que ser o primeiro a admitir que no tem o fsico de Sean Connery. A partir de ento, tornou-se num evento anual da pantomina extremamente popular no centro cvico de Joanesburgo, representando feiticeiras perversas e rainhas idiotas. Refilwe corre para a cozinha, onde Cronje acaba de tomar a sua tigela de quinoa. A jovem de olhos brilhantes segura nos dedos uma srie de cabides com roupa da escola. No, ela no quer tomar o pequeno-almoo – mais tarde, pensa ir comer cantina do internato, que o que l h de melhor. E m foco So 6h30 da manh de uma segunda-feira. Quando cheguei casa do actor Tobie Cronje em Joanesburgo, j ele estava sentado mesa do pequeno-almoo debruado sobre espesso guio de dilogos. Embora tendo 60 anos e tenha sido h dcadas largamente conhecido na frica do Sul, est agora a viver uma aventura totalmente nova. Tobie Cronje em palco. Cenas da pantomima Branca de Neve. Cortesia de Maxine Denys (Teatro Joburg).TOBIE CRONJEUm homem de muitas facetas UM DIA NA VIDA DO ACTOR SUL-AFRIC ANOTOBIE CRONJEUm homem de muitas facetas

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Em foco > Pai financeiro “Um dia, ela cansou-se das minhas saladas de tofu e azeitonas”, observa Cronje friamente. Mas adoram-se. Mais tarde, Cronje conta como ele e o seu parceiro, o malogrado jornalista William Pretorius, tentaram adoptar a Refilwe quando Philippine, que tinha comeado a trabalhar como sua empregada domstica, comunicou que estava grvida. Cronje e Pretorius foram aconselhados a no o fazer, porque isso poderia criar problemas insolveis no futuro. Soube mais tarde que o pai de Refilwe, que no contribui para o seu sustento, era condutor de autocarros na cidade a norte de Polokwane. “Foi assim que me tornei seu pai financeiro em vez do seu pai adoptivo”, diz Cronje. Samos no carro de Cronje, depois de ter posto o meu no espao do seu atrs da barreira de segurana – o guarda que todo o habitante dos subrbios de Joanesburgo tem de ter hoje em dia no se v em lado nenhum. Cronje tem a sua prpria histria de criminalidade, como todo o sul-africano que se preze: por pouco, o carro de um amigo no era roubado recentemente nos poucos segundos que o guarda passou pelas brasas na sua guarita. Durante o trajecto em hora de ponta, Refilwe confessa o seu sonho: ser piloto, como um amigo que iniciou o curso de quatro anos em Pretria este ano. Da que no esteja muito interessada em ir para a universidade. Entretanto, chegvamos ao velho edifcio acastanhado, depois de percorridos dois ou trs quilmetros, quando a moa se lembrou que tinha esquecido alguma coisa. “ o nico inconveniente de ir para um internato to perto de casa”, diz Cronje. “Ela esquece-se facilmente de alguma coisa, porque sabe que eu lha levarei rapidamente.” Depois disso, regressa a casa para memorizar mais alguns dilogos. Na Binnelanders, no lhe exigem que comece s 7 horas da manh, a sua chamada s est prevista para as 10h30 para trs cenas at s 17 horas. Mas ele comea rapidamente a franzir as sobrancelhas. O problema destas telenovelas, observa Cronje, que os dilogos so muito inconsistentes por terem a colaborao de vrios escritores. Apontou ento algumas inconsistncias aos directores, que no fizeram caso disso dizendo-lhe que ningum notaria. Cronje sente a falta do seu William, falecido h dois anos. Os responsveis do teatro sabiam que, ao contratar Cronje para uma produo, teriam de contratar tambm Pretorius para lhe servir de ponto. Sabia-se que Cronje esquecia facilmente o seu papel. Agora confia em doses saudveis de espirulina e mega3, especialmente quando trabalha num filme, numa pea de teatro e numa telenovela no mesma dia, como aconteceu h trs semanas.> Sector no sindicalizado Cronje partilha o camarim com Hans Strydom, o personagem principal da telenovela. Strydom advogado na vida real e trouxe a profisso consigo para o estdio no centro de Joanesburgo. Est a trabalhar como representante dos actores de teatro da frica do Sul, que so muitssimo explorados no sector no sindicalizado. Cronje disso um exemplo perfeito. Actuou em 20 filmes, mas se s recentemente conseguiu que lhe pagassem, pela primeira vez, direitos de autor de filmes em vez de honorrios pagos uma s vez, deve-o interveno de Strydom. As suas roupas do dia foram penduradas num trlei mvel do camarim. Depois, tempo de pausa na sala dos artistas para caf e bolos. Os pedaos de bolo seco acabam por no ser comidos, porque praticamente j faz parte do cenrio e os actores e as pessoas da produo j se cansaram disso. Na sala dos artistas, h um monitor que anuncia em teleponto quem tem que fazer o qu. “ estranho que esteja tudo em ingls quando se trata de uma telenovela em afrikaans”, diz Cronje. Embora a srie tenha um elenco multirracial e o afrikaans seja falado por milhes de negros, o ingls a lngua veicular na profisso. Cronje chamado para o ensaio da primeira das suas trs cenas do dia. Como Cronje to profissional, o director est satisfeito. Os quatro operadores de cmara so chamados e participam no ensaio. Depois, foi a verdadeira filmagem, aps um nico ensaio. Toda a gente estava contente pensando que o resto eram favas contadas. Todos, excepto Cronje, claro. “Foi uma actuao instantnea”, suspirou. “Ainda tenho que me habituar a isto.” H.P. Tobie Cronje com o prmio Laureate da sua alma mater em 2004. O prmio Laureate o maior prmio que um antigo aluno da Universidade de Pretria pode receber da associao de antigos alunos. TuksAlumni, Universidade de Pretria.Em baixo: Tobie Cronje ( direita). Cortesia de Maxine Denys (Teatro Joburg). 29 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 Palavras-chave Tobie Cronje; frica do Sul; Binnelanders; Teatro; Hans Pienaar.

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30 C omrcio Um agricultor local colhe sorgo produzido com sementes doadas pela Organizao para a Alimentao e a Agricultura, atravs do projecto “Melhorar as Sementes”, Nyala (Sul do Darfur, Sudo), Dezembro de 2006. Naes Unidas MAIS FLEXIBILIDADE, exigem os deputados ACP-UEOs acordos de parceria econmica (APE) devem ser mais flexveis e apoiados por um novo fundo de ajuda ao comrcio. A ajuda europeia no deve, em caso algum, ser condicionada assinatura dos acordos – insistiram os parlamentares da Assembleia Parlamentar Paritria (APP) de frica, Carabas, Pacfico e da Unio Europeia, reunidos em Praga de 4 a 9 de Abril. “ Os progressos nas negociaes dos APE dependem presentemente da vontade da Comisso de oferecer concesses aos Governos e negociadores ACP”, declarou a Co-Presidente da Assembleia, a britnica Glenys Kinnock. “Podemos ser incentivados pelo facto de a Comissria Europeia do Comrcio, Sr Ashton, se ter empenhado a favor de mais flexibilidade nas negociaes.” A resoluo da Assembleia Paritria (cujos co-relatores so o Maliano Assarid Ag Imbarcaouane e o Alemo Jrgen Schrder) reafirma o objectivo de fazer dos APE, que devem alinhar as relaes comerciais entre a Europa e os pases ACP pelas regras da OMC, instrumentos de ajuda ao desenvolvimento. Pede-se Comisso que no force a liberalizao dos sectores mais vulnerveis das economias ACP e UE que no imponha a assinatura dos acordos como condio prvia ajuda ao comrcio e ao desenvolvimento.> Recusa da “condicionalidade” da ajudaResoluo contra qualquer condicionalidade associada aos APE para concesso da ajuda europeia ao comrcio e dos recursos do 10. Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED). A Assembleia exorta a UE a fornecer “recursos suplementares adequados” para acompanhar a execuo dos APE, alm das j previstas pelo FED. Metade dos 2 mil milhes de euros anuais que a UE se comprometeu a disponibilizar a ttulo da ajuda ao comrcio a partir de 2010 deveria servir para financiar os APE, pede-se na resoluo. Este apelo surge na altura em que o Comissrio Europeu do Desenvolvimento, Louis Michel, declarou, em 4 de Abril em Bruxelas, “que no haveria afectao de fundos suplementares”, mas um adiantamento de 3 mil milhes de euros sobre o oramento de ajuda aos pases ACP e 500 milhes destinados a compensar a perda das receitas de exportao dos pases em desenvolvimento (instrumento “FLEX”).> Clusulas controvertidasAlm disso, a Assembleia solicita Comisso que permita a renegociao de “clusulas controvertidas” constantes dos acordos provisrios j rubricados por alguns pases ACP e severamente criticados pelas ONG. Do mesmo modo, a Comisso no deve impor negociaes sobre os servios se os pases ACP no estiverem dispostos a faz-lo, pedem os parlamentares ACP-UE. A liberalizao do comrcio de mercadorias implicaria uma perda anual de 359 milhes de dlares em receitas aduaneiras para os pases africanos. A Costa do Marfim, por exemplo, perderia o equivalente ao seu oramento de sade anual para 500.000 pessoas, segundo um estudo da Universidade britnica de Nottingham, citada no relatrio. M.M.B. Palavras-chave Glenys Kinnock; APP; APE; flexibilidade; Ashton; Marie-Martine Buckens.

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31 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009A frica do Sul hoje considerada por muitos africanos a “Amrica” do continente. As suas empresas altamente eficientes tendem a obter grandes quotas de mercado e a dominar a concorrncia, agindo quase como uma potncia colonial. Por outro lado, a frica do Sul tornou-se a voz da frica na cena internacional, especialmente com um antigo Presidente, Thabo Mbeki, que foi a fora impulsionadora de vrias instituies pan-africanas desde o lanamento da Unio Africana (UA) em 2000. Na frica do Sul, o partido no poder pensa que o Ocidente ainda no v a frica do Sul com bons olhos. Esta dupla personalidade – de ser um pas relativamente “rico” e um campeo de negros pobres – comeou a ser conhecida nas conversaes sobre os APE entre a UE e os Estados ACP. Os APE aceleraram o ritmo de trabalho na parte final de 2007, quando a manuteno do tratamento preferencial dado aos Estados ACP deixou de ser permitida pelas regras da Organizao Mundial do Comrcio (OMC). Por iniciativa da UE, os APE foram propostos ao abrigo do Acordo de Cotonu (2000-2020). Em frica, foram rubricados – no assinados – vrios APE provisrios para evitar aces em justia segundo as regras da OMC. Na frica Austral, nove dos 15 membros da Comunidade de Desenvolvimento da frica Austral (SADC) fizeram-no, ameaando retirar-se da integrao regional, uma das pedras angulares das polticas estrangeiras do “campeo negro” da frica Austral. Ora, como a UE o maior parceiro comercial da frica do Sul desde a era colonial, esta j tem o seu prprio acordo comercial com a UE, que periodicamente renegociado. Em 2007, tambm foi celebrado um Acordo de Parceria Estratgica com a UE, sendo um dos poucos pases a faz-lo. As conversaes sobre um APE para substituir possivelmente o actual acordo frica do SulUE, expirando em 2012, foram retardadas pelas duas partes. Como potencial concorrente da UE no seu prprio territrio africano, a frica do Sul est ansiosa, especialmente no respeitante ao futuro dos seus sectores de servios. No sistema bancrio, por exemplo, os encargos bancrios so muito mais elevados na frica do Sul do que na Europa, pelo que no seria competitivo fora da frica do Sul. A introduo de polticas comerciais exigidas pelo projecto de APE implicaria a eliminao progressiva das pautas aduaneiras. Mas a maior parte dos governos africanos, com as suas estruturas ineficazes de tributao, esto extremamente dependentes dos direitos aduaneiros, ocultos ou declaradamente, como a sua principal fonte de rendimentos. A frica do Sul deseja uma pauta externa comum para toda a regio, administrada por uma Unio Aduaneira da frica Austral (SACU) alargada, que uma das principais pedras basilares e etapas da integrao econmica da frica Austral, que, por sua vez, espera ser um modelo de integrao no resto do continente. Na reunio da troika ministerial em Janeiro de 2009, as duas partes acordaram que a integrao em torno da SACU deveria ser um ponto de referncia importante nas futuras negociaes. Mas a UE registou, depois disso, a sua inteno de obter um APE com o Botsuana, Lesoto, Nambia e Suazilndia (os pases BLNS), mais Angola e Moambique, mas sem a frica do Sul. H.P. A “AM RICA” DA FRICA resiste a um acordo comercial com a UEA “AM RICA” DA FRICA resiste a um acordo comercial com a UEPort Elizabeth (frica do Sul). O jornalista sul-africano, Hans Pienaar, exprime-se sobre o que leva a frica do Sul a resistir a um Acordo de Parceria Econmica (APE) com a Unio Europeia. Comrcio Palavras-chave frica do Sul; SACU; SADC; APE; Thabo Mbeki; Hans Pienaar.

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32 Os grandes perdedores do pacto sobre o clima, que dever ser decidido no prximo ms de Dezembro em Copenhaga no mbito da Conveno das Naes Unidas sobre as alteraes climticas, correm o risco de serem os pases em desenvolvimento, que sofreram imenso com a desregulao do clima anunciada, e provocada em grande parte pelos pases industrializados responsveis pelo aumento dos gases com efeito de estufa (GEE). > Influenciar as negociaes Por duas razes. Por um lado, as solues preconizadas para limitar os GEE so essencialmente instrumentos de mercado geridos por – e frequentemente para – pases industrializados (ler a caixa); por outro lado, a falta de percia – e de peso poltico – dos representantes dos pases do terceiro mundo arrisca de encurtar a influncia sobre as negociaes que se anunciam muito difceis e muito tcnicas e complexas. a estas duas carncias que se ataca a rede das ONG da associao CIDSE (www.cidse.org), que rene 16 agncias catlicas. Entre elas, a agncia alem Misereor est empenhada em encontrar – em parceria com a populao local – mtodos que permitam a estes pases atenuar os efeitos das alteraes climticas e adaptar-se a esses mtodos. Dois conceitos – alvio e adaptao – que sero objecto de rduas negociaes em Copenhaga, onde as partes na Conveno tero de decidir a criao de um fundo especial que N ossa T erra “Uma poltica climtica equitativa a ajuda ao desenvolvimento eficaz”, declarou recentemente Hans Joachim Schellnhuber, Director do Instituto Postdam para a investigao sobre o impacto climtico. A ONG alem Misereor prova-o no terreno e intensifica a sua aco, a menos de seis meses da Cimeira, sobre o clima, o que a levou a descobrir que, o mais das vezes, os pases do Sul tm algo a ensinar aos pases do Norte. Participantes das campanhas da CIDSE e da Caritas Internationalis durante o lanamento da campanha “Clima de Justia” em Poznan, Polnia. CIDSENa pgina 33: Araya Afsaw. Araya AfsawA FAVOR de uma justia climtica A FAVOR de uma justia climtica

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Nossa Terra 33 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009permita aos pases em desenvolvimento tomar as medidas ad hoc. “Tentamos pr disposio dos nossos parceiros os instrumentos necessrios sua participao nas negociaes”, explica Anika Schroeder, responsvel pelo clima e desenvolvimento na Misereor. “Copenhaga apenas o incio do processo. O pessoal de terreno ainda no est preparado para influenciar os seus governos, mas consegui-lopouco a pouco.” nessa perspectiva que a ONG alem tenciona organizar no Malvi uma retransmisso por Internet entre os representantes do Malvi e os negociadores dos pases do Norte, durante a reunio de preparao da Cimeira de Copenhaga que ter lugar em Junho, em Bona (Alemanha). > Aprender com os pases do Sul Mas a ONG actua tambm no terreno. “Organizmos”, prossegue Anika Schroeder, “sesses de trabalho com as populaes locais de trs pases: Mali, Nger e Burquina Faso. Na verdade, estes trs pases subsarianos tiraram ensinamentos muito interessantes das alteraes climticas que eles vivem h mais de dez anos. J esto preparados e mostram que tm a flexibilidade necessria. A adaptao j faz parte das suas vidas. como um laboratrio. Ora, ns tentamos compreender o seu processo de adaptao para podermos alarg-lo ao resto do mundo”. Estas sesses de trabalho sero, sem dvida, seguidas de atelis de inspirao poltica. No prximo ms de Outubro, ser organizado em Niamei, capital do Nger, um grande colquio, onde sero debatidas em profundidade questes relacionadas com as alteraes climticas. “Est previsto convidar cientistas do Norte, do Instituto de Investigao sobre o Impacto do Clima Potsdam (PIK), para verem o que significa a alterao climtica no terreno e no segundo os seus modelos.” Metade dos financiamentos da Misereor afectada a projectos agrcolas. “Ns vemos que as pequenas exploraes agrcolas adaptam-se muito bem s alteraes climticas. O nosso projecto tambm colher e preservar as sementes genunas. Nas Filipinas, por exemplo, h comunidades de camponeses que utilizam umas variedades antigas de arroz e at conseguiram desenvolver novas variedades que resistem, seja seca, seja a uma elevada pluviosidade”, acrescenta Anika Schroeder. > Combater a pobreza A Misereor actua igualmente noutros terrenos que apresentam desafios diferentes, entre outros, na frica do Sul. “ uma economia de emergncia, que apresenta dificuldades mas cria tambm oportunidades”, explica Anika Schroeder, prosseguindo: “J so grandes poluentes, mas ao mesmo tempo subsiste uma pobreza enorme. necessrio lutar nas duas frentes.” J h ONG sul-americanas muito activas no terreno e lutam arduamente para diminuir o teor de carbono das populaes ricas. Nos bairros pobres, a Misereor trabalha com as comunidades confrontadas com riscos dirios, como o aluimento de terrenos. Estes bairros so frequentemente construdos em zonas limites. Com um “credo”: as iniciativas devem vir das populaes envolvidas. A ONG oferece aconselhamento e fornece o financiamento. M.M.B. O BERRO DE ARAYA ASFAWDirector do Centro Ambiental Regional do Corno da frica na Universidade de AdisAbeba, na Etipia, Araya Asfaw pensa que imperativo reexaminar as regras de jogo em Copenhaga para que a frica possa adaptar-se eficazmente s alteraes climticas. Num documento publicado em Maro na Science and Development Network (SDN), o director considera que o Protocolo de Quioto, que rege por enquanto as redues de gases com efeito de estufa entre pases industrializados, travou mesmo o desenvolvimento sustentvel da frica. Araya Asfaw acusa especialmente um dos instrumentos do protocolo, ou seja o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permite aos investidores do Norte financiar projectos no Sul capazes de reduzir as emisses de GEE em troca de “crditos de carbono”. O cientista etope insurge-se contra o prprio princpio do MDL, dado este no permitir o financiamento de novos projectos “limpos”. Por conseguinte, s podem beneficiar os pases que j so grandes poluidores e que devem reduzir as suas emisses poluentes. o caso da frica do Sul, que, s ela, concentra a maior parte dos projectos MDL em frica. A ttulo de exemplo: os Europeus estudam a possibilidade de produzir electricidade solar na frica do Norte, de import-la e lig-la rede. Ora, dado que o MDL no apoia a tecnologia da termia solar, a frica no pode enveredar sozinha por esse caminho. Palavras-chave Misereor; CIDSE; Anika Schroeder; Araya Asfaw; Conveno Clima; Copenhaga; adaptao; Marie-Martine Buckens.

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A Dominica.PAIXO pela natureza e aposta no ser humanoAlguns confundem-na com a Repblica Dominicana. Quando se descobre a Dominica, o que fica logo na memria a sua “beleza selvagem”. E verdadeiramente aquela “ilha da natureza”, como os seus habitantes gostam de design-la. Contudo, a Dominica ainda mais surpreendente, mais cativante do que este atributo, embora lisonjeador. O recente interesse em relao ao turismo verde -lhe favorvel e apesar da crise financeira internacional, enormes navios de cruzeiro fazem a escala todos os dias, em frente s janelas dos hotis beira-mar de Roseau, a capital. Outra curiosidade, esta pequena ilha foi governada durante 15 anos por Eugenia Charles, a 5 Presidente ou Primeira-Ministra eleita do mundo – a primeira do continente americano. Uma reportagem de Hegel Goutier R eportagem 34

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N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 R eportagem 35 Dominica > Beleza selvagem e proteco socialApesar de muitas das paisagens da Dominica serem geralmente acessveis por estradas, a ilha seduz principalmente o novo turismo, atrado pelas caminhadas no seio de uma natureza virgem de uma beleza intacta, pela sua floresta tropical, as suas quedas de gua, os seus rios e as suas curiosidades tais como o “Boiling lake”, ou ainda as suas fontes quentes e sulfurosas que escorrem ou brotam das profundezas geotrmicas. A Dominica a ilha mais montanhosa das Carabas: quase sem plancies, com picos que atingem os 1500 m de altitude. Alia a modernidade proteco da natureza selvagem, inclusive nas cidades. igualmente um pas que, embora baseado numa economia agrcola com todos os seus imprevistos, no conhece uma grande pobreza e beneficia de uma repartio das riquezas relativamente equilibrada, de um nvel de instruo bastante elevado e de uma boa assistncia mdica. A esperana de vida, at bastante elevada, igual para os ricos e para os pobres, sinal de um bom equilbrio social e da preocupao dos seus governos sucessivos em investir no ser humano. O sistema de proteco social e de sade eficaz. A esperana de vida na Dominica – 75 anos, ou seja 14 anos a mais do que a mdia mundial – coloca a ilha numa excelente posio. Contudo, o que faz com que este pas se destaque o nmero bastante elevado de pessoas centenrias, 22 em 2002 para 70.000 habitantes, sendo na altura Ma Pampo a mulher mais velha do mundo, falecida em 2003 com 128 anos; uma das suas vizinhas era 13 anos mais nova. O pas oferece ainda uma certa qualidade de vida, segurana e afabilidade nas relaes humanas. frequente um estrangeiro ser abordado, numa aldeia ou em Roseau, por um Dominicano apenas para lhe desejar as boas-vindas e a conversa alongar-se. A Dominica um pas agrcola. Ao contrrio de outras pequenas ilhas, a populao no est concentrada na capital. Pouco mais de um tero dos habitantes vivem em Roseau ou nos arredores. Embora tenhamos assistido recentemente a um xodo rural, em consequncia dos ciclones que destruram as plantaes – aos quais se acrescem as dificuldades dos produtores de banana (o primeiro produto de exportao) causadas pela eroso das preferncias no mercado da Unio Europeia. > Cultura. Mistura de lnguas, religies, povosSendo igualmente um pas anglfono, a Dominica fala o mesmo crioulo “francs” que os territrios franceses da Amrica, o Haiti. Situa-se entre as ilhas de Guadalupe, a Norte, e de Martinica, a Sul, em pleno centro do arco das Antilhas, prologando-se entre a Florida e a Venezuela. Como em todas as ilhas das Carabas, a Dominica possui uma populao e uma Murais “Massacre” de Earl Etienne, Petros Meaza e Lowell Royer / Massacre, Domnica, 2009. Hegel Goutier Catedral romana catlica, Roseau, Domnica, 2009. Hegel GoutierReportagem

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Reportagem 36 Dominicacultura mestia, apesar da maioria dos seus habitantes terem origens africanas. A ilha uma das poucas ilhas das Carabas insulares a possuir ainda uma minoria amerndia (Caribes), um pouco menos de 2500 para uma populao de cerca de 70.000 habitantes. Mistura entre o francs e o ingls, entre as influncias europeias, africanas e amerndias, s quais se acrescem as dos recm-chegados da regio e da sia; mistura religiosa entre o protestantismo e o catolicismo romano, mais as crenas de frica e da sua populao autctone, sem esquecer uma forte presena do movimento poltico-religioso Rastafri. Seis dominicanos sobre dez so catlicos praticantes e o ensino desta religio forte, tanto no plano moral como no plano poltico. Aquando da visita do Correio, concentraes de grupos de orao em Roseau, por ocasio da Semana Santa, reuniam geralmente, num s local, cerca de duas mil pessoas, um nmero considervel escala do pas. Todos eles animados por predicadores que usam o cenrio, o tom e a veemncia dos seus mediticos congneres dos Estados Unidos e condenam os desvios da moral, tais como os devaneios sensuais do carnaval. O carnaval conhece, no entanto, um grande sucesso todos os anos. Cultura mista!> Uma histria de resistnciaApesar de a Dominica ter sido descoberta por Cristvo Colombo desde Novembro de 1493, apenas um ano aps a sua chegada s Carabas, a ilha s foi ocupada um sculo e meio mais tarde, tendo sido defendida com fervor pelos audazes guerreiros caribenhos, mas tambm graas sua topografia acidentada. No era, alis, assim que se chamavam os ndios caribenhos – a palavra advm de um erro por parte de Cristvo Colombo – mas Kalinago. A primeira chegada do navegador genovs teve lugar no dia 3 de Novembro, um domingo da o nome Domenica dado ilha, que os seus ocupantes honravam com o nome encantador de Waitikubuli (Esguia a ilha/Esguio o seu corpo)* para designar esta ilha surgindo abruptamente do mar. Por volta da segunda metade do sculo XVI, os navios espanhis que navegavam na regio tinham um local de abastecimento na ilha, em Prince Rupert Bay. O local foi tambm utilizado a seguir pelos navegadores franceses, ingleses e holandeses. Em 1569, viviam 30 espanhis e 40 africanos no meio dos ndios Kalinago. Entre os aventureiros ilustres que a encontraram assistncia, encontram-se Sir Francis Drake, Georges Clifford Earl of Cumberland e o Prncipe Rupert do Reno.Alguns flibusteiros franceses instalar-se-o na ilha muito mais tarde, seguidos pelos ingleses e os holandeses cada vez mais numerosos. Em 1625, os Kalinago iniciaram uma guerra defensiva contra os ocupantes. Contudo, tiveram de se retirar devido sua inferioridade numrica e falta de munies. Passariam doravante a arbitrar os conflitos intercoloniais, encontrando-se entre os ltimos da regio a serem colonizados. Em 1627, o ingls Earl of Carlisle declara a soberania do seu pas sobre vrias ilhas situadas volta da Dominica. Os franceses fizeram o mesmo. Relativamente Dominica, os dados apenas foram lanados em 1805, data em que a Inglaterra venceu, aps a destruio completa de Roseau pelos franceses. Nesse espao de tempo, os Kalinago jogaram frequentemente um contra o outro. A colonizao inglesa, aps a Primeira Guerra Mundial, ir conceder cada vez mais liberdade de autogesto ilha, doravante habilitada a eleger os seus representantes locais. A Dominica passa a um sistema de autonomia em 1967, no quadro do Estado Associado das Carabas (West Indies Associate State) e torna-se independente em 3 de Novembro de 1978, sendo Patrick John, do Dominica Labor Party, nomeado PrimeiroMinistro. Este demitir-sealguns meses mais tarde, devido a alegados actos de corrupo. Ao mesmo tempo, a ilha foi devastada por um furaco. Em Junho de 1980, Eugenia Charles venceu as eleies, como cabea-de-lista do Dominica Freedom Party (DFP).Vencer mais duas eleies gerais, permanecendo 15 anos no poder. Resistiu a duas tentativas de golpe de Estado, apoiou enquanto Presidente da OECS (Organisation of Eastern Caribbean States) a invaso americana de Granada em 1983 e ficou conhecida como a Dama de Ferro das Carabas. Embora permanecendo membro da Commonwealth britnica, o novo Estado optou em 1989 por um sistema republicano e o seu chefe de Estado um presidente dotado de um poder protocolar, sendo o Primeiro-Ministro o chefe do governo. Presentemente, o pas dirigido por um jovem Primeiro-Ministro, membro do Dominica Labor Party, Roosevelt Skerrit, o qual subiu ao poder em 2004 com 31 anos. * Tall is her body. ESTRATGIA GOVERNAMENTAL: ESTRATGIA GOVERNAMENTAL:manter o crescimento enquanto se aguardam ventos favorveis Palavras-chave Hegel Goutier; Dominica; Carabas; Caribe; Kalinago; Waitikubuli; Sir Francis Drake; Georges Clifford Earl of Cumberland; Prncipe Rupert do Reno; Earl of Carlisle; Patrick John; Dame Eugenia Charles; OECS; Edison James; Roosevelt (Rosie) Douglas; Roosevelt Skerrit; Dominica Labor Party; Dominica Freedom Party; United Worker Party. Portsmouth, Domnica, 2009. Hegel Goutier

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37 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009Como que a Domnica est a enfrentar a actual crise econmica mundial, a seguir ao seu prprio perodo de turbulncia da economia h alguns anos? A nossa economia passou por algumas dificuldades, mas o governo adoptou medidas fortes. Recebeu assistncia da comunidade de doadores, da Unio Europeia (UE) e do Fundo Monetrio Internacional (FMI). Em 2004-2005 comemos a assistir a algum crescimento da economia. Tal como o resto do mundo, e especialmente no caso das pequenas economias abertas, somos afectados pelo que acontece nos grandes pases. A nossa economia est muito ligada dos EUA e da Europa, porque muitos dos nossos cidados emigraram para esses pases e enviam remessas para as famlias. Se o seu emprego nesses pases for afectado, as remessas tambm o sero. Estamos igualmente preocupados com a actual insegurana no mercado do petrleo. O Governo indicou que continuar a dinamizar o crescimento econmico e procurou utilizar o programa governamental de investimentos para estimular a actividade no pas. Est a impulsionar a execuo de uma srie de projectos rodovirios e habitacionais, quer directamente quer facilitando o seu financiamento de modo menos oneroso. Est a fazer investimentos na agricul-ESTRATGIA GOVERNAMENTAL: ESTRATGIA GOVERNAMENTAL:manter o crescimento enquanto se aguardam ventos favorveisDominica Reportagem Entrevista com Rosamund Edwards, Secretrio para os Assuntos Financeiros do Primeiro-Ministro de Domnica, Roosevelt Skerrit. Roosevelt Skerrit, primeiro-ministro da Domnica, sada crianas, 2009. Hegel Goutier

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Na sua opinio, a Dominica identifica-se verdadeiramente como um pas tranquilo. Quando surgia um factor destabilizador, como por exemplo um crime, toda a gente se reunia e punha-se a reflectir. Os Dominicanos esto cientes de que esta placidez deve ser preciosamente conservada. Nesta sociedade, toda a gente se conhece. Pode ir viver para outro stio, nada muda, no local para onde vai, no ser um nmero. Pode passear-se em qualquer lugar, sentir-seseguro. Alm do mais, esta solidariedade ultrapassa as barreiras de classes sociais. O Dr. Severin d o exemplo de um quadro superior que perde o emprego, pessoas modestas vo oferecer-lhe algo, um cesto de fruta, um servio qualquer. Esta situao reconfortante mas “fragiliza-nos”, sublinha ainda, porque provoca uma angstia: o receio de que esta desaparea, ameaada pela modernidade, as cadeias de televiso americanas que emitem 24 horas por dia, os satlites, os valores importados, alis, pelos emigrantes, etc. Para Sverin, este relacionamento humano reconfortante esconde uma cilada. O sistema poltico do pas baseia-se na democracia tal como esta se desenvolveu em Westminster e respeitada. Contudo, o hbito de vir em socorro cria um sentimento de reconhecimento em relao pessoa “que fez algo por mim”. Esta gratido, por exemplo, em relao a um ministro que fez com que uma estrada fosse construda perto da minha aldeia, um sentimento perverso. As pessoas no poder, pelo seu lado, consideram este reconhecimento como algo que devido. Assim, os que ganham ficam ressentidos com aqueles que no os apoiaram e aquele que perde, perde tudo. Isto leva a que muitos polticos passem de um partido para outro para se juntarem aos vencedores, embora tenham feito campanha em nome de outro programa. H.G. tura e nas pescas que iro, esperamos, aumentar a nossa produo interna, a fim de minimizar os efeitos da crise. Estamos igualmente a ver como melhorar as exportaes, especialmente na regio, devido aos investimentos que fizemos na agricultura. Estamos a negociar com as grandes empresas de cruzeiros e pensamos que poder haver na prxima poca um aumento de 40 por cento das visitas de turistas de cruzeiros. A oposio diz que no so aplicados recursos suficientes na agricultura. O investimento na agricultura num local como a Domnica pode nunca chegar, porque a Domnica largamente um pas agrcola e, de facto, a maior parte da regio, especialmente Antgua, So Cristvo, So Martinho e as Ilhas Virgens Britnicas e Americanas, procuram bens alimentares da Domnica. Neste sentido h sempre lugar para mais investimentos. O Governo continuar a fazer esses investimentos, mas s possvel investir se houver recursos disponveis. Em 2007, o furaco Dean atingiu a nossa agricultura, especialmente as bananas. O Governo teve de reinvestir na agricultura e em vez de acrescentarmos valor substitumos apenas o que tnhamos perdido. Depois, em 2008, o furaco Omar afectou a nossa indstria da pesca. O Governo teve de fazer um investimento de perto de 5 milhes de dlares americanos nas pescas. O que h sobre medidas tomadas a nvel regional, atravs da CARICOM, para combater a crise? Os problemas da Comunidade das Carabas (CARICOM) so tratados por diversos ministrios: Comrcio, Negcios Estrangeiros e Assuntos da CARICOM. Tenho a certeza de que a CARICOM e os Chefes de Governo esto a tentar adoptar posies comuns sobre determinadas questes. Trabalham em conjunto, por exemplo, para resolver problemas financeiros, como o que surgiu na sequncia da instabilidade no sector dos seguros. E os governos da Organizao dos Estados das Carabas Orientais (OECO) e de Barbados e de Trindade e Tobago colaboraram muito de perto num esforo para resolver o assunto. Por isso no posso dizer que a CARICOM no esteja a fazer o suficiente. A actual estratgia de desenvolvimento do Governo manter-sequando acabar a crise econmica mundial? A agricultura far sempre parte da Domnica. Provavelmente no ser como nos anos 70, mas continuar a ser um sector importante. Estamos a centrar-nos no turismo e a investir no melhoramento do nosso aeroporto, para podermos receber mais visitantes e facilitar o acesso dos Dominicanos, sobretudo dos que residem no exterior. O turismo continuar a ser um sector importante. O Governo articulou os seus interesses no sector offshore. Demos igualmente ateno ao desenvolvimento das tecnologias da informao e comunicao. Mas no futuro imediato temos de pensar naquilo que permitir manter o pas tona, apesar do que est a acontecer. Espera-se que o Governo prossiga com mais programas de investimento do sector pblico mais rapidamente do que no passado, porque importante combater o crescimento lento. H.G. PSICOLOGIA Francis O. Severin, Director da Open Campus de Dominica, pertencente pancaribenha University of West Indies (UWI), conhecido por saber interpretar a psicologia ntima da Dominica e dos Dominicanos. Aqui fica registado. Reportagem Dominica38 Palavras-chave Hegel Goutier; Rosamund Edwards; Roosevelt Skerrit; Domnica; CARICOM; OECO. Palavras-chave Hegel Goutier; Dominica; Francis O Severin; Open Campus de Dominica, pertencente pancaribenha University of West Indies (UWI).

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Reportagem 39 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009DominicaFez acusaes ao governo de m governao. As eleies de 2005 tiveram imensas irregularidades e existe igualmente a questo da grande corrupo na classe dirigente: fraude fiscal e aquisio de bens e uma srie de questes a colocar nossa nova Comisso de Integridade, mas que no pode, de acordo com a lei, debruar-se sobre as irregularidades que ocorreram no passado – uma questo de retroactividade. Cabe ao Primeiro-Ministro esclarecer as questes e prestar informaes num esprito de responsabilidade. A segunda questo a economia. Existe uma crise internacional, mas como no estamos ligados muito profundamente ao sistema financeiro internacional essa crise ainda no atingiu a Domnica. No entanto, nos ltimos quatro a cinco anos atravessmos um perodo econmico extremamente sombrio – perda de postos de trabalho, perda de rendimento, impostos elevados e falta de qualquer investimento produtivo na agricultura, o nosso sector principal, e no turismo, o segundo sector – para permitir que as pessoas tenham uma vida capaz. Possumos vantagens naturais importantes, mas por qualquer razo no conseguimos capitaliz-las. Voltemos questo das irregularidades eleitorais. Ao longo da nossa histria poltica contempornea, desde 1960, tem havido irregularidades, mas as eleies de 5 de Maio de 2005 foram as mais corruptas da histria da Domnica. Recorreu-se largamente a dinheiro para comprar votos. H casos de cidados dominicanos que vivem no estrangeiro a quem foram oferecidos bilhetes para virem votar, o que contraria a lei. Parece que houve um nmero elevado de votantes em comparao com a populao. Na lista de votantes havia 68.000 pessoas, quando sabemos que 20.000 no tinham 18 anos e por isso, por lei, no podem votar. No momento da eleio a populao situava-se entre 60.00065.000 pessoas, portanto a lista de votantes devia ter cerca de 48.000 pessoas. O Governo diz que existe uma recuperao econmica. Bem, isso o que diz. A migrao um indicador de pessimismo econmico. A nossa populao est prxima das 60.000 pessoas, quando se estima que eram 90.000 (h dez anos), o que significa que se verificou uma migrao em massa dos nossos cidados para Antgua e outros locais dentro e fora da regio que partiram em busca de melhores oportunidades. O que que est mal no modo como o pas governado? Pedimos cartes de identidade e que a lista de votantes seja limpa. A nossa lei diz que um cidado dominicano deve ter visitado o seu pas nos ltimos cinco anos para poder votar. Devem tambm ser solicitados observadores internacionais. Pensamos igualmente que os partidos da oposio devem ter acesso equitativo e razovel aos meios de comunicao do Estado (Servios de Radiodifuso da Domnica e Servios de Informao do Governo). Se ganhar as prximas eleies, o que que far de diferente? Pensamos que as vantagens naturais da Domnica so to extraordinrias que o ttulo de “Ilha da Natureza” devia ser plenamente valorizado. Em segundo lugar temos a questo da integridade: precisamos de uma democracia aberta e transparente e de reforar o nosso sistema de governao local. Temos o melhor sistema de governao local da regio, mas foi sufocado. H.G. A OPOSIO exigeum governo mais transparenteRon Green o chefe do principal partido da oposio da Domnica, o Partido Unificado dos Trabalhadores, que conseguiu eleger oito deputados nas eleies de 5 de Maio de 2005. GeneralidadesPopulao Taxa de crescimento anual da populao (%) Superfcie Capital Lngua ndice de desenvolvimento humano para 2007/08 classificao Taxa de alfabetizao dos adultos (% idades: 15 anos e mais) PIB per capita: 2005 (euros) Populao com acesso gua potvel (%) Populao urbana (% do total) em 2005 Taxa de fertilidade (partos por mulher) em 2005 Taxa de mortalidade infantil por 1000 nados vivos em 2005 Despesa pblica com a sade (% do PIB) em 2005 Despesa pblica com a educao (% do PIB) em 2005Financiamento da UE* (atribudo (em milhes de euros)10. Programa Indicativo Nacional do FED (2008-13) Quadro especial de assistncia (QEA) (1999-2007)Fontes: PNUD, * Comisso da UE, ** Governo da Domnica. Domnica 72000 (2005)** 0.9 (1975-2003) 754 km Roseau Ingls, francs crioulo 71 88 4,684 97 (2004) 72.9 No disponvel 13 4.2 5 5.70 52.5Granada 105000 (2004) 0.4 (1975-2005) 344 km Saint George’s Ingls 82 96 5,748 95 (2004) 30.6 2.4 21 5 5.2 6.00 5.5Domnica e Granada em nmeros Palavras-chave Hegel Goutier; Ron Green; Domnica; PUT; migrao; SRD.

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ReportagemDominica Na reviso intercalar do 9. Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED 2000-2007), a Comisso Europeia atribuiu um aumento de recursos significativo Domnica sob a forma de apoio oramental, que oferece ao pas beneficirio a maior flexibilidade possvel. Este “apoio oramental geral” prossegue no 10. FED (20082013), sendo afectados para este efeito 4,56 milhes de euros do total do Programa Indicativo Nacional (PIN) para a Domnica, no valor de 5,7 milhes de euros. O restante dividido em duas partes iguais de 570.000 euros: uma para assistncia tcnica para o Coordenador Nacional (o representante do Governo responsvel pela cooperao com a UE) e a outra para a Facilidade de Cooperao Tcnica (FCT), grande parte da qual se destina a projectos da sociedade civil. Para alm do FED, a Domnica tambm beneficiou do Quadro Especial de Assistncia (QEA) para os produtores tradicionais de bananas do ACP. O pas utilizou estes recursos (52,5 milhes de euros para o perodo 1999-2008) nomeadamente para melhorar a competitividade do sector da banana e para a diversificao da economia. Vinte e cinco por cento das contribuies do QEA destinaram-se diversificao dos sectores da banana e da agricultura, 33% para o sector privado, TIC e turismo, 8,5% para actividades sociais, 8% para os transportes e 14% para o abastecimento de gua e esgotos. Entre 1994 e 1999 foram garantidos 43 milhes de euros em fundos STABEX, tendo o montante restante ido para apoio oramental (2,8 milhes de euros) e para o Programa Nacional de Posse e Administrao de Terras. Outro apoio financeiro no quadro da cooperao entre frica, Carabas e Pacfico e a Unio Europeia inclui emprstimos do Banco Europeu de Investimento (BEI), do Centro de Desenvolvimento Empresarial e do Programa Proinvest. A Domnica beneficia igualmente do programa regional do FED para ajudar integrao das Carabas. Entre os grandes projectos a financiar no mbito do 10. FED incluem-se: a criao ou recuperao de vrias instalaes agrcolas para aumentar as exportaes de bananas e de outras colheitas, vrios sistemas de irrigao externos explorao e um grande programa para recuperar e manter as estradas rurais. Um projecto de alargamento do Aeroporto de Melville Hall inclui: uma nova pista, novos trios de chegadas e partidas e uma nova torre de controlo, bem como melhor equipamento tcnico para permitir o acolhimento de avies maiores e aterragens nocturnas. A fim de contribuir para o excelente crescimento da indstria do turismo a que o pas assistiu nos ltimos dois anos, o Programa nacional de percursos pedestres Waitukubuli pretende fazer da Domnica um destino principal em termos de ecoturismo. Actividades de sondagem por perfurao ajudaro a avaliar todo o potencial de produo de energia geotrmica na Domnica. Est a ser executada uma vasta gama de projectos destinados aos mais desfavorecidos da sociedade dominicana atravs do Fundo de Investimento Social (FIS), com 4 milhes de euros provenientes do Quadro Especial de Assistncia da CE para compensar o impacto da descida das exportaes de bananas. Os mais idosos, as crianas e os jovens em risco, os jovens que abandonaram o sistema escolar, as mulheres, a comunidade dos caribes e as pessoas com deficincias fsicas e mentais beneficiaram todos da assistncia do FIS, bem como os pescadores e outras pessoas afectadas pelos recentes furaces. Outros projectos interessantes, embora com oramentos mais reduzidos, so a formao em sistemas de burtica para cegos e deficientes visuais, um projecto de gesto de resduos slidos e uma “porta de acesso empresarial” para incentivar o arranque de empresas. Quase todos os projectos financiados pela UE esto actualmente a avanar conforme previsto. A Domnica beneficiar igualmente dos programas de integrao a nvel das Carabas. Est reservado um montante de 165 milhes de euros no quadro do 10. FED para a integrao regional das Carabas e para a implementao do novo Acordo de Parceria Econmica (APE)*, assinado em 15 de Outubro de 2008. H.G. * Os membros do CARIFORUM que assinaram o APE foram: Antgua e Barbuda, Baamas, Barbados, Belize, Domnica, Repblica Dominicana, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lcia, So Vicente e Granadinas, So Cristvo e Nevis, Suriname e Trindade e Tobago. Depois da grave crise econmica que afectou a Domnica no final dos anos 90, sucessivos governos tm-se esforado consideravelmente para assegurar uma base slida da governao econmica e poltica. Estes esforos foram de tal modo apreciados, salienta o Embaixador Valeriano Diaz, Chefe da Delegao da Comisso Europeia para os Barbados e as Carabas Orientais, que a Domnica beneficiou de um aumento importante do oramento. 40 Ajuda da UE: BOA GOVE RNAOAjuda da UE: uma recompensa para a BOA GOVE RNAO Palavras-chaveHegel Goutier; Valeriano Diaz; FED; Aeroporto de Melville Hall; percursos pedestres nacionais Waitukubuli; Domnica. Aeroporto de Melville Hall, Domnica, 2009. Hegel Goutier

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O projecto financiado pelo governo da Dominica e a Unio Europeia (,9M), em colaborao com o Conselho Regional da Martinica. Vrios troos da pista, que ter uma distncia de 184 km (115 milhas), j esto praticveis. Grande parte da pista j existia, tendo sido traada no passado pela comunidade indgena da Dominica. O “Trail Project” efectuar a ligao dos diversos troos. Uma boa parte da obra j est concluda. Muitos turistas j visitam a ilha para os percorrer. Contudo, para os mais apressados, existe um meio de descobrir a maioria destas maravilhas de carro ou efectuando uma pequena caminhada. Um dia suficiente. Claro, no chega para visitar as fumarolas e os vapores do “Boiling Lake” ou as altitudes vulcnicas, tendo em conta que a partir da estrada, so precisas longas horas de caminhada ida e volta. Nada que no se faa. No que toca a Roseau, a capital uma pequena jia, fora do tempo com as suas casas gingerbread ou o seu bairro francs envelhecidos, as suas ruas estreitas e ngremes, todos eles locais propcios para o passeio e a desenvoltura. E ainda a exuberncia dos seus macios florais, bougainvlleas, estrelcias, poinstias, hibiscos, em frente a cada varandinha, cada balastre! A floresta tropical comea s portas da cidade. Podemo-nos aventurar na floresta, mas a tentao em seguir a imensa estrada que ladeia a costa Oeste forte. Dirigimo-nos para Este, passando em Canefield, onde podemos visitar o magnfico Old Mill Cultural Center, que ao mesmo tempo museu da indstria da cana, museu de arte contempornea e centro cultural polivalente, com biblioteca, palcos de teatro e de concerto. Sem esquecer o prazer de deambular pelos ptios impregnados de fragrncias cativantes. Um pouco mais adiante: massacre, aldeia histrica, palco no incio do perodo colonial de uma cena shakespeariana, opondo dois filhos de um governador, um deles mestio branco-ndio que ser massacrado juntamente com os seus apoiantes pelo seu meio-irmo europeu. Um fresco mural de Earl Etienne comemora esta pgina da histria, ao que tudo indica tornada lenda. D-nos a conhecer um pouco da arte do artista pintor mais famoso da ilha.> A face do leo Os amantes de jogos faro uma paragem em Mahau, a cidade conhecida como a cidade que nunca dorme. A seguir, no podemos falhar a Boca do leo, “lion djel” em crioulo anglicizado, enorme rocha qual tiveram de cortar um bocado para construir a estrada. Como cidade, imprescindvel ver Portsmouth, magnfica de nostalgia e de romantismo, situada a alguns N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 41 Reportagem DominicaDESCOBERTATodas as belezas de um pas que dever visitar a pDESCOBERTATodas as belezas de um pas que dever visitar a p “O meu projecto este, a Dominica, e sensual para a sua revista.” E colocar um mapa da ilha na parede tal como est organizada para desenhar circuitos que ligam e evidenciam as riquezas e maravilhas da natureza, bem como os stios de alto interesse histrico e cultural do pas. Yvanette Baron-George a responsvel pelo projecto do Waitukubuli National Trail Project, implementado por uma ONG local e destinado a construir um circuito pedestre serpenteando pela ilha, atravessando-a de norte a sul e de uma ponta outra, permitindo igualmente descobrir as maravilhas da natureza, bem como os stios de alto interesse histrico e cultural do pas. Emerald Fall, 2009. Hegel GoutierIntroduo: Yvanette Baron-George gestora do projecto “Waitukubuli National Trail”, 2009. Hegel Goutier

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UM GRANDE PINTOR : EARL ETIENNEEarl Etienne um dos artistas dominicanos cujas obras so das mais expostas no estrangeiro. No seu pas uma referncia. Dirigiu o Old Mill Cultural Center em Canefield, situado entrada de Roseau, o centro de arte mais activo do pas. A paleta de Earl Etienne muito variada. Apesar de se inscrever num movimento mais internacional, mais prximo da abstraco do que da figurao, as obras de Earl Etienne, mesmo monocromas como as suas gravuras ao maarico, escondem um calor, uma fornalha interior. A sua criatividade tambm efervescente; o artista trabalha com qualquer suporte, utiliza todos os materiais e vrias tcnicas conhecidas da pintura e da gravura, mais aquelas por ele inventadas e que inventa todos os dias. Mas mais do que esta inventividade que diramos tcnica, a da sua inspirao e do seu toque que fascina.QUANDO UM HISTOR IADOR EMRITO SE TORNA CONSTRUTOR Um historiador emrito que pe as mos obra, como construtor, arquitecto, arteso para levar a cabo o restauro fiel ao original de um patrimnio histrico em runas, com um oramento bastante reduzido. o retrato de Lennox Honychurch, doutor em Antropologia pela Universidade de Oxford, autor, jornalista, historiador, apresentador de rdio e de televiso, conservador de arte e artista. Tratava-se do Forte Shirley, construdo na segunda metade do sculo XVIII. A associao reunida volta de Honychurch tinha iniciado pequenas obras, j h mais de vinte anos com escassos recursos. A seleco do projecto para financiamento pelo European Union Ecotourism Development Fund, financiado pela UE, foi, em 2006, o verdadeiro ponto de partida da obra. Lennox Honychurch comeou por efectuar pesquisas sobre o forte em Inglaterra, na medida em que todos os documentos teis estavam guardados no Public Records Office, no National Archives. O restauro foi to perfeito que a UE decidiu atribuir-lhe mais fundos. No total, 1 milho de dlares do leste das Carabas (um pouco menos de 300.000 euros). Com este montante, foi realizado um trabalho de tit: o restauro completo do forte e da maioria dos anexos, o equipamento de base para que o centro possa comear a funcionar. O governo pretende financiar o centro para a ecologia e o ambiente e o patrimnio natural da Dominica e de toda a regio, destinado a jovens tal como a associao de Honychurch o tinha sonhado. Ver http://www.lennoxhonychurch.com Dominica metros de Prince Rupert Bay, em direco a sul, com a sua magnfica praia de areia fina. Mas em particular, perto de Portsmouth, deixe-se seduzir pelo isolamento total de um passeio de duas horas em barco no Indian River, um dos locais de filmagem do “Piratas das Carabas”. Indescritvel, esta deriva numa gua parada, num silncio fechado pelas folhagens dos mangais gigantes e outras plantas aquticas. Onde podemos ouvir a nota mais subtil do canto de um pssaro com toda a clareza. Ao descer novamente em direco costa oeste, atravessamos o Carib Territory, onde podemos descobrir uma cultura amerndia ainda activa, conversar com o seu chefe, Charles Williams*, tomar um copo na sua penso residencial e comprar um bonito objecto de artesanato. Passamos pela Floresta tropical, classificada patrimnio da Humanidade para apreciar a maravilhosa Emerald Fall. J nica no mundo. E ainda ficar muito para descobrir da ilha. H.G. * Entre os projectos financiados pela CE em prol da sua comunidade, constam escolas, centros comunitrios, peixarias e uma padaria.Reportagem 42 Palavras-chave Yvanette Baron George; Dominica; Hegel Goutier; Waitukubuli National Trail Project; cultura; histria. Rio indiano, represa, 2009. Hegel Goutier

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43 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009O mais pequeno pas independente do hemisfrio ocidental extravasa de vida. A sul do arco das Carabas e exactamente ao norte da Trindade e da Venezuela, Granada um conjunto de trs ilhas: Granada, Carriacou e Pequena Martinica. Cada uma delas nica e tem encantos especficos. Saint-Georges, capital do pas e da maior ilha, Granada, caracteriza-se por uma modernidade de dimenso humana e uma das cidades mais bonitas e mais elegantes das Carabas, aninhada em redor de uma baa de uma beleza excepcional, com portos e marinas de sonho que convidam ao passeio por todos os seus recantos, sobretudo ao cair da noite.> A Tempestade de ShakespeareO pas habitado por uma maioria de descendentes de africanos e em menor nmero de descendentes dos seus primeiros habitantes, aruaques e sobretudo caribes, mais umas pequenas comunidades de descendentes de antigos colonos europeus ou de trabalhadores vindos da ndia no sculo XIX. Como todas as ilhas das Carabas habitadas pelos caribes (Kalinago), a colonizao foi tardia. Porque os guerreiros caribes eram ferozes, mas tambm porque criaram uma fama que aterrorizava os colonos. Calib, na “Tempestade” de Shakespeare, escravo e filho de uma bruxa, testemunha entre muitas outras referncias a surpresa que a fama destes guerreiros provocava. Cristvo Colombo abordou a ilha na sua terceira viagem Amrica, em 1498, mas verdadeiramente s em 1650 esta foi ocupada pela primeira vez pelos franceses. Portanto, em 1498 Granada era habitada essencialmente por caribes. Os espanhis no puderam instalar-se l e as tentativas dos ingleses tambm no surtiram efeito. A “Compagnie des Iles d'Amrique” do Cardeal Richelieu, por intermdio do seu representante na Martinica, Jacques Dyel du Parquet, tenta apoderar-se de Granada desde 1636. Depois da falncia da Companhia em 1649, Du Parquet “compra” estas duas ilhas e lana nelas os seus soldados, que depois de inmeras disputas acabam por vencer os guerreiros caribes, cujos ltimos sobreviventes se atiram ao mar para no se renderem.> Pingue-pongue entre franceses e ingleses A ilha passou a seguir por um pingue-pongue entre ingleses e franceses at ao Tratado de Versalhes de 1783, que a atribuiu definitivamente Inglaterra. Inicialmente era uma colnia produtora de acar, mas no final do sculo XVIII conheceu uma diversificao com a introduo da nozmoscada, sendo ainda hoje, juntamente com a Indonsia e a ndia, os trs produtores quase exclusivos. Tornou-se assim numa ilha de especiarias. A escravatura foi abolida na ilha em 1834. Aps diversos regimes de administrao colonial, em Maro de 1967 obteve uma autonomia completa no quadro do “Associated Statehood Act”, antes da independncia oficial em Granada Granada SurpreendenteSurpresa. Mesmo quando se est espera da beleza e da convivialidade habituais das ilhas das Carabas, ficamos surpreendidos com Granada. As pessoas mais velhas, que ainda tm na memria a imagem de 1983 de uma ilha sob ocupao americana depois de alguma degenerao poltica, tambm ficaro surpreendidas com a normalidade democrtica do pas. Uma surpresa igualmente para os que foram afectados h cerca de quatro anos pela devastao dos ciclones e que vm encontrar um pas largamente reconstrudo e para melhor, onde a palavra de ordem foi “Build back, Build better”. At quando continuar esta falta de paixo por Granada que no se consegue explicar? Reportagem Granada Noz-moscada, 2009. Reporters.be/LAIF

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ReportagemGranada1974. Mas continuou na Commonwealth e mantm como Chefe de Estado o monarca britnico. > Traumatismo e romantismoO seu primeiro Chefe de Governo, Sir Eric Gairy, viria a ser derrubado cinco anos mais tarde, em Maro de 1979, por um golpe de Estado dirigido por Maurice Bishop, inspirado num marxismo-leninismo tropical. Foi o incio de um grande traumatismo, porque Bishop, que tinha acabado por ganhar a simpatia de uma boa parte da populao, graas nomeadamente aos seus programas sociais, acabou por ser derrubado por uma faco radical do seu partido dirigida por Bernard Coard e seria assassinado em 19 de Outubro de 1983 com oito dos seus ministros e partidrios. Seguiu-se, alguns dias mais tarde, a invaso das tropas americanas, com a bno da Organizao dos Estados das Carabas Orientais (OECO), na sequncia da qual foram condenados morte dezassete suspeitos. Esta pena de morte foi depois comutada. Os prisioneiros foram libertados recentemente. Bishop continua a ser um smbolo e uma espcie de heri romntico. Mesmo os seus piores adversrios lhe prestam homenagem pelas suas realizaes sociais e pela modernizao das infra-estruturas do pas, embora condenem as restries das liberdades individuais impostas pelo seu regime. esta, por exemplo, a posio que Georges Brizan, antigo PrimeiroMinistro e antigo Co-Presidente da Assembleia Parlamentar Paritria ACP – Unio Europeia explicou ao Correio. As eleies de Dezembro de 1984 restabeleceram a ordem constitucional no quadro do sistema bipartidrio tradicional, como em Westminster. O partido actualmente no poder desde as ltimas eleies de Julho de 2008 o Partido Democrtico Nacional, estando frente do Governo o PrimeiroMinistro Tillman Thomas. H.G. 44 Palavras-chave Hegel Goutier; Granada; Carriacou; Pequena Martinica; Carabas; aruaques; Eric Gairy; Maurice Bishop; Georges Brizan; Tillman Thomas. Catedral de Saint George’s, Granada, 2009. Joyce van Genderen-NaarMoldura de um avio cubano destrudo durante a invaso americana. Antigo aeroporto de Granada, 2009. Hegel Goutier

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Reportagem O novo Primeiro-Ministro de Granada ocupa o cargo h um ano (foi eleito em 9 de Julho de 2008), depois de o seu partido, o Congresso Democrtico Nacional (NDC), derrotar o governo anterior de Keith Mitchell, que esteve no poder durante 13 anos. 45 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 Granadaos ovos num s cesto” “Nao se deve colocar todos os ovos num s cesto”Entrevista com o Primeiro-Ministro de Granada, Tillman Thomas Em que que o governo do NDC diferente? Na nossa abordagem da governao: acreditamos no respeito da independncia das instituies. As foras policiais esto mais bem organizadas, so mais independentes e operam de modo mais eficaz. Defendemos que os funcionrios pblicos devem ser promovidos por mrito e no pela filiao poltica. A administrao anterior teve uma srie de questes litigiosas com os meios de comunicao social. A nossa abordagem da comunicao social diferente e a nossa abordagem da governao uma parceria com outros grupos de interesses da sociedade. Qual a sua estratgia de desenvolvimento para Granada? Temos grandes potencialidades na agricultura e so possveis grandes avanos na transformao dos produtos agrcolas. Temos noz-moscada, uma fbrica de chocolate e uma indstria cervejeira. So pequenas, mas podem expandirse. Temos grandes potencialidades nas pescas – peixe fumado e transformado – e estamos procura de novos mercados. Queremos desenvolver o turismo comunitrio e cultural para alm do mar e do sol. Por exemplo, o projecto “Sexta-feira de Peixe” em Gouyave (uma “fritada” de peixe semanal). A formao essencial para os nossos jovens, para poderem contribuir para o desenvolvimento nacional com diplomas profissionais de electricistas, pedreiros e canalizadores e para a indstria hoteleira. E quanto ao desenvolvimento da segurana social? Gostaramos que existisse um enquadramento jurdico na regio tanto para a segurana social como para as operaes empresariais. Assim, se algum se deslocasse de Granada para Santa Lcia ou So Vicente, continuaria a ser beneficirio (da segurana social). dada demasiada nfase ao turismo? Precisamos de uma abordagem equilibrada. O sector agrcola o sector mais sustentvel a longo prazo: para fazer com que as nossas comunidades rurais se envolvam em actividades empresariais e indstrias artesanais e consigam novos mercados para os nossos produtos. No devemos colocar todos os ovos no mesmo cesto. Acha que existe um abrandamento do ritmo da integrao da CARICOM em comparao com o ritmo de h duas dcadas? O entusiasmo e a energia iniciais j no existem. Apoiamos firmemente a iniciativa de criar um espao econmico entre Trindade e Tobago e a Organizao dos Estados das Carabas Orientais (OECO)*. Port-of-Spain a capital financeira das Carabas Meridionais, por isso penso que existem potencialidades para a integrao entre Trindade e Tobago e a OECO. Se olharmos para o que est a acontecer com a crise financeira, precisamos de ter um enquadramento regional para as empresas que operam na regio. Devido inexistncia desse movimento de integrao existe uma “abertura” para a discriminao. Precisamos de olhar atentamente para a CARICOM e decidir para onde queremos ir. A regio deve negociar como um bloco com as organizaes internacionais e no devia haver um pas a estabelecer relaes com a China e outro com Taiwan. Podamos ter uma autoridade jurdica supranacional na regio e um sistema parlamentar regional. Mas as economias de menor dimenso no sero absorvidas pela Trindade? Trindade pode ser um pas de maior dimenso, mas o nosso produto turstico muito diferente. A estrutura econmica de Granada e o sistema de propriedade fundiria que temos aqui, em que as pessoas possuem terrenos em todo o pas: no penso que haveria qualquer movimento de migrao de massas se decidssemos unir-nos. Pensa-se sempre que as pessoas querem ir para um pas maior, mas no penso que seja esse o caso porque a qualidade de vida em Granada, na minha opinio, no tem rival na regio. Qual a geopoltica que preside poltica externa de Granada? J no existe a Guerra Fria. No existem na regio dois pases que estejam mais prximos em termos culturais do que Granada e Trindade. O que conta um empenhamento srio – e partilhar e cooperar em reas que promovam as instituies democrticas e a humanidade. Existem actualmente alguns domnios de relacionamento difcil com a UE, como as bananas e o Acordo de Parceria Econmica (APE). Que opinio tem sobre as relaes Granada-UE? O APE tem vantagens e desvantagens. Se pudssemos trabalhar efectivamente em conjunto como uma regio, podamos beneficiar do APE. Temos acesso (desde a assinatura do APE) ao fornecimento de alguns servios UE. Devemos obter o mximo benefcio nestas reas de vantagens comparativas porque no podemos de facto produzir como a UE em termos de produtos industriais. H.G. * So nove os pases membros da OECO: Antgua e Barbuda, Comunidade da Domnica, Granada, Monserrate, So Cristvo e Nevis, Santa Lcia e So Vicente e Granadinas. Anguila e as Ilhas Virgens Britnicas so membros associados da OECO. Palavras-chave Hegel Goutier; Granada; Tillman Thomas; OECO; NDC; APE. “La Sagesse Beach”, 2009. Hegel Goutier Hegel Goutier

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Crise financeira Crise financeira Manter as pessoas empregadas Carabas autnticas. UM SINAL DE ESPRITOCecile La Grenade muito activa na WIRSPA (West Indies Rum & Spirits Producers' Association)*, que acaba de lanar o rtulo "Rum autntico das Carabas", que agrupa 18 produtores dos melhores runs da regio, entre os quais alguns com 25 anos, envelhecidos em cascos de carvalho: El Dorado, Guyana ou de Barbancourt, Haiti. “De La Grenade Industries” prepara entre outros o “La Grenade Liqueur”, utilizando o pericrpio que envolve o caroo da noz-moscada, atravs de uma velha receita que j tem dois sculos e que remonta ao antepassado da dinastia, o Capito Louis La Grenade, um dos primeiros mulatos de Granada a ter a sua prpria empresa. Cecile, doutora em Tecnologia Alimentar, por Maryland, EUA, frente da empresa familiar desde 1992, possui hoje o segredo talvez mais bem guardado de Granada. Diversificou os produtos da marca e transformou-a num floro da indstria do seu pas. “La Grenade Liqueur” ganhou a medalha de ouro do prestigioso concurso “Monde Selection”. “De la Grenade Industries” beneficiou directamente, ou atravs de programas regionais, de ajudas da Unio Europeia. H.G. A WIRSPA recebeu uma ajuda da UE no quadro de um programa para o rum das Carabas no valor de (70 milhes de euros).Entrevista com Nazim Burke, Ministro das Finanas Entrevista com Nazim Burke, Ministro das Finanas Reportagem 46 A empresa “De la Grenade Industries” representa uma das prestigiosas imagens de marca de Granada. dirigida desde 1992 por Cecile La Grenade, uma empresria que tem feito, juntamente com alguns outros, com que os grandes runs das Carabas, que ganham frequentemente os prmios nos concursos internacionais de bebidas espirituosas, sejam mais conhecidos dos consumidores. Granada > DiagnsticoPodemos agrupar os problemas em trs grandes categorias. Primeiro, verificou-se uma queda do investimento directo estrangeiro. Muitos dos grandes projectos de infra-estruturas tursticas que estavam previstos (e que representavam investimentos de cerca de 700 milhes de dlares) no se iro realizar. Segundo, verifica-se igualmente uma diminuio na prpria indstria do turismo em termos de chegadas e de gastos. No sector do turismo de cruzeiros ainda assistimos chegada de grande nmero de turistas, embora gastem menos. Prevemos que haver ainda uma maior diminuio. O terceiro domnio tem a ver com as remessas do estrangeiro. Os granadinos que vivem no estrangeiro, na metrpole, esto a enviar menos dinheiro para o pas do que enviariam normalmente. Pensamos que a diminuio pode ter sido de cerca de 16 por cento no ltimo ano. Devido desacelerao em vrios sectores, incluindo a construo, assistimos a uma queda do emprego. > AjustamentoLanmos uma amnistia fiscal: um perdo total dos juros e das multas para quem pagar a totalidade do que deve administrao. Inicimos igualmente alguns projectos de construo a curto prazo e a renovao de edifcios pblicos, especialmente nos sectores da sade e da educao; intensificmos as obras do programa de conservao de estradas. O nosso objectivo manter o emprego. Estamos prestes a iniciar outro programa que ir proporcionar apoio ao rendimento dos agricultores, melhorando assim ao mesmo tempo a segurana alimentar. preciso realizar uma reviso dos principais projectos de capital a mdio e a longo prazo. Poderemos identificar aqueles a que deve ser dada prioridade e os que podem ser realizados mediante parcerias sectoriais mistas pblico/privadas, ou atravs de emprstimos em condies favorveis ou mediante programas de cooperao bilaterais. H.G. Palavras-chave Hegel Goutier; Cecile La Grenade; De la Grenade Industries; El Dorado; Barbancourt; Capito Louis La Grenade; La Grenade Liqueur. Autoridade porturia de Granada, Saint George’s, 2009. Hegel Goutier Cecile la Grenade, gestora, de “De La Grenade Industries”, 2009. Hegel Goutier Palavras-chave Granada; Hegel Goutier; crise financeira; Nazim Burke; Ministro das Finanas.

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Quais so as principais preocupaes da oposio em relao ao novo governo? preciso a mxima unidade e associar ideias a todos os nveis e sobretudo numa altura de problemas financeiros. O meu governo estabeleceu bases slidas para isso. Quando o novo governo entrou em funes tinha apenas de se apoiar nisso. De facto, o que fizeram foi exactamente o contrrio e procederam a uma caa-sbruxas dos seus opositores e exerceram represlias sobre os apoiantes do anterior governo. O actual governo s venceu por 1800 votos. Quase todos os grandes projectos foram suspensos. Estamos a falar de centenas de milhes de dlares de investimentos. O corredor de automveis da Frmula 1, Lewis Hamilton, cujo pai de Granada, estava interessado em fazer aqui um investimento, mas a oposio [da altura] disse que havia corrupo entre ele, o governo [ento do NNP] e o anterior GovernadorGeral. Algumas pessoas alegam que os investimentos esto suspensos devido crise financeira mundial? evidente que o governo tem de dar uma volta s coisas, mas os factos esto vista. Eles atacam a reputao das pessoas – essa a questo. Apesar do contexto internacional, poderia haver uma actividade muito maior e havia um conjunto de projectos que estariam a andar. Atravs da difamao esto no s a atacar os polticos, mas a pr em perigo a possibilidade de investimento. Porque que no intenta uma aco judicial contra o governo? Tenho cerca de 20 processos em tribunal por calnias. Tenho sentenas que me do razo, mas o sistema anda com muita lentido. Qual a sua opinio da CARICOM? Parece que est cada vez mais enfraquecida. A necessidade de laos econmicos e polticos mais fortes entre as pequenas naes de uma regio torna-se cada vez mais fundamental se querem sobreviver nesta aldeia global. O meu sentimento que o ritmo de integrao demasiado lento, mas o desenvolvimento econmico dos pequenos Estados est a tornar-se cada vez mais difcil sem uma abordagem integrada. Sempre que so tomadas decises a nvel da CARICOM para trabalhar em cooperao, h algum ou algum grupo de pessoas que tende a enfraquecer o sistema e os rgos da CARICOM no so suficientemente fortes para obrigar as pessoas a trabalharem no quadro em que as decises so tomadas. preciso reforar as instituies da CARICOM. Tornou-se muito burocrtica na sua abordagem de uma srie de questes. H necessidade de um sentido mais profundo de integrao poltica, mas algo que no acontecer do dia para a noite. Como que se pode transmitir esperana aos jovens nestes tempos difceis? Se no for transmitida esperana aos jovens eles ficaro com um sentimento de serem marginalizados e podem ver-se em situaes em que as suas aces os prejudicam permanentemente. Existe um sentimento de desespero a nvel das bases no pas. Tnhamos um sistema de transporte das crianas cujos pais no podiam pagar o bilhete de autocarro e uma autorizao uniforme para os alunos, mas estes e outros programas foram cortados pelo governo. H.G. Granada: o novo governoperdeu milhes em investimentos, alega a oposioN. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 47 Reportagem Granada Keith Mitchell foi Primeiro-Ministro de Granada durante 13 anos (1995-2008). O seu Novo Partido Nacional (NNP) foi derrotado nas eleies gerais de 2008 e agora tem quatro lugares na Cmara dos Representantes do pas. Agora, como lder da oposio, diz que o governo responsvel pelo afastamento de potenciais investidores. Hegel Goutier Palavras-chave Hegel Goutier; Keith Mitchell; NNP; CARICOM; Lewis Hamilton; Granada.

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A ajuda da Unio Europeia a Granada centrou-se nos ltimos anos na reconstruo a seguir aos devastadores ciclones de 2004 e 2005 e no melhoramento do sistema hidrulico e das infra-estruturas sanitrias, que j remontavam muitas vezes ao perodo britnico e que se deterioraram ainda mais com as intempries. A ajuda internacional foi ainda mais eficaz porque Granada se empenhou com determinao na reconstruo do pas. o que salienta o Embaixador Valeriano Diaz, Chefe da Delegao da UE para os pases da Organizao dos Estados das Carabas Orientais. ReportagemGranadaCooperao48 NAS ESCOLHAS DE GRANADA Uma aposta NAS ESCOLHAS DE GRANADA O furaco de 2004 causou a morte de 39 pessoas e prejuzos avaliados em 250% do produto interno bruto. Assim, a Comisso Europeia, tendo em conta as necessidades especficas de Granada depois das devastaes provocadas pelos ciclones, acrescentou em 2007 dez milhes de euros ao envelope inicialmente atribudo pelo 9. Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) 2000-2007, a fim de apoiar a reforma macroeconmica de Granada com o objectivo de reduzir a pobreza. Esta ajuda suplementar foi constituda como apoio oramental. O mesmo acontece no essencial com o envelope de 6 milhes de euros do 10. FED (2008-2013). Por outro lado, a Comisso Europeia respondeu favoravelmente a vrias propostas de adaptao da ajuda feitas pelo Governo de Granada depois das intempries. A ttulo de exemplo, em vez do projecto turstico de restaurao de dois fortes, os recursos previstos para esse efeito pelo Banco Mundial e pela UE foram consagrados reconstruo de escolas destrudas. Quanto ao realojamento das populaes que viviam antes em zonas inadequadas ou frgeis, as concertaes entre a UE e o Governo permitiram adoptar medidas eficazes para proceder reconstruo da melhor forma e de acordo com a vontade do Governo. No que diz respeito reconstruo das escolas destrudas pelo ciclone Iv em Dezembro de 2004, os dezanove estabelecimentos de ensino secundrio, por exemplo, estavam abrangidos pelo projecto “Post emergency school rehabilitation”, quase concludo no momento da visita do Correio, com excepo de dois estaleiros de acabamentos. Crispin Frederick, coordenador do projecto, congratula-se com o facto de esta reconstruo ter permitido instalar salas e equipamentos que faziam falta antes e que no permitiam s vezes satisfazer certas obrigaes que estavam previstas, como as refeies escolares. Alm disso, todas as instalaes recuperadas correspondem s novas normas contra tufes. A ajuda da UE para este projecto ascendeu a 9,3 milhes de euros. um dos programas mais importantes da UE em Granada, juntamente com o apoio oramental (11,7 milhes de euros) e o melhoramento das infraestruturas hidrulicas (6,7 milhes de euros). Entre as outras dotaes da UE para a sua cooperao com Granada figuram os saldos remanescentes dos antigos fundos STABEX (para a estabilizao das receitas de exportao dos pases ACP), que ascendiam no incio de 2008 a 3,2 milhes de euros e que devem servir para favorecer os investimentos privados no sector agrcola. H igualmente o Quadro Especial de Assistncia (QEA), o apoio do Centro para o Desenvolvimento das Empresas (CDE) do sector privado e o PROINVEST para promover os investimentos entre as Carabas e a Europa. No 10. FED, Granada beneficia de fundos do programa de integrao regional das Carabas (165 milhes), destinados integrao regional e execuo dos APE assinados pela UE e pela regio em 15 de Outubro de 2008. H.G. Hegel Goutier Palavras-chave Hegel Goutier; cooperao UE-Granada; Valeriano Diaz; Crispin Frederick; Banco Mundial; Stabex; CDE; PROINVEST.

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49 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009Corps Se fosse um fruto, Granada seria evidentemente uma rom que brilha do exterior e que quando se abre deixa aparecer uma mirade de pequenas jias vermelhas, como todos estes estribilhos que animam as aldeias neste dia, como todas as casas de estilo colonial corde-rosa, vermelhas, com enfeites, pequenas e alinhadas em ruelas de aldeias, opulentas nos centros das cidades maiores ou penduradas nas encostas abruptas das colinas como as grandes casas burguesas. Cores com o mesmo brilho que os sorrisos que existem nas faces e que s querem ser partilhados. preciso iniciar uma visita de um dia pela capital Saint-Georges, que acorda nos braos da sua baa adornada das cores azuladas e enevoadas da manh. E ver chegar os cruzeiros de onde desembarcam muitas vezes jovens casais para o seu casamento que ser celebrado um ou dois dias mais tarde neste cenrio idlico de Port Louis, sobre as antigas docas de Saint-Georges. Port Louis s quer “concentrar todos os encantos de St-Tropez, da Costa Esmeralda, de Portofino e de St Bart's com o toque especial e a atmosfera de Granada”. Da beira-mar admiram-se as numerosas colinas que constituem a “city on the hill” [“cidade na colina”], como chamam cidade, que cercam a baa e no alto das quais podemos encontrar, entre os stios a visitar, os Fortes Friederick e Matthew a leste e a norte o Forte George com as janelas da priso “Her Majesty Prison”, que proporciona uma vista magnfica sobre as docas. Ser que os prisioneiros, entre os quais esto os assassinos de Bishop, podem admirar vontade as belezas de Port Louis? Quanto ao Forte Matthew, que servia de hospcio para os doentes mentais internados, foi bombardeado por engano pela aviao americana em 1983 e muito dos seus ocupantes morreram. A norte e a sul de Saint-Georges, situada a sudeste da ilha, estendem-se praias interminveis, a mais representativa das quais Grand Anse. o ponto turstico mais frequentado. Um pouco mais longe, uma praia a no perder Morne Rouge, com a areia mais branca que pode existir juntamente com o mar mais cristalino. H poucos habitantes nesta graciosa cidade, integrada numa natureza virgem: apenas dez mil e sobretudo poucos turistas. Mas a ilha tem imensas praias. Entre as pequenas e lindas enseadas conta-se La Sagesse, a sudeste, que se tornou simblica por a se ter escrito uma pgina de histria. Quando o proprietrio de ento da grande residncia que ali fica quis fechar esta enseada, o militante Bishop organizou uma grande manifestao que levou o Estado a garantir atravs da lei fundamental do pas o carcter pblico da beira-mar. O proprietrio actual, Mike Meranski, que a transformou com bom gosto num hotel-restaurante original, “La Sagesse Nature Center”, tem outras preocupaes, como explicou ao Correio: a diminuio, com a crise, do nmero de visitantes e sobretudo da durao das estadias. De entre as outras cidades costeiras a visitar, Greenville na costa leste a segunda maior do pas e provavelmente a mais animada; Sauteur, no norte, tambm histrica, porque foi do cimo do seu rochedo de 40 metros de altura que os Caribes vencidos se lanaram ao mar para se suicidarem. No interior das terras, o brilho avermelhado o das flores e dos frutos: os cachos de caju, cuja noz apenas o ncleo exterior; o vermelho cardeal estampado com desenhos em relevo, estilizados com a cor negra do caroo das nozmoscada (nutmeg) faz pensar numa obra de um artista minucioso. o smbolo do pas. A oeste, entre Saint-Georges ao sul e Gouyave mais ao norte, estende-se a “Grand Etang Forest Reserve”, com o incontornvel “Grand Etang Lake”, to calmo numa natureza repousante, e no muito longe das numerosas quedas de gua, as Concord Falls, ao longo do rio Concord. Resta Carriacou, nove mil habitantes, dez vezes menos que a ilha de Granada, e a Pequena Martinica, apenas com mil almas. Tambm surpreendentes? H.G. Uma GRANADA resplandecenteSe quisermos escolher um dia especial para descobrir a ilha de Granada, uma boa escolha o domingo de Pscoa. Em cada cidade e em cada aldeia h ajuntamentos, festas de rua e encontros e os estrangeiros so bem-vindos nos stios em que entram. As praias so muito frequentadas e em todo o lado se podem provar bebidas e pratos. O pas aberto festa e aos encontros. Reportagem GranadaDescoberta Palavras-chave Hegel Goutier; Granada; Carriacou; Pequena Martinica; Forte Friederick; Forte Matthew; Forte George; Port Louis; Morne Rouge; Grand Anse; Greenville; Sauteur; Grand Etang Forest Reserve; Carabas; La Sagesse Nature Center. De cima para baixo: Murais / Saint George’s Baa de Saint George’s Mercado de ruaReporters.be/LAIF

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Art. HEART ATTACK 50Oliver Benoit, pintor famoso, embora reconhecido pela homenagem que o seu pas lhe presta, constata com alguma mgoa: “No meu pas, as pessoas consideram que a minha arte no das Carabas.” S porque a sua pintura abstracta. No entanto no h ningum mais prximo das preocupaes do comum dos mortais de Granada do que ele. Tudo o que se v, se adivinha ou se interpreta na sua obra, sob a capa da abstraco da superfcie, est prximo da realidade do dia-a-dia. Alm disso ele convida toda a gente a aprofundar o olhar para ver mais alm, a envolver-se porque ele quer provocar, suscitar a interrogao de cada um, dando ao mesmo tempo prazer ao olhar. “Quero deixar as pessoas que olham para a minha arte envolverem-se no quadro Agora estou a centrar-me no papel da poltica e no modo como as pessoas so afectadas por ela.” Um dos quadros da srie Outbursts, onde se vem bem as notas de banco com a efgie do Tio Sam, intitula-se “Dollar is my soul”, no qual ele fala da sua dor como reflexo das alegaes de corrupo contra um antigo poltico de elevada categoria. Sobre “Heart attack” precisa: “Trata-se de uma obra poltica. O smbolo do novo governo o corao.” E explica que na actual situao nacional e internacional a crise cardaca ameaa o governo, os cidados ou todo o sistema. Na Galeria Agora em Nova Iorque, que o representa, tal como na sua galeria virtual, www.oliverbenoit.com, podem contemplar-se obras integradas em seis temas: “Disasters and Emotions”, de que faz parte “Heart attack”, “Love”, “After Ivan” (o ciclone Iv), “Men without Head”, “Carving out on Identity” e “Outbursts”. H.G. ReportagemGranada Palavras-chave Hegel Goutier; Granada; arte; Olivier Benoit. Oliver Benoit, 2009. Hegel Goutier

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Foi no ponto de interseco das guas azul-cobalto do lago Mlaren e das vagas coloridas do mar Bltico que Estocolmo se erigiu, h sete sculos, dividindo-se por 14 ilhas, ligadas entre si por cerca de quarenta pontes. E s se tornou capital da Sucia em 1637, destronando Upslia, que continua a ser a capital eclesistica e universitria do pas. Estocolmo, um festival para os olhos, em que cada ilha, a partir do seu ncleo histrico Gamla Stan, a “cidade antiga”, apresenta um conjunto arquitectnico especial com o seu encanto prprio. Mas Estocolmo no nada sem os seus habitantes, mais de um milho, o dobro se tivermos em conta a grande aglomerao, numa populao total de 9 milhes, ligeiramente mais apressados que os seus vizinhos do campo. Tambm um pouco mais reivindicativos nas suas exigncias de igualdade e democracia. Exigncias que remontam ao tempo dos Vikings, aquele povo conquistador que, no sculo X avanou at Leste e estabeleceu relaes comerciais com Bizncio e os reinos rabes. E no sem orgulho que os Suecos – todos os Escandinavos na realidade – evocam esses antepassados. Como recorda a historiadora Astrid Helle: “No tanto por causa das vitrias militares e das conquistas que os descendentes dos Vikings se comprazem em evocar esta poca da sua histria. muito mais por encontrarem na civilizao viking, mais do que um povo empreendedor imbudo de uma cultura original, as razes profundas do que eles muito apreciam na sua sociedade actual: uma democracia muito viva numa sociedade profundamente igualitria. A mulher gozava de elevada considerao e de um estatuto jurdico de fazer inveja a muitos outros europeus. A mulher viking tinha o direito de casar com o homem que amasse, mesmo sem o consentimento do seu pai. Como os homens, ela podia usar certas armas e, mesmo, tornarse poeta – actividade que proporcionava um grande reconhecimento social”. Uma faceta de que Astrid Lindgren se ter lembrado quando escreveu Fifi Brindacier Comerciantes, igualitrios e poetas. A estas qualidades pode-se acrescentar o esprito pragmtico (corolrio, verdade, de comercial) e de abertura. Abertura modernidade e inovao e abertura ao mundo e aos pases prejudicados por esta mesma modernidade. Dois domnios – inovao e cooperao – em que a Sucia vai frente. Paradoxo? Paradoxos destes no faltam na Sucia. 51 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 D escoberta da Europa paradoxosuecoO paradoxosuecoUma reportagem de Marie-Martine Buckens Marie-Martine Buckens Palavras-chave Marie-Martine Buckens; Estocolmo; Sucia; Astrid Helle.

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52 Com uma taxa inigualvel, 0,98 % do RNB destinado ajuda para o desenvolvimento em 2008, a Sucia ultrapassa, de longe, os outros pases industrializados (0,42 % em mdia para a Unio Europeia, 0,25 % para os pases do G7) e supera o objectivo de 0,7 % do RNB que os pases industrializados definiram religiosamente para si at 2012. sem margem para dvidas pelo facto de os suecos conceberem, antes de tudo, as suas relaes com base na igualdade que a cooperao assenta numa parceria real, cujo objectivo final o de tornar os pases parceiros totalmente independentes.> Um “desenvolvimento diferente”“O nosso objectivo de acabar com a discrepncia entre o Norte e o Sul, fazendo alianas globais com pessoas que partilham os mesmos valores em matria de democracia, de direito humano e de segurana”, afirma espontaneamente Henning Melber, director executivo da Fundao Dag Hammarskjld. Instalada na cidade universitria de Uppsala, a cerca de quarenta quilmetros a norte de Estocolmo, esta fundao (http://www.dhf.uu.se/Default.html) tem o nome do sueco que exerceu o cargo de secretrio-geral das Naes Unidas de 1953 a 1961, ano em que foi vtima de um acidente de aviao quando se deslocava em misso de paz ao Katanga. No mesmo ano, recebeu, a ttulo pstumo, o prmio Nobel da Paz. As suas intervenes na crise do canal de Suez, em 1956, e na crise da Jordnia, em 1958, valeram-lhe a reputao de fervoroso defensor da paz. O esprito de Dag Hammarskjld est presente em todas as aces realizadas at data pela Fundao. H desde logo as conferncias e as publicaes, entre as quais a revista Development Dialogu em que se cruzam anlises de autores de diferentes correntes e cuja ltima edio referente ao neoliberalismo. “O nosso principal trunfo”, prossegue Henning Melber, “ o prprio nome de Dag Hammarskjld, muito respeitado, sobretudo nos pases do Sul. E ns utilizmo-lo para reunir pessoas, o que de outra forma no aconteceria.” Um exemplo: os encontros iniciados desde Fevereiro passado entre representantes chineses, de pases africanos e da Sucia para discutir as relaes entre a frica e a China. “A China est bem presente em frica, alm disso tem assento no Conselho de Segurana das Naes Unidas, mas os seus peritos so poucos face s realidades sociais em frica, o que causa tenses crescentes com determinados pases africanos.” E continua: “Usamos esta tradio de dilogo noutros domnios, nomeadamente no domnio agrcola. Assim, a Revoluo Verde para a frica lanada por Koffi Annan Por vezes encarado com suspeita, sempre com inveja, o “modelo sueco” de Estado providncia, mas sobretudo de Estado igualitrio, influencia todas as polticas. Para comear, a da cooperao para o desenvolvimento. Estocolmo orgulha-se, com todo o mrito, de ser a mais generosa em termos de percentagem do seu rendimento nacional bruto (RNB) para com os pases do Sul. Na base, a Agncia Oficial de Cooperao (SIDA), mas tambm inmeras fundaes. Encontros com uma dessas fundaes, a Dag Hammarskjld. Estocolmo Descoberta da EuropaUpsaala 2009. Marie-Martine Buckens DE ABERTURAUm modelo DE ABERTURA

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N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 Descoberta da Europa “ Desde os anos 50, a dimenso social inclui a solidariedade internacional”, prossegue Henning Melber, “ainda que nos ltimos anos se tenha deteriorado”. Estocolmo abriu-se assim s personalidades que, aps as ondas de independncia em frica, sofreram os ataques dos grupos neocolonialistas. “A Sucia acolheu tambm os soldados americanos que se recusaram a participar na guerra do Vietname, bem como os opositores ao regime ditatorial de Pinochet no Chile.”> Uma imigrao mais flexvelEm plena crise, a Sucia decidiu flexibilizar a sua legislao sobre a imigrao de mo-de-obra. “Somos pioneiros neste domnio e esta aco acontece no momento certo”, afirmou o ministro das Migraes e da Poltica de Asilo, Tobias Billstrm, em Dezembro de 2008, pouco depois da adopo do regulamento. “ positivo saber que j tivemos este debate, quando em muitos pases ainda nem sequer comeou. Futuramente, a concorrncia pela mo-de-obra vai endurecer, e quando a economia retomar, estaremos em melhor posio.” Um regulamento que, com a ajuda do pragmatismo sueco, responde procura das empresas que precisam sobretudo de informticos, engenheiros, soldadores, profissionais de sade, mas que antecipa tambm os problemas em termos de mo-de-obra de agora at 2011, devido aposentao. M.M.B. MIGRAO: uma sensibilidade caracteristicamente suecaOs suecos guardam na memria as grandes ondas de emigrao da segunda metade do sculo XIX durante o qual, empurradas pela fome, cerca de 1,5 milho de pessoas emigraram para os Estados Unidos. “Esta longa tradio de imigrao explica o facto de os suecos permanecerem ligados ao resto do mundo”, explica Henning Melber, director executivo da Fundao Dag Hammarskjld. Pas de emigrao, a Sucia torna-se, aps 1950, um pas de imigrao.Estocolmo A INVESTIGAO, UMA PRIORIDADEOutra particularidade da cooperao sueca: o lugar importante que a cooperao ocupa em matria de investigao. Fundada em 1975, a Agncia de Cooperao para a Investigao com os Pases em Desenvolvimento (SAREC) ao longo dos anos se tornou num dos principais departamentos da Agncia Sueca para a Cooperao (SIDA). A SAREC no se contenta em financiar as universidades e institutos de investigao suecos que conduzem programas de investigao relativos ao desenvolvimento. O seu principal objectivo o de financiar institutos nos pases do Sul, sempre com a mesma finalidade: torn-los, pouco a pouco, viveis sem ajuda externa. De momento, a SAREC mantm relaes bilaterais com uma dzia de pases, dos quais: Etipia, Burquina Faso, Moambique, Ruanda, Tanznia e Uganda. apoiando-se em agncias filantrpicas faz com que alguns receiem que apenas v servir os interesses de algumas grandes empresas agroalimentares, sobretudo as especializadas nos OGM. Pretendemos organizar um seminrio sobre esta questo no prximo ms de Novembro, aquando das Jornadas Europeias do Desenvolvimento. Os participantes incluiro nomeadamente a Universidade Agrcola de Uppsala.” Jornadas que sero realizadas em Estocolmo, uma vez que a Sucia estar na presidncia da UE. Por fim, ltima aco, recente mas no secundria: a instalao de um gabinete da fundao em Nova Iorque, onde esto sediadas as Naes Unidas. “O nosso objectivo o de fazer presso para efectivamente democratizar o sistema das Naes Unidas, fortalecer as foras que pretendem verdadeiramente a paz e a segurana”, acrescenta Henning Melber. M.M.B. 53 Palavras-chave SIDA; SAREC; Dag Hammarskjld; Henning Melber; cooperao sueca; investigao; MarieMartine Buckens. Palavras-chave Emigrao; imigrao; Henning Melber; Dawit Isaak; Marie-Martine Buckens

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Est previsto focar questes relacionadas com o desenvolvimento durante a presidncia, uma vez que o maior evento, durante os 6 meses, sero as Jornadas Europeias do Desenvolvimento. Em poucas edies, as Jornadas Europeias do Desenvolvimento tornaram-se uma referncia na agenda internacional que acolhe mais de 4000 visitantes vindos de 1500 organizaes e 125 pases do mundo inteiro. Neste ano, o tema preponderante do evento ser Cidadania e Desenvolvimento com uma ateno especial para as alteraes climticas e a crise econmica. O evento ter lugar na Feira Internacional de Estocolmo, de 22 a 24 de Outubro. Gunilla Carlsson acredita profundamente nos assuntos de cooperao da UE relativos ao desenvolvimento: “Estou convencida que uma das contribuies mais slidas da UE para o desenvolvimento global equitativo e sustentvel ser evidenciar todo o potencial da agenda CPD. A UE deve procurar utilizar melhor e mais coerentemente todas as suas polticas e instrumentos. De momento, todas as questes prementes da agenda internacional – por exemplo, a recesso econmica mundial, o desafio das alteraes climticas e a questo da segurana alimentar – confirmam claramente esta necessidade.” Gunilla Carlsson regozija-se por acolher as Jornadas Europeias do Desenvolvimento em Estocolmo. O objectivo fomentar um debate sobre o que impulsiona o desenvolvimento e como poderemos, neste perodo de crise financeira, respeitar os compromissos j assumidos em matria de ajuda. As Jornadas Europeias do Desenvolvimento so um frum nico onde surgem grandes ideias. uma plataforma aberta para debate de questes globais e no de negociaes porta fechada. Todos tm a palavra – militantes e peritos juntamente com parlamentares e ministros governamentais. Gunilla Carlsson destaca a importncia de envolver a sociedade civil, as empresas e as universidades nestes assuntos. www.eudevdays.euJORNADAS DO DESENVOLVIMENTO 2009: ESTOCOLMO, 22 a 24 de OutubroO texto seguinte uma comunicao da Comisso Europeia (Direco-Geral do Desenvolvimento).Com a Presidncia Sueca da Unio Europeia a aproximar-se, Gunilla Carlsson, Ministra Sueca da Cooperao Internacional para o Desenvolvimento, j est impaciente por poder estabelecer as reas prioritrias da presidncia sueca no domnio do desenvolvimento. Est na ordem do dia o desenvolvimento da democracia, a coerncia das polticas para o desenvolvimento (CPD), a eficincia da ajuda e as alteraes climticas. No domnio das alteraes climticas, Gunilla Carlsson tambm presidiu Comisso Internacional sobre Clima e Desenvolvimento. Descoberta da Europa Estocolmo 54 Gunilla Carlsson. SIDAPONTO DE VISTA

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N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009INOVAO custe o que custar INOVAO custe o que custar Marie-Martine Buckens CAMPEOs “painis de avaliao da inovao” publicados regularmente pela Comisso Europeia confirmam anualmente que a Sucia bate todos os recordes em matria de inovao, mesmo que tenha sido ultrapassada pela Sua em 2008. Atrs da Sucia esto a Dinamarca, a Finlndia e a Alemanha, seguidas do Japo. Os suecos so, nomeadamente, campees em matria de participao em actividades de formao permanente, com uma taxa de 35% para uma mdia europeia de 11% (valores de 2007). Outro ponto forte: a prioridade atribuda ao ensino superior e o investimento em investigao e desenvolvimento. Em percentagem do PIB, investe mais em I&D do que os outros pases da OCDE. Descoberta da Europa EstocolmoKista, a cidade das cincias com mais de 4 700 empresas, tendo a Ericsson cabea, simboliza s por si a inveno “ sueca”. Campe em todas as categorias em matria de inovao, estando mesmo frente do Japo e dos Estados Unidos, a Sucia deve este estatuto a uma combinao de pragmatismo e de audcia.“ Kista um nome viking, que significaria caixo!”, explica-nos, com alguma malcia e a ttulo de introduo, Mats Hedenstrm, responsvel pelas relaes internacionais desta cidade das cincias, cuja origem remonta a 1976, quando a unidade SRA, Svenska Radiobolaget da Ericsson ali se instalou. Dois anos mais tarde vem juntar-se a IBM. “ verdade que algumas pessoas nos veriam bem num caixo, prossegue Mats Hedenstrm. Desde 1976 Kista ganhou uma verdadeira dimenso. Com cerca de 64 000 empregados e um total de 4 731 empresas, das quais 70 criadas em 2008, Kista o primeiro centro de inovao em termos de densidade humana. Isto muito importante, porque permite que as pessoas ali se encontrem facilmente, num ambiente que alis muito internacional”. Depois da IBM, grandes nomes como a Nokia, Intel ou Microsoft tambm se estabeleceram no local. Porque Kista sobretudo um centro de TIC (tecnologias da informao e comunicao). “Estamos nos primeiros cinco clusters de TIC, a seguir a Silicon Valley e Boston nos Estados Unidos”, indica Mats Hedenstrm, que continua: “na Europa mantemos uma forte cooperao com Sophia Antipolis, no sul de Frana, que agrupa o mesmo tipo de empresas”. Com diferenas, no entanto. Em Sophia Antipolis, o nmero de investigadores sensivelmente mais elevado do que em Kista (cerca de 2 000 investigadores), ainda que a cidade sueca abrigue a Universidade de Estocolmo e o Instituto de Investigao Tecnolgica. “Funcionamos de maneira diferente, mais orientados para as empresas”, precisa o responsvel pelas relaes internacionais. “Em suma, Kista uma cooperao entre concorrentes para permitir aumentar o crescimento”. Melhor ainda, Kista existe para ajudar as pessoas que se querem lanar; graas a um oramento pblico, investe em novas empresas e depois, em caso de xito, recupera o seu financiamento. “Nascem todos os anos em Kista cerca de cem novas empresas, mas nem todas sobrevivem. No ano passado as “perdas” foram de 30%. Temos uma tradio empresarial e jamais algum ser condenado por ter falido”. Sinal dos tempos? Muitas destas novas empresas especializaram-se em tecnologias do ambiente e da comunicao social, domnios em que a Kista se quer expandir. 55 Palavras-chave Kista; TIC; inovao; Sucia; Mats Hedenstrm; Marie-Martine Buckens.

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“ Elabormos uma estratgia para que Estocolmo seja, daqui a vinte anos, a capital mais limpa e mais segura do mundo”, comea por nos dizer Ulla Hamilton, Vice-Presidente da Cmara da cidade. Uma das grandes ambies das autoridades da capital libertar a cidade da sua dependncia de combustveis fsseis e reduzir as emisses de CO2 para 3 toneladas por habitante e por ano at 2050. Enorme desafio quando se sabe que estas emisses de CO2 se elevam actualmente a 4 toneladas/hab./ano, o que j constitui uma diminuio de 25% em relao a 1990 e um recorde em comparao com as 12 toneladas emitidas pelos Finlandeses, as 22 dos Americanos e... 1 em mdia dos Africanos. Objectivos destes supem um trabalho em vrias frentes: a eficincia energtica dos edifcios, onde h ainda muito a fazer (ler o artigo seguinte), e o aquecimento. “O aquecimento urbano est muito bem desenvolvido e j proveniente, em 75%, de energias renovveis.” O objectivo chegar aos 100%. “Felizmente, a Sucia dispe de inmeras empresas especializadas em tecnologias limpas”, prossegue Ulla Hamilton. Tcnicas que j permitiram aperfeioar um sistema de gesto dos resduos – a triagem dos resduos j foi lanada em 1960 – o que, por um sistema de canalizaes que levam os resduos para as incineradoras, permite, entre outras coisas, dispensar a utilizao de camies do lixo. As incineradoras – “a nossa primeira tem mais de 100 anos!”, sublinha a Vice-Presidente da Cmara – desempenham um papel importante no sistema de climatizao da cidade: a gua quente alimenta os aparelhos de aquecimento e, depois de fria, serve para arrefecer os edifcios no Vero. Finalmente, o trfego. Embora a bicicleta e os transportes colectivos sejam muito utilizados, a maioria dos carros consome combustvel “clssico”. Primeiro objectivo: a utilizao pelos funcionrios da cidade de carros exclusivamente verdes (biogs para comear). Depois, necessrio instalar tomadas nos apartamentos e nas estaes de servios com vista futura vaga de carros elctricos. Finalmente, e isso j uma realidade no bairro de Hammarby, generalizar a utilizao de barcos (gratuitos) que efectuem o trajecto entre todas as ilhas da capital, evitando assim a construo de novas pontes. M.M.B. Gesto integrada dos resduos e da gua, reduo do rudo e do trfego e criao de espaos de lazer: as autoridades de Estocolmo lanaram-se, h mais de dez anos, em obras por vezes monumentais para dar um novo aspecto cidade. Os seus esforos foram recompensados pela Comisso Europeia que, na sua primeira edio do Prmio das Capitais Verdes, decidiu atribu-lo, em 2010, capital sueca. 56 Mas em Estocolmo tambm h espaos verdes. A comear pelo Skansen, que um museu ao ar livre, com um vasto espao repleto de quintas, moinhos e lojas de outrora, sem esquecer uma igreja de madeira impressionante. Ao todo, so 160 construes, trazidas de todos os cantos do pas para formar este espao de memria. H tambm um jardim zoolgico com alces, lobos, linces e ursos castanhos. Descoberta da Europa EstocolmoComo VERDE A MINHA CIDADE! Como VERDE A MINHA CIDADE! Ulla Hamilton com o prmio Capital Verde, 2009. Marie-Martine Buckens Mercado popular em Estocolmo, 2009. Marie-Martine Buckens Palavras-chave Capital verde; Ulla Hamilton; aquecimento urbano; energias renovveis; resduos; Marie-Martine Buckens.

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57 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009“ Desde o incio, a ambio era fazer deste antigo stio poludo um modelo de urbanismo ecolgico. Nesse momento, Estocolmo batia-se pela organizao dos Jogos Olmpicos e sabia que o desempenho ambiental tinha sido determinante na atribuio dos Jogos a Sydney. Fomos ultrapassados por Atenas, mas o projecto prosseguiu”, explica Erik Freudenthal, que nos recebe no centro de informao sobre o ambiente GlashusEtt, em Hammarby Sjstad. “ partida, o objectivo era reduzir para metade o impacto ambiental do futuro bairro em relao aos edifcios de Estocolmo que datavam de 1990. Foram estudados todos os aspectos: o rudo, a poluio, o trfego, o trabalho, os resduos, etc.” Aps a descontaminao cuidadosa dos 200 hectares de solo, as obras arrancaram em 1997. A maior parte dos edifcios industriais foi arrasada ou restaurada, como a fbrica Diesel, reconvertida em centro cultural e desportivo. O fim das obras est previsto para 2016. “O projecto construir 11.000 apartamentos para cerca de 28.000 pessoas e proporcionar trabalho no bairro a 10.000 pessoas”, diz-nos Erik Freudenthal que prossegue: “Actualmente, j foram construdos 8500 apartamentos, onde moram cerca de 18.000 pessoas.” Os edifcios no ultrapassam cinco andares e do simultaneamente para a rua e para o parque. Trata-se de um trabalho de planeamento indito, fruto da cooperao entre arquitectos, engenheiros e urbanistas. O novo bairro construdo num terreno quase virgem, o que permite aos seus promotores enquadr-lo de transportes colectivos e propor o transporte partilhado. Sem contar um barco que efectua, gratuitamente, de quarto em quarto de hora, a ligao entre o bairro e a ilha de Sdermalm, prxima do centro. Assim, 79% das pessoas vo trabalhar a p, de bicicleta ou de transportes colectivos. “Isto permitiu reduzir a utilizao do carro de mais de 40%. Esta percentagem no teria sido possvel se a rede de transportes, em especial o elctrico, tivesse sido construda mais tarde, forando toda a gente a comprar carro.” Hammarby Sjstad responde a um programa ambiental com seis objectivos: descontaminao dos solos, utilizao dos solos j construdos, materiais de construo sos, transportes colectivos, limitao do rudo a 45 dB e optimizao dos servios energticos, de gua e de resduos, imagem do que prevem os vereadores para o conjunto da cidade (ler o artigo acima). “ a primeira vez no mundo que se consegue reduzir o impacto ambiental de cerca de metade numa superfcie to grande. E, no entanto, os objectivos fixados tiveram em conta as normas de 1990. Hoje, seria possvel fazer melhor.” O projecto ser duplicado brevemente noutros bairros de Estocolmo, tambm eles relativamente degradados. O custo est altura dos objectivos e a cidade est disposta a investir mil milhes de euros no projecto. M.M.B. Descoberta da Europa Estocolmo HAMMARBY SJSTAD,laboratrio da cidade sustentvelHAMMARBY SJSTAD,laboratrio da cidade sustentvel Antiga zona porturia insalubre, o bairro de Hammarby tornou-se, em menos de 15 anos, num modelo de ordenamento sustentvel que interessa ao mundo inteiro. Encontro com o seu “porta-voz” incansvel e sorridente Erik Freudenthal. Erik Frudenthal 2009. Marie-Martine Buckens Vista de uma ponte no bairro de Hammarby, 2009. Marie-Martine Buckens Palavras-chaveErik Freudenthal; Hammarby Sjstad; impacto ambiental; Marie-Martine Buckens.

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58 Tm em comum uma certa forma de universalismo. Uns, homens – Strindberg, o homem de teatro, Ingmar Bergman, o cineasta – ligados compreenso das pulses, dos comportamentos humanos. Outras, mulheres – Astrid Lindgren e Selma Lgerlf – utilizaram a escrita e o desenho como armas de paz, de emancipao e de prazer!Quem no conhece a Pipi das Meias Altas? Esta famosa jovem de tranas ruivas uma rebelde e h 64 anos continua a emancipar as crianas em todo o mundo. No seu universo fantstico salvou as crianas das leis dos adultos e da “camisa-de-foras” da escola. No admira que tenha sido vtima da censura nos pases conservadores e nas ditaduras. Nascida em 1945 da imaginao de Astrid Lindgren para prazer dos seus filhos, as aventuras de Pipi foram traduzidas em mais de 60 lnguas, do rabe ao zulu. Astrid Lindgren tambm foi uma grande mulher, que at morrer em 2002, com 95 anos, nunca deixou de se bater pelo direito dos oprimidos, crianas, homens e animais, o que lhe viria a valer, entre outras, a medalha Albert Schweitzer. Activa na poltica, esta mulher considerada como uma lenda viva na Sucia foi igualmente instigadora de novas leis a favor dos mais desfavorecidos. Astrid Lindgren tinha como antepassada uma outra grande senhora das letras e da humanidade. Selma Lagerlg a autora de A Saga de Gsta Berling, uma epopeia lrica, mas sobretudo de A Maravilhosa Viagem de Nils Olgersson atravs da Sucia . Esta outra epopeia, que apareceu em 1906, foi-lhe na verdade encomendada para explicar a geografia da Sucia aos alunos. Trs anos mais tarde foi a primeira mulher a receber o Prmio Nobel da Literatura e, em 1914, a primeira mulher a ser eleita para a Academia Sueca. Duas medalhas que ofereceu no incio da Segunda Guerra Mundial Finlndia que procurava angariar fundos para combater a Unio Sovitica. H outros percursos mais sinuosos, mais introspectivos. Os de August Strindberg, considerado como um dos pais do teatro moderno. Mas este homem, nascido em 1849 e autor nomeadamente de Mademoiselle Julie, tambm um dos pioneiros do expressionismo europeu em pintura, sem contar com as suas actividades de fotgrafo, de alquimista e de telegrafista. Misgino, mas tambm socialista ou at anarquista, o que lhe valeu as honras da ex-Unio Sovitica e de Cuba, renegou o seu socialismo depois do encontro que teve com Nietzsche e antes de se virar para o misticismo. A introspeco psicolgica , por seu lado, o fio condutor da obra desse gigante do cinema que Ingmar Bergman. Nascido em 1918 em Uppsala, este encenador teatral, guionista e realizador, actor no incio da carreira, contava no seu activo em 2007, quando morreu, 170 peas de teatro e 62 filmes. Entre eles, o metafsico Stimo Selo, o psicolgico A Mscara ou Fanny e Alexandre ou ainda Cenas da Vida Conjugal, que lhe valeram ser considerado como uma dos grandes realizadores do sculo XX. Tal como Strindberg, casado trs vezes, Bergman teve uma vida sentimental movimentada: casou-se cinco vezes e teve nove filhos. M.M.B. A dinmica Astrid Lindgren. Scanpix/reporters Descoberta da Europa EstocolmoLUZ e SOMBRA LUZ e SOMBRA Palavras-chave Pipi das Meias Altas; Astrid Lindgren; Selma Lagerlf; Strinberg; Ingmar Bergman; Marie-Martine Buckens.

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59 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009Ainda que a actividade editorial varie exponencialmente de um pas para o outro, actualmente existem editores em quase todos os pases africanos. As opinies dos editores ACP desempenharam um importante papel no Colquio Cultura e Desenvolvimento organizado pela Comisso Europeia em Bruxelas (1 a 3 de Abril de 2009). Editores, escritores, associaes e organizadores de feiras de livros de pases ACP e da UE discutiram, em workshops especficos, o modo como a indstria cultural dever dar resposta tanto aos requisitos do pblico ACP como aos interesses do pblico do Norte. Os registos de dados acerca da capacidade econmica do sector editorial nos pases ACP so escassos. Os manuais escolares so as publicaes mais vendidas, representando entre 55 % e 70 % do total. So o ramo mais rentvel do sector, mas so geralmente limitados a um certo nmero de editores locais e estrangeiros especializados ou s suas filiais locais. Todos sabem que, excepo da frica do Sul, da Nigria e do Egipto, a indstria livreira africana fraca. E porque os fundos de apoio so parcos, poucos editores correm riscos financeiros. Consequentemente, os escritores que procuram estabelecer-se no palco global tm de procurar um editor do Norte (nas lnguas coloniais em Nova Iorque, Londres, Paris e Lisboa), onde podem ir ao encontro no s de lucros como tambm de distribuio, promoo, prmios e festivais. A falta de livrarias outro problema que contribui para a perda de oportunidades de venda de livros. Existem apenas 13 livrarias no Mali, 11 no Burquina Faso e 215 no Senegal (das quais 200 so pequenas*), ao passo que num pas como Itlia existem 2000. Verifica-se igualmente uma ausncia de bibliotecas e centros de leitura: nem mesmo as grandes cidades tm uma biblioteca. No Colquio ACP de Bruxelas, os participantes perceberam que o principal entrave a uma maior produo e uma melhor comercializao dos livros africanos consiste na falta de polticas pblicas e no peso das taxas aduaneiras que penalizam a circulao dos livros e das matrias-primas (papel, tinta ou materiais de impresso). Na verdade, o Acordo de Florena (1950) e o Protocolo de Nairobi (1976) relativos importao de materiais pedaggicos, cientficos e culturais foram assinados por vrios pases mas no so respeitados. Algumas editoras das partes francfonas de frica so reconhecidas a nvel global pelo papel estratgico que desempenham no desenvolvimento da literacia desde a independncia: O Centre d'dition et de diffusion africaine (CEDA, Costa do Marfim), as ditions Cl (Camares), as Nouvelles ditions africaines du Sngal (Nas), as Nouvelles ditions ivoiriennes (NEI) e Afrique-ditions, em Kinshasa. Os novos editores africanos so mais dinmicos e abertos criao de redes, como ferramentas de promoo do desenvolvimento da edio no continente. Apostam nas novas geraes, promovendo a educao da leitura atravs de projectos inovadores e da circulao de publicaes em motociclos, autocarros ou barcos... Juntamente com editores do Norte, produzem co-edies que so disponibilizadas ao pblico do Sul a preos mais baixos: por exemplo, a coleco Terres solidaires (com Le Serpent plumes e Actes Sud), que publica romances de autores africanos ao preo de 2000/3000 F CFA, ou Global Issues, um projecto de “feira do livro” da Ecosocit, uma editora do Quebeque. Vrias redes, como sejam associaes nacionais de editores, redes de C riatividade Sandra Federici e Andrea Marchesini Reggianiafricanos Rede de editores africanos contra a invisibilidade Coup de lune d’Abla Ababou (Setembro de 2008) Serpent PlumesEl Hadj de Mamadou Mahmoud N’DONGO (Agosto de 2008) Serpent PlumesEn attendant que le bus explose de Thomt Ryam (Fevereiro de 2009) ditions du Rocher

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Criatividade livrarias e associaes de autores, so activas no sector das publicaes. Tomemos como exemplo a Afrilivres, uma associao de editores africanos francfonos sediada em Cotonu (Benim) que tenta desenvolver uma relao mais igualitria com o Norte, tornando as suas publicaes visveis e disponveis nos mercados do Norte; a African Book Collective, um ponto de distribuio baseado em Oxford sem fins lucrativos com 116 editores africanos independentes de 19 pases; a rede da Aliana Internacional de Editores Independentes, que associa editores de quatro redes lingusticas em reas ACP e UE; e a Rede de Editores Africanos (APNET), uma organizao pan-africana sediada no Gana (Acra) que une associaes de editores nacionais para “reforar a publicao indgena em frica”. As associaes internacionais trabalham no sentido de facilitarem a presena das publicaes ACP nas feiras do livro do Norte, mas a sua participao continua surpreendentemente diminuta. Ao folhearmos os catlogos das mais recentes feiras do livro italianas, reparamos, por exemplo, que na Feira do Livro Infantil de Bolonha (23 a 26 de Maro de 2009), que contou com a participao de 66 pases, a presena africana foi muito reduzida, representada somente por editores sul-africanos, tanzanianos e egpcios. * APNET – ADEA, projecto de estudo sobre o comrcio livreiro africano interno.Igino Schraffl*Turismo ecolgico e cultural: uma panaceia para o turismo africano? Turismo ecolgico e cultural: uma panaceia para o turismo africano? Mali, arredores de Segou: a principal aldeia.Fotografia de Igino Schraffl. 60 Palavras-chave Colquio Cultura e Desenvolvimento; Bruxelas; Acordo de Florena; Protocolo de Nairobi; edio; editores.

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Nas ltimas dcadas, o sector do turismo subiu vrios degraus na escada das intervenes da ajuda de desenvolvimento ao Terceiro Mundo. Por vrias razes: a necessidade de investimento, a reconverso das actividades agrcolas e a crescente procura na Europa de destinos exticos. Embora os consultores e as organizaes internacionais do sector afirmem que a situao ainda razovel, ser que a atraco pelo turismo ecolgico e cultural evitar uma contraco anunciada? O aumento geral do fluxo de entradas no continente africano deve-se exclusivamente a um aumento acentuado do turismo sul-africano. Tendo em conta que os destinos de turismo cultural parecem continuar a atrair visitantes, os dados do turismo relativos ao Egipto mantmse. Os dados relativos a outros pases africanos do Norte e do Centro esto em declnio e, se for aplicado o “ciclo vital” de um modelo econmico, muitos esto mesmo a enfrentar uma saturao do mercado. Ora, a saturao geralmente seguida de declnio. Tais previses esto baseadas em projeces matemticas e clculos estatsticos. O futuro aumento demogrfico, em pases pobres, no criar fluxos enormes de turistas e o envelhecimento das populaes dos pases ricos no de bom augrio para destinos exticos, uma vez que mais que provvel que o transporte desconfortvel e a falta frequente de alojamento de elevada qualidade, perigos de sade, instalaes sanitrias deficientes e riscos de segurana pessoal tenham um efeito dissuasor nestas populaes. Alm disso, estudos de mercado exaustivos recentes – que utilizam instrumentos e critrios altamente sofisticados, baseados na nova bioeconomia ou neuroeconomia, em economias comportamentais-motivacionais e neurocincias – revelam que a chamada “gerao x” (pessoas nascidas entre 1965 e 1980), na sequncia da gerao “baby-boomers” (1950-1965), tambm sente uma propenso para o turismo cultural, natural e ecolgico. Consequentemente, prev-se que o nicho de mercado do turismo extico diminua ainda mais, dado as novas categorias de turistas apresentarem tendncias semelhantes s dos mais idosos em matria de conforto, servio e qualidade.> Rejeitar o “obsoleto”Alm disso, elas preferem o que est em voga, invulgar ou fascinante e rejeitam o que “obsoleto”, clssico ou tradicional. Os novos devotos da condio fsica e do bem-estar devem ser tidos em conta. Em geral, no esto muito interessados na fauna e na flora nem em excurses e desconfiam dos ambientes inexplorados. Estes turistas preferem a praia montanha e as excurses culturais limitam-se a algumas viagens a locais tursticos bem conhecidos. Outro factor que s alguns pases so capazes de desenvolver o turismo de massa, reduzindo os incentivos ao desenvolvimento deste sector. Contrariamente a outros sectores, o turismo no pode tirar grandes benefcios do impacto positivo das Tecnologias da Informao. Ao abandonar a abordagem tradicional de promover um territrio especfico e de adoptar um novo conceito sofisticado baseado na gesto do sistema de destino, que concluses se poder tirar para expandir o nicho de mercado do turismo para destinos exticos? Num novo sistema de “gesto de destinos”, no pode ser descurado nenhum factor: segurana, sade e higiene pblica, acesso e transporte, moeda e sistema bancrio, cumprimento da regulamentao, preos, formao profissional e monitorizao. Os pontos de referncia tursticos que fazem aumentar as receitas devem ser bem tratados atravs de novas modalidades de gesto. E, por ltimo, toda a empresa deve basear-se em critrios slidos de sustentabilidade que garantam a estabilidade do mercado a longo prazo. Se o principal objectivo econmico reduzir o desemprego e a pobreza, uma das solues mais viveis consiste em promover o turismo ecolgico e cultural de pequena escala com caractersticas especiais, com base no modelo de centros existentes de turismo sustentvel integrado num sistema de desenvolvimento rural, ou seja, num sistema integral que inclua a actividade turstica, a produo bioagrcola, a utilizao de energias renovveis e facilidades de assistncia social e educacionais. * Professor de Escolha Pblica na Universidade Lumsa de Roma; perito voluntrio de alto nvel para as Naes Unidas, trabalha actualmente como conselheiro para o Ministrio do Turismo do Mali. 61 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009 Criatividade Esquerda: O centro turstico de Teiya Bugu no Mali, um modelo de turismo sustentvel a seguir em todos os pases ACP. Fotografia de Igino Schraffl.Direita: Mali, mesquita de Djenn, o maior edifcio de tijolo de barro do mundo.Fotografia de Igino Schraffl. Palavras-chaveTurismo; frica.

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Quando Rokia Traor pisa o palco, os coraes das pessoas sua volta comeam a palpitar: como se aquele pequeno corpo, franzino apenas na aparncia, fosse a manifestao de uma energia ancestral. Os seus msicos animam os espectadores e ela comea imediatamente a danar. Depois, a sua voz vibrante, com a sua elegncia sensvel, que encanta os nossos ouvidos. Rokia nasceu em Kolokani, no Noroeste do Mali. Desde criana, teve a sorte de viajar durante muito tempo com o seu pai, diplomata maliano. O contacto com a msica de diferentes pases, dos Estados Unidos Arglia, da Arbia Saudita Blgica, estimulou-a a iniciar a sua aventura musical muito cedo, mas foi s quando regressou ao Mali que pde dar forma ao tipo de msica que a caracteriza: “No pop, no jazz, no clssica, mas algo de contemporneo com instrumentos tradicionais (ngoni, balafo e cor).” Rokia convida-nos a rever os velhos preconceitos sobre o que a msica africana deve ou no deve ser. Em 1997, com apenas 23 anos, ganhou um prmio da Radio France Internationale como “Revelao Africana” do ano, uma honra qual anteriormente s tivera direito Habib Koit do Mali, em 1993. Seguiram-se contratos de gravao e digresses internacionais, uma vez que Rokia continuou a desenvolver as suas ideias musicais, a deleitar os auditrios do mundo inteiro e a desconsertar os devotos mais conservadores da msica mundial. A cantora escultural gravou o seu novo lbum Tchamantch, impressionando o pblico com aquele tipo de revoluo que foi comparado s suas obras anteriores (Mouneissa, 1997; Wanita, 2000; Bowmboi, 2003). Desta vez, o som revela caractersticas mais ocidentalizadas devido utilizao de instrumentos europeus (por exemplo, a viola Gretsch) e porque teve arranjo de Phil Brown (que trabalhou com artistas como Bob Marley). Apesar destas consideraes, todo o lbum mantm vibraes tipicamente africanas. Porqu? Rokia responde: “Porque a msica depende da pessoa que a faz e eu sou africana. Mas sou de uma nova gerao, que tem uma nova maneira de ver a frica e a nossa msica.” Como habitualmente, as canes so cantadas em bambara, excepto Aimer e The man I love, uma adaptao da famosa pea interpretada por Billie Holiday. Os textos abordam temas da vida quotidiana, mas tambm de realidades polticas e sociais, como a intrincada e dramtica questo da imigrao clandestina (Tounka). Dounia, ao contrrio, uma espcie de apelo dirigido s pessoas do Mali, dizendo-lhes que no devem meter o seu glorioso passado numa gaveta (o vdeo da cano tambm muito interessante). Dedicado a Ali Farka Tour, este novo lbum uma reflexo perfeita do seu equilbrio cultural, como exemplificado pelo ttulo, que em idioma bambara significa “equilbrio”. Apesar do esprito evolutivo deste novo lbum, a msica da Rokia parece, uma vez mais, encarnar um novo idioma musical africano, no qual palavras como “tradicional”, “contemporneo” ou “fuso” parecem inadequadas. A sua voz tornou-se mais refinada e o som mais parecido com o do blues, mas a artista prossegue, calma e inexoravelmente, o seu caminho com uma determinao incrvel. a FRICA Quando descobre O BLU ES Mots-clsRokia Traor ; musique ; Afrique ; Mali ; Ali Farka Tour.Elisabetta Degli Esposti Merli Criatividade 62 Rokia Traor. Richard Dumas

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63 N. 11 N.E. – MAIO JUNHO 2009a FRICA P ara jovens leitores DESPORTO E DESENVOLVIMENTO de POV** Desenhista de Madagascar

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64 Estamos interessados na sua opinio e nas suas reaces aos artigos desta edio. Sendo assim, diga-nos o que pensa deles. Contacto: O Correio – 45, Rue de Trves 1040 Bruxelas (Blgica) email: info@acp-eucourier.info – website: www.acp-eucourier.infoAgenda A propsito do artigo “O Preo do ‘Carbono’ das Florestas” (nmero 9) Em Angola, 80% da populao encontra-se nas zonas rurais e usa como principal fonte energtica as florestas. Com pequenos projectos de minihdricas, energia solar e distribuio de gs butano e, em simultneo, projectos de reflorestao, podem obter-se muito bons resultados. Mas estes projectos seriam implementados por entidades independentes, no governamentais.Jos Flix de Caravalho Jnior (Brasil)O Correio um instrumento de trabalho precioso para os investigadores que se interessam pelas relaes ACP-UE. Apreciei positivamente o artigo sobre o “Impacto da crise em frica visto pelos peritos africanos”. A anlise realista e os efeitos da crise desenvolvidos pelos especialistas africanos comeam a sentir-se em pases como o nosso.ONANA NGA Ferdinand (Chercheur – Cameroun). Direito de resposta O Secretariado ACP gostaria de solicitar uma correco da informao dada pela Sr. Charity Maruta no artigo da pgina 7 do n. 10 de O Correio ACP-UE. Foi por ela referido o seguinte: “Procurei mobilizar 150.000 euros da CE do oramento destinado a filmes ACP para um filme de longa metragem, mas no foi possvel aceit-los porque no consegui angariar o resto do dinheiro necessrio.” O processo de avaliao ainda est a decorrer e confidencial. Como ainda no est concludo, impossvel que qualquer pessoa tivesse comunicado o que quer que seja Sr. Maruta em relao ao seu filme no momento em que fez aquela afirmao.A palavra aos leitores! J ulho 2009> 5-20 Festival cultural pan-africano de Argel 2009 Festival consagrado s diferentes artes, desde o teatro ao cinema, da literatura banda desenhada, da msica arte visual. Argel, Arglia. Web: http://www.panafalger2009.dz > 6-8 Conferncia Mundial sobre o Ensino Superior (WCHE+10) A UNESCO acolher a “Conferncia Mundial sobre o Ensino Superior (WCHE+10)” destinada a inventariar os progressos realizados desde a primeira conferncia organizada em 1998. Paris, Frana. Web: www.cepes.ro/forum/ welcome.htm> 22-02 30. Festival Internacional de Cinema de Durban O festival apresentar mais de 200 projeces de filmes do mundo inteiro, com uma ateno especial para os filmes da frica do Sul. Durban, frica do Sul. Web: http://www.cca.ukzn.ac.za Agosto> 3-6 Ensino Distncia e Formao de Professores (DETA) Costa do Cabo, Gana. Web: http://www.deta.up.ac.za/> 31-04 Conferncia Mundial sobre o Clima. Genebra, Sua. Setembro> 24-28 Perspectivas africanas 2009: Centro urbano africano (re) financiado Pretria-Tswhane, frica do Sul. Web: http://architectafrica.com/ AFRICAN-PERSPECTIVES2009 http://www.africanperspectives.nl/ > 28-01 17 Sesso da Assembleia Parlamentar ACP e reunies intercalares da Assembleia Parlamentar Paritria ACP-UE Bruxelas, Blgica. JULHO a SETEMBRO de 2009