• TABLE OF CONTENTS
HIDE
 Front Cover
 Main
 Back Cover














Title: Arquivo de bibliografia portuguesa.
ALL VOLUMES CITATION THUMBNAILS PAGE IMAGE ZOOMABLE
Full Citation
STANDARD VIEW MARC VIEW
Permanent Link: http://ufdc.ufl.edu/UF00089414/00001
 Material Information
Title: Arquivo de bibliografia portuguesa.
Physical Description: Book
 Record Information
Bibliographic ID: UF00089414
Volume ID: VID00001
Source Institution: University of Florida
Holding Location: University of Florida
Rights Management: All rights reserved by the source institution and holding location.

Table of Contents
    Front Cover
        Front Cover 1
        Front Cover 2
    Main
        Page 1
        Page 2
        Page 3
        Page 4
        Page 5
        Page 6
        Page 7
        Page 8
        Page 9
        Page 10
        Page 11
        Page 12
        Page 13
        Page 14
        Page 15
        Page 16
        Page 17
        Page 18
        Page 19
        Page 20
        Page 21
        Page 22
        Page 23
        Page 24
        Page 25
        Page 26
        Page 27
        Page 28
        Page 29
        Page 30
        Page 31
        Page 32
        Page 33
        Page 34
        Page 35
        Page 36
        Page 37
        Page 38
        Page 39
        Page 40
        Page 41
        Page 42
        Page 43
        Page 44
        Page 45
        Page 46
        Page 47
        Page 48
        Page 49
        Page 50
        Page 51
        Page 52
        Page 53
        Page 54
        Page 55
        Page 56
        Page 57
        Page 58
        Page 59
        Page 60
        Page 61
        Page 62
        Page 63
        Page 64
        Page 65
        Page 66
        Page 67
        Page 68
        Page 69
        Page 70
        Page 71
        Page 72
        Page 73
        Page 74
        Page 75
        Page 76
        Page 77
        Page 78
        Page 79
        Page 80
        Page 81
        Page 82
        Page 83
        Page 84
        Page 85
        Page 86
        Page 87
        Page 88
        Page 89
        Page 90
        Page 91
        Page 92
        Page 93
        Page 94
        Page 95
        Page 96
        Page 97
        Page 98
        Page 99
        Page 100
        Page 101
        Page 102
        Page 103
        Page 104
        Page 105
        Page 106
    Back Cover
        Page 107
        Page 108
Full Text

ARQUIVO

DE


BIBLIOGRAFIA


PORTUGUESA


ANO VI W JANEIRO-JUNHO OW N.o0 21-22


ATLANTIDA
C 0 1 M B R A- i 9 6 0


/!I) r~
b











Arquivo de Bibliograjia Portuguesa
(Publicagao trimestral)



DIR-E CC AO DE

MANUEL LOPES DE ALMEIDA









S U M A R I O D E S T E N U M E R O


JosE LOPES DIAS Antepassados e descendentes de Jodo Roil de Castel
Branco, poeta do aCancioneiro Geral, de Garcia de Rerende A JosE
MARIA AI.MARJiO Notas bibliogrdficas sobre o ,Livro do C&rco de
Diua de Lopo de Sousa Coutinho A JoXo DE SOUSA DA CAMARA Uma
carta indedita para D. Luis da Cunha & Cartas de Antero de Quental,
publicadas por MANUEL LOPES DE ALMEIDA A ANT6NIO BRASIO Gra-
mdtica portuguesa para missiondrios estrangeiros A Documentos A
Notas de Leitura A Noticias


Assinatura annual (4 nOimeros). . ...
NAmero avulso . . . . .
Numero duplo avulso . . . .


* 45,'OO
* . 20O)OO
* 3o~oo


Toda a correspondencia deve ser dirigida ao Arquivo de Bibliografia
Portuguesa, Rua Ferreira Borges, io3-ini Coimbra










Arquivo de Bibliografia Portugu"'

ANO VI JANEIRO -JUNHO 41 N.0' 21-22




Antepassados e descendentes de Joao Roiz de
Castel Branco, Poeta do aCancioneiro Geral de
Garcia de Rezende


Ji em outra ocasigo tivemos ensejo de averiguar que o Autor da
famosa Cantigua sua partindosse e de outras composic6es insertas no
*Cancioneiro GeralD, de Garcia de Rezende, era natural da antiga
vila de Castelo Branco (i).
Joao Roiz de Castel Branco usava realmente o titulo da terra
natal, em que e justamente considerado uma das suas gl6rias, como
Autor da mais bela expressao poetica do apartamento e da ausencia,
explendida e genuina joia do lirismo national.
Corn efeito, em dois pergaminhos ineditos, duas cartas de venda
de propriedades r6sticas, de 14 de Setembro de 1502 e de 3o de Abril
de 1507, que publicimos no aArquivo de Bibliografia PortuguesaD, em
que o Poeta figure de comprador de pedaqos duma herdade dos Chaos
de D. Bento, alem do Rio Ponsul, no termo da mesma vila, pudemos
identificar as informag6es seguintes: --
Joio. Roiz residiu em Castelo Branco, onde possuia predios
rtsticos e urbanos;
Era casado corn Catarina Vaz;
Usava os apelidos de Castel Branco, como fidalgo corn direito
ao titulo da terra natal;
Trocara as festas e os galard6es da C6rte pela montanha puri-
ficadora e as delicias da vida ritstica;
Nas poesias do a Cancioneiro Geralb deixou-nos reminiscen-
cias de Antao da Fonseca e de seu irmao, Francisco da Fonseca, bispo
de Tripoli, membros da antiga e nobre familiar dos Fonsecas, da vila
de Castelo Branco, aparentados corn o P.e Pedro da Fonseca, fil6sofo
da escola conimbricense;

(i) ,(Arquivo de Bibliografia Portuguesa,, Ano n, n.0 7. Coimbra, 1956.
Vide ,Dois documents ineditos sobre o Poeta Jodo RoiT de Castel Brancon e sepa-
rata.







-E corn evidence presunqdo ou ate com reiterada certeza deve
concluir-se que era natural de Castelo Branco.
Investigaq6es geneal6gicas ulteriores vem confirmar o que entao
escrevemos, iluminando de novos clar6es a biografia do Poeta, obtidas
pelo erudito genealogista e muito prezado Amigo, Eng. Manuel da
Silva Castelo Branco, a quem desejamos patentear o nosso melhor
recoithecimento.
Joao Roiz de Castel Branco era filho de Rui Goncalves de Castel
Branco, fidalgo da Casa Real e Coronel na vila de Castelo Branco, onde
viveu algum tempo, membro do Conselho del-rei D. Afonso 5. e con-
tador da fazenda, a partir de 17 de Maio de 1466, na comarca e almo-
xarifado da Guarda, cargo em que sucedeu a Rui Dias; e de D. Guiomar
Vaz de Castel Branco, filha de Fernio Vaz de Castel Branco, fidalgo
da Casa Real e Comendador de Cabeco de Vide e Alter Pedroso, da
Ordem de Aviz.
Joao Roiz era fidalgo da Casa Real de D. Manuel, com 600o reais
de moradia, como igualmente da Casa de D. Joao 3..
Foi casado com D. Catarina Vaz Carrasco de Sequeira, herdeira
de seu tio, Diogo de Sequeira, e filha de Vasco Fernandes Carrasco,
home nobre, e de sua mulher, D. Catarina Vaz de Sequeira. Esta
senhora, sogra de Joao Roiz, era filha de Vasco Anes Folgado de
Sequeira, cavaleiro fidalgo da Casa Real de D. Afonso 5., senhor do
morgado dos Sequeiras, a quem comumente chamavam em Castelo
Branco-o Cavaleiro, nome que ainda hoje se ostenta na rua em que
vivia cornm sua mulher e prima, D. Leonor Fernandes Barriga, ou Rua
do Cavaleiro. Aquele Vasco Anes era filho herdeiro de Joao Vasques
Folgado, cavaleiro fidalgo da Casa Real, e de sua mulher, D. Brites Fer-
nandes de Sequeira, filha bastarda, mas legitimada a instAncias de seu
pai, D. Fernao Rodrigues de Sequeira, Mestre da Ordem de Aviz, por
nomeagao do rei D. Joao I. em 1432, o que consta do Liv. 3 dos
Registos do dito rei.
Do casamento com D. Catarina Vaz Carrasco de Sequeira houve
dois filhos e quatro filhas, adiante mencionados, com numerosa pro-
genie, em que entroncam os Caldeiras Castelo Branco, de Porta-
legre e Alter do Chao, os Silas Castelo Branco, os Viscondes de
Castelo Branco e Portalegre, outros ramos, dos Pintos Castelo
Branco e Seabras Castelo Branco, o conhecido e grande benemerito
Prior Manuel de Vasconcelos e tantos outros personagens que cons-
tam do estudo geneal6gico, a muitos titulos curiosissimo, que vai
seguir-se.
0 cargo de contador da fazenda da Beira, que Joao Roiz desem-
penhou, como ji o fora por seu pai, consta da carta rigia de nomeacgo
de 21 de Agosto de 1515, que igualmente se public.







Os restos mortals do Poeta Joao Roiz encontram-se na velha
igreja albicastrense, de Santa Maria do Castelo, no antigo jazigo dos
Sequeiras, sito na capela-mor, corn sua filha, D. Brites Vaz de Castelo
Branco. Seu genro, Ant6nio Vaz de Andrade, teve sepulcro junto da
Capela do Espirito Santo, da mesma igreja (i).
Na terra onde nasceu, versejou, e viveu parte da sua existancia,
repousam tambem os seus despojos.


Antepassados e descendentes do Poeta Jo.o Roiz
(ou Rodrigues) de Castelo Branco (2)

1

i) Rui Gongalves de Castelo Branco, f. de Afonso Rodrigues
de Castelo Branco, da familiar principal dos Castelos Branco (3), foi
Fid. C. R. (D. Joao i) corn 3.5oo libras de moradia, veador das
casas dos reis D. Duarte e D. Afonso 5 e encarregado pelo Regente,
o Infante D. Pedro, do apresto das Cortes de 1439, em Lisboa, con-
forme consta da Cronica de El-Rei D. Afonso 5, de Rui de Pina,
in vol. i pig. 94, (ed. 1got da Bibl. de Cldssicos Portugueses, da
prep. de Melo de Azevedo), onde vem: a... E mandou logo o Infante
D. Pedro a Rur Goncalves de Castelo Branco, vedor que fora d'El-
-Rei D. Duarte, que finesse nos Pacos correger em grande perfeicdo,
a salla em que El-Rei havia d'estar nas Cortes. E concordado o dia,
que foi aos deT dias de Delembro de quatro centos e XXXIX e assen-
tado El-Rei em sua cadeira...... para aprovar e confirmar a elei-
cdo feita... para o Infante D. Pedro reger pelo rei (D. Af.0 5),).
E D. Afonso 5, na Chancelaria do ano de 1440, fl. 12, faz saber que:
econfiando nds da bondade e descricdo de Ruy GlT de Castelo Branco,
veador da nossa casa ho faco tesoureiro desta cidade de Lisboa. Dada
em Santardm a to de DeTembro de 1440o. E na Chancelaria do ano
de 1450, fl. 81, o mesmo rei Ihe chama criado de El-Rei seu pai e vedor
que foi de sua casa, dada em Evora. Achou-se com 12 homes de cavalo
e alguns de p6 na tomada de Segura e na tomada de AlcAicer Ceguer
a 23/10/1458, corn 5 filhos (4), como refere D. Agostinho Manuel e
Vasconcelos na Vida de D. Duarte de Meneqes,, 3. Conde de Viana,


(1) Assim o afirma uma obra manuscrita do Dr. Miguel Acciaioli, sob o
,T.1o Castel-brancoso, adiante referenciada.
(2) E tamb6m de seus primos, o monteiro-mor Nuno Vaz de Castelo Branco
e Gonqalo Vaz de Castelo Branco.
(3) In T.Io de Castelos Branco.
(4) In Gongalo Vaz de Castelo Branco.







lib. 4, fl. 19 (Ed. 1614, imp. em Evora na Oficina de Francisco Sim6es).
Casou corn D. Constanga Abril, tendo:

2 Afonso Rodrigues de Castelo Branco, Cav. Fid. C. R.,
a quem na Chancelaria do ano de 1463 fl. 37, D. Afonso 50 se
refere: aFa{emos saber que nds confiando da bondade, lealdade
e descricao de Afonso Rodrigues de Castelo Branco, Cap.0 Fid.
da nossa casa Ihe fago mercd de veador das cousas que pertencem
d moeda desta cidade de Lisboa, assim como o seu pai Ruy GlI
tinha. Dada em Lisboa a 25/zo1/t462P. Casou corn D. Constanca
de Calvos, tendo entire outros:
3 Ant6nio Pacheco de Castelo Branco, que tambem foi
veador da moeda de Lisboa.
2 -Vasco Rodrigues de Castelo Branco, que c.c. D... tendo,
entire outros:
3 Nuno Vaz de Castelo Branco, que foi capitgo dum
navio que andava de Sofala para Cambaia, no reinado de
D. Joao 3.
2 Rui Goncalves de Castelo Branco, que segue.
2-Manuel Rodrigues de Castelo Branco, s. g.
2 Joao Rodrigues de Castelo Branco, que se achou corn seu
pai e irmlos no cerco de Alcicer-Ceguer, onde foi armado cava-
leiro e depois passou a viver em C. Branco, onde tinha alguns
bens, c. g.
D. Margarida de Castelo Branco que c. c. Ferndo de Sousa,
o da Labruja.

2) Rui Goncalves de Castelo Branco, foi F. C. R. (D. Afonso 5)
corn 1.400 reais de moradia, e segundo Manuel da Costa Juzarte, Coro-
nel de C. Branco, onde viveu algum tempo. Pertenceu ao Conselho de
El-Rei D. Afonso 50 e foi Contador da fazenda da Beira, como se vd na
Chancelaria de D. Afonso 5, fl. 82, em que o dito rei diz que: a... que-
rendo-lhe faler graca e mercd, temos por bern e damo-lo daqui em
diante por nosso Contador em a Comarca e Almoxarifado da nossa
cidade da Guarda, assim e ido cumpridamente como aid agora foi
Ruy Dias, nosso escudeiro... Dada em AviT, a 17/5/1466)). E na
Chanc. do mesmo ano, fl. 82, o dito rei faz saber que: aconfiando nds
da bondade e descric4o de Ruy GlI de Castelo Branco, Fidalgo de
nossa Casa e Contador em a Comarca e almoxarifado da Guarda,
dou-lhe poder para arrecadar lodos os direitos do dito almoxarifado.
Dada em AviT a 22/5/r466>. E na Chanc. do ano de 1476, fl. i63, o
mesmo rei faz saber que Qhavendo respeito aos services que tenho rece-
bido assim em dstes reinos como em outras parties muitas de Ruy GlI
de Castelo Branco meu criado e fidalgo da minha casa e meu conta-








dor da minha cidade da Guarda, faco-lhe mercd de to.ooo rs de tenca.
Dado a 31//o/1475D. Casou corn sua 2.a prima, D. Guiomar Vaz de
Castelo Branco, f.a de Fernio Vaz de Castelo Branco, Fid. C. R.
(D. Afonso 50), Comendador de Cabego de Vide e Alter Pedroso, na
Ordem de Aviz, tendo (i):

3 JOAO RODRIGUES DE CASTELO BRANGO, QUE SEGUE.
3 Fernao Vaz de Castelo Branco.
3- Duarte Rodrigues de Castelo Branco, de que descendem
em C. Branco, os filhos do Dr. Bartolomeu Capelo Franco Frazio.
(in T.10 Refoyos e Fonsecas Coutinhos).
3 D. Constanga Rodrigues de Castelo Branco que c. c. Joao
de Barros, i.0 Adail-mor do reino.
3 Trajano Rodrigues de Castelo Branco, pagem de D. Jorge,
Mestre da Ordem de S. Tiago.

3) Jodo Rodrigues de Castelo Branco, foi Fid. C. R. (D. Ma-
nuel i) corn 6oo rs. de moradia e tambdm da Casa de D. Jodo 3, e
Contador da falenda da Beira, por carta de D. Manuel i, registada
no liv. 24, fl. 10o2, da sua Chancelaria, e que diT: aD. Manuel, etc.
fatemos saber a quantos esta nossa carta virem que consideraudo nds
de Jodo R{ de Castelo Branco, fidalgo da nossa casa, que d tal pes-
soa que, em todo ou quaisquer cargos dard aquela conta e recado que
a nosso service cumpre e a bem da nossa faTenda pertence e querendo-
-lhe f'aer graca e mercd e havendo respeito aos seus services e que
para isso d alto (apto) e competent, temos por bern e o damos daqui
em diante por Contador da nossa Comarca e almoxarifado da nossa
cidade da Guarda, assim e pela guiga que o era Ferndo Velho, que
o dito oficio tinha e se finou e, como aid aqui serviu por nosso mando
e por bern do seu Regimento e nossos artigos o deva faster e prover
mandamos a v6s vedores da nossa farenda e almoxarife do dito almo-


(t) 0 Dr. Miguel Acciaioli, assim como outro genealogista, Manuel da Costa
Zuzarte de Brito, dizem que o Pai do Poeta Jodo Roiz se chamava Rui Gongalves
de Castelo Branco, contador da fazenda na Guarda e Coronel de Castelo Branco, e
ainda veador da fazenda no Algarve (in Mss. da B. N. de Lisboa, F. G., corn o
T.to Familias de Portalegre); outros, como Alio de Morais e Manso de Lima,
.designam-o Rui Gongalves Coronel, provindo este apelido da parte de sua Mae,
D. Constanga Abril.
Acciaioli nomeia-lhe uma filha (irma de Joao Roiz), de nome D. Maria Coro-
nel e que faleceu solteira. Felgueiras Gaio limita-se a mencionar Rui Gongalves
de Castelo Branco, o Coronel. Acciaioli refere ainda que este Rui Gonealves esteve
em Alcacer-Ceguer, em contradiqio corn a maioria dos Autores, que nos parecem
mais avisados, segundo os quais foi seu Pai, tambem chamado Rui Gongalves de
-Castelo Branco quem esteve nessa acqdo de Alcacer-Ceguer.








xarifado e a todos os outros nossos oficiais e pessoas a que isto per-
tencer que o hajam daqui em diante por Contador da dita comarca e
o metam em posse do dito oficio e o deixem servir e usar dele e haver
os muitos prdis e precalcos que Ihe pertencerem e como atd aqui houve
e agora de diante deve de haver sem Ihe a dle ser posta dtvida nem
embargo algum porque assim d nossa mercd e se o pague de ordenado
z5oo rs. E jurou em a nossa Chancelaria aos Santos Evangelhos que
bem e verdadeiramente sirva e use do dito oficio. Dada em Lisboa a
21 dias de Agosto. Jorge Fernandes a fel. Ano de z5r;y.
Cultivou a poesia muito inspiradamente e foi poetan do Cancioneiro Geral de Garcia de Refenae, onde se lkm
algumas das suas produces a fl. zo6 Ed. (Lisboa, Herman de Cam-
pos, i5z6 fol), nomeadamente a sua cdlebre < Dele fagem mencdo, entire outros, Barbosa Machado, in Bibl. Lus.
tomo 2 pg. 677 e tomo 4 pg. 171, que refere que D. Jodo 3 por carta
passada em Almeirim a 21/1/1526, fl. 59 da Chanc., Ihe feT mercd da
capitania dum navio que andava de Sofala para Cambaia, corn a con-
dicdo de entrar nesta capitania, acabando de o ser seu primo, Nuno
Va- de Castelo Branco; e Dr. Josd Lopes Dias in aDois documents
indditos sobre o poeta Jodo Roil de Castel BrancoD, Coimbra r957.
Do livro intitulado aDilectus Lusitanusa o fal autor Baillet,
mas erradamente (i). Tiveram :

4-- Martim Vaz de Castelo Branco corn descendencia em Por-
4 Gongalo Vaz de Castelo Branco ) talegre. Destes descen-
dem os Caldeiras Castel-Branco de Portalegre e Alter do Chdo

(i) Barbosa Machado atribui erradamente ao Poeta a autoria de aDilectuslusi-
tanus, indicaqdo proveniente de Baillet, in Liste des auteurs Deguisdso, pg. mih i57i,
fim do tomo 6 de auJgements de Spavants,, dela compartilhando igualmente Vicente
Placcio, em ,De Scriptoribus Pseudonymus Detectuso, pg. 23o, n.0 826.
0 historiador da medicine, Dr. Augusto da Silva Carvalho, in vol. 13.0 de
eCongresso da Actividade Cientifica do Mundo Portugues esclarece que a seme-
lhanga entire Amatus e Dilectus foi causa de terem confundido na Bib. Nac. de
Paris, Amatus Lusitanus corn Dilectus Lusitanus.
Por sua vez, Barbosa Machado confundiu o m6dico, dr. Joao Rodrigues de
Castelo Branco e, (Amato Lusitano), corn o seu hom6nimo e patricio, Poeta Jo.o
Roiz de Castel Branco, este, da geraq&o antecedente, atribuindo-lhe a autoria da
obra aOcyrrhoes... Veneza, 16420.
Na obra de Adrien Baillet, cota B. 410. Preto, da Bib. Nac. de Lisboa, Auteurs
Deguisef sous des noms etrangers,, Paris, Chef Antoine Deyallier, rue S. Jacques
d la Couronne d'Or. M.DC.XC., encontra-se realmente, quase no final e sob o
titulo: Liste Des auteurs Ddguise;, a pg. 548, Dilectus lusitanus: Jean Rodriguef
de Castelbranco e, a pg. 526, Amatus Lusitanus: Jean Rodriguef de Castel-branco.
Silva Carvalho esclareceu definitivamente o equivoco, oriundo da Bib. Nac.
de Paris, como verificou no respective catalogo e tambdm nas notas do historiador
Harry Friedenwald. Podemos confirmar que Silva Carvalho tinha inteira razio.







(Vidd livro corn este titulo, de D. Ant6nio de Sao Payo, conde de
Sao Payo e Henrique Achioli de Sa Nogueira).
4-1D. Joana Rodriques (ou Vaz) de Castelo Branco que casou
2 vezes: a i.a com Diogo de Barros, seu primo, e depois em C. Branco,
com Simao de Almeida, f.o 3 de Ferndio Velho de Almeida, a quem
atraz nos referimos e de s. mer D. Maria Rebelo; o qual Simao de
Almeida, passou A India e voltando ao reino, muito rico, viveu corn
muita estimacgo na vila de C. Branco, onde foi das pessoas prin-
cipais e serviu todos os empregos nobres dela, c. g. que ndo deixou
descendencia.
4 D. Constanga Rodrigues de Castelo Branco, que segue
em 2.
4- D. Isabel Vaz de Castelo Branco, freira em S.ta Clara de
Portalegre.
4- D. Brites Vaz de Castelo Branco, que segue.
4 Diogo Rodrigues de Castelo Branco, que viveu em C. Branco,
onde serviu de tabeliao e c. c. D... tendo (i):
5 Heitor Rodrigues de Castelo Branco, que viveu em
C. Branco e c. c. D. Isabel Trancoso, tendo:
6- D. Simoa Rodrigues de Castelo Branco, que viveu
em C. Branco, onde c. c. Joao Cardoso, que ali foi verea-
dor e era f.0 de Alvaro Cardoso, Cav.-Fid. C. R., c. g.
(in Cardosos).

4) D. Brites Vaz de Castelo Branco, casou em C. Branco corn
Ant6nio Vaz de Andrade, Fid. C. R. (D. Joao 3) o qual serviu em Africa
muitos anos e toi pessoa mui valorosa, rica e de muita estimaaiao, e
era f. de Joao de Andrade Borralho, que estudou Direito e viveu em
C. Branco, onde serviu os cargos nobres daquela vila e de s. mer,
D. Ilia Ferreira Brandlo (fa B. mas legitimada em 1476 de Pedro
Anes Brandao, Fid. C. R. Alcaide-mor de C. Branco e Comendador
da Lousa na 0. X.0). Tiveram:

5 D. Medea Brandio de Castelo Branco, que c. c. Domingos
Mendes de Andrade Borralho, seu primo, Fid. C. R. c. g. em
Achiolis de C. Branco. Destes descendeu o Dr. Miguel Achioli da
Fonseca Castelo Branco.
5 D. Isabel Rodrigues de Castelo Branco, que c. c. Domin-
gos da Silva de Campos, f de Francisco da Silva de Campos, um
dos primeiros provedores da Miseric6rdia de C. Branco e de s. mer


(t) 0 Dr. Miguel Acciaioli diz que Diogo Rodrigues de Castelo Branco era
filho bastardo do Poeta Joio Roiz.








D. Ana Martins da Costa. E destes descendem os viscondes do
Serrado (Viseu); os viscondes de Loureiro; a esposa do Prof. Ant6-
nio Augusto Esteves Mendes Correia; os filhos do conde de Bobone;
os filhos de D. Felismina da Silva Castelo Branco Pires Marques;
os Silvas Castelo Branco; os filhos do Dr. Manuel Duque Vieira
e do Dr. Ant6nio Pinto Tavares de Castelo Branco; o Dr. Ant6nio
de Campos da Silva de Castelo Branco; e o Dr. Jose de Seabra
Castel-Branco, etc.
5- D. Ilia Ferreira de Castelo Branco, que a 23 / ii/1569
na ig. de S.ta Maria, c. c. Diogo da Silva de Campos, Fidalgo da
Casa do Duque de Braganga (irmdo de seu cunhado Domingos,
acima). E destes descendem os barges de Castelo Novo (in Cal-
deiras e Valadares Sotomaior).
5 D. Policena Brandao de Castelo Branco que casou a
26/2/1562 na igreja de S.ta Maria em C. Branco, corn Diogo Gil
Frazao, f.0 de Marcos Gil, Cav. Fid. C. R. e de s. mer D. Leonor
Lopes Frazao. E destes descendem os viscondes de C. Branco e
Portalegre e, nomeadamente, os filhos do Dr. Bartolomeu Capelo
Franco Frazho.
5- D. Ant6nia de Andrade que faleceu em C. Branco a
I3/I2/1574 e jaz na igreja de S.ta Maria, s. g.

2

4) D. Constanga Rodrigues de Castelo Branco, f.U de Joao
Rodrigues de Castelo Branco n. 3 do i e de s. m. D. Catarina Vaz
Carrasco de Sequeira foi 2-mer de Manuel de Vasconcelos, Cav Fid.
C. R. (D. Joio 3), que era fo de Manuel de Vasconcelos (i), da Certa
e de s. mer D. Catarina de Oliveira; e o qual faleceu em C. Branco
e jaz na igreja de S. Miguel, na mesma sepultura de sua mulher.
Tiveram:

5 Pedro Vaz de Vasconcelos, que segue.
5 Manuel de Vasconcelos, a quem seu pai nomeou na
capela que constituiu D. Brites Rodrigues e lhe pede que seja
cldrigo.
5 D. Guiomar de Oliveira, c. c. Ant6nio de Arag.o.


(i) Estes Vasconcelos, oriundos da Certd e descendentes da nobre geragic
dos Vasconcelos videoe aAntiguidades, Familias e Var6es ilustres de Sernache do
Bom Jardim e seus contornos,, do P.e Candido Teixeita da Silva, 6mulo de Manso de
Lima) gosaram de grande prestigio e estima na vila de C. Branco, o que se infere
pela muita mem6ria que deles fazem os registos paroquiais da dita vila, em virtude
dos inaimeros baptizados que apadrinhavam (in Vasconcelos).







5 D. Maria de Oliveira, freira em Extremoz.
5 D. Francisca, freira.
5 D. Isabel Vaz, freira em S.ta Clara de Portalegre.
5 D. Joana da Cruz, a quem seu pai deixou o prazo que
trazia de S. Joao, freira em S.ta Clara de Portalegre.
5 D. Briolanja de Vasconcelos a quem seu pai deixou o prazo
de Almoster.
5 Pedro Vaz de Vasconcelos viveu em C. Branco e sucedeu
a seu pai na capela que ele e seu tio Gil de Oliveira (irmio de seu
pai) instituiram, e faleceu a 10o/8/16o01 e jaz enterrado defronte da
porta principal da egreja de S.ta Maria do Castelo corn sua mulher
e filho. Casou corn D. Isabel Manso, irmi de Jorge Vaz Carrasco
e Gaspar de Sequeira, tendo:
6- Joao, filho families, que nasceu em C. Branco, onde foi
baptizado a 18/5/1579 na igreja de S.ta Maria, sendo seus padri-
nhos: Simdo de Almeida e D. Policena Brandao. Faleceu, mogo
e solteiro, a 17/10/1598 e jaz enterrado a meio da capela maior da
igreja de S.ta Maria.

6) Padre Manuel de Vasconcelos, que n. em C. Branco em 1575 e
faleceu a 13/A/z647, em Torres Vedras, ondeja{ na igreja de S. Pedro.
Foi um dos grandes benfeitores da Miseric6rdia de C. Branco, a quem
deixou a maior parte de seus bens. Dele fatem mencdo especial, Her-
mano de Castro e Silva in cA Misericdrdia de C. BrancoD, Ant.' Roxo,
Porfirio da Silva, e Dr. Jose Lopes Dias in aEstudantes de Coimbra,
naturals de C. Branco).

6 Antonio de Vasconcelos, que n. em C. Branco e foi bapti-
zado na igreja de S.ta Maria a 14/5/1565 sendo seus padrinhos:
o arcip. P.e Pedro Vilela e D. Policena Brandao. Matriculou-se
na Universidade de Coimbra em Instituta a 21/1o/i586 (cEst.
da Univ. de CoimbraD, do Dr. Jose Lopes Dias) e suponho que
foi cldrigo. Foi escrivao da Miseric6rdia de C. Branco em 1614-15
e foi o testamenteiro do P.e Hector Borralho de Almeida, vigirio
de S.ta Maria do Castelo que faleceu a 6/3/i6io e jaz na capela-
-mor da dita igreja.
6 D. Constanga Rodrigues, que faleceu moga e solteira a
21/10/1596 e jaz na capela-mor da igreja de S.ta Maria na sepul-
tura de seu tio, Jorge Vaz Carrasco.
6 D. Joana Manso, que n. em Castelo Branco e foi baptizada
na igreja de S.ta Maria a 24/3/1570, s. g.
6 D. Maria de Vasconcelos.
6- L.do Felipe Vaz de Vasconcelos (ou Carrasco) que nasceu
em C. Branco, onde foi baptizado a i5/11/1567 na igreja de








S.ta Maria, sendo seus padrinhos: D. Francisco e D. Maria, f.0o
de D. Fernando de Menezes. Bacharelou-se em Canones na Uni-
versidade de Coimbra a 3/7/1593 (in ((Est. da Un. de Coimbra,
naturals de C. B.,, do Dr. Jose Lopes Dias) e foi mestre-escola
da S6 de Portalegre.

JosE LOPES DIAS

Castelo Branco
Abril de 960











Notas bibliogrificas sobre o de Diu)) de Lopo de Sousa Coutinho


0 facto de ter chegado ao meu conhecimento que pessoa antiga
de minha familiar tinha sido detentora de dois exemplares de uma raris-
sima obra impressa no seculo xvi, CLIVRO PRIMEYRO DO CERCO DE DIUDI
despertou-me a curiosidade de averiguar o destino actual desses exem-
plares, e deu-me ensejo a que reunisse alguns apontamentos cuja publi-
cacgo se me afigura de certa utilidade para aqueles que se interessam
pelos estudos da bibliografia portuguesa.
Antes de se bordarem outras considera96es, convem fazer a des-
criqdo bibliogrifica da obra de que me estou ocupando, a qual constitui,
de facto, especie de grande interesse e extrema raridade entire as obras
saidas dos prelos portugueses no s&culo xvi.
Para eficiente satisfagdo do fim em vista recorro ao trabalho de
S. M. o Rei de Portugal D. Manuel II, LIVROS ANTIGOS PORTUGUESES,
transcrevendo de pgs. 486 do ni volume, a parte que interessa a este
artigo:
a88 Lopo de Sousa Coutinho, Livro do Cerco de Diu,
Coimbra, Jodo Alvares, i556.
Livro primeyro/do cerco de Diu, que os Turcos po/feram
a fortaleza de Diu. Per Lopo/de Soufa Coutinho: fidalgo da
ca/fa do Invictiffimo Rey dom/Joam de Portugal: ho/terceyro
defte/nome./Foy impreffa a prefente obra E a muy/nobre &
fempre leal cidade de Coym/bra per lod Alvarez ymprimidor/da
Vniverfidade aos .xv. di/as do mes de Setembro ./M.D.LvI. Titulo
enquadrado por uma portada, que tern na parte inferior a Phenix
corn a legend: NVNC REVIVISCO.
Folio (4), 79 (alias 86) folhas 27 linhas prodmio e
taboada em caracteres italicos. Numero dos cadernos: gf,
4 folhas; A, 4 folhas; B-K, 8 folhas cada caderno; L, o10 folhas;
total de 90 foihas.D

Do (Livro do Cerco de DiuD fez-se 2.a edicgo em 1890 corn o
titulo tHistoria do Cerco de DiuD, e foi corn ela que o benemerito
editor Melo de Azevedo iniciou a celebre aBiblioteca de Clissicos Por-








tuguezesD sob a direccgo literiria do Dr. Sousa Viterbo. Esta 2.a ediggo
saiu em format 8., corn 239 pgs., das quais as primeiras dez sato
, O Conselheiro Rodrigo da Fonseca Magalhaes, estadista notavel
da Regeneragdo e eloquente orador parlamentar de quem me honro
de ser trineto- reuniu uma invulgar e valiosa biblioteca (i) na qual
abundavam as obras raras da nossa bibliografia quinhentista, entire as
quais os dois exemplares da ediqao princeps do LIVRO DO CERCO DE DIU,
que sao o object destas notas, e que se encontram actualmente, um,
na Biblioteca Nacional de Lisboa, e o outro na biblioteca deixada por
morte do 2.0 Conde da Folgosa, Dr. Adolfo da Fonseca Magalhaes da
Costa e Silva, bisneto do ministry Rodrigo da Fonseca Magalhaes que
foi feliz possuidor de tais preciosidades (2).
O exemplar que ultimamente pertencia ao 2.0 Conde da Folgosa,
chegara-lhe As m.os por herangas sucessivas dentro de sua familiar.
O outro, aquele que hoje se encontra na Biblioteca Nacional de Lisboa,
fora urn duplicado da biblioteca de Rodrigo da Fonseca, o qual em sua
vida o cedeu por oferta ao seu amigo Conselheiro Tomaz Norton, em
cujo leildo realizado ap6s sua morte, a Biblioteca Nacional de Lisboa
o veio a adquirir conforme adiante referirei.
Da introducgo que Melo de Azevedo escreveu para a 2 a edi9ao
do Cerco de Diu acho oportuno transcrever as seguintes passagens:
aHa obras impressas no seculo xvi que bem se podem considerar
manuscritas, tal e a raridade de exemplares que escaparam a tantas
causes de destruicao, que decorreram durante tres seculos. N'este
caso se p6de considerar a aHistoria do Cerco de Diu, de Lopo de
Sousa Coutinho, corn que abrimos a serie das nossas publicag6es.
A Biblioteca Nacional de Lisboa possue um exemplar desta obra,
curioso por ter pertencido a dois homes distintos: um bibli6filo ac6r-
rimo e um politico notivel, igualmente amador de livros raros.
N'uma das guards acha-se escrita esta declaragao:

a13 de abril de 1841 !
Dia memoravel! Foi neste dia que o meu caro compare na
maior avondanga de coragio me dice: Dou-lhe este livro!
Commemoragqo eterna da sua nobre generosidade.
Thomaz NortonD.

(1) 0 destino da sua preciosa biblioteca encontra-se minuciosamente histo-
riado no opusculo aO Ex-libris de Rodrigo da Fonseca Magalhdes, pelo 2.0 Conde da
Folgosa. Lisboa, 1928. 8.0, 19 pgs. Separate da ,Revista de Ex-libris Portuguesan,
ilustrada.
(2) Este segundo exemplar pertence hoje d viuva do referido titular, a Con-
dessa da Folgosa, D. Arminda Machado da Costa e Silva.



















































Reprodugqo do frontispicio do exemplar da cBiblioteca
Nacional de LisboaD










13







E logo por baixo esta nota:


Este livro d rarissimo. Tern muito merecimento e muita
valiaD

Quem- eraeste compare de Thomaz Norton que tanto o alegrou
corn o present bibliogrifico?
Era nem mais nem menos que Rodrigo da Fonseca Magalhaes,
como se ve da seguinte nota escrita no verso do frontispicio:

,Raro e bom e este livro.
Meu compare Norton o deseja
e eu nao Iho posso dar!!! Paciencia.
Lisboa, i3 de Fevereiro de 1841.
R. F. Mags.,

Era uma verdadeira negaga. Passado um mes Tomrs Norton
tinho tido a habilidade de apanhar o livro ao seu compare !
Na margem do f61lio 67 ha ainda uma observaqio curiosissima de
Rodrigo, escrita a lipis. Diz assim:

aLopo escreveo, e quando ferido notou o que havia de escre-
ver, e n6s os deffensores da cidade do Porto gastamos os annos,
os mezes, os dias e as horas em miseriveis politicas'e os nos-
sos vindouros ficardo sem saber o que fizemos pela liberdade do
nosso Pais !

Estas notas e a circunstancia de ter pertencido a R. da Fonseca
e a Norton valorizam excepcionalmente o exemplar da Biblioteca Nacio-
nal de Lisboa.

Desta obra se ocuparam varios bibli6grafos como Inocencio, Pinto
de Matos, Anselmo, etc.
Inocencio diz a pgs. 192 do vol. v do seu Dicionirio que aesta
obra d de tal raridade, que Jose Agostinho de Macedo, diligente inves-
tigador destes nossos themas thesouros litterarios nao conseguiu ve-la,
e a suppunha escripta em latimn e que aAntonio Ribeiro. dos Santos
tambem dela nao falava nas iMemorias da Typographia Portugueza
no Seculo xiv.)
Acrescenta Inocencio que uFiganiere, na Bibliographia Historica
n.0 394, descreveu miudamente este livro de que s6 se conheciam entdo
dous exemplares, urn no Porto em poder do fallecido Thomaz Norton
o qual segundo diz acaba de ser comprado para a Bibliotheca Nacional
de Lisboa-e outro em Pariz, na livraria de mr. Ternaux-Compans.


























Anota6es do puno de Rodrigo da Fonseca Maga es
', +, *



















apostas no verso do frontispicio do exemplar da Biblioteca
National de Lisboa








15
= ... V
S' ,+ I .,, : .P

4w +" e,,.'V
Antye opnod Rod-r-o da Fosc .aahe
apsa n es do fron._tspi--io do .xemla.daBioec








Mais adiante, diz ainda Inocencio eque tinha visto A venda um
exemplar, que lhe constava ter ido parar As maos do Conselheiro Fran-
cisco Jose da Costa Lobo, comprado segundo afirmavam por 38.400 rs.
a quem dera por ele 36oo rs. e que este senhor, sabendo o empenho
que nelle tinha Rodrigo da Fonseca Magalhaes, e na livraria dese-
senhor se conserve por informag6es que tenho presentes.
No 13.0 vol. do Diccionario Bibliografico, a pgs. 314, escreve
Brito Aranha:
(A proposito deste livro, convem notar que me parece equivoco
em julgar que o Conselheiro Rodrigo da Fonseca Magalhaes possuia
um exemplar e Norton outro. Se Rodrigo da Fonseca recebeu o livro
de seu amigo Lobo nao tenho elements para o affirmar, nem negar;
mas A vista do exemplar existente na Bibliotheca Nacional de Lisboa,
posso assegurar que o exemplar de Norton, que a mesma Bibliotheca
adquiriu e o que pertenceu aquele illustre estadista.D
Tem razdo Brito Aranha sobre a sua tiltima afirmacgo, pois de
facto o exemplar de Norton passou da livraria de Rodrigo da Fonseca
para a sua, mas onde B. Aranha se engana, como vimos, d na suposi-
0go de que seria equivoco existirem dois exemplares, pois de facto
Rodrigo da Fonseca Magalhies possuia, como dissemos no comeqo
deste artigo, dois exemplares do Cerco de Diu).
Ricardo Pinto de Matos no seu acManual Bibliographico Portu-
gueTD diz a pigs. 538 que o < qual foi mandado um exemplar de Lisboa A Exposigdo de Paris de 1867.
Talvez fosse o mesmo exemplar que foi arrematado por 3o05oo reis,
no leillo da livraria Norton (i), para a Biblioteca Nacional de Lisboa.
Manuel Joaquim Anselmo na sua obra Bibliografia das Obras
Impressas em Portugal no Seculo XVI, n. 74, descreve este livro a
paigs. 20 dando na pig. 21 reprodugao do rosto. Indica como referen-
cias bibliogrdficas: Barbosa (Biblioteca Lusitana 3.0 vol. pags. 20; Dic-
cionario da Academia 1793; Lacerda aBibliographia Luzitanaa manus-
crito do fundo geral da B. N. L. n.0 7391 a pigs. 78; M. Carvalho,
Apontamentos para a Historia da Typographia em Coimbra, in
(O ConimbricenseD 1867-1868. Fernando Palha (Catalogue), 1896,
n.0 4182.
0 Rei D. Manuel refere na sua obra, atris citada, que ao Livro
do Cerco de Diu, impresso em Coimbra por Jod.o Alvares em 1556 e


(1) Deste leilgo, que se realizou em Lisboa, existe catalog impresso:
aCatalogo da Livraria do fallecido Conselheiro Thomaz Norton o qual se ha de p6r
a venda em leilgo pfiblico na Rua de Cedoteita n. 79 nos dias 27 de Julho e
seguintes,.
(2) Este exemplar, que tern o frontispicio fac-similado, creio que foi prove-
niente da Biblioteca de Fernando Palha.
















*^*'^y X %r ^ rn

cit.-zr' .a n 4e

/,^-,. "". '/f ',E ., ,



/hW 6 W.' /? rsydt.r/*' *^ -. A*--*
".- . ,- ,, ,
,ll
/'^ .^r.' m~i~ */^- A*^ -''*-* 4

A.^/^/t


Anotaq6es de Tomaz Norton apostas numa das guards
do exemplar da Biblioteca Nacional de Lisboa.


*



f.







uma obra extremamente rara, da qual, alem do nosso exemplar que se
encontra em admiravel estado de conservaqAo, apenas conhecemos a
existencia de quatro outros: na Biblioteca Nacional de Lisboa, no Museu
Britanico, na Biblioteca da Universidade de Harvard e o que pertence
a Messrs. Maggs BrosD.
Do exemplar perteneente ao Conde da Folgosa nao teve conheci-
mento d'Rki D. Monuel.
Aproveitando os apontamentos colhidos para a elabordaqo deste
artigo podemos dar ainda indicacao das seguintes obras que se referem
ao iCe'rco de Dius:
-,- (Diccionario de Pinho Lealq, vol. 8.0, pdgs. 504.
-- Monumentos da Cultura e da Arte Tipogrifica Portuguesa do
Seculo:XV)), pigs. 23.
Bibliotheca Asiatica et Africana, Catalogo de Maggs Bros,
n.0 5t19, 1929. Item i556 a pigs. 65.
Aldm dos dois exemplares a que especialmente me referi, sera
interessante indicar de quantos mais tive noticia e sdo os seguintes:
I ex. na Biblioteca de S. M. o Rei D. Manuel II, hoje no Paso
Ducal de Vila Vicosa;
i ex. no Museu Britinico;
i ex. na Biblioteca da Univ. de Harvard;
i ex. na Livraria Maggs Bros, de Londres.
Para conclusio deste artigo dou seguidamente algumas notas bio-
grificas e geneal6gicas do autor do Cerco de DiuD.
Lopo de Sousa Coutinho nasceu em Santardm, sendo filho segundo
de Fernao Coutinho que esteve na tomada de Azamor e morreu com-
batendo em Africa, e de D. Joana de Brito, filha de Joao da Cunha,
Contador-Mor da Excelente Senhora.
Por seu pai, era neto de Ruy Lopes Coutinho, filho dos 2.o0 Con-
des de Marialva, e de sua mulher D. Joana Coutinho.
Da aHistoria Genealogica da Casa Real Portugueza, vol. xi,
pgs. 359 e seguintes pass a transcrever o seguinte parigrafo:

((Lopo de Sousa Coutinho, serviu na India corn grande valor,
e distincAo no tempo do Governador o Grande Nuno da Cunha,
e se achou na morte do Sultao Bhaudur, e no primeiro sitio de
Dio, de que compoz hum Tratado, que imprimio em Coimbra no
anno de i5o6 (sic). Foy Capitao da Mina, e do Conselho delRey
D. Jo.o III, e hum Fidalgo ornado de muitas virtudes, que corn
singular entendimento, e valor, o fizer.o muy attendido na Corte.
Morreo desgragadamente em P6vos; porque hindo a cavallo, ao
pear lhe saltou a espado da bainha, e no movimento, que fez, se
lhe meteo no corpo, e em breve tempo acabou.)







Casou corn D. Maria de Noronha, filha de D. Fernando de Noro-
nha, Capitdo de Azamor e Comendador de S. Salvador de Vila Cova da
Ordem de Cristo, e de sua mulher D. Ana da Costa, filha de D. Alvaro
da Costa, Armeiro-Mor del Rei D. Manuel. Tiveram os seguintes filhos:

I- Rui Lopes Coutinho, que esteve na Batalha de Alcicer
Quibir. Casou com D. Marua de Ocem. S. G.
2 Joao Rodrigues Coutinho, Gov'ernador. -de Angola onde
morreu.
3 Gonqalo Vaz Coutinho, Cornendado.r de Farinha Podre na
Ordem de Cristo, Governador de Angola e da Ilha de S. Migupt.
Foi por morte de seus irmdos o successor da casa de seu Pai, tendo
casado bom D. Joana de Moraes, filha de SebastiAo Moraes, Tesou-
reiro-Mor do Reino. Corn geracao conhecida.
4-Manoel de Sousa Coutinho, o Frei Luis de Sousa do
Convento de S. Domingos de Benfica, escritor de renome, cro-
nista da sua Ordem, e que Almeida Garrett imortalizou no seu
drama aFrei Luis de Sousa).
5 Andre de Sousa Coutinho, Cavaleiro de Malta, que ao
regressar da India se perdeu corn o Governador Manuel de Sousa
Coutinho.
6-- Lopo de Sousa Coutinho, cativo em Alcacer Quibir.
Casara com D. Ana da Costa, filha de Francisco Ferreira Valde-
viesso. Cavaieiro da Ordem .de Cristo e de sua mulher D. Joapia
da Costa.
7 D. Sebastiana, freira no Convento de Santa Marta de
Lisboa.
8-D. Mariana, idem, idem.
9-D. Ana Coutinho, idem, idem.
o10- Jorge Coutinho, Religioso Ermita de Santo Agostiriho.
I I- N..., Religioso e Provincial da mesma Ordem.
12 D. Ana de Noronha, freira nas Donas de Santar6m.

Lopo de Sousa Coutinho foi bastante versado na lingua latina,
letras humans, etc. incutindo a seus filhos o gosto pelo estudo e pelas
letras. Traduziu para portugues, em verso, as aComedias de Pindaro,
as aComedias de Seneca)), o aPoema de Lucano, etc.

Morreu em P6vos, conforme acima referimos, e jaz na Capela-
-Mor da Igreja do Salvador de Santarem, da qual era Padroeiro.

Carcavelos, 25 de Margo de 1960.

JosE MARIA ALMARJAO











Uma carta in6dita para D. Luis da Cunha


0 present trabalho e elaborado corn base numa carta de 22-11-1747
de Ant6nio da Cunha, religioso hieronimita, para seu pai, o famoso diplo-
mata D. Luis da Cunha. A epistola, por agora, tern o mdrito de ser
inedita e talvez acrescentar um pouco mais de hist6ria A corresponden-
cia, entire D. Luis da Cunha e Alexandre de GusmAo, travada pelos
anos de 1746-47 sobre a possibilidade de Portugal se apresentar como
mediador na guerra entire a Franga e a Prtissia.
A ideia havia partido do Marques d'Argenson (i) e tinha encon-
trado em D. Luis da Cunha um fervoroso adepto que nela via um 6ptimo
meio de prestigiar Portugal e o seu soberano.
Esta carta encontra-se presentemente em Vila Vigosa, nos arqui-
vos da Casa Souza da Camara. A sua presenga ai nao deixa de ser
um tanto misteriosa. E por esse facto, aventamos como curiosidade
serem D. Luis da Cunha e Francisco de Souza da Camara (2) 4* netos
de Sebastiao de Souza de Abreu (3). 0 primeiro por sua mae D. Maria
Manoel de Vilhena, irma do Conde de Vila Flor (4) que foi herdeiro da
Casa de Sebastiao de Souza de Abreu. 0 segundo por seu pai Pedro
de Souza de Brito (5) que dele recebeu o patronimico de Souza. Vinha
esta familiar do casamento de uma filha de Sebastiao de Souza de Abreu,
D. Ana de Souza, com Cristovao de Brito Pereira (6).
No entanto, este vago parentesco pouco adianta e a explicacgo
dessa carta em Vila Vicosa encontra, assim, maior viabilidade nalgum
leilao da livraria dos Condes da Cunha, onde se teria obtido conjunta-
mente corn alguns tomos dessa biblioteca.

Por um capricho do destino, o reinado de Joao V seria coroado
pelo aparecimento de uma pleiade de grandes diplomats. Entre eles


(1) Representante da Franca em Portugal em 1737-39-nio chegando a
ocupar o posto.
(2) Senhor das Saboarias de Montemor-o-Novo, Lavre e Cabrela.
(3) Fidalgo da Casa de Braganga.
(4) 0 vencedor da batalha do Ameixial.
(5) Alcaide-mor de Braganqa e de Arraiolos.
(6) Alcaide-mor de Ourem e Cagador-mor do Duque D. Teod6sio.








distinguir-se-ia, excepcionalmente, Alexandre de Gusmrno. Formado em
Direito, pela Universidade de Coimbra, e dotado de um espirito bri-
lhante, ganharia rApidamente uma visdo superior dos problems inter-
nacionais. A sagacidade da sua diplomacia seria muito cedo object
da admiracgo dos eminentes estadistas dessa sociedade aristocrata do
seculo xvin e o seu nome o mais indicado para Escrivdo da Puridade,
na Corte de Lisboa.
Desta forma, corn a sua entrada no governor, o Pais comeqou a
ser orientado apelo mais avangado espirito do seculoD, no dizer de um
grande home de letras, acertando os neg6cios internos e ganhando
mais confianca para romper a barreira do provincianismo clerical e
alcancar lugar destacado no concerto das nag6es. Para essa tarefa,
Alexandre de Gusmao ia encontrar, no decano dos embaixadores, em
D. Luis da Cunha, entdo nosso representante em Franca, a melhor das
colaborag6es. Assim, tanto o estadista em Lisboa como o diplomat
em Paris procuraram nao perder a oportunidade de intervir como media-
dores na Guerra da Sucessdo da Austria, levando a voz prestigiosa de
Portugal a impor-se numa conferencia cujo objective fosse a conclusdo
da paz. Era uma corrida que era precise ganhar antes que os demais
paises da Europa se atravessassem no caminho.
Ora, tudo ficou um tanto incerto, quando o Cardeal Joio da Mota
e Silva, favorecido pelo soberano, mercer da intriga political, conseguiu
diminuir momentaneamente a influencia de Alexandre de Gusmao nos
neg6cios do Reino. Agora, todo o espirito modern, evidenciado pela
administracgo desse grande estadista, ficava paralizado. Em breve,
porem, falecia o Cardeal da Mota e, corn o seu desaparecimento, a
political desempoeirada do grande ministry Alexandre de Gusmao far-
-se-ia de novo sentir na Corte do cMagndnimoD. A esse prop6sito
escrevia para D. Luis da Cunha seu filho, na carta de 22 de Novem-
bro de 1747 : ah6 que no meo parecer me di muito medo, passarmos
de huma, para outra extremidade de repente. Ategora nos consumiu,
e disformou a inacqao, e o silencio; e agora receyo nto nos precipite-
mos, querendo fazer tudo junto.i
Quem tal afirmava era Ant6nio da Cunha que na epistola assina
M. A., marcando pela primeira letra o seu estado de religioso de
S. Jer6nimo. No final da carta podem ler-se as iniciais do nome do
destinatirio D. L. da C. que parece nao poder deixar duvidas sobre a
sua identidade.
Ant6nio da Cunha era filho natural, mas tunico (i), do grande
diplomat D. Luis da Cunha e pelo que a carta de 22-11-1747 contim,


(i) In aFamllias Titulares e Grandes de Portugaln por Albano da Silveira
Pinto (e Visconde de Sanches de Baena), vol. i, pigs. 5o6, 507 e 5o8.








podemos adivinhar-lhe func6es de alta responsabilidade na Corte de
Lisboa. Desta forma, do conjunto das suas informag6es, transparece
um conhecimento cabal de como os soberanos se pronunciavam nos
diferentes neg6cios do Estado.
E assim vejamos: ,O que decide sao os mesmos Despachos,
/que ouvi aprovava o Amo/). E mais adiante, referindo-se a um
papel gen6rico que o ministry espanhol D. Jose de Carvajal e Lan-,
caster tinha entregue ao Visconde de Vila Nova da Cerveira, sobrinho
de um outro grande diplomat o Conde de Tarouca, ji falecido, sobre
uma velha questao(i) que envolvia a Col6nia do Sacramento, no Rio
da Prata e que tanto nos havia e haveria de preocupar pelos anos fora,
esclarecia que: sN.o se responded a elle em vida do Eminentissimo
Defunto.a -o Cardeal da Mota Hoje lhe vay huma Longa Res-
posta; e ignore se hum, e outra se partecipdo a V. Ex.a, e camarada;
como foy desde o principio a minha openi'io; e que se havi.o de saber
as suas, e de todos, os que pudessem former juizo nestas importantes
materials, antes de se fazer a Sobredita Resposta; e tal era a idea do
Amo.a aSe V. Ex. receber os tais papeis, estou muito certo, que hade
dizer livremente o seo sentiment; e posso segurar-lhe, que todo o
mundo aqui/comegando pelos chefes/conta, e louva sobre esta liber-
dade, e zelo de V. Ex., e que o Amo frequentissimamente repetia
- querer, que V. Ex. fosse ouvido sobre todos os negocios --.D
Assim se teria um dia pronunciado El-rei D. Joao V, lembrando
o conselho autorizado do seu velho e nobre diplomat que contava ent.ao
oitenta e cinco anos.
Os relevantes servigos de D. Luis da Cunha nto pareciam esque-
cidos e procurava-se, agora, no novo governor, ouvir a sua opiniao nos
altos problems do Estado, enviando-se-ihe para esse fim os respecti-
vos relat6rios: (No caso (de ?) Ihe nao serem remettidos hoje, por nio
c'aber no tempo copia-los, eu farey, que no primeiro Expresso se Ihe
mandem, e nato passari muito tempo, como V. Ex. entenderi dos Des-
pachos de hoje, pois Iho promettem corn copias de tudo, e que se tern
passado, em grande desmazelo, e ignorando V. Ex., o que desejava Ihe
fosse prezente, sem que chegasse a effeyto: e nio por misterio, mas
por huma sorna, que era invencivel, entire tantas, e tio solidas vertu-

(i) Em 168o o regente D. Pedro estendeu a fronteira do Brasil ate6 ao Rio
da Prata, criando-se a Col6nia do Sacramento. Esta nossa posiqgo foi contrariada
pela Espanha, jA instalada aquem e alem do Rio da Prata que via na nossa pre-
senqa uma ameaqa constant i sua soberania. 0 litigio continuou, desta forma,
passando a Col6nia do Sacramento pelas moos portuguesas e espanholas ate que,
pelo Tratado de Utrech de 1715, nos foi entregue. Mas, a situaqao nio agradava
ainda, sendo entao o problema discutido, em diversas negociaq6es, pelo nosso
Embaixador e D. Jose de Carvajal. Daqui resultou o Tratado dos Limites de 1750
- a coroa de gl6ria de Alexandre de Gusmio.








des. Com aqueles papeis pagarey eu tambem, o que muitas vezes pro-
metti a V. Ex.m
Enfim, o desmazelo que Ant6nio da Cunha referenciava parecia
estar em perspectives de ser abandonado e a correspondencia de D. Luis
da Cunha nao mais ficaria sem resposta.
Desta forma, uma carta que de Paris o nosso embaixador havia
enviado ao Cardeal da Mota, em que apontava anella a outra antece-
dente),, ji o nao encontrava corn vida. No entanto, afoi a que decidio
sobre o Arranjamento do Congresso futuro/e s6 possivel; porque eu
ainda receyo, que elle venha a furo / e assim V. Ex. fez Capitulo, como
dizem os nossos Frades.D
Era o triunfo! De facto a Guerra da Sucessao da Austria estava
a terminar, acabaria dai a meses, e D. Luis da Cunha obtinha o apoio
necessirio para se apresentar como mediador. No entanto, seu filho
acrescentaria: aEu consider alguma delicadeza sobre o modo, e
tempo de nos pronunciarmos Juizes Apostolicos, ou Mediadores : visto,
que ainda Inglaterra nos nao convidou nesta quallidade, para aquela
Assamblea de Paz Geral, sem fallar no mesmo silencio de Sardenha,
Genova, Modena, Napoles, etc.i aPorem neste artigo, e em todos
repouzo em V. Ex.a cujas consumada habillidade, e provado zelo, hide
conduzir segura a honra do Amo, e da Naiao que depend della',
Neste elogio final da carta de 22-11-1747, Ant6nio da Cunha
manifestava, por certo, a confianca do governor portugues nas possibi-
lidades do seu embaixador em Paris.
0 velho diplomat encontrava-se, desta forma, depois de haver
representado corn inexcedivel aprumo, durante largos anos, a Nacao
portuguesa, no declinar da vida, corn o mesmo cridito de sempre.
No entanto, nem tudo seriam facilidades e a atmosfera tambem
transportaria os seus miasmas, aconselhando oportunamente Ant6nio
da Cunha: sey se posso ainda nao desconfiar.D E mais adiante acautelava: aCon-
juro a V. Ex., que a nada, do que aqui digo me respond nos Massos
da Corte, e s6 pello giro costumado.,
A prudencia levaria, talvez, o pr6prio D. Luis da Cunha, jAi can-
sado, a requerer autorizagao para levar, na sua comitiva, possivel-
mente A Conferencia da Paz (i), o sobrinho ji entdo Cavaleiro da
Ordem de Malta. E, assim, terminando a referida carta em Post
Scriptum, o filho do grande diplomat socegava-o: ,Quanto a levar
V. Ex. em Sua Companhia seo Sobrinho o Senhor Maltez, nao pare-
ceo, que havia inconvenient na prezenga da Raynha, e Principe Nos-

(i) S6 em Outubro de 1748 se regulou, em Aix-la-Chapele, o tratado que
punha termo A Guerra da Sucessio da Austria. Contudo a nossa mediaqao nao foi
aceite, possivelmente por se duvidar da imparcialidade do Rei D. Jolo V.








sos Senhores, sem ser necessirio, que fossemos ao Amo; pois todos
entendem que o que V. Ex. obrar hd seguro.)
Depois desta carta, dos fins de 1747, o embaixador D. Luis da
Cunha ainda viveria dois anos e o soberano, o rei D. Joao V, mais um
que o seu velho diplomat.
Em Portugal comecaria, assim, no ano de 1750, um novo reinado.
O mundo do aMagnAnimo) desmoronava-se e corn ele extinguia-se o
cargo de Escriv.o da Puridade que, durante anos, Alexandre de Gus-
m.o havia superiormente ocupado.
A nossa actividade diplomitica, agora que caiam os grandes,
dificilmente encontraria nos novos a digna continuidade que a Nagao
requeria.
JOAO DE: SOUZA DA CAMERA


Transcricdo da Carta

Illustrissimo, e Excelentissimo Senhor.

Meo Pai do meo Coracqo. Huma hora cahe a caza, e nao cada
dia. Queira Deos que nos levantemos sobrados, como posso, e devo
esperar de t0o habeis Architectos. Parte, em fim, este Correyo, e cornm
o dinheiro que tinha na sua mno para esta cursa, desde os principios
de Janeiro do Anno prezente. Ainda antes comecey a prometter a
V. Ex que por hum tal, e seguro portador, pagaria as minhas divi-
das; porem o peculio do meo tempo nao tern fund, ou esta no cabo;
porque em quanto se copiao os ultimos Despachos para V. Ex.; e para
o Visconde, me restou para fazer as minhas regrinhas esperinhadas.
O que decide sdo os mesmos Despachos,/que ouvi aprovava o Amo/
mas se eu pudesse conversar corn V. Ex. talvez, que harengassemos (i)
hum pouco.
0 que direy de Filho para Pay, h6 que no meo pensar parecer
me di muito medo, passarmos de huma, para outra extremidade de
repente. Ategora nos consumiu (2), e disformou a inacqao, e o silencio;
e agora receyo nao nos precipitemos, querendo fazer tudo junto.
Digo-o; porque supponho tera V. Ex. alguma noaio, de que o Ministro
Carvajal, a instancias do Visconde Ihe deo hum Papel muito gendrico,
sobre se acc6modarem as nossas Dependencias corn aquela Corte a
cerca do Brazil. Nio se responded a elle em vida do Eminentissimo
Defunto. Hoje Ihe vay huma Longa Resposta; e ignore se hum, e
outra se partecipio a V. Ex e camarada; como foy desde o principio

(i) harangassemos.
(2) consumiou.
















h
* -~ -~ 2 ~ -
* 44- ~ ~ ~,
* .J~























I~.


* 544- 44-
* 4t fl St.,- .44,4154 ,-.,a4,-.....-- bJ'-"'
* ~# 'cS,


''E' 44--.-A. - 4,4. .4 ,S4,~ *44~ **4*'444~'*~..



I ..'~,.VhELA ~L.S.S. 41.,..



~,

-- ~ -


'~1 ""

'4- .1


/






fl. r d* ..l Aa l . .. n.j

.,-














-, -- C t.>"
.a4- .. -.---- 5- 4.
















___________




A


seeac Art:*;"- A **aste .' ^
.-.-
- ^ e.Atfl: .t *4^.V4 f~^ fltfk..^U.~tt ^


4. o, .'i.9^4^ l.. n' s




'4 -;--'- .k.. ...... 1 h 7'4'

.-e..- VS...- AA ,. ,... fz ifa. A .



r... dAz C.4, 4, So-4*
Ad-t' t,<> 4/,f*f J A Cmt' <..*^1










-4"-A$t'2.2 4fr.. 'J
c Ak /
fny yV~.<"t^yt 3iA{ y








a minha openido; e que se havio de saber as suas, e de todos, os que
pudessem former juizo nestas importantes materials, antes de se fazer
a Sobredita Resposta; e tal era a idea do Amo. Se V. Ex. receber os
tais papers, estou muito certo, que hade dizer livremente o seo senti-
mento; e posso segurar-lhe, que todo o mundo aqui/comeqando pelos
chefes / conta, e louva sobre esta Liberdade, e zelo de V. Ex e que o
Amo frequentissimamente repetia querer, que V. Ex. fosse ouvido
sobre todos os negocios -. No caso (de ?) lhe nao serem remettidos
hoje, por nao caber no tempo copia-los, eu farey, que no primeiro
Expresso se lhe mandem, e nao passara muito tempo, como V. Ex.
entenderi dos Despachos de hoje, pois lho promettem corn copias de
tudo, e que se tern passado, em grande desmazelo, e ignorando V. Ex.,
o que dezejava Ihe fosse prezente, sem que chegasse a effeyto: e nao
por misterio, mas por huma sorna, que era invencivel, entire tantas, e
tgo solidas vertudes. Corn aqueles papeis pagarey eu tambem, o que
muitas vezes prometti a V. Ex.
A Carta particular que chegou depois da morte de Sua Emindn-
cia, a quem V. Ex. a escrevia: referindo-se nella a outra antecedente
foy a que decidio sobre o Arranjamento do Congresso futuro/e s6 pos-
sivel; porque eu ainda receyo, que elle venha a furo/e assim V. Ex.
fez Capitulo, como dizem os nossos Frades. Eu consider alguma deli-
cadeza sobre o modo, e tempo de nos pronunciarmos Juizes Apostoli-
cos, ou Mediadores: visto, que ainda Inglaterra nos nao convidou nesta
quallidade, para aquella Assamblea de Paz Geral, sem fallar no mesmo
silencio de Sardenha, Genova, Modena, Napoles, etc. Porem neste
artigo, e em todos repouzo em V. Ex. cujas consumada habilidade, e
provado zelo, hide conduzir segura a honra do Amo, e da Nacao, que
depend della. Do secretirio de Embaixada, e mais alguma couza,
nio sey se posso ainda nao desconfiar. Em fim, acabasse o tempo,
e nao posso alargar-me mais nesta Carta, o que procurarei fazer
no primeiro Expresso. Conjuro a V. Ex.a, que a nada, do que aqui
digo me respond nos Massos da Corte, e s6 pello giro costumado.
Pego a Benqio, e em que obedecer a V. Ex.&. Na Saude dos Amos
nao ha novidade. Deos lha conserve, e a d8 a V. Ex.a que Deos guard
como dezejo.

Lisboa 22 de Novembro 1747

Filho Amigo e Criado fidelissimo de V. Ex." Mestre Ant6nio
illustrissimo e Excelentissimo Senhor D. Luis da Cunha

P. S. Quanto a levar V. Ex. em Sua Companhia seo Sobrinho o Senhor
Maltez, nio pareceo, que havia inconvenient na prezenqa da Raynha, e Principe
Nossos Senhores, sem ser necessario, que fossemos ao Amo ; pois todos entendem
que o que V. Ex. obrar he seguro.












Cartas de Antero de Quental ('


Ill

A Joaquim de Araijo

XLVI (2)

Meu caro Joaquim. Obrigado pelo prazer lq me deu, communi-
cando-me a carta da sua boa e innocent Virginia, por quem you tendo
um verdadeiro culto. Aprecie-a, que e um raro thesouro aquelle cora-
qio. Eu vou melhorando, mas muito lentamente, e ainda me sinio bas-
tante encommodado. Quando puder, conto escrever-lhe longamente en-
resposta a uma das suas. Adeus.
Do C.

Anthero



XLVII (3)

Meu caro Joaquim

JA Ihe devia ter respondido, visto q V. me dava urgencia. Mas 6
sempre assim. Diga ao seu amigo de Paris que eu systematicaamente
nao public salvo casos de necessidade uma linha em jornaes por-
tuguezes. P6de acrescentar que e uma caturrice minha. Quanto d
sua collaboraqao no journal de Kermesse, comprehend a sua hesitagAo.
Caridade e caridade, e patuscada e patuscada. Mas tenho tambenm


(i) V.* Arquivo de Bibliografia Portuguesa, Ano v, n.1" 19-20.
(2) Ao alto, a Idpis: 188of, e a seguir a indicaqio: senya data.
(3) Ao alto, a lapis, a data: t3 maggio 1884.








ouvido a pessoas de g.de autoridade moral para mim, que n'este caso o
fim justifica os meios. Conclio pois, q.to a tal coilaboracao, Q. e d'es-
tas cousas admissiveis. D'um rapaz no seu caso a recusa p6de parecer
simplesmente affectacgo de catonismo.
Tenciono enviar um exemplar das Odes ao Alas. Mas V. di-m'o
agora como professor na Univer.de de Oviedo, em q.to da outra vez era
professor em Saragoca. Pegue pois d'um bilhete postal e mande-me o
endereqo definitive do home.
E adeus. Gustei da Nora no ultimo n. do seu Diario.

Do seu do C.

Anthero de Q.




XLVIII ()

Villa do Conde, Domingo.

Meu caro Joaquim

0 Leite Vasconcellos estA-se tornando perfeitamente ridicule,
quando pretend saber mais do que eu n'um assumpto em que s6 eu
posso saber bem. Julgava que tinha mais senso. Nunca Ihe li versos,
e muito menos aquelles, que estavam rasgados e esquecidos havia pelo
menos dois annos q.do the falei pela primeira vez. Do que julgo recor-
dar-me 6 de elle me ter uma vez perguntado pelo tal poema, e de eu
Ihe ter dado uma idea do que era. Acho q. nao e o sufficient p.a julgar
como julga e muito menos p.a pretender julgar contra a minha opinion.
Chega a ser comico. Acho tambem curioso que declare vaga uma (2)
affirmagdo q comega por e claro que... Se 6 p.a entender assim por-
tuguez q. se tern applicado a linguistica, lamento a linguistica q. tal
adepto encontrou em Portugal.
Do do C.

Anthero de Q.






(1) Ao alto, a lpis, a indicaq.o: senra data.
(2) Riscada a palavra: explicapdo.







XLIX


V. do Conde, 4.' feira

Meu caro Joaquim

Quando recebi a sua (i) penultima pensava em ir por aquelles
dias ao Porto, e por isso nao Ihe respond, contando vel-o I A final
meteram-se cousas de permeio, e nio fui, mas continue a nao Ihe res-
ponder, por me parecer 4 nada havia na sua carta que pedisse resposta
urgente ou especial. E verdade 4 V. pedia-me urn soneto p.a o p.* n.0
do seu journal; mas sendo essa idea tio disparatada, suppuz que era
apenas um capricho filho da irreflexo e que Ihe passaria no primeiro
moment em q reflectisse. Mas a sua ultima carta mostra-me q nao
abandonou aquella ridicule idea.
Tenho pois a dizer-lhe, como se V. o nao soubesse, que nao
escrevo em jornaes politicos; mas, ainda q.do me desse para ahi, versos
seriam a ultima cousa que li publicaria. E esse um ridicule disculpa-
vel e ate permittido aos i6 annos: ora eu hei-de fazer 41 qualquer
dia (2) d'estes. Ja ve que passed ha muito alem do signo funesto sob
cuja influigio a gente public versos pelos noticiarios.
Creio que nao preciso por mais na carta a este respeito.
Quanto A collaboraqio que V. me attribue no prospect do seu
Journal, achei-a pelo menos intempestiva, e apesar de ver o meu nome
em excellent companhia national e estrangeira, preferiria ainda assim
naio over la, tal d o humor miso-jornalistico corn 4 ando ha tempos.
Quer-me tambem parecer que V. teria andado mais discretamente con-
sultando-me, antes de p8r la o meu nome maximamente sabendo pelo
que conversAmos em casa do 0. Martins quanto a existencia d'uma
nova folha me parecia mais q escusavel. Nio Ihe lembrou isso: mas
ao menos para outra vez, se ella se apresentar, pego-lhe se lernbre.
OxalA que o tal jornaleco nao va por diante. Eu sinto vel-o lan-
gado n'uma empresa 4 Ihe nao convem por lado nenhum. Porq. ha-de
V. querer ser um mediocre politico, quando pode ser outras cousas
d'uma maneira distinct? Decididam.le fica-me crianca toda a vida!
Adeus.
Do seu do C.

Anthero




(i) Riscada a palavra: ultima.
(2) Repetida e riscada a palavra: dia.









Villa do Conde, 25


Meu caro Araujo

Escreve-me da llha um (i) parent e amigo .neu, q. se occupa
corn nobliarchias e genealogias, perguntando-me o que sei sobre a fami-
lia Krusse Afflalo, q elle diz existir no Porto. Eu nada sei e nem
sequer se existe. 0 q se deseja saber 6, em i. logar, a origem de-cada
mrn dos apelidos, 4 sao evidentem.te,extrangeiros ; e, em 2.0 logar, em
q tempo e circunstancias vieram p.', Portugal. Se as informa6oes se
podessem obter de algum membro da dita familiar, seria perfeito: em
todo o caso, sejam de pessoa fidedigna e bern informada.
Ficar-lhe-hia obrigado se me soubesse isto, pois desejo servir o
tal meu parent, cuja obra, de resto, em r trabalha ha annos, sobre a
origem etc. dos apelidos hoje usados em Portugal, pode ser q tenha
alguma utilidade.
Continuo passando melhor. Do seu do C.

Anthero de Q.



LI (2)

Villa do Conde, Sabbado

Meu caro Joaquim

Recebi a sua carta, mas nao o livro do Burton. Talvez os do
Correio ficassem corn elle, pois sao m.to inclinados aos bons livrds.
Mas, se ainda esti na sua mao, nao o remetta, porq. me e impossivel
occupar-me actualm.te corn cousas d'essas. Li os seus artigos, q mie
pareceram muito regulars. Q.to ao livro de versos gallegos, nto o
encontro. Suspeito q. estari, corn outros meus, em casa do 0. Mar-
tins, o 4. actualm.te se nao pode verificar, mas, em elle voltando p.a o
Porto, hei-de li ir passar uns dias e entgo o procurarei. Vejo q tra-
balha, e isso 6 bom. Mas, q.0o a tal Revista projectada, cuido q nao
ganhardi m.10 corn ella.
Do seu do C.

Anthero de Q.


(i) Riscada, depois de emendada, a palavra: parent.
(2) A lapis a mesma nota de outras cartas anteriores: sena data.








LII (i)


Villa do Conde, Sabbado

Meu caro Joaquim

Por este correio escrevo ao Joao de Deus, fundamentando-lhe o
meu parecer, qq.e q. nio deve aceitar. Devolvo-lhe a carta de Laur.et
e C.a, como V. me indicou.
Conto por estes to o.u i? dias mais prqximos ir passar um tempo
ao Porto. Niol he mandei ainda um exemplar dos Sonetos, por, o
Editor ainda me nao deu a maior parte dos 4. me deve, de sorte q V.
tern ido ficando p.a traz. Agora no Porto verei se o Editor me entrega
ao menos parte dos 4 ainda me deve, e o primeiro 4 receber seri
p.a V. E adeus,
Do seu do C.

Anthero de Q.


Meu Am

Visto q esti sempre prompto a obsequiar-me pego-lhe o favor de
communicar o assumpto dessa carta a um dos nossos eminentes ami-
gos Oliveira Martins ou Anthero de Quental sobre o que devo fazer,
se acceitar ou regeitar. Suspeito da m.a opiniao a este respeito e con-
vem-me o voto de quem me ponha ao abrigo de duvidas procedendo
dum ou doutro modo. E pego-lhe a resposta para responder a proposta
tao amigavel. Reitero os meus ultimos pedidos. Do C.
Do C.

Joao de Deus
L.' 21-10-86



LIII (2)

Meu caro Joaquim

V. fez-me um present principesco. Como succede q faqo annos (42)
umn dia d'estes, passo a consideral-o como present de annos. Tenho


(i) Ao alto, a lapis, a data: 3i ott. ,88b. Em seguimento da carta de Antero,
publica- se a de Jo5o de Deus, que suscitou a refercncia ao autor do Campo de Flores.
(i) Ao alto, a lapis, a referencia : sen'a data, a que se acrescentou a indi
cacao: 1884.








li, j no Diario Nacional uns apontamentos sociologicos q bastante me
tee agradado. Fico persuadido sio do nosso amigo Falcio, pois
nao vejo no Porto quem, senio elle, pense e se exprima d'aquelle
modo 0 brasileiro Capistrano, ao lado de certas extravagancias, tern
cousas tinamente observadas e novas, nos seus artigos sobre Cam6es.
- Sei que V. foi a Lisboa. Oxalai tome depressa rumo, e deixe este
pro isorio, que, prolongado indefinidamente nao the pode ser senao
nocivu
De as minhas lembrangas ao gentil poeta Coimbra, de quem
gostu cada vez mais, e cujo livro espero corn impaciencia.

Do seu do C.

Anthero de Q.





LIV (i)

Meu caro pequeno

Nao se encomm6de mais com pesquizas de versos p.a o meu Can-
cioneiro Infantil. V. esta doente, a biblioteca e fria, passar ahi horas
p6de fazer-lhe mal. Eu ja tenho umas 6o composi;6es; e quanto basta.
0 que nao dispense e uma sua. Veja li. soneto Consulta serA
dedicado (se ainda e tempo) ao Alb. Sampaio. Quanto ao E. de Quei-
roz, reservo-lhe outra coisa, os Vencidos, q elle aqui leu e q Ihe fizer
am m.a' impressao. Por isso nao terA agora soneto. Ndo-posso ter
a mao as Heras e Violetas; por isso, se V. as tern, copie-me a Aid,
de 4 me falou. Se tern o Al. de Azevedo, mande-m'o, assim como o
Castro Alves. Do Machado de Assis s5 pude alcaniar as Chrysalidas,
de 4 gostei, mas onde nada colhi 4 me servisse. -
0 seu amigo Fortunato esti ja no rol dos meus. Corn cer-
tas naturezas a sympathia e instantanea, e elle e d'essas. Aldm de
tudo mais, e singularmente intelligence. Agrada-me por todos os
lados.-
Tenha presents as minhas prescripq6es hygienicas e as conside-
raq6es moraes corn q as apoiei. Olhe que estou com cuidado na sua
saude. Nao queira dar um desgosto g.de a quem o ama. Eu sou do


(i) A 1dpis, a indicaqgo : senya data, e ao depois como interrogago : 188o ?







numero d'esses. Procure o 0. Martins sempre que possa: tal compa-
nhia ha-de fazer-lhe bem.
Adeus. Sto quasi 5 horas, e eu quero q esta vi ainda hoje. Um
abraqo do seu do C.
Anthero

Rua da Fe (e nao da Paz) n. 12




LV(i)
Meu caro Araujo

Nfio estou doente: apenas uma dor, q julgo ser dor sciatica, eq
me faz inchar um pr, me tern impedido, vae em 15 dias, de sahir de
casa. Effeitos do frio, provavelm.te, pois ji o anno passado, por este
tempo, me succedeu o mesmo. Af6ra isto, passo bern e tenho podido
continuar a trabalhar nos meus artigos philosophicos, q comeqargo a
publicar-se em Fev.0, seg.do penso, pois ji estgo concluidos e estou-os
agora passando a limpo. Vou ler o livro do Formont e, assim q o
tenha lido, escreverei ao autor. E adeus, q faz m.to frio.

Do C.

Anthero de Q.



LVI (2)

Villa do Conde, Sabbado

Meu caro J. de Araujo

V. offendeu-se corn uma phrase minha, que, na minha inten~io,
nada tinha de offensive. Q.do disse talveT etc. quiz simplesmente
significar, com aquella exagerag9o, o q.t0 achava incomprehensivel o
seu modo de proceder. Como nao comprehendeu logo isso ?
Q.to A recommendagdo para ser offerecido em meu nome um
exemplar A D. Carolina, fil-a por q. pedindo-me V. um exemplar para


(1) A mesa indicaqo : senya data.
(2) A indicaggo ja consignada muitas vezes: senya data.

33







esse fim, e nao conhecendo eu aquella senhora, suppuz q. V., 4 a
conhece, lh'o queria offerecer como lembranga sua, o que era m.to natu-
ral. Mas como eu ja tinha pensado em Ihe mandar um exemplar, por
isso fiz aquella recommendaqdo. Finalmente, se expliquei ao Chardron
q urn dos 2 ex., 4 Ihe pedia, era destinado a D. C. M., a razao d'isso
era ter-me elle perguntado ase queria mandar exemplares do meu livro
a (i) alguns escriptores q poderiam fallar delle. Esses exemplares
eram do Chardron, tinha pois de Ihe indicar a quem os destinava.
Ja ve q em nada d'isto ha motivo de offense. Corn mais razao
devia V. ter sentido o torn desabrido das minhas ultimas cartas, q agora,
reflectindo, reconhego foi tal. Esse desabrimento, 4 eu nao devia ter
usado corn V., q sempre me mostrou affeiqgo, retrata porem fielm.te o
estado de exasperagdo em q passed durante dois dias, considerando o
abysmo de ridicule em' V. me estava precipitando. Inde ira.
Dadas estas explica96es, 4. Ihe devia, e 4 Ihe dou de todo o cora-
9ao, fica de p6 (despindo-a da sua forma irritada) a exigencia da m.a
ultima carta. V. tern uma maneira de fallar dos seus amigos e de os
louvar, hyperbolica e destemperada, 4 ja vindo d'outra pessoa desagra-
daria, mas q, vindo de V., 6 alem d'isso compromettedora, pois e diffi-
cil support q os elogiados, seus amigos, ignorem ou nao approved
aquelles despropositos laudatorios. Pela m.a parte tenho protestado,
por varias vezes, contra esse seu pessimo habito, mas sem resultado.
Vejo-me pois forpado a manter a exigencia amigavel da m.a ultima
carta, exigencia em nada offensive ou attentatoria da sua dignidade.
Desejo q continue a ser meu amigo como eu sou seu, mas amigo parti-
cular e nao litterario. De resto, V. e litterato e eu nao o sou, embora
me tenha acontecido e possa ainda acontecer publicar algum escrito -
nao me convem pois ter amizades litterarias, nem ser tratado em
public pela forma exagerada, pretenciosa e do peior gosto q esti em
uso entire os litteratos. Tenho-me votado systematicam.te a obscuri-
dade e ao silencio, 4 s6 convEem ao meu humor e aos desgostos da m.a
vida. Seria cruel 4 nern esse refugio me fosse deixado e 4 justam.t'
fosse a mdo d'um amigo 4 insistisse em o violar.
Pego-lhe 4 me respond Qualquer 4 seja o seu sentim.10, penso
4 sempre me podera ser communicado.
Seu amigo do C.

Anthero de Q.






(i) Riscada a palavra: qual.








LVII (i)


Villa do Conde, 20

Meu caro Araujo

Parece-me que fez bern em ir p.a Lisboa. 0 peor 6 achar-se
doente. Faqo votos pelo seu restabelecimento e em todo o caso fico
content por ver que pode trabalhar e 4 trabalha, e isso 6 o essencial.
Acho que o assumpto dos seus actuaes trabalhos merece o enthusiasm
4 mostra na sua carta: a vida do cavalheiro de Oliveira patenteia um
lado do nosso seculo 18 dos mais interessantes e dos menos estudados,
sobre tudo como symptoma d'um renascim.to de vida intellectual e V.,
corn os preciosos subsidies q me diz ter a mdo pode fazer um livro de
bastante valor.
Quanto a sua vinda aqui, ser-me-hia agradavel, mas actualm.te
nao o posso receber, por nao ter casa minha. Depois da morte ou dis-
persdo da familiar 4 aqui tinha, achei-me desarranjado, e depois de
ensaiar various systems, assentei no 4 actualm.te sigo, q 6 viver em
casa alheia. Estou hospede d'uma gente d'aqui, q me di um quarto
e trata dos meus arranjos, mediante estipendio. N'estas condiq6es nao
posso receber hospedes, o q sinto, mas 6 um estado de cousas imposto
pela necessidade e 4 nao posso mudar. De resto, p.a o tempo 4 diz,
poderemos ver-nos em Lisboa, pois conto ir passar o mez de Maio ahi
corn o O. Martins.
E adeus. Deseja-lhe saude o seu
Do C.

Anthero de Q.




LVIII

Villa do Conde, 17 de Out.0

Meu caro .loaquim de Araujo

Apesar do q hontem lhe escrevi, nao estou ainda aliviado. Corn
effeito, a sua maneira de proceder 6 tal, que, se eu o nao conhecesse
bem, deveria julgal-a filha da mais requintada perfidia. Organisar em


(i) Ao alto, a tinta, e possivelmente pela letra de Araujo, a indicag:o:
Mar9o, 89.







volta d'um livrinho vulgar, destinado a infancia e q qualquer mama com
algum gosto e cultural faria tdo bem como eu, um system de reclame
bombastico, de elogios hyperbolicos, de reproducq6es de prologos, de
poeta collossal, de grande espirito e nao sei 4 mais, seria sem duvida
a melhor maneira q um inimigo intimo poderia achar p.a me tornar
ridiculo aos olhos do mundo com a circumstancia agravante de se
saber 4 eu sou seu amigo e poder m.ta gente support que sou eu mesmo
quem inspira aquellas odiosas sandices. Tenho pois resolvido impedir
que este caso se repita e p6r-me ao abrigo da sua deploravel mania de
phrasista compromettedor e indiscreto, exigindo de V. o seguinte: Que
nunca mais, em tempo algum, nem direct nem indirectamente, nem
no seu journal nem em qualquer outro, se occupe de mim e' das minhas
cousas, seja sob q pretexto for: q nunca me cite, 4 nunca me elogie,
mas pelo contrario me ignore absolutamente como se eu nunca tivesse
nascido. E isto o que eu exijo da sua amizade, e falo m.10 seriamente.
V. dir-me-ha talvez q eu nao tenho direito de Ihe impor silencio. Nao,
certamente: mas o 4 posso e hei-de fazer 6, no caso de V. nao annuir
ao Ihe peqo, considerar essa nao annuencia como um acto de decla-
rada hostilidade e cessar d'ahi em diante de o contar no numero dos
meus amigos. Se quer continuar a ser meu amigo e a ser tido por
mim n'essa conta, e necessario subscreva a este pacto, 4 lhe propo-
nho, e no qual s6 poderei achar refugio e garantias contra a sua com-
promettedora insensatez nas cousas da publicidade.
Adeus. Deseja.lhe saude o seu
Amigo do C.

Anthero de Q.




LIX (i)

Villa do Conde, 27

Meu caro Araujo

Foi uma surpresa bem agradavel que me causou com os versos
do Cellini: nao s6 interpretam perfeitamente os pensamentos do origi-
nal, mas term uma suavidade de estylo notavel. Incluil-os-hei no Appen-
dice de traducg6es, 4 (2) orqam por umas 5o, entire ellas o Elogio da


(i) Ao alto, a tinta, talvez por letra de Araujo: Nov. 89.
(') Duas palavras riscadas, que parecem ser: pela conta.







Morte traduzido pelo Curros Henriquez da maneira a mais magistral.
Transmitta ao seu amigo os meus mais affectuosos comprimentos. (sic)
Quanto a minha iAutobiographia) nato me parece bern incluil-a ali,
fazendo d'algum modo duplicado corn a Introduc9To do Oliv. Martins:
de resto, project publical-a, ou parte d'ella, como prologo d'um livro
philosophico em q trabalho e q talvez tenha concluido d'aqui por urn
anno. Parece-me que n'esse logar iri melhor. Vou pedir-lhe o obsequio
de me enviar copia dos versos que fiz p.a o tumulo da sua irmanzinha.
Nao guardei copia, e succede agora 4. uma senhora m.* amiga, 4 teve
d'elles conhecim.to nto sei como, me pede lhe envie uma copia. Nio
se esquega pois d'isto. Nio se esquega tdo pouco dos Afflalos, pois o
meu parent nao me deixa.
Por 4 nao public o seu trabalho sobre o Cavalheiro de Oliveira
na Revista do nosso Queiroz ? Parece-me que fica ali perfeitam.te, e
ouqo q a Revista paga bem, o q tambem e attendivel. Eu conto dar
p.a li certas parties, as mais accessiveis, do tal livro philosophico:
3 ou 4 artigos, q talvez se comecem a publicar em Janeiro ou Fev.
proximo.
E adeus.
Do C.

'Anthero de Q.

P. S. Tenho recebido o Circulo Camoneano, que leio e guard,
pois merece uma e outra cousa.





LX (i)
Caro Pequeno.

Esti escrito o artigo. Saio-me uma verdadeira dissertagio, e
aproposito da Lyra, nao sobre. Mas, em i.0 logar, saio-me assim:
em 2.o, creio q V. preferiri que eu tenha, por occasido do seu livro,
escrito algumas paginas originaes e pensadas, a fazer uma rapsodia
banal de louvores e citac6es. No fim do artigo o seu livro e caracte-
risado d'uma maneira que cuido verdadeira e desejo lhe agrade. S6
Wh'o poderei mandar d'aqui por 6 ou 8 dias, porq eu escrevo a lapis, na
cama, e e precise depois copiar, coisa p.a mim penosa e demorada.
Assim pois, li p.a o fim do mez.


(i) Ao alto, a lapis, a indicaqgo: senja data, a que se acrescentou: 1882.








V. nunca me mandou dizer a maneira de dirigir p.a Madrid os
Sonetos q destino a Campoamor e Nufiez d'Arce. Se ignora a morada
d'estes vates, talvez saiba a dos editors, pelo rosto de algum livro, e
q.to basta. Jtem, mande-me a morada do L. GuimarAes J.or a quem
destino um exemplar dos Sonetos, q ha m.to ji devia ter ido.
Veja se nao se esquece d'isto.
Eu vou melhorando gradualmente.
Adeus.
Do C.

Anthero

O Avila esta restabelecido, e restituido ao estado anterior ao ata-
que. Sei-o pelo medico d'elle, 4 6 o meu tambem.
A.



LXI (i)

Meu caro Joaquim

Vejo q por pouco nao ficava V. mal commigo, por ter deixado de
Ihe escrever! Mas bern sabe q. toda a correspondencia regular me e
absolutamente impossivel: alem do encommodo physico, q Ais vezes e
grande, accrescem disposig6es moraes (quero dizer, indisposig6es) q me
nao deixam senhor de mim e da minha vontade. Ao proprio 0. Mar-
tins deixo eu passar semanas a fio sem Ihe fazer ver lettras minhas.
Assim pois, seja meu amigo, sem reparar em coisas pequenas e for-
tuitas.
Os versinhos 4 me mandou sao encantadores. E' pena 4 sejam
todos tdo tristes e funereos de assumpto. N'um livrinho p.a a infancia,
4 e como quem diz para a alegria descuidosa, convem fugir d'aquelle
torn; de sorte 4 nao sei se os incluirei a todos, receioso de espalhar
goivos de mais, onde s6 se querem rosas. Fico esperando o mais q me
prometteu. E' um servigo g de q me faz; e por isso, corn todo o egoismo
licito entire amigos, nao o dispense. Nao se esquega. Desejo tambem
mais alguma coisa sua, mas menos elegiaca, alguma coisa loira e pie-
dosa. V. agora deve estar vibrant n'esse tom, e cuido q a inspirag9o
Ihe deve correr naturalmente suave, alegre e religiosa. Tambem o nao
dispense d'isto. Se eu fosse home para invejar seja o 4 for, invejava-
-lhe o bello e poetico outomno 4 ahi esti tendo, e q para V. deve ser


(i) A mesma indicago : senya data, A qual se segue: 188o-81 ?







uma primavera do coraclo. 0 4 sempre me di cuidado d a sua satide,
ainda q as pessoas 4 ahi o teem visto me dizem achal-o de bom pare-
cer. Mas o q me diz preoccupa-me. Siga a risca as minhas prescrip-
9oes hygienicas: seja regular e active, tudo iri bem.
Agradaram-me m.to os versos do Fortunato da Fonseca. Sgo d'um
poeta. Encontei-o (sic) ha dias, agradeci-lhe a dedicatoria e conversa-
mos um pouco. Sympathiso muito com elle, porlq natural.
Quanto aos meus Sonetos, eu cuidei 4 V. os publicava sem o
menor sacrificio, corn os lucros da Renascenca e como brinde aos assig-
nantes da mesma. Diz-me V. agora 4 os destina a venda, ao public,
na esperanga de rehaver o dinheiro 4 ja lhe custa a composi9go. N'este
caso, eu antes Ihe daria de conselho 4 nao fizesse tal publicacgo, 4 s6
p6de fazer-lhe perder mais dinheiro ainda. V. e m.t0 crianca e muito
litterato, e na candura d'estes dois caracteres, imagine q o public se
importa corn Sonetos e q vai devorar a edic&o d'um folheto de versos q
elle nao comprehend. E' uma illusao. 0 folheto ficari sem venda, e
V. perdera o seu dinheiro, coisa q eu nao posso consentir. Assim pois,
desista de tal publicacao, 4 d o partido mais prudent. Nao cuide q
esti obrigado p.a commigo a fazel-a. Nem por sombras. Eu suppuz
sempre q V. queria simplesmente fazer um brinde aos assignantes da
Renascenca, tendo p.a isso recursos no mesmo journal. Mas se e uma
publicacao, em 4 vae empenhar um capital maior ou menor, na idea de
o rehaver pela venda da edicgo, como isto 6 um calculo errado, eu devo
antes oppor-me a isso, amigavelmente, aconselhando-o a q desista de tal
proposito. Tenho a certeza de q V. vai perder dinheiro q lhe fara falta,
e tanto basta p.a eu nao poder ter gosto algum, d'aqui por diante, em
tal publicag.o. Adeus, corn um abrago do
Seu do C.

Anthero



LXII (i)

Meu caro Joaquim

Tenho recebido varias cartas suas e folhas do seu livro. Ha mais
de um mez q tenho estado m.t0 encommodado, corn uma enflamagao de
bexiga, tendo febre quasi todas as noites, e passando os dias em grande
prostraqdo, devida is m.tas dores. Aqui tern porq tenho deixado sem
resposta as suas cartas. Desculpe-me, mas no estado em q me acho


(i) Corn a mesma indicaqao de muitas outras cartas anteriores: senfa data.







tudo me e penoso. De mais a mais tenho q fazer uma longa resposta
a uma das suas cartas, mas s6 o poderei fazer quando me ache melhor,
mas actualmente nto tenho corpo nem espirito p.a coisa alguma. Esta,
q corn esforgo escrevo, serve s6 p.a lhe dar uma satisfacacgo. (sic)
Adeus, corn urn abrago do seu
Amigo do C.

Anthero de Q.



LXIII (i)

Meu caro Pequeno

Ahi vae o artigo, 4 quasi me sie uma dissertag9o. Nao sei se Ihe
agradar : mas, saio assim e quod scripsi, scripsi. Creio 4 se V. reflec-
tir um pouco, ha-de a final preferir q eu tenha escripto, a proposito do
seu livro, alguma coisa pensada e original, a 4. escrevesse, sobre o livro,
media duzia de banalidades entremeadas de citaq6es. No fim, caracteriso
o livro, e 6 o essencial.
Agora, varias recommendaq6es.
i.' Nao deixe ler esse artigo a sua V., porq ha ali proposig6es
mal soantes, q.to ao christianismo, e custar-me-hia m.to tel-a por isso
escandalisado. 2. Reveja V. mesmo as provas, cuidadosam.te, mas
conservando a minha orthographia.
3. Envie-me 6 exemplares do N.0 ou N.0' do journal em 4 isso
sair. Tenho-os aqui promettidos a various amigos.
Vamos agora a um bocadinho de esthetica. Um epitheto serve
p.a caracterisar uma coisa. E' como uma definigao n'uma palavra.
Deve pois ser tirado dos attributes ou d'um dos attributes essenciais da
dita coisa. Q.do o n1o fazemos, e s6 em dois casos: i.0 q.ao o carac-
ter particular e excepcional, q attribuimos a coisa, esti claro e indicado
pela maneira, tambem particular, por q a coisa intervem no discurso:
por exemplo, V. podia chamar innocence ao cedro, se elle, na sua poe-
sia, representasse esse papel, se ali se Ihe attribuisse accao q., n'aquelle
caso, the desse accidentalmente aquelle character 2. Por allusdo.
Ora a allusao deve ser clara e conhecida, alias 6 charada e p6de pare-
cer disparate. Se a lenda, a 4 V. se refere, fosse t.o universal. e
conhecida e tao caracteristica, 4 a simples idea de cedro nol-a trouxesse
logo a memorial, entao sim, porq em tal caso a lenda como 4 fazia parte
da essencia da coisa. Mas uma allusao, 4 nada justifica, q nao vemn a


(i) Ao alto, a lapis, a indicagqo: senna data, e ainda: 1882.







proposito de coisa alguma no discurso, e allusao a uma lenda pouco
conhecida, e um enigma sem chave e soa como extravagancia. Isto e
t.to assim, que eu (apezar de conhecer aquella lenda, como a do tre-
mogo e outras iguaes) nao me occorreu q o seu insonte fosse allusao a
ella, tdo f6ra de proposito vinha! Diz V. 4 Shakespeare trabalhava corn
elements tradicionaes: perfeitamente. Mas, porq Sh. assim fazia,
meter allus6es a coisas tradicionaes a torto e a dereito, cheira a
Theophilo.
Fique pois sabendo 4 o seu cedro insonte e injustificavel. Alem
d'isto, insonte nao e portuguez senao no D. de Noticias. Insonte e
latim. Ora, nao estamos autorisados a usar uma palavra latina, senao
q.do nao temos em portuguez alguma q exprima a idea. Mas n6s temos
innocent. P.a 4 pois insonte ? Comr esse system de allus6es imperti-
nentes e de palavras latinas, acabariamos por fazer do discurso uma
series de charadas, um verdadeiro casse Wte chinez. Foi effectivam.e a
q (1) chegaram, no seculo 17, os ultra-gongoristas, os cultistas e con-
cettistas. Leia a Phenis Renascida, e veri. Adeus.

Do seu do C.

Anthero

E as moradas de Campoamor, Arce e Guimardes J.or? Veja se
me trata d'isso.




LXIV (2)

20 de Jan.0

Meu caro Joaquim

Nao lhe respond logo, porque estava a espera dos retratos, q s6
hoje vieram. Em indo ao Porto, reclamarei do Chardron um exemplar
das Odes, para satisfazer os dois desejos do sympathico Coimbra. Uma
vez que elle botou paixdo por mim, diga-lhe que, da m.' parte, fiquei
encantado corn elle.
0 que me diz das suas cousas e dos seus afflige-me, e lembro-me
da sua pobre mae, como teri o coracqo retalhado por desgostos que


(i) Uma palavra riscada, inintelegivel.
(2) Indicacqo a 1~pis do ano presumlvel: i885 ?







abalariam ainda um home forte! Eu conto corn V.; mas por Deus!
dispa depressa e totalmente uns restos de criancice e litteratice q ainda
conserve. Faga como o marinheiro, em occasion de naufragio, q se p6e
ni, para poder nadar. V. vae ver-se a bragos corn o mar tenebroso
da Realidade! Concentre pois toda a sua forga, para o officio de luta-
dor. Nao Ihe posso deixar outra cousa, e hei-de dizer-lh'o em quanto
tiver voz.
A Revista do Gubernatis tem-na o 0. Martins, a quern o Autor
offereceu o exemplar programma. 0 Thesouro, recebel-o-ha juntamente
corn esta. 0 livro do Cannizzaro, em q me fala, e uma collecqAo de
traducc6es de varias lingoas mortas e vivas e ainda de dialectos mas
do portuguez apenas traz uma oitava dos Lusiadas: Bem puddras, 6
sol, da vista destesi. Ella ahi vae:

Ben tu potevi, o sol, da quella vista
Torcer quel giorno i vai, qual festi allora
Di Tieste alla mensa orrida e trista
Quand' ei divor6 i figli, ignoti ancora.
0 valli, che la voce uscir commista
Da quelle fredde labbra ad ora ad ora
Poteste udir di Piero, al nome santo
Voi per tutto eccheggiaste al dolce pianto.

As obras d'este autor, publicadas, sao:
Ore segrete; saggi lirici: 1862.
In solitudine Carmina: vol. i. 1876 vol. 2.0 88o.
-Garibaldi e Mazzini. 1882.
Fiori d'oltralpe: 1882. (6 o vol. das traduc96es.)
Nao tornei a escrever a este poeta desde Agosto ou Setembro,
por isso nio lhe mandei a sua Lyra; mas vou fazer uma e outra
cousa um d'estes dias. Adeus. Desejo-lhe saude e coragem. Venha
passar aqui um dia ou dias. Agora ha cama ja.
Do C.

A.Q.



LXV
3.a feira

Meu caro Joaquim

Escrevo agora ao Chardron p.a que lhe entregue dois exemplares
do Thesouro, um para V. outro para a D. Carolina Michaellis, cuja








morada ignore. Desejava que ella soubesse que Ihe era offerecido da
m.a parte.
A Advertencia d'uma select nao 6 cousa q mereqa ser trans-
cripta em jornaes, e sendo entdo acompanhada de noticias hiperboli-
cas, em que se chama ao autor poeta collossal, 6 a melhor maneira de
me tornar ridiculo. 0 poeta collossal entretendo-se a fazer selectasi-
nhas! Preferia m.to 4 V. nao falasse de mim e das minhas cousas, se
o ha-de fazer d'um modo indiscreto, que me torna ridiculo aos olhos
da gente de sizo. Pego-lhe encarecidamente que nao me torne a cha-
mar collossal, nem, em geral, a chamar-me nomes.
Talvez a sua intencao seja boa: n'esse caso seri a unica cousa
SlIhe posso agradecer.
O Oliveira Martins, antes de hontem, estava indignado corn a sua
falta de tacto e discernimento. Nao Ihe digo mais nada.
Seu amigo, pouco obrigado
Anthero de Q.
Nao tenho o aRomanceiro da Madeiras.




LXVI (1)

O individuo em questdo era sobrinho de meu av6 Andr6 da
Ponte, cujo nome adoptou. Frade, fugiu do Convento e emigrou, tudo
por amor as ideas liberaes. Nunca voltou d Ilha nem deu noticias aos
seus, de sorte que se ignora qual o seu ulterior destino, parecendo
porem certo que nunca voltou p.a Portugal, ficando proyavelm.te por
Franga.
A. Q.



LXVII (2)

Meu caro Joaquim

A traducqdo e a pedra de toque do estylo. Nao me foi, possivel,
na 2.a estrophe, achar traducgao aceitavel para solucante, o 4 me fez
perceber 1 solucante estava mal ali. Queira reflectir, e concordara
commigo. Um crosto soluqantea e um rosto mais ou menos convul-

(1) A margem, a lapis, a data 9febbr 91, que 6 a do carimbo do correio de
Lisboa, aposto a este bilhete postal, dirigido a J. de Araujo para a Rua da Magda-
lena, 273.
(2) A jd muito conhecida indica~gio: senna data.







sionado por uma agitagio desordenada coisa n.o s6 pouco poetica,
mas em contradic~go com o influxo calmante q lhe attribuem os dois
versos immediatos. Parece-me q V. deve substituir aquelle epitheto.
Eu traduzi, como vera, anxieux, por nao achar coisa melhor. Adeus.
Desejo q tenha hoje recebido uma carta 4 o console e satisfaca. Nio
Ihe fez muito mal a estafa de hontem ?
Do C.

Anthero
E os Peruanos ?

C'6tait aux champs. Parmi les fueillages,
On entendait chanter
L'ample choeur des oiseaux amoureux,
Qui vaguaient dans l'air.

Ton visage pale et anxieux,
Tout plein d'6motion,
Innondait d'une lumiere vivifiante
Mon pauvre coeur.

La balsamine se fanait tristement,
Comme si la douleur la fletrissait,
Et je baisais tq main blanche et toute petite
Dans une extase amoureuse.

Et alors, parmi les fueillages,
Je n'entendais plus chanter
L'ample choeur des oiseaux amoureux,
Qui vaguaient dans l'air.





LXVIII (i)

Recebi o livrinho, o Jorge agradece. Quanto is Mil e uma Noi-
tes, visto o q. d'ellas me diz, nao me conveem Eu nunca as li, e jul-
gava serem outra cousa. Hontem Ihe enviei o Laufrey, mas de pouco


(i) E um bilhete postal, expedido de Vila do Conde para J. de Araujo, Rua
de St." Catharina, 245, Porto. Sobre o selo um carimbo, corn a indicag.o de: 73.
A margem, a lapis: antecedente all' 86.








Ihe servira: d puramente jacobino. 0 q. V. deve ler d o Ranke: o 0.
M. tern a traducq0o franceza: d a obra capital sobre o assumpto.
Quando tiver paciencia p.a copiar os Sonetos (6 ao todo) Ihos
mandarei:
Seu do C.

A.Q.



LXIX (i)

Sinto bastante as suas tribula96es. Por aqui tambem nao vai
isto bem. A mAe das pequenas do G. esti cada dia peior, e corn pou-
cas esperangas de vida. Folgo de saber q a medalha esta prompta. JA
nao d sem tempo Nio posso ser mais extenso. Brevem.te irei ao
Porto, e li falaremos.
A.Q.



LXX (2)

Agradeqo o seu amavel offerecim.r0, mas nao fago tengdo de sahir
d'aqui, onde me dou bem.
Li o Joio dos Bules, q. tern graca. Infelizm.te precisamos mais
do 4. gra;a p.a oppor aquelle sujeito.

A. Q.



LXXI (3)

Mandei os livros ao Formont. Nao terei duvida em tratar com o
Genelioux, mas temos tempo, pois os artigos da Revista sdo apenas
um esbogo, que augmentarei e desenvolverei, o que levari seu tempo:
De saude you melhor e ji tenho sahido.
Q.


(i) Bilhete postal expedido de Vila do Conde, para J. de Araujo, Rua da
Alegria, 432, Porto. Sobre o texto, o carimbo do correio do Porto, onde se dis-
tingue nitidamente : 24-2...
(2) Bilhete postal, dirigido de Vila do Conde a J. de Araujo, R. de St.- Catha-
rina, 656, Porto, em cujo carimbo se distingue: ... Fev. 8o.
(3) Bilhete postal, expedido de Vila do Conde para J. de Araujo, Rua de
St." Catharina, 656, Porto, e em cujo carimbo esta a data: 21. Jan. 80.








LXXII (1)


Ponta Delgada, 3o de Julho (1891)

Meu caro Joaquim

Comego a acreditar que nao andei bern avisado em vir estabele-
cer-me em S. Miguel. Cada vez me you sentindo mais incompativel
corn estes ares doentios, que o Charcot tanto condennava, e que corn
effeito me torturam, atacando-me sem descanqo os centros nervosos.
A athmosphera 6 de uma irregularidade pasmosa! Decididamente, e
ponto assente que ji nao posso acclimar-me por estas paragens, que
tanto encantaram a minha primeira mocidade. Que fazer,. porem ?
Para voltar ao continent, cornm residencia fixa, forgoso e que me separe
das pequenas. Vivendo aqui, mesmo quando as nao tenha, em minha
companhia, vejo-as e falo-lhes, sempre que ellas ou eu o desejarmos.
Do que em definitive resolver, o instruirei proximamente.
Folgo cornm o seu estado de saude e (2) agradam-me as disposi-
;6es em que se encontra. 0 caso, que passou, pertence A historic, a
grande mestra dos saos ensinamentos. V. tern um fund infantil e
confiante, que sempre me prendeu muito a si. E bom, por6m, que estas
lig6es Ihe vAo abrindo os olhos, no tocante i sinceridade alheia. De
rest, as traiq6es villans apparecem na vida, a cada pass.
Poucos dias depois da sua carta me haver chegado is mdos, recebi
n'outro vapor a Estatua do Poeta. A segunda parte 4 levantada e tern
vibraqdo, mas a primeira nao deveria ser escrita por um home per-
tencente ao grupo dos que veem no Portugal Restaurado a maior cala-
midade da nossa historic. Que vale a extrema corrupcao, que valem
as miserias do advento dos Philipes, diante do ideal da unificacgo
peninsular, convertido em facto? Assim ella houvera fructificado, que
nio seriamos 'agora uma nacionalidade vergonhosamente agonisante!
Mas voltando aos versos, gostei do estilo, que se me affigurou
quasi impeccavel. Logo que me seja possivel entregarei o exemplar
destinado A poetiza (3).
Nao consegui saber mais do que ji lhe havia dito, acerca do frade


(i) Esta carta nio 6 autografa, e na data foi riscada a indicagdo do mes,
que primitivamente se escrevera : agosto.
(2) 0 copista parece ter hesitado na leitura, e corn tinta que se encontra
delida escreveu posteriormente: agradam-me.
(3) Todo o trecho desta carta que vai das palavras: aPoucos dias depois .,
ate ad poetiza>, foi riscado, como a indicar que nfio devia publicar-se. E realmente
nao se publicou. Cf. Cartas de Antero de Quental, 2.* ed., Imprensa da Universi-
dade, Coimbra, 1921, pag. 216.







Andrd da Ponte do Quental, sobrinho de meu av6, cujo nome adoptou.
Sectario ardente das ideas novas, abandonou o convent, fez-se guerri-
theiro, bateu-se pela Liberdade, pela Liberdade e emigrou para
salvar a cabeqa. Na Belgica e na Hollanda, publicou pamphletos viru-
lentos contra a faccao palmellista e produsiu certo escandalo. Mas um
bello dia desapareceu, sem que ninguem mais soubesse d'elle ou do
rumo que levou!
E adeus, meu Joaquim. Um abrago estreito do

Seu do C.

Anthero











Gramitica Portuguesa para Missionirios
Estrangeiros

Entre os muitos documents que desencantamos no
Arquivo da Propaganda Fide, em Roma, oferecemos este
ao Arquivo de Bibliografia Portuguesa, como uma pequena
achega para a hist6ria das relac6es culturais de Portugal
corn o Oriente.
A lingua portuguesa era entdo, hA tres sdculos, a lingua
franca, com a qual se entendiam gregos e troianos, quer nas
suas replaces comerciais e political, quer, sobretudo, na
obra assombrosa da evangelizacao crista do estranho e
misterioso mundo oriental.
0 C6nego Melchior da Graca, da Congregaqdo portu-
guesa dos C6negos de S. Jodo Evangelista, tambdm chama-
dos Loios, do nome do seu convento lisboeta de Santo E16i,
em Alfama, preparava, segundo o document, e tinha jd em
estado adiantado de conclusdo, uma Gramdtica da Lingua
Portuguesa, especialmente concebida para uso dos MissionA-
rios estrangeiros do Padroado Portugues, que antes de
embarcarem deviam estuda-la em Portugal.
Ndo sabemos, por falta de documents, que resultado
obteve corn a sua diligencia junto dos Cardeais da Propa-
ganda Fide, nesta 6poca particularmente adversos do
Padroado Portugues, ao pedir-lhes um auxilio pecuniArio
para a publica~io do seu livro. Mas tenha ou ndo conse-
guido o seu intent, um facto resta averiguado: Melchior
da Graca concebeu e escreveu uma Gramatica Portu-
guesa, cremos que totalmente desconhecida, manuscrita ou
impressa, para uso especial da nossa missionacao oriental.






0 facto merece ser relevado, em nosso entender, e nessa
convictco se public o pr6prio requerimento do C6nego
Portugues.

PADRE ANT6NIo BRASIO, C. S. SP.







Eminentissimi et Reverendissimi Signort

Melchior della Gratia, Portoghese, Canonico Seculare della
Congregatione di S. Giovanni Evangelista, nel Regno di Por-
togallo, ritrovandosi in questa Corte, et havendo conosciuto le
difficoltd che s'incontrono dalli Ministri di questa Sacra Con-
gregatione et altri Religiosi che s'impiegano nella conversion
dell' anime, nell' India Orientale, per rispetto di non haver exacta
cognitione della lingua Portoghese che in quelle parti commune-
mente s'usa et alle volte gli stessi Ministri Religiosi sono neces-
sitati fermasi lungo tempo in Portogallo per apprendere bene
quella lingua, per servirse dapoi nell'India Orientale.
Et perche l'Oratore hd faticato, et tuttavia std fatigando
di ridurre a perfettione una Grammatica di Lingua Portoghese
della quale ogn' uno facilmente apprenderd quella lingua, senza
perdere moment di tempo nel Regno di Portogallo, all' effetto
suddjto, ma si potrd impiegare quel tempo in meglior servitio
d'Iddio, et conversion di quell'anime, supplica percid l'Oratore
prefato le loro Eminenze d farle gratia di qualch'honorevole
tratenimento per potere redurre a perfettione la detta opera, che
l'haverd, etc.


ARQUIVO DA PROPAGANDA FIDE (ROMA) Memo-
riali, vol. 4o6 (1643) fols. 235 e 246 v.










S Documentos



Relacao dos folhetos, e papeis Que se vende na Casa da Gateta
em Prosa, e em Verso, relatives d FeliT Restauraca6
deste Reino, corn os precos por que se vendem (i).

Discurso ao Franceges, dirigido a Suprema Junta de Valenca
desde CadiT, traduzido do Hespanhol. 6o
Proclamagio que o General Junot dirigio aos Portugueges, em
consequencia da Sublevagdo do Algarvei a qual comega = Que dilirio
he o vosso ?= e Resposta a mesma.. 6o
Ora6ido Panegyrico-Proclamatorio recitada na Cidade de Fdro
em 27 de Junho de 18o8. 40
Cathecismo Civil, e breve Compendio das obriga6es do Hespa-
nhol, e Explicagio do verdadeiro character de seu Inimigo. 6o
Rpresenta9go (sic) dirigida ao Ex-Intendente Lagarde, feita pelo
Podengo, Letrado que os cies nomeira6, para obterem contramandado
a pena geral de morte que tiverao, 40
Noticia das Grandes Festas, e Illuminaq6es que se fizera6 em
Lisboa nos mezes de Setembro, e Outubro pela Feliz Restauraqio de
Portugal. 40
Exame das Causas que allegou o Gabinete das Thuilherias para
mandar contra Portugal os Exercitos FranceT, e Hespanhol em Novem-
bro de 1807, e das contas dadas por Mr. Champagne Ministro dos
Negocios Estrangeiros da Franca, por Francisco Soares Franco 3oo
Carta de hum General, France{, escrita a Napoledo. 6o
Papeis Officiaes da Junta da Seguranga, e Administragio Piblica
da Torre de Moncorvo. 120
Reflex6es sobre a Conducta do PRINCIPE REGENTE de Por-
tugal. I 20
Analyse da Praclamagio (sic) do General Junot de 16 de Agosto
de 1808. 8o


(i) Cristovio Aires de Magalhlies SepOlveda, no Diciondrio bibliogrdfico da
Guerra Peninsular, vol. Im, p. 170, atribui a data de 18o08 a este folheto de 3 paginas
inumeradas. Martinho da Fonseca Catalogos Sua importancia bibliographica,
Boletim da Sociedade de Bibliophilos ((Barbosa Machado),, vol. n, 1913, nio cita
esta especie.







Manifesto ou Exposi9go fundada, e justificativa do Procedimento
da Corte de Portugal, a respeito da Franca, desde o principio da
Revoluqdo at6 a Invasao de Portugal e dos motives que a obrigara6 a
declarar a Guerra ao Imperador dos Franceqes, pelo facto da Invasao,
e da subsequent declaraqgo da Guerra. Publicado no Rio de Janeiro
no i. de Maio de 18o8. 6o
Descripqao da Illuminaqgo feita no Largo do Pogo Novo, por huma
sociedade de Patriotas, corn huma estampa que represent o obelisco
que alli se construio. 16o
Memoria sobre a mi Politica do ministerio Francel em Por-
tugal. 120
Carta de humAmigo a outro sobre a ca usa do Estado actual das
cousas na Europa. 1oo
Dois Documentos uteis para a Historia em que se descreve a
Genealogia de Napoleao, e huma Carta do General Moreau: escrita
na sua prizao, e dirigida ao Imperador. 40
Noticias de Galiza sobre a Protec~co Franceja, e Descripc9o da
Maquina da Gargalheira. 40
As vozes da Patria, ou Convite Generoso aos Portugueges. 40
Proclamagio aos Portugueges por hum Militar amante da sua
Patria, que marchando corn o Exercito Portuguese (sic), para Franca,
teve occasigo de se escapar. 40
Oragdo Gratulatoria dedicada a S. E. 0 General Sir Harry
Barrard. 8o
Fugida de Luciano Bonaparte para a America unida, e vida Poli-
tica do mesmo. 40
Testemunho de Gratiddo offerecido i Naqdo Britanica. 40
Oragco que o Senado da Camara de Villa Real, fez ao Excellen-
tissimo Tenente General Manoel lorge Gomes de Sepulveda. 40
Carta Exortatoria de Fernando VII. a todos os seus Vassallos. 40
O Patriotismo Militar, ou Elogio a Illustre Tropa Portugurqa (sic),
pelo bern merecido Titulo de Intrepidos defensores da Religiao, do
PRINCIPE, e da Patria. 40
Evora no seu abatimento Gloriosamente exaltada; ou Narragao
historic do Combate, Saque, e Crueldades praticadas pelos Franceges
em 2o, 3o, e 31 de Julho na Cidadede Evora. 120
Falla que fazem os Sacerdotes, Religiosos, Ancilos, Matronas,
e Mininos de Madrid a Mocidade, que se tem allistado no present
anno para servir no Exercito em defense da Religiao, da Patria, e
do Rei. 6o
Batalha da Catalunha do mez de Outubro de 180o8. Relagdo
Official. 40
Noticia das Forgas Maritimas, e Terrestres da Grd Bretanha, e
da Hespanha neste anno de 18o8. 40







Exposi9do dos Factos, e Maquina96es, corn que se preparou a
Usurpacao da Coroa de Hespanha, e dos meios que o Imperador dos
Francezes tern posto em pratica para realiza-la, escrita em Hespanhol
por D. Pedro Cevalhos, Primeiro Secretario de Estado, e do Despacho
de S. M. C. Fernando VII.; Traduzida em Portuguez, e publicada para
desengano da Nag9o. 120
Collecqdo de todas as Proclamag6es, e Editaes que se publicario
no Porto Coimbra, e em outras Terras de Portugal para a Restaura-
co deste Reino, e Relaq6es do que em algumas das mesmas Terras se
praticou para este feliz acontecimento. Consta de mais de 140 papeis
diversos. 2,4oo
RelaqAo circunstanciada dos Exercitos Francezes que entrarao em
Hespanha, e Portugal no anno de 1807. 40
Sonho de Napoleao hindo dar posse do Reino de Hespanha a seu
Irmdo Jose. 40
Carta escrita por L. P. A. P. a hum seu Patricio da Cidade da Bahia,
em que lhe relata tudo o que aconteceo em Portugal durante o intruso
Governo Francez. 16o

OBRAS POETICAS.

Parabens a Portugal por occasigo da entrada da Esquadra; e
Exercito da Grd Bretanha, e derrota, e expulsdo das Tropas France-
jas. Cangco. 40
Ode offerecida ao Excellentissimo Senhor Berdardino (sic) Freire
d'Andrade, a que vem junta huma Proclamacgo aos Portuguelas (sic)
em verso solto. 60
Desafogo de hum verdadeiro Lusitano na feliz Restauragao de
Portugal, em Sonetos. 40
Ode a Restauracao do Reino de Portugal. 5o
Ode i Sahida da Real Familia Portuguega para o Brasil. 5o
Ode ao Restabelecimento da Monarchia Portuguega. 50
Cancgo Patriotica offerecida ao Excellentissimo Senhor Bispo do
Porto por A. I. M. Campelo. 40
Epistola a S. A. R. o PRINCIPE Regente N. S. 80
Castigo da Protec9do Franceqa na Restauracio das Quinas Lusi-
tanas. Ode offerecida ao Excellentissimo Senhor D. Miguel Pereira
Forjds. 60
Furores, Remorsos, Transportes, e Dilirios de Napoleao. 80
Verdades Criticas na Restauracqo de Portugal 100
Proclamacgo em versos, Latina e Portuguega dirigida ao Vice-
reitor da Universidade. 140
Versos dedicados a Nagdo Portuguega na sua prodigiosa Restau-
ragao. 100







Restauracgo de Portugal, Canto Epico. 100
Ode ao Excellentissimo Senhor Bernardino Freire de An-
drade. 80
Ode Pindarica ao Corpo Academico da Universidade de Coim-
bra por A. I. M. Campelo. 80
Ode ao Vicereitor da Universidade de Coimbra, e outra aos
Portuguges (sic), por I. A. F. Ferro. 80
Ode Pindarica ao PRINCIPE, a Patria, e i Academia na feliz
Restauracgo por Ovidio Saraiva de Carvalho e Silva. 100
Ode ao Corpo Militar de Lentes e Doutores voluntaries por Agos-
tinho Albano da Silveira. 40
Ode offerecida ao Povo da Cidade do Porto por occasiao da sua
Restauragao por I. N. Grandra. 40
Ode Pindarica na feliz Restauraglo da Cidade do Porto, por
Joaquim Raurino da Costa. 40
Patriotismo, Ode a Portugal na situacgo, e sucessos do anno
de 18o8. 100
Novo Papel alegre, e curioso do A. B. C. Duas parties. 8o
Decima Glozada, A Restauragdo de Portugal na occasion em que
a Esquadra Britanica entrou no Porto de Lisboa. 40
Sonetos aos annos do Serenissimo PRINCIPE da Beira, e a
sahida da Esquadra para o Rio. 3o
Ode ao Rei de Hespanha D. Fernando VII. 40
Ode sobre o memoravel feito da tarde de 18 de Junho, em que
a Cidade do Porto tomou as Armas para sacudir o jugo France;,
offerecida ao Excellentissimo Bispo do Porto por Antonio Soares de
Agevedo. 40
Protec9co i Francela, por Josd Daniel Rodrigues da Costa. 120
Embarque dos Apaixonados dos Franceles para o Hospital do
Mundo, ou a segunda parte da Protecclo a Francega. 120
Sonhos Fantasticos de Junot, corn as desesperadas Reflex6es que
elle mesmo fez ou devia fazer em acordando. 80
A Proteccqo i Francega, e a Proteccqo Portuguega. 60
Ode ao Excellentissimo Senhor Francisco da Silveira Pinto da
Fonseca por Joaquim Josd Lisboa. 3o
A Protecclo dos Inglejes; versos de Joaquim Josd Lisboa offere-
cidos ao Corpo Militar Conimbricense. 100
Discurso sobre a Restauragao de Lisboa. 60
Vlyssea Libertada, Drama Heroico. Composto por Miguel Anto-
nio de Barros. 16o









WM Notas de leitura W



A ((Deutsche Baichereih ou a Biblioteca-Arquivo
da Alemanha

Do folheto aDie Deutsche Biicherei im Bilds, publicado no comeqo
do decorrente ano, se extraem as notas que seguem.
Em 1912 foi fundada em Lipsia pelos livreiros alemaes, atravis
da sua Bobrsenverein der Deutschen Buchhindler, uma biblioteca-
-arquivo de todas as publica96es em lingua alema ou em qualquer
outra lingua estrangeira aparecidas dentro da Alemanha e de todas as
obras em lingua alema, vindas a lume no estrangeiro. Trata-se, por-
tanto, de uma instituicao que recolhe e conserve, a partir de Janeiro
de 1913, tudo quanto se public dentro das fronteiras alemas e, fora
destas, tudo que aparega escrito na lingua de Goethe.
Vastissimo campo de actividade que, em 1941, foi alargado corn
a recolha das tradug6es dos livros alemaes em linguas estrangeiras e
corn as obras estrangeiras sobre a Alemanha e sobre personalidades
alemas; mais tarde, em 1943, o seu ambito estende-se corn a criagao
de uma sec~go de textos musicais e de publicaq6es artisticas. Em 1945,
na dnsia de abarcar todo o labor intellectual alemao, comeqa tambdm a
arrecadar os discos de caracter literario, corn texto alemao.
Tirando partido de todos estes materials e elements de trabalho
compila e edita as principals bibliografias alemas: ,Deutsche National-
bibliographiei, aJahresverzeichnis des deutschen Schrifttums, aDeuts-
ches BUcherverzeichnisi, aDeutsche Musikbibliographie,, eJahresverzei-
chnis der deutschen Musikalien und MusiksschriftenD, der deutschen Hochschulschriften, aBibliographie der deutschen Biblio-
graphienD, aBibliographie der Ibersetzungen deutschsprachiger WerkeD,
cBibliographie der Kunstblitteri e Fuiinfjahrsverzeichnis der Kunstblat-
teri. Public ainda uma serie de bibliografias especiais sobre os mais
variados problems da actualidade, destacando-se ,Braunkohlentage-
bauD, oFbrdertechnikD.
Como biblioteca-arquivo de consult local, nao favorece o empris-
timo domiciligrio, mas disp6e de quatro vastas salas para a leitura de
presenga corn o total de 449 lugares.
Em 1958 deram entrada 78.000 volumes, o que fez ascender, em
31 de Dezembro desse ano, o recheio global da biblioteca para a cifra








de 2.675.000. Estes volumes sdo revelados ao public atravis de tres
catilogos principals (alfabitico de autores, de titulos e assuntos e de
editors) e de numerosos catilogos especiais.
Neste mesmo ano de 1958 registaram-se 16.437 leitores com
226.281 requisigoes de livros. Ainda do relat6rio referente a 1958
constam 3.ooo consultas, por escrito, aos servigos de informagao
bibliogrifica.
De 1950 para ci faz parte da aDeutsche BiAcherei o chamado
museu alemao do livro e da escrita (aDeutsches Buch-und Schriftmu-
seums), que foi fundado em 1844 pela associagqo alema da inditstria do
livro (cDeutsches Buchgewerbeverein) e que colecciona documents
sobre a hist6ria do livro, sobre a escrita e sobre o papel, de todos os
tempos ate aos dias de hoje.
Apesar de todos estes ntImeros que acusam um intenso esforgo e
resultados bern paipiveis, a tarefa desta biblioteca dificulta-se muito
corn a cisdo da Alemanha, e a Reptiblica Federal Alemi sentiu a neces-
sidade de criar para uso pr6prio, uma instituiqdo conginere. Assim,
em 1947, na cidade de Francoforte do Meno foi criada a tDeutsche
Bibliotheks que d uma replica, tanto na sua finalidade como no ambito
das suas actividades, da biblioteca de Lipsia, reunindo bibliografico publicado nos paises de lingua alema, desde 1945, bern
como as produ96es de escritores emigrantes alemdes, (i).

MARIA ARMANDA DE ALMEIDA E SOUSA.





Index scriptorum latinorum Medii Aevi hispanorum

0 professor da Universidade de Salamanca M. C. Diaz y Diaz
acaba de publicar uma notivel obra, Index scriptorum latinorum
Medii Aevi hispanorum (2), gragas ao Consejo Superior de Investiga-
ciones Cientificas.
A obra, disposta por seculos, inclui a nota de toda a produqdo
latina, literAria ou nao, que veio a lume na Peninsula Ibirica desde o
ano 516 a 1348, num total de 2165 noticias.


(i) Vide: oBibliotecas Alemais Algumas notas,,, in: Letras e Artes, 25 de
Maio de 1958, suplemento literdrio do diario Novidades.
(2) M. C. Diaz y Diaz Index scriptorum latinorum Medii Aevi hispanorum
Madrid, Consejo Superior de Investigaciones Cientificas Patronato Menendez
Pelayo, 1959, t vol., XX + 582 ps., 24,5 X 17,5.







Cada uma destas noticias disp6e-se assim: i) Nome do autor
ou, no caso das obras an6nimas, pelo titulo por que sao mais conheci-
das; 2) Indica9ao da edi9ao mais aconselhada da obra; 3) Nota da
existancia dos manuscritos da obra, indicando-se o seculo do manus-
crito, biblioteca e cota onde o mesmo esti. Indica-se por vezes a
bibliografia mais convenient sobre cada um dos manuscritos e notas
critics de grande valor.
O notavel empreendimento de Diaz y Diaz ultrapassa de long
a enumeragao que acima se fez. E na verdade necessirio consultar a
obra para se avaliar bem do seu interesse. Englobando, como engloba
toda a Peninsula Iberica, o Index e igualmente de grande utilidade
para Portugal, pois sao ai numerosas as noticias sobre autores portu-
gueses. E uma obra que esti, realmente, na linha dos grandes traba-
lhos de Nicolau Ant6nio, Simon Diaz, Palau, etc.
Tomemos como exemplo uma noticia ao acaso. Sera o n. 1396,
Summulae logicales, de Pedro Hispano, que aparecem assim descritas:

1396. summulae logicales. aDialectica est ars artium et
scientia... ed. I. M. Bochenski, Petri Hispani: (Summulae logi-
cales,, Torino, 1947, pp. i-i3o; partim coll. edd. s. XV ed. J. P.
Mullaly, The Summulae logicales of Peter of Spain, Notre Dame,
Indiana, 1945 (Publications in Mediaeval Studies, VIII), pp. 2-128
qui conspectum editionum adhibet plenissimum pp. 133-658.
Codd. s. XIII: Milano B. Ambros. H. 64. Inf. Wien
B N 2389. Tarragona A Archidioc. 2. Padova B Antoniana XX-
-429., MUnchen C L M 19438. *Roma Vat. Regin. lat. 1205.
Paris B N n. a. 1. 3o8. s. XIV: Escorial f. III. 26. Mtinchen
C L M 6905. -4603. 14697. 22294. Paris B N lat. 16126.
Praha B C M.XXVII. M.XXXVI. Erlangen B U 394. Praha
B U XIV. E. 33. Venezia B S Marco X 55. X 184. Roma
Vat. lat. 4537. **-Regin. lat. 1731. s. XV: Praha B U XIV.
F. 20. Schligl B C Cpl. 175. Praha B C M. CLV. Paris B N
lat. 14716. Ossegg B A 7. St. Gallen B A 819. Wien B N
2335.-4996. Barcelona B C Catalufia 711. Saint-Did B P 69.
Avignon B P 33o. Graz B U 10o39. *Roma Vat. lat. 3o5i.
*-Palat. lat. 695a.

A rematar, Diaz y Diaz estabeleceu uma serie de titeis e bern
feitos indices: de escritores ordenados pelo nome pr6prio, do inicio
dos manuscritos, das bibliotecas onde os manuscritos se encontram,
dos investigadores que estudaram os autores incluidos e os manuscritos
assinalados, e, por iultimo. o das notas postas nas noticias insertas por
Diaz y Diaz.
JORGE PEIXOTO








SManuscritos portugueses ou de interesse para Portugal
na Bodleian Library, de Oxford


No Summary catalogue of Western Manuscripts in the Bodleian
Library at Oxford, editado em Oxford de 1922 a 1953, e distribuido
por sete volumes, encontram-se varios manuscritos de autores portu-
gueses ou manuscritos de interesse para Portugal. Entre eles destaca-
mos os que abaixo se indicam, fazendo-os acompanhar, aqui e ali, de
notas sobre os autores. E evidence que um trabalho feito nestas con-
dig es sem o manuscrito a vista e apenas pelas indicaq6es que o
catilogo fornece-regista sempre falhas. Fica, no entanto, a enume-
ragdo que outros mais habilitados poderdo aproveitar e aprofundar
devidamente.
Mss. 1951-52

Duas c6pias de um comentirio em latim sobre a 3.a parte da
Summa Theologica de S. Tomars de Aquino por Melchior Lobato (?),
das lig6es de Ant6nio Gomes, professor da Universidade de Coimbra.
O Ms. n. i95i tem o pr6logo e as Quaestiones 1-27 ; e o Ms. n." 1952
tern o pr6logo e as Quaestiones 1-27, 31-3, 35-6, corn algumas diferen-
gas; o pr6logo comega: (Cum universe theologiae uis in eo posita,.
Sao aparentemente independents as notas das leituras de Gomes, e as.
do n.0 i951 foram copiadas por aGaspar fraterp, que escreveu tambem
os n.Os 1955 e 2161. Estdo raspadas as notas de fol. 261 do ms. 1951
que di o nome de Gomesius. 0 nome de Lobato esti na fol. i do
mesmo Manuscrito.

Mss. em latim, escritos A volta de 16oo em Coimbra; 215>< x6o;
iv 266 e in + 195 fls. A encadernacgo do Ms. 1951 e a fl. 247 de
um grande antifonirio do sec. xv, de que outras fis. aparecem nas enca-
derna;6es dos Mss. 1955 e 2161.
A biblioteca deve ter recebido aqueles Mss. em i6o5, talvez corn
as didivas de Josias White nesse mesmo ano.

Francisco Leitgo Ferreira, cita, entire os m6dicos, Ant6nio Gomes
que seria natural de Alcobaca, filho de Ant6nio Gomes. Foi substitute
da Cadeira de Mdtodo por oposigio e sent." do Cons.o em 3 de Fevereiro
de 1584. Lente de Crisibus na mesma forma em 6 de Abril de 1590;
de V6spera em 26 de Margo de 1602, e de Prima por proviso de i3 de
Dezembro de 1614 de que tomou posse em 7 de Fevereiro de i615.

Melchior Lobato, segundo Fr. Stegmiller, in-Zur Literargeschi-
chte der Philosophie und Theologie an den Universitaten Evora und







Coimbra im XVI. Jahrhundert, teria, na Cadeira de Vespera, de 1574
. a 1579, ensinado na Universidade de Evora. (Cf. Stegmiuller- Trad.
portuguesa -Coimbra, 1959, n.' 81).

Ms. 1984

aCommentarii editi a patre religiosissimo doctoreque venerabili
Petro Ludovico in primam partem d. Thomae Aquinatis... ad quaes-
tionem 44 de Creaturarum processioneD, apars secundai. Comentario
(composto em Evora ?) da i.a parte da Summa, quest6es 44 e i33, dis-
putationes 71-115. Pela fl. 162 va-se que foi copiado depois de ii de
Junho de 1587 e completado em 3i de Julho do mesmo ano. Na fl. i ha
as palavras: (Mopogil fagundess.

Ms. em latim, escrito em Evora (?); 235x18o; xv + 215 fls.
Oferecido por Josias White, do New College, Oxford, em 16o5.

Luis Pedro nasceu em Valencia em 1539 e morreu em Evora a
13 de Marco de 1602. Foi para Coimbra em 1558. Regeu a cadeira
de Vespera de Teologia (1579-1584) e a de Prima (1584-1594) na uni-
versidade de Evora. Antes, nesta mesma universidade, ensinara filoso-
fia de 1563 a 1568.
Cita-se um Manuel Fagundes, nascido em Viana do Castelo
em 1569 e falecido em 8 de Dezembro de 1639, que entrou para a Com-
panhia de Jesus em Coimbra a 2 de Novembro de i583, onde recebeu o
grau de mestre em artes. Foi reitor dos colegios do Funchal, Porto e
Santo Antdo. De 27 de Margo a 12 de Abril de 1631 foi vice-reitor
do Colegio das Artes, e reitor de 13 de Junho de i635 a Junho
de 1638.
Ms. 1993

tCommentarii ad Secundam Secunde d. Thomae, editi a reli-
giosissimo doctor Francisco Pereira e societate Iesu Ebora anno
Domini 1584D. Comentario das quaestiones 57-62 da Secunda Secun-
de de Summa. Foi acabado de copiar em 24 de Julho de i586.

Ms. em latim, escrito em Evora (?); 230>< 175; IV+ 363 fls.

Oferecido por Josias White, do New College, Oxford, em 16o5.

Teria havido tres autores corn o mesmo nome, dois jesuitas, do
sec. XVI, e um outro franciscano. 0 Francisco Pereira que aqui temos
deve ser o que nasceu em 1552, ou na Beira, em Britianda, diocese de
Lamego, ou nos arredores do Porto, em Cachugaes, e morreu em Coim-








bra no dia 16 de Novembro de 1616. Foi professor de Filosofia no
Col6gio das Artes, de Coimbra, de 6574-158o, havendo entrado para a
Companhia de Jesus, em Coimbra, a 9 de Janeiro de 1577. Na Uni-
versidade de Evora foi professor de Teologia, onde se doutorou em 1586.
Foi tambim reitor da Casa de S. Roque de Lisboa e Geral dos Jesuitas.

Ms. 1994

aComentarii editi a patre religiosissimo doctoreque sapientissimo
Francisco Pereira in Primam Secundwe d. Thomae Aquinatis... anno
Domini 1586D. Comentario sobre as 70 questions da Prima Secunde
da Summa, acabado em 17 de Novembro de 1587. Na fl. i hi as pala-
vras: aMopogil fagundesD.

Ms. em latim, escrito em Evora (?); 235 x 165; 111+ 179 fls.

Oferecido por Josias White, do New College, em 16o5.

Ms. 2192

a) Fl. i (Commentarij a sapientissimo magistro Fernando
Rabelo ex societate lesu in libros Methaphysicorum [Aristotelis].
Comeca: aOmnis homo initio fere aliarum omnium scientiarumD. No
final:
b) Fl. 212- aCommentarij in decem libros Ethicorum Aristote-
lis Stageritae inchoati pridie callendas IuniyD. Comega: oUniversa phi-
losophia in duas parties distribuitur).

Ms. em latim, escrito em Evora (?) A volta de 1571, por virias
maos; :.iox 16o; 269 fls.
Pertence: aEx dono Nathan. Norington... 163 1, tal como no
Ms. n.0 2391.
Fernando Rebelo nasceu ou na diocese de Lamego, no Prado, ou
em Caria, no ano de 1546.
Entrou em S. Roque em 20o de Maio de 1562 e foi para Evora em
Outubro desse mesmo ano. De 1568 a 1572 ensinou filosofia em Evora,
doutorando-se em 16 de Abril de 1589. Nos anos de 1586 a i588 teve
a segunda cadeira de Moral e de 1589 a 1596 a de Prima de Moral.
De 1596 a 1604 foi chanceler da Universidade de Evora e, alum disso,
de 1604 a 16o8, reitor do colkgio do Porto, morrendo em 20 de Novem-
bro de 16o8.
0 seu irmao, Joio Rebelo, nascido em 1543, foi para Coimbra
em 1558 e morreu em 24 de Julho de 1602 em Evora.








Ms. 2261


eCommentarii editi a patre religiosissimo doctoreque sapientis-
simo Nicolao Pimenta in Secundam Secunds d. Thoma e Aquinatis
anno Domini 1586>.
Comentirio, talvez composto em Evora (?) das questions 1-22 da
Secunda Secundse. Na i." fl. hi as palavras: aMopogil fagundesp.

Ms. em latim ; 220 o 175; III + 292 fls.

Oferecido por Josias White, de New College, Oxford, em 16o5.

Nicolau Pimenta nasceu em Santardm no ano de 1546 e morreu
em Goa a i6i3, tendo entrado para a Companhia de Jesus em Coim-
bra a 2 de Maio de i562. Recebeu os graus de mestre em artes e dou-
tor em teologia, tendo partido como visitador para a India, afirmando
Stegmiller que ai faleceu em 7 de Marco de 1614, um ano depois do que
indica Pereira Gomes.
Ms. 2341

Comentirio an6nimo de parties do 3. livro da Summa Theologica
de S. Tomis de Aquino: a) Sacramento da Confirmagao corn referencias
ao Baptismo (fl. i); b) Extrema Ungao (fl. 33); c) Indulgencias (fl. 44 v.).

Ms. em latim, escrito talvez em Evora no ano de i586;
23o0x 18o; II+ i33 fls.
Na fl. io6v. encontra-se a nota: tHieronimus Texra Cabral Dei
et apostolice sedis gratia episcopus Angrensis.

Oferecido por Josias White, de New College, Oxford, em 16o5.

D. Jer6nimo Teixeira Cabral, licenciado em Coimbra em Cano-
nes, foi c6nego da S6 de Lisboa e inquisidor em Evora. Nomeado
bispo de Angra do Heroismo entrou na diocese em 16oo, onde teve
virios conflitos corn as autoridades civis. Em 16 11 foi transferido para
a S6 de Miranda do Douro, onde faleceu a 1o de Janeiro de 1614,
antes de ir para a diocese de Lamego para onde fora eleito em 1i63.

Ms. 2344

A) Fl. i aMateria de Sacramentis exposita a patre [Antonio]
Carvalho Eborae 20 Junij 15781): i) De Sacramentis in communi;
2) De Baptismo, fl. i59, que e um comentirio da Summa de S. Tomis,
Parte 3, Quaestiones 60-71.








B) Fl. 431 -. aDe Sacramento Ordinis. autore d. Petro Ludovico
Ebore), em 5o quest6es; da mesma data do anterior.

Ms. em latim; 23o x 18o; 535 fls., em parte manchadas e ligeira
mente estragadas.

Dado por Joseph Maynard, reitor do Exeter College, Oxford,
em 6 de Maio de 1663.

Ant6nio Carvalho era natural de Lisboa onde nasceu em 1541 e
entrou para a Companhia em Coimbra a 28 de Maio de 1558. Em
9 de Setembro de i569 e tamb6m em 9 de Setembro do ano seguinte,
encontra-se em Evora entire os substitutes.
Em 24 de Abril de 1572 e perfeito de escolas em Evora. Entre
1573 e 1577 ensina filosofia em Coimbra. Em Evora teve depois, a
volta de 1579 a 1584, a 3.a cadeira de Teologia. De 1584 a 1594 regeu.
a cadeira de VWspera e de 1594 a 1598 a cadeira de Prima. Havia-se
doutorado em 12 de Outubro de 1582. Em j585 foi nomeado censor
official para ever os trabalhos de Luis de Molina. Morreu em 2 de
Maio de i6or na cidade de Coimbra.

Ms. 2352

aCommentaria in augustissimum Eucharistiae sacramentum, tra-
dita a... doctor Antonio Carvalho super Questionem 73am parties
3iae Summae Theologiae sancti Thomae AquinatisD.

Ms. em latim, escrito na 2."' metade do s6c. xvi, talvez em Evora;
220 X i65 ; 398 fls., em parte manchadas.

Dado por Joseph Maynard, reitor do Exeter College, Oxford, em
6 de Maio de 1663.
Ms. 2362

aQuestio 84a de Pcenitentia, a padre Gaspar Gloria (?) & Fer-
nando RebelloD, de Evora. 0 texto comeqa: aCum hactenus D. Th.
de EucheriaD (?).

Ms. em latim, escrito no. final do sec. XVI; 225x170; 197 fls.
com as fls. finals em mau estado.

Dado por Joseph Maynard, reitor do Exeter College, Oxford,
em 6 de Maio de 1663.








Ms. 2489


Notas em latim sobre a leitura de capitulos seleccionados do
Digesto, feita por Pedro Barbosa. De fl. 3o8 em diante e letra de
outra mdo. De fl. 389-o90 em diante, insere a leitura do successor daquele
professor, que foi Antonio Vas, Cabaco (sic).

Ms. escrito na 2.a metade do s&c. XVI; 320 X 215; I+ 408 fis.

Comprado cat London of Jhon Edwards at second hand) em i613.

Pedro Barbosa, o Insigne, nasceu em Viana do Castelo, vindo a fale-
cer em 16o6. Foi lente em Coimbra de Institutas por oposicgo em 23 de
Julho de 1557 e de C6digo em 3 de Dezembro de 1558, e de Digesto
Velho, sendo seu opositor Alvaro Vaz, em 20 de Fevereiro de 156o.
Tomou posse da cadeira de Vespera em 23 de Dezembro de 1564 onde
foi jubilado em 4 de Julho de 1577, entdo ji Desembargador do Pago.
Nesta qualidade foi o primeiro juiz privativo das apela96es e agravos
dos estudantes e mais pessoas da Universidade de Evora, conforme con-
cessdo de D. Sebastido em 1577. Alem de deputado do Santo Oficio
em Coimbra, foi do Conselho Supremo de Portugal em Madrid.

Ant6nio Vaz Cabago, natural de Coimbra, foi lente de Institutas
por oposicao na Universidade de Coimbra em 2 de Margo de 1565,
de C6digo em 2 de Maio de 1566, de Digesto Velho em 29 de Novem-
bro do mesmo ano, de VWspera por proviso de 30 de Maio de 1576,
e de Prima foi lente em 31 de Julho de 1576. Foi jubilado por carta
de 8 de Dezembro de i588. Aldm de ser do Desembargo do Rei e
deputado em Coimbra do Santo Oficio, teria colaborado nos estatutos
da Universidade de 1593 e teria alegado raz6es a favor da sucessio de
D. Catarina ao trono de Portugal. Faleceu na terra da sua naturali-
dade no ano de 1595.
Ms. 2563

((The fyrst booke of history of India de Ferndo Lopes de Cas-
tanheda.
E a tradugcao da Histdria do Descobrimento e conquista da India
pelos Portugueses, de Castanheda. NAo traz o nome do tradutor, mas
tambem ndo d a tradugco de N. Lichefield, publicada em 1582. Comega:
aCaput I. Howe Kyng John the second... Thys Kyng... seyng the
spicerys drougery previous stones & other riche wares.

Ms. em ingles, escrito na 2.a metade do sec. XVI; 3o05x2o;
II + 228 fls.







Tern as seguintes notas: aFor this & Thesaurus Precum to give at
return 33s by me aThpmles (Thomas) Williams, (Frauncis HomelyD,
indica96es todas ao redor de 16oo. 0 Ms. aparece registado nas listas
da Biblioteca Bodleiana por voltas de 1655.

Ms. 2616

*Libro Da Santificacgo: Nassimento: Penitencia: Vida: e Morte:
Do gloriosso Sao Joham Baptista: Tradusido e Recupillado Dediuers-
sas Limguoas Em nosso uulgar Portugues: e Illustrado nos Lugares da
scriptura Sagrada: & corn outros Autores: Por Antonio Pireira: Natu-
ral e Visinho da Villa Destremos...D.
E dedicado a D. Fernao Martins Mascarenhas, reitor da Uni-
versidade de Coimbra. A vida de S. Joao Baptista ocupa 2 livros corn
32 capitulos e a tibua de matirias (fl. 189) e datada de 159i. As notas
e correcq6es devem ser tambdm do A.

Ms. em portugues, escrito nos fins do sec. XVI; 205 x 55;
II + 200 fls.

Oferecido por Robert Devereux, conde de Essex, em 16oo. E o
primeiro Ms. registado como havendo entrado na Biblioteca Bodleiana.

Fernao Martins Mascarenhas, natural de Montemor-o-Novo, foi
mestre de Artes pela Universidade de Evora e c6nego da s6 da mesma
cidade. Depois de haver concluido o curso de Teologia em Coimbra,
foi prior de Guimardes e desempenhou os seguintes cargos: bispo do
Algarve, inquisidor geral e conselheiro de estado. Fundou em Porti-
mio o coldgio dos jesuitas e contribuiu para a fundaqgo do convento
de Santo Ant6nio dos Capuchos, em Tavira. Nomeado reitor da Uni-
versidade de Coimbra por Filipe I, prestou juramento a 3o de Agosto
de i586 e deixou o cargo em 18 de Julho de 1594 por ter sido nomeado
bispo do Algarve. Faleceu a 20 de Janeiro de 1628 em Lisboa.

Barbosa Machado diz deste Ant6nio Pereira apenas o seguinte :
...certamente nosso portuguez posto que se ignore o tempo, e a parte
onde floreceo. Compoz: Vida admiravel de S. Joa6 Apostolo, e Evan-
gelista. Ms.
A qual se conserve na Bibliotheca da Universidade de Oxonia,
como consta do seu indexD.

(Continua)
JORGE PEIXOTO










Noticias o



Reapareceu o ((Arquivo dos Acores))

Ernesto do Canto (1831-1900oo), o grande erudito de S. Miguel,
iniciava em Maio de 1878, na cidade de Ponta Delgada, a publicacqo
do precioso reposit6rio documental aqoreano o Archivo dos Acores,
epublicaqco destinada A vulgarizacao dos elements indispensiveis para
todos os ramos da hist6ria aqoreana,.
Nos fins propostos pela publicaqao, esbocavam-se, entire outros,
os seguintes pontos: rectificar a hist6ria agoreana corn documents
coevos, tornar conhecidos documents tinicos que se perderiam corn o
tempo, reunir manuscritos disseminados por bibliotecas nacionais e
estrangeiras ou ja publicados em jornais e revistas, proporcionar aos
agoreanos que estao long dos principals centros de investigacao as
melhores fontes, etc.
Foram-se publicando em Ponta Delgada sucessivamente os seguin-
tes volumes: 2. vol., 188o; 3. vol., 1881; 4.0 vol., 1882; J. vol., 1883;
6.0 vol., 1884; 7.- vol., 1885; 8.0 vol., 1886; 9.0 vol., 1887; 0o.0 vol.,
I888; z.0 vol., 1890; 12.0 vol., 1892; 13. vol., 1919; 14.* vol., 1927;
i!.0 vol., 1959.
Cada volume tern 6 nmimeros.
Ate ao volume 12, o Arquivo foi dirigido por Ernesto do Canto,
falecido em 21 de Agosto de 1900.
Os volumes i3.0 e 14. foram publicados gragas A ac0Ao do
coronel Francisco Afonso Chaves.
Ora foi agora publicado o volume i5.0, organizado pelo dr. Manuel
Monteiro Velho Arruda e mandado publicar pela Camara Municipal da
Vila do Porto em sessdo de 28 de Fevereiro de 1958.
Velho Arruda solicitara e obtivera hi cerca de 2o anos autoriza-
9ao da propriedade literaria dos herdeiros do dr. Ernesto do Canto, e
pediu depois um subsidio A Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada,
que aquiesceu. Iniciou-se a composigao do volume i5 0 que ficou inter-
rompida na pigina 288, por doenca, em 1948, e morte, em 1950, do
dr. Velho Arruda. Dispersa a documentagao, a obra teria desaparecido
por complete. Felizmente que a Camara Municipal de Vila do Porto,
em 28 de Fevereiro de 1958, encarregou Jodo Bernardo de Oliveira
Rodrigues de levar por diante a publicagao do referido volume que








apareceu em muito boa hora pelo que merecem todos rasgados
elogios.
0 volume agora vindo a public inclui sobretudo documents dos
livros da Camara, da Miseric6rdia, do convento de S. Francisco, da
Matriz e dos recolhimentos da V ila do Porto, da Torre do Tombo,
capitulos referentes A ilha de Santa Maria de autoria de frei Agostinho
Monte Alverne, na sua cr6nica inedita Crdnicas da Provincia de S. Jodo
Evangelista dos Acores, e o opUsculo que sobre aquela ilha escreveu
em 1852 o major Ant6nio Bonifacio Julio Guerra. De pigs. V a XXII
di-se tambdm a noticia biogrAfica do dr. Manuel Monteiro Velho
Arruda.

Bibliografia Henriquina

C A Comissao Executiva das Comemoraq6es do V Centenirio
da Morte do Infante D. Henrique editou a Bibliografia Henriquina,
que compreende no i.0 volume ate ao nome Franz Hiummerich. Esta
bibliografia e um element subsidiArio dos Monumenta Henricina, que
em breve tambem virdo a publico e que conterdo todos os documents
que foi possivel encontrar, em estabelecimentos nacionais e estrangei-
ros, sobre o Infante D. Henrique. 0 primeiro volume da Bibliugrafia
Henriquina inclui, nas suas 325 piginas, 2224 noticias sinaliticas das
obras encontradas sobre o Navegador em bibliotecas nacionais, pois as
investigaq6es nos grandes estabelecimentos estrangeiros nto se pude-
ram efectuar.
O 2.0 volume da Bibliografia Henriquina vai da letra I atW Z, com
mais 246 referencias, num total de 4661 especies citadas nos dois volu-
mes. Segue-se depois um indice geral, ps. 367-383, de grande utilidade.
Em complement publicou igualmente a Comissio Executiva do
V Centenario da Morte do Infante D. Henrique o Catdlogo henriquino
do Real Gabinete Portuguds de Leitura do Rio de Janeiro, que inclui,
distribuidas d&cimalmente, 6o3 especies existentes na biblioteca daquela
notivel instituigio e corn referencias ao Infante D. Henrique.


Gabinete de Hist6ria e de Leitura Paleogrdfica

( Reconhecido pelo Instituto de Alta Cultura, foi criado o Gabi-
nete de Hist6ria de Leitura Paleogrtfica, cujas finalidades sao:
i Leitura e c6pia paleogrifica de documents existentes nos
arquivos portugueses.
2- Investigacgo e sumariagao, nos Arquivos portugueses, de
documents relatives a quaisquer assuntos da Hist6ria portuguesa.
3 InformacAo bibliogrAfica.







4-Exame critic de documents.
5 Microfilmagem.
0 corpo t6cnico 6 formado pelas licenciadas Alice Correia Estor-
ninho, Belarmina Ribeiro, Maria Luisa Esteves e Rosalina Cunha,
conhecidas investigadoras que tern dado sobejas provas, nomeada-
mente nos (Descobrimentos PortuguesesD, publicados pelo Instituto
de Alta Cultura, e (Monumenta Henricinas a publicar pelas come-
mora96es do V Centendrio da Morte do Infante D. Henrique.
Toda a correspondencia deve ser dirigida a: Gabinete de His-
t6ria e de Leitura Paleogrifica c/o Associaggo Portuguesa para o
Progresso das Ciencias.
Praga do Principe Real, 14-2.0 Lisboa 2 Portugal.


Informacdo Cultural Portuguesa

([ 0 Secretariado Nacional da Informacao comegou a editar a
Informacdo Cultural Portuguesa, que se destina numa sintese global e objective, um panorama da vida cultural portu-
guesa, em todos os dominios,. Assim apareceu agora o primeiro
niimero, referente a Junho do present ano.
Disposta por secq6es, a Informacao Cultural di bern uma ideia
de actividade intellectual do Pais. Todos os interessados, quer nacio-
nais quer estrangeiros, terlo ai um util element de informacgo,
pois a nova publicagao procura incluir o maior nlmero de dados infor-
mativos nos varios ramos do saber, desde as Letras at6 As Ciencias,
passando pelas Artes, etc.


A ISO e a Documentacdo

([ At6 1959, a Organizagio Internacional de Normalizacao, a
ISO, homologou as seguintes recomendag6es apresentadas pelo seu
comit6 ISO/TC 46-Documentagio:
ISO R4 C6digo Internacional para a abreviatura de titulos de
peri6dicos, 1954;
ISO R8 Apresentaqgo de peri6dicos, 1955;
ISO R9-Sistema international para a transliteracgo dos carac-
teres cirilicos, 1955 ;
ISO Ri8 Sumirios de peri6dicos ou de outros documents;
ISO R3o Legenda bibliogrifica, 1956.
0 mesmo comity, composto por 22 membros de que Portugal
tambm6 faz parte, tern em preparag'o projects e ante-projectos de
vAria ordem, tais como: abreviatura dos nomes gen6ricos de peri6di-







cos, referencias bibliogrificas, apresenta9go de artigos de peri6dicos,
analises e resumes de autores, transliteraq6es do grego modern, do
hebraico, e do arabe clissico, apresentagao de obras aldm das peri6-
dicas, sinais de correccqo de provas.
A normalizacgo dos formatos do papel esti a cargo de um outro
comity ticnico da ISO, o ISO/TC 6-Papel.


Teses de licenciatura apresentadas a Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra no ano de 1959

Filologia ClAssica

LOPES, Jolo da Cruz Gertzndio e Gerundivo. Seu emprego em
Terencio. Sobrevivencias no portugues. Coimbra, 1959. i vol.
de 337 piginas. (Dactilografada).
MATA, Maria Isabel de Freitas A expressed de negacdo nas come-
dias de Terdncio. Coimbra, 1959. i vol. de vm + 109 piginas.
(Dactilografada).
PACHECO, Maria Jose de Freitas Sousa -A oracao inaugural do Cold-
gio das Artes de Arnaldo Fabricio. Coimbra, i959. i vol.
de 195 piginas. (Dactilografada).

Filologia Romanica

BOURA, Laura de Sousa -Designac6es portuguesas para ( tidoD e cmal vestidoD. Coimbra, 1959. x vol. de ii + 195 pigi-
nas. (Dactilografada).
CAPAO, Ant6nio Tavares Sim6es A Bairrada. Estudo linguistico,
hist6rico e etnogrdfico. Coimbra, 1959. i vol. de 327 pagi-
nas + i fasc. de 25 paginas em eAditamentoi. (Dactilografada).
COSTA, Maria Adosinda da Providencia Vilas-Boas e 0 Pdo. Suas
variedades e designag6es em portugues. Coimbra, 1959. i vol.
de ix + 281 p~ginas. (Dactilografada).
COSTA, Maria das Dores Borges do Canto Santos Os estrangeirismos
em Garrett. Coimbra, 1959. i vol. de xi + 243 paginas (Dactilo-
grafada).
FERREIRA, Maria Teresa Pedro de Jesus A cultural de Dom Frei
Amador Arrais. Coimbra, 1959. i vol. de 241 paginas. (Dacti-
lografada).
GAMA, Jos6 A. Salazar P. da As imagens em Gomes Leal. Coim-
bra, 1959. i vol. de 234 piginas. (Dactilografada).
MOTA, Maria da Conceicao Santos 0 linho. Cultura e fabrico.
Estudo linguistico etnogr6fico-folcl6rico. Com vwrios mapas e







desenhos. Coimbra, 1959. i vol. de xii + 195 + xxxiv piginas.
(Dactilografada).
NUNES, Maria Manuela Moreira Florbela Espanca Sarqa ardente
de fogos fituos. Coimbra, 1959. i vol. de 147 piginas. (Dacti-
lografada).
PARDINHAS, Albertino Alves 0 aproveitamento dos mitos cldssicos na
poesia do sdculo XVI. Coimbra, 1959. i vol. de vi + 149 pigi-
nas. (Dactilografada).
PIRES, Alberto Gomes Resende-A cegonha. Contribuicao para o estudo
linguistico-etnogrifico dos aparelhos de elevar Agua. Corn virios
desenhos e fotografias. Coimbra, 1959. i vol. de vn + 100 pagi-
nas. (Dactilografada).
SARMENTO, Maria da Conceicao Quadros de Morais Edicao critical
das cartas de D. Francisco Manuel de Melo. Coimbra, 1959.
i vol. de XLVI + 911 piginas. (Dactilografada).
SILVA, Agostinho Manuel da 0 teatro de Alfredo Corte;. Coim-
bra, 1959. I vol. de 126 piginas. (Dactilografada).
TORRES, Maria Jose Vieira Neves da Silva A infludncia religiosa na
linguagem popular. Coimbra, 1959. i vol. de vi + 226 piginas.
(Dactilografada).
Filologia Germanica

ALBUQUERQUE, Maria Isabel Abrantes Cardoso de-William Shakespeare
Otelo-O Mouro de Veneza. I Acto. Corn i fotografia. Coim-
bra, 1959. i vol. de 77 CCLvi paginas. (Dactilografada).
CAMPOS, Lucilia Elvira Barbosa-Antdnio e Cledpatra. n Acto de
Wiliam Shakespeare. Coimbra, 1959. i vol. de xit + i58 pigi-
nas. (Dactilografada).
LIMA, Rosa de Jesus de Sousa Aldous Huxley Point Counter
Point. Coimbra, 1959. I vol. de 167 piginas. (Dactilografada).
LOPES, Maria de Lourdes da Cunha Pereira- A comddia dos enganos.
Coimbra, i959. i vol. de io6 piginas. (Dactilografada).
MAGALHiES, Vitor Manuel dos Santos -William Shakespeare-A tra-
gidia de Macbeth. Coimbra, 1959. i vol. de XXXVIII + 266 pigi-
nas. (Dactilografada).
MOURiO, Maria Aurora Pereira Teixeira -William Shakespeare- Otelo
-0 Mourode Veneza. iv Acto. Coimbra, 1959. I vol. de 281 pigi-
nas. (Dactilografada).
NUNES, Georgina da Cruz William Shakespeare Antdnio e Cledpa-
tra. (Acto i). Coimbra, 1959. i vol. de LXXVII + 18o piginas.
(Dactilografada).
OLIVEIRA, Alda Cabral Barbosa de Aspetos do naturalismo de Frie-
drich Schnack. Coimbra, 1959. i vol. de 156 piginas. (Dacti-
lografada).








OLIVEIRA, Maria Luisa Cabral Matos de -A novela em Werner Ber-
gengruen. Concepcao e arte narrative. Corn fotografias. Coim-
bra, 1959. i vol. de In + 140 piginas. (Dactilografada).
PEQUITO, Jo0o Martins Gomes John Adamson (Lus6filo e camonia-
nista do sdculo xix). Coimbra, 1959. I vol. de io8 piginas.
(Dactilografada).
PEREIRA, Maria Luisa Moutinho Subsidios para o estudo da obra de
Graham Greene. ((The heart of the matter)). Coimbra, 1959.
i vol. de II + 161 piginas. (Dactilografada).
QUITrRIO, Maria Alice de Sousa William Shakespeare Antdnio e
Cle6patra. (Acto iv). Coimbra, 1959. i vol. de xvi+ 139 pigi-
nas. (Dactilografada).
SAIAGO, Maria Helena da Costa William Beckford em Portu-
gal. Coimbra, 1959. I vol. de 224 piginas. (Dactilografada).
SILVA, Maria Isabel Cristina da A tecnica do conto em Katherine
Mansfield. Corn fotografia de Katherine Mansfield e i repro-
dugdo a cores de um quadro de Vincent Van Gogh. Coim-
bra, 1959. i vol. de 164 piginas. (Dactilografada).

Ci&ncias Geogrificas

CONSTANCIA, Joao Medeiros A ilha de S. Miguel Contribuicgo
para o estudo da sua paisagem humanizada. Corn fotografias e
mapas. Coimbra, 1959. i vol. de 157 paginas. (Dactilografada).
GOUL O, Ana Maria Carvalho- Breve estudo geogrdfico sobre a fre-
guesia de S. Martinho do Bispo. Corn fotografias e mapas.
Coimbra, 1959. I vol. de 139 piginas. (Dactilografada).
GOUVEIA, Lucilia Doris Andrade de Heterogeneidade geogrdfica num
ponto critic da Beira. Corn fotografias e mapas. Coim-
bra, 1959. i vol. de 117 piginas. (Dactilografada).
NEVES, Eduino Mota Soares A ilha de Santa Maria Contributo
para um estudo de geografia. Corn fotografias e mapas. Coim-
bra, 1959. i vol. de 62 piginas. (Dactilografada).

Ci6ncias Hist6ricas e Filos6ficas

ABREU, M. B. Araujo Breves reflexes dcerca da eugenia. Obidos,
Maio de 1955. i vol. de iv + 38 piginas. (Dactilografada).
ABREU, Virgilio Lopes Araujo de -A capela de S. Fructuoso Um
monument visig6tico. Com virias fotografias e plants. Coim-
bra, 1959. I vol. de 83 piginas. (Dactilografada).
ALVES, Armando Lopes -A mineracdo romana no territdrio que hoje
d Portugal. Corn virios desenhos. Coimbra, 1959. I vol. de
94 piginas. (Dactilografada).







ANDORINHO JUNIOR, Claudio Pais A administracdo municipal de San-
tardm no sec. XVI. Coimbra, 1959. 1 vol. de 90 + 2 + xvi pigi-
nas. (Dactilografada).
BACELO, Maria Teresinha de Jesus Subsidios para o estudo da per-
sonalidade e accdo diplomdtica do z. marques de Nisa. Coim-
bra, 1959. i vol. de 98 piginas. (Dactilografada).
BARATA, Maria Helena Alves de Sousa- 0 retdbulo da Sd da Guarda
-(Antecedido de breves notas sobre a fundaqdo da cidade e da
sua cathedral Corn ii fotografias. Coimbra, 1959. I vol. de
77 + 8 piginas. (Dactilografada).
BELO, Maria Margarida Campos Lopes Subsidios para o estudo das
cerdmicas castrejas no Alto Minho. Coimbra, 1959. i vol. de
65 piginas. (Dactilografada).
BRAGA, Maria Amdlia de Abreu-Nicolau Nasoni-Vida e obra. Corn
fotografias. Coimbra, 1959. i vol. de 92 + xxii piginas. (Dacti-
lografada).
CARMO, Candida Alves Clavel do- Subsidio para o estudo da saudade
e nostalgia no povo cabo-verdeano. Lisboa, (1,56), 1959. I vol.
de 47 piginas (i55 + 96). (Editorial Impdrio, L.da). Impressa.
CARREIRA FILHO, Ant6nio 0 cego e o problema da sua reabilitacao
em Portugal. Porto, 1959. i vol de 67 piginas. (Dactilografada).
CERNACHE, Maria Leite Pereira de A Casa de Braganca e a cruise
de 1y8o-164o. Coimbra, 1959. i vol. de iv + 179+ vii pagi-
nas. (Dactilografada).
CORTE-REAL, Ana Maria de Melo Moniz Ribeiro de Castro 0 Porto
dos Almadas Alguns aspects. Corn virias fotografias. Coim-
bra, 1959. i vol. de 228 piginas. (Dactilografada).
COUTO, Firmino Abel da Silva-S. Cristovdo de Rio Mau e o espirito
das formas. Corn fotografias. Vila do Conde, 1959. i vol.
de 27 piginas. (Dactilografada).
CUNHA, Maria do Carmo Rodrigues da Silva e A caca e a pesca fluvial,
nos reinados de D. Pedro le D. Fernando-(Subsidios para o seu
estudo). Coimbra, 1959. i vol. de o102 piginas. (Dactilografada).
DUARTE, Maria Isabel Cardoso Introducdo ao estudo da Idgica do
Padre Manuel Alvares. Coimbra, 1959. i vol. de 63 paginas.
(Dactilografada),
FIGUEIREDO, Rui Guimarais A frustracdo e o sonho em Raid Bran-
ddo. Coimbra, 1959. i vol. de 54 paginas. (Dactilografada).
GAMA, Rui A. de B. Sanches da-Alguns aspects do Taifa Abidida.
Corn 2 mapas. Coimbra, 1959. i vol. de vii + 140 paginas.
(Dactilografada).
GAMELAS, Maria do Rosario Henriques-D. Sebastido-Aspecto econ6-
mico e social do seu reinado. Coimbra, 1959. I vol. de 344 pagi-
nas. (Dactilografada).







GARCIA, Maria da Graga 0 antipositivismo de Antero Quental. Coim-
bra, 1959. 1 vol. de 66 paginas. (Dactilografada).
GONgALVEs, Raquel Santoalha -- Silva Porto. Apontamentos sobre a
vida, acqio e obra literaria. Corn I retrato de Silva Porto e
varios mapas. Coimbra, 1959. i vol. de 91 piginas. (Dactilo-
grafada).
HIP6L1ro, Mario de Castro As invas6es da Hispania no sic. III e os
tesouros monetdrios. Corn 2 mapas. Coimbra, 1959. i vol.
de 253 piginas (Dactilografada).
JORGE, Maria Amelia Esteves Goncalo Vasques Coutinho na vida do
seu tempo. Coimbra, 1959. 1 vol. de 223 piginas. (Dactilogra-
fada).
LAGE, Manuel Fernando Morals A accao do brigadeiro Francisco da
Silveira Pinto da Fonseca na 2." invasdofrancesa. Coimbra, 1959.
i vol. de 80 piginas. (Dactilografada).
LEITE, Maria Jos6 Dias -A conversdo em <(S. PauloD. Subsidios para
uma introduqdo a uma axiologia de Teixeira de Pascoaes. Coim-
bra, 1959. I vol. de 96 paginas (Dactilografada).
LOPES, Jose Joaquim de Oliveira 0 home em Pascal. (Investigagfio
expositiva e critical Coimbra, 1959. i vol. de 359 piginas.
(Dactilografada).
MARTINHO, Ant6nio Manuel Pelicano Matoso O Concelho da Mea-
lhada. (Subsidios para uma monografia hist6rica). Coimbra, 1959.
i vol. de ,i Il piginas. (Dactilografada).
MATOS, Helena Maria de Arafjo de Carvalho Estudo sobre a Si de
Braga. Coimbra, 1959. i vol. de 197 piginas. (Dactilografada).
MENDES, Armando Manuel Pereira -Amijade humana e filosofia.
Coimbra, 1959. I vol. de 35 piginas. (Dactilografada).
MENDES, Maria Dulce Teixeira Elementos para o estudo dos judeus
em Portugal atd aos fins do sic. XV. Coimbra, 1959. I vol.
de 143 p6ginas. (Dactilografada).
MOREIRA, Maria Isabel Baptista Subsidios para uma monografia da
Vila de Avelar. Corn 2 mapas. Coimbra, 1959. i vol. de
125 paginas. (Dactilografada).
NUNES, Clara Maria Ensaio dum estudo a fager sobre Ant6nio Nobre
e a sua obra. -Com varias fotografias e facsimiles. Coimbra,
1959. i vol. de iv + 159 piginas. (Dactilografada).
OLIVEIRA, Ant6nio de -A mundividdncia herdica de Jodo de Barros.
Coimbra, 1959. i vol. de v1i + 296 paginas. (Dactilografada).
PEREIRA, Alvaro Goncalo de Lima Pacheco 0 positivismo e a psico-
logia em Portugal. Coimbra, 1959. I vol. de 64 + 11 piginas.
(Dactilografada).
PEREIRA, Jacinto Manuel Monteiro da Camara Estudo sobre a ermida
de Santa Maria dos Anjos e factos hist6ricos corn ela relaciona-







dos. Corn fotografias. Coimbra, i959. i vol. de 80 piginas.
(Dactilografada).
PEREIRA, Maria Josd Teixeira de Aratjo D. Jodo da Costa. Alguns
elements para o estudo da sua accio military, political e diplo-
mitica. Coimbra, 1959. I vol. de 90 piginas. (Dactilogra-
fada,).
PIMENTEL, Lidia Maria Mendes Pinheiro Itinerdrio. d'El-Rei D. Fer-
nando de i367 a r377. Subsidios para o seu estudo. (Corn
I mapas). Coimbra, i959. I vol. de 96 paginas. (Dactilogra-
fada).
POREM, Maria Manuela Itinerdrio de El-Rei D. Pedro 1 nos anos do
seu reinado. Subsidios para o seu estudo. Corn i1 mapas.
Coimbra, 1959. i vol. de 92 piginas. (Dactilografada).
PORTELA, Maria Irene Gomes da Silva Leitio Subsidios para a his-
tdria de Ancd vila e antigo concelho. Corn virias fotografias
e mapas. Coimbra, 1959. I vol. de III + XLIII piginas. (Dacti-
lografada).
RAMOS, Idalino Manuel da Silva 0 Porto e as cortes do Reino de
Portugal. Corn i fotografia de um Baixo-Relevo de Arlindo
Rocha (A Curia RdgiaD. Coimbra, 1959. i vol. de xxx4- + b7
paginas. (Dactilografada).
RODRIGUES, Fernando Alberto Jasmins Pereira Alguns elements para
o estudo da Histdria Econ6mica da Madeira. (Capitania do
Funchal Seculo xv). Coimbra, 1959. i vol. de 203 + CLXVI
piginas. (Dactilografada).
SA, Joaquim Vitor Baptista Gomes de Amorim Viana. A Biogra-
fia -A Obra.-O Pensamento. Corn I retrato. Coimbra. i95g.
i vol. de 93 piginas. (Dactilografada).
SANTOS, Josefina Traqa dos Elementos para o estudo dos monumen-
tos histdricos e artisticos da cidade de Abrantes. Coimbra, 1959.
i vol. de 1610 piginas. (Dactilografada).
SILVA, Amelia Pereira da A ind~stria portuguesa na primeira metade
do sdculo XVII!. Coimbra, 1959. I vol. de i51 piginas. (Dacti-
lografada).
TABORDA, Francisco Carlos de Lemos Azevedo Tomds da Silva Teles.
12.0 Visconde de Vila Nova de Cerveira. Coimora, 1959. i vol.
de 65 + LXXIII piginas. (Dactilografada).
TEIXEIRA, Maria Guiomar de Carvalho Veiga Monumentos romdnicos
do concelho de Penafiel. Corn fotografias e mapas. Coimbra, 1959.
i vol. de 96 + x piginas. (Dactilografada).








Pequenas noticias


i Entre as teses apresentadas A Universidade do Texas, em
Austin, E. U. A., de 1893 a 1958, destacam-se as seguintes de interesse
para a cultural portuguesa:
Em 1941 Christina Cloe Christie The Jesuits in Brazil,
If49-1568, i vol. 134 ps.;
Em 1957 Richard Thomas Graham The Jesuit Antonio
Vieira and his plans for the Economic Rehabilitation of Seventeenth-
-Century Portugal, i vol., 197 ps.
[ 0 nosso colaborador Georges Bonnant, conselheiro de Lega-
c9o da Suia, publicou na edicio international da revista La Suisse
Horlogere, n. i, 1960, um interessante e documentado trabalho assim
intitulado: L'introduction de l'horlogerie occidentale en Chine, onde hi
tambem largas referencias a Portugal.
([ A British Association of Malaya, corn sede em Londres, 18,
Northumberland Avenue, vai subsidiary a publicaqdo de uma bibliografia
de livros em portugues, espanhol e holandes sobre a Malasia, sendo seu
autor H. R. Cheeseman.
([ A Readex Microprint Corporation, de Nova torque, tern, em
microfilme, uma serie de publicaq6es de bibliografia portuguesa. 0 con-
junto da Bibliotheca lusitana, de Barbosa Machado, Manual bibliogra-
phico portugueT, de Pinto de Matos, e o Diccionario bibliographico
portugueT (to vols.), de lnocencio, num total de 8.368 ps., e vendido
por 42 d61lares.
([ A Biblioteca da Universidade de Valencia viu desaparecer das
suas estantes o seguinte manuscrito:
Antonio Averlino Filareti De architecture liber. S&c. xv,
260 fis., 378 X 262 mm., 34 linhas, pergaminho. Procedente da
Biblioteca do Duque de CalAbria. Mosteiro de San Miguel de los
Reyes.
Aquela biblioteca espanhola solicita a todos informag6es sobre
o paradeiro do precioso manuscrito.
([ A secg9o de manuscritos da Biblioteca do Congresso de
Washington iniciou os trabalhos para a formag9o, do Catilogo Colec-
tivo Nacional das Cole, c6es de Manuscritos que existem nas bibliotecas
e arquivos dos E. U. A.
ti A Biblioteca Newberry de Chicago possui desde 1937 a
colecqgo William B. Greenlee, que conta hoje corn mais de 7.ooo e
que se consider como uma das melhores colecq6es de hist6ria e lite-
ratura portuguesas, fora de Portugal.
([ A Sociedade Internacional Gutenberg e a Sociedade Interna-
cional de Bibli6filos iniciaram os trabalhos preparat6rios para criar em
Mogtincia o Museu Mundial da Imprensa que ficari concluido em 1962.







[ Acabaram de ser microfilmados Ii milh6es de folhetos manus-
critos da Biblioteca Vaticana, tarefa que foi iniciada em 1g5i pelo
p.e Lowrie J. Daly.
([ Na colecqio tTesti e Manualii do Instituto de Filologia
Romanica da Universidade de Roma, que e dirigida pelo professor
Angelo Monteverdi, foi editado o Didlogo em louvor da nossa lingua-
gem, de Jogo de Barros, corn leitura critical da ediggo de 1540 e intro-
dugqo sobre a questao da lingua em Portugal por Luciana Stegagno
Picchio.

Novas publicac6es

([ 0 Campo, quinzenirio agricola, dirigido por Artur Castilho,
e corn redacclo na rua da Fibrica, 38, no Porto, iniciou a sua publica-
cao em io de Janeiro de iq6o.
(J Tendo como redactor principal J. Pinto Lopes, do Instituto
de Investigacqo Cientifica de Moqambique, iniciou a publicacao, cujo
primeiro volume apareceu em 1959, a revista Memdrias do Instituto de
Investigacdo Cientifica de Mocambique.


Dos Jornais

([ Didrio de Noticias, 20-11-i960, sob o titulo Vantagens da
normaliac.do dos formatos de papel:

Entre os problems que mais atenq&o tem merecido por parte da
RepartiAo de Normalizagao da Inspecqto-Geral dos Produtos Agrico-
las e Industriais, conta-se o da regularizacgo de formatos de papel. Pro-
blema de mtltiplos aspects do ponto de vista ticnico, jogando corn
prncipios enraizados e consolidados pelo tempo e corn interesses eco-
n6micos que se estendem desde a produqao A aplicapgo, nao foi ficil
vencer certas dificuldades que se opuseram a sua solucao. Mas ji
foram publicadas normas que, em alguns sectors, constituem ji um
conjunto que convem fazer respeitar. Entre estas, figuram as dos for-
matos e utilizaq6es dos papdis, adoptadas pouco a pouco por muitas
entidades publicas e privadas.
0 Governo deu o primeiro exemplo corn a publicacao do decreto-
-lei que modificou o primitive format do papel selado para um norma-
lizado; foi, porem, considerado necessirio providenciar para que todos
os services do Estado, das autarquias locais, dos organismos corpora-
tivos e de coordenaqdo econ6mica, bern como as empresas concessio-
narias do Estado ou em que o Estado tern participacio, sigam a mesma
orientaqdo quanto aos formatos dos papeis, sobrescritos, material para







arquivo, impressos e publicag6es peri6dicas, corn o fim de se obter uma
maior economic e de abrir caminho na uniformizacgo de arquivos, clas-
sificadores, ficheiros, etc.
A normalizagao do papel e de importancia primordial em muitos
dominios, principalmente no dos formatos. Consiste no estabelecimento
de series 16gicas de dimens6es provenientes da anilise das aplicag6es
dos papeis correntes. Assim, os formatos da serie designada principal
destinam-se a dimensionar os papeis independents, isto 4, aqueles que
se utilizam para escrever, imprimir ou desenhar, e os formatos das
series denominadas auxiliares foram estudados para dimensionar a
forma acabada dos papeis dependents, ou sejam aqueles que se desti-
nam normalmente a envolver os anteriores.
0 format designado formato-base tern uma area de urn metro
quadrado, o que permit um calculo ficil do prego e do peso de qual-
quer remessa, visto estes se basearem no peso por cada uma daquelas
dimens6es do papel transaccionado. Por corte ou duplicacgo de qual-
quer dos formatos da serie principal, obtim-se sempre formatos geomn-
tricamente semelhantes. As vantagens priticas e est6ticas que prcvem
desta semelhanga sao largamente reconhecidas.
A normalizagdo dos formatos permit reduzir ao minimo os des-
perdicios provenientes de cortes ; embaratecer o produto, pelo fabric de
grandes quantidades de papel corn as mesmas dimens6es, normalizar
as dimens6es dos classificadores, gavetas de arquivos, capas, fichei-
ros, etc., assim como as dos sobrescritos; simplificar, em ambito mais
restrito, o trabalho dos Correios; abreviar as operaq6es de expediente
pela dobragem sistemitica de oficios e cartas, a introduzir em sobres-
critos estudados para os fins em vista, e o arquivo de correspondencia,
pela uniformizacgo dos tipos; alcangar uma sistematiza9go das oficinas
de impressio e maior facilidade da composiqdo.
Por outro lado, o armazenista, o retalhista e o industrial grifico,
assim como o consumidor, passam a ndo precisar de grandes reserves,
motivadas pela variedade de formatos de papel. Vinte seis paises, entire
os quais a Alemanha, a Bligica, a Dinamarca, a Hungria, a Irlanda, a
Itilia, o Japdo, a Holanda, a Noruega, a Suecia e a Suiga, adoptam
tambem, actualmente, os formatos preconizados nas normas portugue-
sas; seguem-nos tambem as administrag6es dos Correios de Portugal,
Austria, Checosloviquia, Pol6nia e Rominia. A pr6pria Inglaterra esti
disposta a aceitar os principios preconisados pela normaliza9go interna-
cional, mesmo contra as dificuldades resultantes dos sistemas de unida-
des adoptados no Pais.
E natural que a normalizagao dos .formatos dos papdis suscite
dilyidas e faga surgir alguns problems de solucgo mais ou menos com-
plexa, mas sempre viavel. A Inspecggo-Geral dos Produtos Agricolas
e Industriais e o departamento indicado para prestar os esclarecimentos







necessirios e fornecer os exemplares das normas portuguesas aplici-
veis nesta matiria.

(J Didrio Ilustrado, Lisboa, 22-1-1g96o, sob o titulo A prepa-
racdo tdcnica para o Ultramar A filmoteca do Centro de Estudos
Ultramarinos d uma das mais modernas do mundo:

A Filmoteca tern por fim reunir, em microfilmes, todos os
manuscritos relatives A expansao portuguesa existentes no Mundo.
Possui, nos seus arquivos, que funcionam corn a precisdo de um rel6-
gio, filmes das mais variadas origens: Espanha, Franga, Inglaterra,
Italia, Holanda India... 0 fundo principal e constituido por micro-
filmes do arquivo hist6rico do Estado da India, o que torna possivel a
consult, em Lisboa, das principals colecq6es 1M existentes.
A leitura dessas peliculas, reprodugao fidelissima dos mais diver-
sos textos, faz-se atravis de aparelhos (aparelhos-ledores) que amplifi-
cam o campo de visdo. De modo que cada um pode ler, como se fora
um journal, o c6dice mais sibilino. E precise acrescentar que estes apa-
relhos sfio dos mais completes que a tecnica conseguiu.
A Filmoteca Ultramarina Portuguesa foi fundada em 1952 pelo
comandante Sarmento Rodrigues, ao tempo ministry do Ultramar.
Em 1955 foi criado o Centro de Estudos Hist6ricos e nele inte-
grados os services da Filmoteca.
A missdo do Centro e fornecer as origens e as fontes da hist6ria
para evitar erros e c6pias de erros. Hoje, como muito bem diz o prof.
Silva Rego, a hist6ria e genetica: vive do document. Gragas a um
subsidio da Fundaqio Gulbenkian i. 16o contos destinado A micro-
filmagem de documents nos arquivos estrangeiros e tambem A publi-
caiao dos resultados dessas pesquisas, vio ser editados este ano dois
volumes de 6o00 a 700 piginas cada um: o primeiro corn os c6dices
existentes no Museu Britanico de Londres sobre a nossa expansion
ultramarina; o segundo corn documents da colecgao interessam ao Ultramar, mas em sentido tio lato que podem tambem
merecer o interesse de outros povos.
Todos os documents trazem, no fim a indicacao das copis-
tas. Nio sao an6nimos. 0 prof. Silva Rego tern a preocupagio de
valorizar o trabalho das suas colaboradoras, todas licenciadas em
Letras.
Constituida por bons milhares de volumes, a Biblioteca do Cen-
tro reune o que de melhor, em revista e em livro, se publicou ou vai
publicando no Mundo sobre quest6es ultramarinas. A sua consult
esti aberta a todos os estudiosos. Uma bibliotecaria inteligente e
solicita presta todos os esclarecimentos. 0 mesmo se verifica na
Filmoteca.







0 Centro de Estudos Hist6ricos Ultramarinos funciona inte-
grado no seguinte regime:
Uma comissdo executive, constituida por Ant6nio da Silva Rego,
president; Alexandre Marques Lobato, secretdrio; Joaquim Alberto
Iria Junior, vogal nato. E um numero limitado de vogais.
Alkm das publicaq6es peri6dicas, aBoletim da Filmoteca Ultra-
marina Portuguesai e Studia, que tem merecido os mais destaca.
dos louvores de autoridades nacionais e estrangeiras, promove ainda
o Centro a ediglo de estudos relacionados com temas e quest6es
ultramarinos. Assim, foram ji publicadas obras como: Diogo Cdo,
por Damido Peres; Lopes; Escobari, por Frazao de Vasconcelos; aO Homem das 32 Perfeiq6es,
lendas do folclore indiano colhidas pelo padre Francisco Garcia, S. J.
(sec. xvii). Anotadas por Joseph Wichi, S. J., etc.
S6 uma visit As instalaq6es do Centro podera dar a media da
eficiencia dos services, da perfeigao com que est'io montados, da har-
monia reinante nas diversas funq6es deste organismo. 0 prof. Silva
Rego, uma das nossas maiores autoridades em assuntos hist6ricos,
conseguiu comunicar As actividades do Centro uma vitalidade, um
ardor de pesquisa e um entusiasmo verdadeiramente contagioso. Nada
ali se faz burocrAticamente. As licenciadas que exercem as funq6es de
leitoras pale6grafas nao sao apenas funcionarias. Melhor talvez: nao
sao nada funcionarias. Quem as observer debrugadas sobre c6dices e
abstrusos cartapacios depois de uma breve refeigio ali mesmo prepa-
rada, nio deixard de evocar o labor dos monges beneditinos que sob a
superior orientagao do padre Silva Rego, patri6ticamente continuamD.

([ Didrio Ilustrado, lo-iv-i96o, sob o titulo: A propdsito de
uma exposicdo de livros:

Realizou-se, recentemente, em Lisboa, no Palacio Foz, do SNI,
uma exposicao referente aos ultimos dez anos de actividade editorial
das Presses Universitaires de France La Decenale. E esta exposigao,
embora em escala reduzida, das edig6es da P. U. F. que se inaugurou,
hoje, numa livraria desta cidade. Como, de certa maneira, de um
acontecimento se trata, sobretudo para o meio culto citadino, tracemos
um breve grafico dessa casa editor francesa, cujos principios e direc-
trizes julgamos de oportunidade dar a conhecer.
Apesar da sua fundagao ser relativamente recente-em 1921-as
P. U. F. conseguiram em poucos anos alcangar uma posicgo predomi-
nante entire as grandes casas editors, cuja fundacio data do seculo
anterior. Constituiram-se e funcionam sob um estatuto cooperative; A
semelhanqa de outras editorials universitirias, que existed principal-







mente na Gra-Bretanha e nos Estados Unidos, consagram a maior
parte do seu esforqo A produqdo de obras de alta cultural, obras essas
que, pelas suas caracteristicas especiais, sao tantas vezes pouco rendo-
sas, embora a sua publicacqo seja indispensavel A promocao intellectual.
O seu objective consiste, pois, em difundir o conhecimento por todos
os meios apropriados, sem, no entanto, fazer do lucro o motor das suas
actividades o capital recebe s6mente um juro fixo limitado e o rema-
nescente dos beneficios e consagrado A realizacao de iniciativas de inte-
resse geral.
0 program das P. U. F. e concebido de forma a apresentar um
panorama constantemente renovado das pesquisas em todos os dominios
cientificos, desde a psicologia A fisica at6mica, passando pela psiquia-
tria, hist6ria da arte, etc. As suas grandes colecq6es oferecem uma
gama extraordinAriamente variada de tratados, manuals, prontuarios,
cuja utilizagAo e multipla, desde o ensino liceal ate A alta investiga.ao
cientifica, dirigindo-se parte da sua producao ao public universitario.
As P. U. F. nao s6 se devem adaptar ao movimento de especia-
lizag o crescente, hoje caracteristico do avango das ciencias, como
tamb6m preencher uma outra finalidade essencial: a de contribuir para
a divulgagAo do saber enciclopedico no seio do grande pu~blico, nem
sempre devidamente elucidado pelos meios classicos de informa9do.
Com esse objective, foram cuidadosamente criadas series de colecq6es
de iniciacao aos grandes problems da actualidade nos dominios da
filosofia, da psicologia, da religiao, da arte, da economic, etc., nume-
rosos dicionarios ilustrados, e, sobretudo, a prestigiosa colecqco aQue
Sais-Je ?D, hoje enriquecida de 900 titulos, traduzida em mais de 15 lin-
guas, e da qual se vende anualmente um milhAo de exemplares. Setenta
coleco6es em plena actividade, xo.ooo titulos em exploracao, 5o publi-
caq6es peri6dicas comp6em o fundo actual das P. U. F.
Esta casa, que public s6zinha 4 por cento da produg9o total da
Franca, espalha assim, todos os anos, no Mundo inteiro, 550 titulos
novos, prova de que a Franga nao esti em vispera de perder o gosto
que sempre teve pelo belo livro, post ao service de um pensamento
exigente.
Tudo isto pode vir a prop6sito das pessimas traduq6es que por ai
sao postas a circular sem qualquer utilidade e do muito que no nosso Pais
se poderA fazer ainda a favor de um movimento editorial necessirio.

(L Das Novidades, Lisboa, i-v-ig6o, sobre a Biblioteca Nacional
do Rio de Janeiro:

Um edificio de aparencia austera e pomposa, tipico da pesada
arquitectura dos predios ptiblicos construidos ate aos primeiros anos
deste seculo, abriga a Biblioteca Nacional. Situado em plena ave-








nida Rio Branco no Distrito Federal, nem mesmo o agitado trifego
da movimentada artiria consegue afectar o sentiment de respeito,
quase veneraato, que inspira mesmo ao mais indiferente espectador.
O numero de consulentes estudantes, curiosos, jornalistas, homes
e mulheres de todas as idades e profiss6es embora num crescendo
constant, ainda esti long de significar o pleno reconhecimento do
valor do seu acervo, de cuja importancia falam melhor as solicitag6es
de intercambio partidas de todos os paises da America do Sul e do
Norte, da Europa e mesmo da Asia. Na verdade, as aproximada-
mente 90.000 pessoas, que consultaram suas obras durante o ano
de 1958 ainda est.o bem long de representar cifra important para
uma instituicao do porte da Biblioteca Nacional que possui entire os
seus 3.ooo000.00ooo de volumes, algumas centenas de peas mundialmente
famosas. E forqoso reconhecer que ainda ndo e muito difundido entire
o nosso povo o h6bito de frequentar bibliotecas. Esse ponto negative,
pordm, esti merecendo especial cuidado por parte da direcqao da
Biblioteca Nacional, que atravis de exposiq6es, conferencias, facili-
dades para a consult e conforto nas suas salas de leitura, esti reali-
zando urn important program de atraccao do publico.
Em 1958 foram consultadas 228.855 peas, o que significa dizer
que durante esse ano quase mil obras foram solicitadas em cada dia
de funcionamento do imenso saldo de leitura, um recinto de enormes
proporq6es, aberto das 10 as 24 horas.
Como nasceu, porem, essa Casa de Cultura e Sabedoria ?
E important destacar que a Biblioteca Nacional foi mais um
beneficio da ida da familiar imperial portuguesa para o Brasil. Antes,
entretanto, e isto em 1755, um incendio havia destruido a important
aReal Biblioteca da AjudaD, tendo-se dado o fogo depois do terramoto
que sacudiu Lisboa, langando por terra igrejas, palacios, monumentos,
um sem niimero de imponentes construg6es. Para substituir a biblio-
teca desaparecida, o rei D. Jose I entregou ao abade Diogo Barbosa
Machado a tarefa de organizer uma nova instituigdo, que inicialmente
surgiu como simples livraria. Quando, em 18o8, as legi6es francesas
invadiram Portugal, D. Joio VI teve o cuidado de incluir as obras ji
reunidas na bagagem que trouxe para as terras do Brasil. Eram,
ent~io, 4.3oi documents, reunidos em 5.764 volumes. Esse material,
que naquela 6poca ja representava valor bibliogrifico dos mais impor-
tantes, hoje valiosissimo, pois inclui obras extremamente raras, e mui-
tas exemplares tinicos em todo o mundo.
Reconhecidamente amigo da cultural, D. Joio VI teve a preocupa-
qgo de alojar em lugar seguro a carga preciosa. Ji em' x8o, no dia
20 de Outubro, franqueava-se ao piblico, num dos sales do Hospital
da Ordem Terceira do Carmo, situado A rua Direita, actualrnente i.0 de
Margo, com o nome solene de ((Real BibliotecaD. Enquanto os primei-







ros leitores consultavam os preciosos volumes colectados pelo dedicado
abade Barbosa Machado, o principle portugues cuidava de enriquecer o
acervo da instituigio Tantn assim, que, poucos anos depois, em 1814,
as prateleiras ja continham 6o.000 volumes. Alguns anos os sales
da Ordem Terceira tornaram-se demasiado pequenos para abrigar a
rica biblioteca em que ji se transformara entao a primitive livraria.
A mudanqa para um predio mais amplo e apropriado tornou-se neces-
siria. Isto foi feito em 1858, para a rua do Passeio, onde permaneceu
at 1910o, quando foi definitivamente instalada no edificio em que hoje
se encontra, de cuja construgao, uma iniciativa do director Manuel
Peregrino da Silva. foi encarregado o general Sousa Aguiar. Quando,
em 26 de Outubro de 191o, se realizaram as festas da inauguracgo do
majestoso predio da Avenida Central, o nome de aReal BibliotecaD ji
dera lugar ao de Biblioteca Nacional, ate hoje mantido.
E natural que o desenvolvimento da arte de coleccionar livros,
estampas, mapas, gravuras, manuscritos, etc., tenha determinado fre-
quentes revises na infraestrutura da Biblioteca Nacional, levando
mesmo a radicals transforma96es em tudo que diz respeito ao seu
funcionamento. A catalogacqo e classificaq5o de assuntos mais diver-
sos e a multiplica9ao da capacidade editorial (que a partir da segunda
metade do seculo xix, corn adopqgo de revolucionarios mrtodos de
impressed, inundou o mundo inteiro de livros, jornais panfletos, gra-
vuras, imagens, partituras musicals, etc.) determinaram o aperfeicoa-
mento da ticnica de armazenar impressos. Surgiu uma nova actividade,
perfeitamente caracterizada e complex, a biblioteconomia, corn a fina-
lidade especifica de aproveitar racionalmente o espaco das bibliotecas,
facilitar a procura dos volumes e resguardar acervos preciosos.
Data de Janeiro de 1946 o uiltimo decreto-lei do Governo Federal
visando a dar maior eficiencia ao funcionamento da Biblioteca Nacional.
Medidas parciais, porem, reajustando as actividades de Divis6es e Sec-
9oes, foram tomadas posteriormente, pois, com o aumento do movi-
mento de consultas e a ampliaqio do acervo, as normas estabelecidas
logo se tornaram obsoletas. 0 process de redugho de obras pela
microfilmagem, ate entio considerado um requinte de modernismo e
ate adesrespeitosoD As obras mais antigas e de maior valor bibliogra-
fico teve de ser adoptado de outro modo, documents religiosamente
guardados em breve estariam desaparecidos, quer pelo simples manu-
seio, mesmo cuidadoso, quer pela impiedosa accqo do tempo. Apesar
do apoio do Ministerio da Educagqo e Cultura e a boa vontade mani-
festada pelos seus titulares por tudo que se relaciona corn a Biblioteca
Nacional, a sua direccao se ressente de meios materials mais amplos
para tender As necessidades da institui9&o. E evidence que sbmente
dedicaqco nao seri suficiente para prover A exiguidade do espaco para
armazenagem. A area utilizivel dos dep6sitos diminui assustadora-








mente, de ano para ano, A media que se acentua o movimento edito-
rial no pais e aumenta o n6mero de doaq6es e permutas de obras corn
o estrangeiro. Por outro lado, imp6e-se a introdugqo de melhoramen-
tos estritamente relacionados com o atendimento do ptiblico, tais como
a instalagao de elevadores, ampliacgo da irea para armazenagem de
peri6dicos, criacgo de uma oficina de encaderna~go, ampliacgo e moder-
nizagdo no laborat6rio de microfilmes, tanto quanto o de restauracao.
NAo se pode esquecer que a instala9go de um sistema de ar condicio-
nado e obra que se torna necessirio realizar corn urgencia, uma vez
que viri assegurar maior longevidade aos documents armazenados, e
actuary como um conforto extra, atracqao que certamente nao sera
desprezada pelo puiblico.
O decreto-lei de Janeiro de 1946 determinou que a Biblioteca
Nacional devia ser constituida por Divis6es e, atraves destas, realizar
todas as suas operag6es, desde a aquisicgo e conservacao de obras atd
as relaq6es corn o p6blico.
A Divisao de Aquisicao cabe enriquecer o acervo da casa. Sub-
divide-se em quatro secq6es: Compras, Contribuicgo Legal (6 obriga-
t6rio enviar A Biblioteca um exemplar de qualquer publicaqgo feita no
pais), Permuta Internacional e Encadernaqdo. A Divisao de Catalo-
gaggo funciona atraves das secq6es de Cataloga9go, Classificacgo e
Manutenglo de Catilogos. Comporta, a Divisao de Circulacqo, as
cinco Secc6es seguintes: Leitura, Publicaq6es Oficiais Peri6dicas,
Referencia e Conservacgo. Igualmente subdividida em cinco secc6es e
a Divisao de Obras Raras e Publicaq6es, alids das mais importantes da
Biblioteca, e que trata dos Livros Raros, Iconografia, Manuscritos,
Publicaq6es e Microfilmes. Finalmente, temos os Cursos de Bibliote-
.conomia e Servigos Auxiliares, estes responsAveis pela Administrag9o,
Zeladoria e Portaria.
0 professor Celso Ferreira da Cunha, director da Biblioteca, fez
realizar, no corrente ano, uma serie de exposii6es e conferencias, inclu-
sive a aExposi9go do Livro Brasileiro ContempordneoD, em Madrid e
Roma, nos moldes da que foi realizada em Lisboa, em 1957. Outras
mostras programadas foram Aspectos da Venezuela, Artistas Brasilei-
ros, Livros e Peri6dicos Brasileiros sobre Teatro, Ex-Libris, 0 Bar-
roco Tcheco, Gravadores Franceses, Desenhos e Oleos de Estela Cam-
pos, Gravuras de Radl Pedrosa, Euclides da Cunha (5o anos da sua
morte), Marinha Brasileira, Biblias, Goldoni, desenhos de Francisco
Barbosa Leite, etc.
Paralelamente As suas actividades especificas de colectar livros e
entregi-los ao public, a Biblioteca Nacional edita hi muitos anos uma
serie de peri6dicos de grande utilidade para os bibli6grafos, entire as
quais o Boletim Bibliogrifico, que desde 1886 regista o material incor-
porado A instituig9o, Anais da Biblioteca Nacional, langado em 1876,








Documentos Hist6ricos (surgido em 1928 para vulgarizagco de documen-
tos pertencentes ao acervo). Esti editando a Coleccgo Angelis, prepa-
rada em ig5i pelo professor Jaime Cortesio, para divulga9go da Colec-
cao Pedro de Angelis. Outros volumes ji publicados referem-se aos
jesuitas e bandeirantes no Guaira Itatim, Paraguai e ao Tratado de
Madrid. Publicou, igualmente, Anais do Congresso e Simp6sios de
* Filologia e Etnografia e, em fac-similes, as obras e exemplares uinicos
constantes do seu acervo. Esti em prepara~go uma publica9go peri6-
dica, com o nome de DecimAlia.
E tarefa das mais dificeis diante das preciosidades existentes nos
arquivos da Biblioteca Nacional, destacar as mais valiosas. Algumas,
entretanto, merecem citagao especial, por se constituirem em raridades
cobigadas pelas mais importantes bibliotecas do mundo.
Na Secc9o de Manuscritos, por exemplo, entire os aproximada-
mente 5oo.ooo documents, existem alguns, inclusive varias colecc6es,
de valor inestimavel, tais como os Documentos BiogrAficos do Imperio,
(do antigo Minist6rio de Neg6cios do Imperio), a Colec9ao Rio Branco,
referente A Guerra do Paraguai, a coleccao Pedro de Angelis, a Colec-
9ao Gongalvina, etc. A maior parte dos manuscritos e sobre a Hist6ria
do Brasil, abrangendo principalmente os seculos xvii e xviii. Ndo fal-
tam, porem, obras de cultural geral, literature, obras de erudi9&o, entire
as quais uma preciosa colec9co de livros de Horas Medievais, de Por-
tugal, Espanha, Franca, B6lgica, etc.
Na Secqdo de Livros raros destacam-se a Colec9ao Barbosa
Machado (da Real Biblioteca da Ajuda, corn impressos rarissimos), a
Coleccao Teresa Cristina Maria, que pertenceu a nossa tIltima Impera-
triz e a 96es de conhecidos bibli6filos. Destaca-se, porem, no meio de tanta
preciosidade, a Biblia de Moguncia, de 1462, incunibulo de rara beleza,
trazido por D. Joao VI na sua fuga para o Brasil.
Embora de criagao recent, a Secqao de Musica ja conta com peas
de grande valor, milsicas, partituras, livros, revistas e folhetos sobre o
assunto. Possivelmente, no genero, e a mais important da Am6rica do
Sul, corn as suas 5o.ooo peas, em que estdo incluidas primeiras edi-
96es de Mozart, Beethoven, manuscritos originals, edi96es dos s6culos xvi,
xvii e xvin da coleccao Teresa Cristina e da Biblioteca Abraao de Car-
valho, alum de publiaagoes recentes, bibliografia musical, enciclop6-
dias, etc. Nesta parte destaca-se a Brasiliana Musical, em organizacio,
corn manuscritos originals e microfilmes de compositores nacionais.
Na Secgao de Iconografia existem colec96es de estampas de Durer,
Callot, M. A. Rimondi e de outros famosos artists europeus, herdadas
da Real Biblioteca: a colec9go de retratos do abade Diogo Barbosa
Machado; a colecaio de vistas gravadas, em 124 volumes, que perten-
ceu ao Conde da Barca; coleccao de desenhos originals de artists ita-







lianos do seculo xvii: estampas de artists brasileiros contemporaneos,
documentacqo iconogrifica brasileira fixando acontecimentos, aspects
e costumes no pais, a partir do seculo xvi ; coleccao de mapas do
abade Barbosa Machado, uma c6pia original do Mapa dos contains do
Brasil corn as terras da Coroa de Espanha na America Meridional
de 1749; aMapa geographicum quo Flumen Argenteum, Parana et Para-
guay... ), do astr6nomo Migueo Ciera, apontamentos do Barao de Lada-
rio; aFrontieres entire le Br6sil et la Guianne FranqaiseD, do Barao do
Rio Branco e obras antigas de geografia, de Ptolomeu e Ortellius, etc.
O que acima ficou narrado reflect apenas parte das actividades e
do acervo da Biblioteca Nacional, cuja acqdo avanqa pelo Brasil fora
quer preparando pessoal para bibliotecas dos Estados, quer promovendo
cursos de literature espanhola e latina em geral, quer fornecendo fontes
para o estudo do jornalismo no Brasil e da literature national, ou for-
necendo de maneira precisa a bibliografia indispensivel ao conhecimento
da Hist6ria daquele pais.

([ Didrio Ilustrado, de 15-vi-i96o:

Um leilao de 6.0oo obras dos nossos melhores escritores, antigos
e modernos, como de algumas raridades bibliograficas de grande valor
pelo nilmero limitado das suas tiragens, constitui, sempre, um aconteci-
mento, mesmo numa cidade corn pontes metilicas no Rossio, montada
pela modern engenharia military, corn o fim de poder construir o aluci-
nante meio de transport que e o metropolitan, e corn avi6es de jacto
a descolar cada meia hora (perdoem-nos a image forpada...) do
Aeroporto da Portela de Sacavem. A sala do Palacio Ficalho, agora
remodelado e ji invadido pelos services administrativos de um orga-
nismo official, nao se encheu completamente. Mas nao faltava a expec-
tativa, ali, naquele pequeno mundo de gente, interessada por livros,
disposta a licitar por qualquer preqo a obra que mais Ihe interessava.
Duas mesas compridas, ladeadas por livreiros, por apaixonados
da bibliografia, num total de cerca de duas dezenas de pessoas. Ao
fundo, o leiloeiro. Luz de dois lustres antigos, como manda, provAvel-
mente, a ticnica dos leil6es. Um home que, sem outro interesse que
nao despertar a aten9go dos convivas da reunido, le, alto e bom som,
os niumeros das obras postas em praga. Outro o sr. Joaquim sen-
tado a um canto, aparentemente alheio ao que se passa e que, de vez
em quando, entra na licitacgo. E empregado da agencia de leil6es e
tern o encargo de alguns clients para licitar. De uma vez, atraido
pelo fascinio do leilao, que sobe A media que sobem os lanpos, foi
long de mais. E comentou.:
Amanha levo um tiro...
Comprara o livro por mais dinheiro do que as ordens que rece-








bera. Mas os leil6es sao assim: ultrapassam-nos, quando menos o
esperamos.
Entretanto, naquele estranho mundo de uma noite lisboeta que
parece do s6culo passado, hW gente que nao foge um milimetro do
plano traqado. Procura-se comprar bern, 6 certo, mas procura-se,
essencialmente, adquirir o que verdadeiramente interessa.
Este leilao de 6.0oo obras e um dos maiores realizados em
Lisboa. As obras da praga pertencem a valiosa biblioteca do grande
bibli6filo portuense Henrique Rodrigues Vieira, que se interessou por
todos os generos de literature, desde os manuscritos das nossas primei-
ras cr6nicas a Fernando Namora. 0 leilao s6 estari concluido no dia 23,
depois de uma amaratonaD de oito noites, corn um total de 256 lotes,
postos a venda em cada noite.
A noite de ontem ,abriuD bem: i.8oo3oo pelo aTratado da
Ciencia CabalaD, do epistol6grafo D. Francisco Manuel de Melo. Era
a edicao primitive da obra, scomposta na officina de Bernardo da
Costa Carvalho, no anno de 1724D.
E depois continuou-se:
Damos mais sr. doutor?
Nao! Deixi-lo ir. E barato, mas paciencia...
O leiloeiro mal l os titulos das obras. As pessoas estio infor-
madas, de maneira geral, do que e posto A venda.
Vale losoo esta conferencia de D. Carolina?
Estava-se a leiloar uma pequena bibliografia de D. Carolina
Michaellis.
Mas o grande moment da noite, aquele que se julgaria impos-
sivel nesta pacata e pobre vida lisboeta, acontece: a WPeregrinaqam,
de Ferndo Mendes Pinto. em que ada conta de muytas e muyto
estranhas cousas que vio & ouui no reino da China, no da Tartaria, no
de Sornau, que vulgarmente se chama Siao, no do Caliminham, no de
Pegu, no de Martauao & em outros muitos reynos e senhorios de parties
orientaisD esta obra rarissima, primeira ediqdo, impressa em Lisboa
em 1614, valeu zo ooo5oo. Os lanqos sucederam-se num ritmo impres-
sionante e perante o -asmo de leigos na matiria se ali os houvesse.
Mil escudos, mil e quinhentos, dois mil. Foi uma senhora, D. Emilia
de Atouguia, quem arrematou a obra, enriquecendo a sua biblioteca
que, a avaliar por este interesse manifestado no leillo, no deve ser
muito inferior A de Rodrigues Vieira. .
O leilao, passado este moment de afrissonD, prosseguiu.
E se fechissemos a janela?-disse o leiloeiro.-Ha aqui uma
certa correspondencia...
E antes que a janela se fechasse, ji o leiloeiro apregoava:
Sao estimados estes versos. Entdo quem di mais? Vou arre-
matar... Nao pagam nem metade da encadernaqao, mas adiante...








Outra obra que Gsubiu bastante: 6 tambem de Fernao Mendes
Pinto, tern o mesmo titulo da anterior, e uma segunda edicgo, e foi
a 2.ooosoo. Os nossos escritores antigos fazem assim, em i960, valer
os seus direitos.
Uma vendida por i.65o0oo. E quase no fim do leilio, o interesse aumenta:
as obras de Wenceslau de Morais-quase a totalidade-vdo ser postas
A venda. Comegamos no Bon-odori em Tokushima e acabamos em
Cam6es, nas paragens orientaisv. S6o 24 obras que, no total, rendem
mais de 6.ooo0oo, corn 3.ooo0oo para a famosa colecqgo de 26 cartas
do grande escritor-diplomata, escritas em Tokushima, de Novembro
de 1927, e dirigidas ao seu grande amigo Policarpo de Azevedo.
Comeqou-se em i.ooo*oo e o dr. Raul Rego acabou por arrematar o
exemplar por 3.ooooo. aDai-NipponD (aO Grande Japao))) foi outra
obra muito disputada e valeu 3oo0oo. JTracos do Extremo-Oriente
- Sido-China-JapdoD tambem do notivel escritor, asubiu a 4oo00oo.
Enfim: as honras deste invulgar leilao de ontem pertenceram,
sem dtivida, a Fernao Mendes Pinto e a Wenceslau de Morais: duas
6pocas perfeitamente demarcadas na nossa literature, mas com o trago
comum de serem ambas escritas perante novas paragens.

([ N'O Comdrcio do Porto, 23-vi-1960, sob o titulo aBrevia-
rium Braccarense,, publicou o coronel Jos6 Baptista Barreiros o seguinte
artigo, nos aFastos doutros tempos :

Num dos uFastosD sob o titulo eAntiguidades de Bragai, referi-
mos como o antigo professor do liceu desta cidade dr. Pereira Caldas
p6s em evidencia a singularizacgo de Braga pela sua estreia na Imprensa
corn o (Breviarium Braccarensei. Era nossa intencgo escrever nesta
secqdo mais alguma coisa sobre o assunto; foi-nos, por6m, impossivel
faze-lo na devida altura, por escassez de tempo, mal que continue a
afligir-nos. Nao nos disse aquele distinto e falecido poligrafo nada
acerca do impressor do precioso incunibulo e da situaqgo da oficina.
Podemos encontrar o nome do impressor, por exemplo, no livro aDa
Famosa Arte da ImprimissdoD, de Amdrico Cortes Pinto, corn outras
explicag6es, e no excelente trabalho do prof. Eleutirio Cerdeira, publi-
cado no capitulo iii, do vol. iv, da aHist6ria Monumental de Portugal,
dirigida pelo prof. Damigo Peres.
Acerca do aBreviarumi, diz Cortes Pinto que a impressao deste
incunibulo, feita por Gherline, ou Gherling (Cerdeira prefer Gherline)
6 anterior A da aGramitica Latino Catalg,, outro incunabulo que se
supunha ter sido impresso em 1468, mas do qual se provou haver urn
erro de data, que foi corrigida para 1498. Citando Heabler, transcreve
dele Cortes Pinto esta frase :






data como hi tantos no seculo xv, e os bi6grafos mais avisados nro tarda-
ram a corrigi-lo para 1498i. Nao existindo dtividas quanto A data da
impressao do aBreviarium BraccarenseD em 1494, fica, assim, definiti-
vamente arrumada a sua anterioridade.
Datando, segundo a demonstraqao de Eleuterio Cerdeira, de 1475
o aparecimento do primeiro livro impresso em Basileia, e pertencendo
o aparecimento da arte de imprimir, em Portugal, aos anos de 1481,
treze anos depois deste notivel acontecimento, ja em Braga se impri-
mia o aBreviariumr. Deste incunibulo precioso dado A estampa pelo
Magistrum Johannem Gherlinc Alemanum, diz Cortes Pinto que iresta
um 6nico exemplar e, se ele tivesse desaparecido, como os outros, afir-
mar-se-ia que o primeiro incunibulo cristao era o da ((Vita ChristiD e
que uma tradicao de primazia bracarense era destituida de fundamento.
Nem a Braga se atribuiria qualquer tipografia incunabula, a qual de
resto teria possivelmente impresso outras obrasD.
Ora, tragando a biografia do arcebispo de Braga, D. Joao Cri-
s6stomo, 1876-1882, escreveu monsenhor J. Augusto Ferreira, a pigi-
nas 265 dos aFastos Episcopais da Igreja Primacial de BragaD, que
este prelado deixou A Camara Municipal de Cantanhede toda a sua
livraria e os manuscritos encadernados A Biblioteca da Universidade de
Coimbra. E esclareceu, em nota, que naquela livraria aforam incluidos
dois preciosos volumes, que se guardam no Cofre da Tesouraria da
Camara de Cantanhede: um (Breviario Bracarenser (primeiro impresso)
de D. Jorge da Costa (an. 1494) de que s6 se conhece outro exemplar
na Biblioteca Nacional, e uma Biblia Arabe manuscritaD. Nao sendo
de admitir que a Camara de Cantanhede haja alienado aquele precioso
exemplar do aBreviarium da livraria de D. Jo.o Cris6stomo, (assim
como o da Biblia drabe) segue-se que, contra a suposicao corrente,
existirao em Portugal dois exemplares da edicao princeps do aBrevia-
rium BraccarenseD, o da Biblioteca Nacional e o da Camara de Canta-
nhede. Sera assim ? Tam a palavra os ilustres edis daquela linda vila,
onde, infelizmente, nao voltamos desde 1918.
A aVita Christi) foi impressa, tipogrAficamente, em Lisboa, em 1495,
por Valentim Fernandes e Nicolau de Sax6nia, e vertida do latim por
frei Bernardo de Alcobaga, por intervenqao da infant D. Isabel,
duquesa de Coimbra, junto do abade do mosteiro de S. Paulo, D. Este-
vAo de Aguiar. Do aBreviariumD, ji dissemos no primeiro dos aFas-
tosD acerca do aLivro dos PrivildgiosD, que lhe serviu de base a
aRelaqdo Bracarense, composta em 1494 por ordem do arcebispo,
primaz D. Jorge da Costa (o segundo). Quatro anos volvidos apenas,
a edicqo se considerava esgotada, visto que, em 1498, ainda por ordem
do mesmo arcebispo, saiu a segunda.
Acerca da arte da impressao em Braga, se recusa Cortes Pinto a
admitir houvesse impressores que possuissem oficinas em mais de uma








localidade, mas nao produziu demonstra9&o bastante desta sua negative.
Como tambem ji dissemos, Pereira Caldas afirma o contrario e cita
Nicolau de Carvalho, impressor da Universidade de Coimbra, que
em 1619 imprimia, em Viana do Castelo, a aVida do Arcebispo de
Braga D. Frei Bartolomeu dos MArtires e a firma aViiva e Filho de
Nicolau de CarvalhoD que, continuando impressores em Coimbra e em
Braga, aqui e por ordem do preclaro Arcebispo D. Rodrigo da Cunha,
(1627 a i635) reimprimiram o xBreviarium.
Ainda sobre a Arte da Impressao, ao referir-se A ticnica do
fabric de papel, informa Cortes Pinto, mais long, que A primeira
fibrica, fundada na Lousd em 1766, em apleno period pombalino de
progress das indistrias) se seguiu, no mesmo seculo, a fundagao
,duma f~brica de papel ordinario na Ribeira do Papel, ao p6 de Cin-
tra, outra em S Jose de Braga e ainda outra nas Caldas de VizelaD.
S6 mais tarde, nos primeiros anos do S6culo xix, apareceu o papel
corn pasta de madeira e a sua descoberta e fabric pertence conforme jai
tivemos ocasiao de mencionar (i), a Francisco Joaquim Moreira de Si.
Voltando ao aBreviarum BraccarenseD e a Gherlinc, ou Gherline
- Joao Gherline segundo Cerdeira diz este professor que a estampa-
gem, em Braga, por este impressor, do (Breviarium,, do qual apenas
se conhece o exemplar existente na nossa Biblioteca Nacional, marca o
aparecimento, em 1494, da tipografia pr6priamente dita, no nosso Pais;
e que, destruir esta afirmativaD. 6, portanto, a Braga que pertence a honra de
ter abrigado, dentro dos seus muros a primeira oficina de impressio
corn tipos mo6veis.
Vale a pena ler-se. na obra citada, a bela descricao do prof. Eleu-
tirio Cerdeira acerca deste trabalho tipogrdfico de Gherline, que clas-
sifica de everdadeiramente magistrabl, escrevendo, mais adiante: (esta
verdadeira maravilha tipografica, pode ainda bern servir de esp6cime e
de ensinamento a quantos hodierna e profissionalmente cultivam a arte
do livros. Cerdeira 6, ainda, de opiniao de que, corn Gherline, tra-
balhou em Braga o primeiro impressor portugues Rodrigo Alvares;
por ausencia, ou morte, de Gherline, a Alvares veto a pertencer a tipo-
grafia do alemao e, vindo para o Porto., aqui imprimiu, em 1497, as
0 autor das (Mem6rias de Braga,. Sena Freitas, assegurou tam-
b6m que a i.' Edigqo do aBreviarium Braccarense,) se fez sobre um
c6dice em pergaminho, que existiu nu cart6rio da antiga Relacao bra-
carense, famoso tribunal eclesiastico desta cidade, C6dice escriro pelos


(i) Vidd aUma Sessio Acad6mica em liuimaraes. em 1776a, publicado na
Revista de Guamardes, vol. 64.







anos de 1440, sob o arcebispo de D. Fernando da Guerra. E precisa
a data da impressao, o que nao fez Pereira Caldas, que di tambem a
noticia de o aBreviariumD ter sido trabalhado sobre aquele C6dice
- 12 de Dezembro de 1494, transcrevendo a nota final da edicao:
Impressus est hoc opus breviarii in augusta Bracharensi civitate His-
paniarum primate: per Magistrum Johanem Gherlinc Salutis, Chris-
liane MCCCCLXXXXIV die XII Decembres, ou seja: Foi impresso
este Breviirio na augusta Braga, cidade primaz das Espanhas, pelo
mestre Joao Gherlinc, aos 12 de Dezembro do ano de Cristo de 1494.
Acerca da 2.a Edi9ao do (Breviarium Braccarense, tambem Ber-
nardino Jose de Sena Freitas, que parece ta-la visto, assim como a
primeira, do que nos ficam dtividas quanto a Pereira Caldas nos
informa que ela se imprimiu em 20 de Junho, na oficina de Nicolau de
Sax6nia. Dos nossos eruditos e academicos que aludem a ambas estas
edic6es, refere que Ant6nio Ribeiro dos Santos jA tinha informado que
foi do C6dice manuscrito que se extraiu a c6pia da Vaticana, havendo
razto para acreditar que este c6dice fora trasladado doutro menor,
tambem de pergaminho, corn mais de 500 anos de antiguidade, que
.costumava ser recolhido no tumulo em que se encerrava o Senhor na
Sexta-feira Santa. E que, referindo-se D. TomAs Caetano do Bern A
-edigdo princeps do tBreviariumr na noticia privia da Colecq5o dos
Concilios de Portugal, ela foi desccnhecida por D. Ant6nio Caetano
de Sousa, que tomou a 2 a edicao pela princeps, assim como pelo
P.0 Ant6nio Pereira de Figueiredo, que desconheceu a existencia das
cduas. 0 erro de D. Ant6nio Caetano de Sousa 6 important, porque,
dando a 2.a edigio pela princeps, e atribuindo a esta a impressao em
Lisboa, em 1498, na oficina de Nicolau de Sax6nia, tira a Braga a
just primazia, assim como a honra de ter sido a terceira cidade do
Pais enobrecida corn a arte da tipografia corn tipos m6veis, ainda antes
de em Lisboa, em 1495, se imprimir a Vita ChristiD e de no Porto,
em 1497, aparecer Diogo Alvares, o primeiro impressor portugues.
Braga figure, pois, repetimos, como a primeira cidade portuguesa que
que possuiu uma tipografia pr6priamente dita.

Publicac6es portuguesas

(i Agros, da Associacao dos Estudantes de Agronomia de Lis-
boa, ps. 5o5-525:
Luis de Seabra Madeira: material base da indfistria de celulose.

(f Anuirio da Sociedade Broteriana, Coimbra, ano xxv, 1959:
ps. 11-19:
Abilio Fernandes Artur Augusto Taborda de Morais goo-
-I9j9 (corn a bibliografia do extinto).







([ Arquiro Coimbrdo da Biblioteca Municipal de Coimbra,
vol xvi, 1959:
i) Monumento a Antero de Quental, ps. 1-19;
2) Francisco Augusto Martins de Carvalho Associac6es de
Coimbra. Sociedades de Amadores Dramdticos, ps. 20-56;
3) Ant6nio Augusto Gongalves A Casa dos Melos, ps 8-59;
4) Epistoldrio da Biblioteca Municipal de Coimbra, ps. 60-162;
5) Vistorias da Camara de Coimbra Leitura e notas de
Gabriela Trindade Sim6es, ps. 163-i8o;
6) Belisdrio Pimenta Jodo Augusto Machado z862-19g5,
ps. 181-188;
7) Jose Pinto Loureiro Coimbra no passado e no present
- 0 meado do sdculo XIX, ps. 189-268;
8) Octaviano de Si -Viagens rigias a Coimbra nos sdculos XIX
e XX, ps. 269-285.
Secq6es habituais: Factos e comentarios.

([ Arquivo do Distrito de Aveiro, n.0 98, Abril-Junho, 1959,
ps. 117-145:
Ant6nio de Aguiar Acerca de Antdnio de Holanda, urn dos
autores da genealogia de D. Manuel Pereira, 3. conde da Feira.

([ A Arte do Ex-Libris, Boletim da Associagao Portuense de
Ex-Libris, ano iv, n. 4, 1959:
i) Joao de Almeida Lucas Desenhadores e gravadores de
ex-libris -0 desenhador francs Raymond-Prdvost, ps. 65-8 ;
2) Cruz Malpique No signo de Hip6crates, p. 82;
3) Ex-libris Herdldicos Antero Carreiro de Freitas, p. 83;
4) Mirio Areias Ligeiras considerac6es sobre o nu feminino
no ex-libris portugugs e brasileiro, ps. 84-94.

N.* 5, ano v, 1960:
Carlos Jose Vieira 0 artist gravador Jocelym Mercier,
ps. 97-111.

([ Bandarra, Porto, n.0 77, ano ix, Janeiro, 1960, 6 dedicado
inteiramente a Augusto Navarro.

([ Beira Alta, de Viseu, vol. xix, fasc. i, 1960:
i) Manuel Ramos de Oliveira Superstic6es, feiticeiras, lobi-
somens, espiritos, medicine caseira. As plants no cancioneiro do povo,
ps. 65-83;
2) Henrique Paz Incundbulos da Biblioleca Municipal de
Viseu, ix, ps. 99-104;







3) Amilcar Paulo Os marranos nas Beiras. Tradic6es Judio-
-portuguesas, ps. iob-121 continuea).

( Boletim da Academia Portuguesa de Ex-Libris, de Lisboa,
n.0 i3, Janeiro, 1960, ano v:
i) Ant6nio Alvaro D6ria Victor Hugo e Guerra Junqueiro
(A propdsito de duas poesias), ps. 1-8;
2) Joaquim de Oliveira Luis de Magalhdes, ps. 10-12;
3) Centendrio de Luis de Magalhdes, ps. 13-16;
4) Francisco Os6rio de Calheiros Sir Arthur Conan Doyle,
D. L., L. L. D., M. D., ps. 17-22;
5) Jose Rosa de Arauijo Ex-libris vianenses, ps. 24-26;
6) Mario Areias 0 Purto e os seus artists Soares dos
Reis, Teixeira Lopes, Henrique Moreira apreciados por um estran-
geiro, ps. 27-30;
7) Elementos para um ficheiro de artists gravadores modernos
portugueses ix-Vespeira, ps. 32-33.
8) Francisco de Simas Alves de Azevedo Uma cdpia do-
,Livro do Armeiro-mndro, ps. 37-41 ;
9) Manuel Bassa y Armengol Herdldica y exlibris, ps. 42-46;
io) A. Virginio Baptista- Marcas e emblemas de hotdis, ps. 49-51 :
11) Alberto de Sousa Machado Os Abreus de Viana do Minho,
ps. 52-53 ;
12) Joao de Almeida Lucas Um grande arista desaparecido
- Andre Vlaanderen, ps. 54-60;
13) J. da Cruz Jorge Estampas inglesas sobre Portugal-Land-
mann (George), ps. 61-62.
Inclui ainda as habituais sec96es de reprodugao de ex-libris, notas,
arquivo bibliogrifico, publica96es recebidas, vida associativa, etc.

([ Boletim da Assistdncia Social, Lisboa, n."s 135 e 136, ano 17,
Janeiro-Junho, 1959, ps. 5-i1 :
Deolinda Margarida Ribeiro Tern a palavra a Rainha, (Publi-
cam-se 6 cartas da rainha D. Leonor).

([ Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra, vol. xxiv,
1960:
i) Adelino de Almeida Calado -Livro que trata das cousas da
India e do Japdo, ps. 1-138;
2) Joaquim Verissimo SerrAo Documentos indditos para a his-
tdria do reinado de D. Sebastiao, ps. 139-272;
3) Belisario Pimenta Portalegre e a Guerra da Sucessdo,
ps. 273-301;







4) Mirio de Sampaio Ribeiro El-Rei D. Jodo III e o claustro
da Manga do mosteiro de Santa CruT de Coimnbra, ps. 302-337 ;
5) Ant6nio Brisio Uma carta inddita de Valentim Fernan-
des, ps. 338-358.
No final apresenta o movimento estatistico da Biblioteca nos anos
de 1957, i958 e 1959.

([ Boletim Cultural da Guind Portuguesa, n.' 55, vol. xiv, 1959:
i) Artur Augusto da Silva Apontamentos sobre as populacdes
oeste-africanas segundo os autores portugueses dos sdculos XVI e X VII,
ps. 373-406;
2) Jorge Faro Manuel Severim de Faria e a evangeli{acdo
da Guind, ps. 459-497.

([ Boletim, do Instituto Hist6rico da Ilha Terceira, n.0 16, 1958:
i) Manuel de Sousa Meneses A fidelidade da Ilha Terceira
-- Recompensas a combatentes da Restauracdo, ps. 20-35 ;
2) Martim de Faria e Maia Didrio do conde de Vargas de
Bedemar na Terceira (Y836), ps. 224-270.

([ Boletim do Instituto Vasco da Gama, Goa, n.0 76, 19'9:
1) Americo da Costa Ramalho 0 poeta quinhentista Andre
Falcao de Resende, ps. 1-36;
2) Jose Wicki Os percalcos das aldeias e terras de Bacaim
.vistos e julgados pelo P. Francisco Rodrigues S. J. (por z570),
ps. 37-75.

([ 0 Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, serie 77,
n.0' 4-6, Abril-Junho 1959, e dedicado A mem6ria do almirante Gago
Coutinho. De ps. 145 a i53, apresenta-se, por ordem cronol6gica, a
bibliografia de Gago Coutinho existente na biblioteca da Sociedade, e,
-de ps. 154 a 166, o legado do almirante A mesma instituicio.

(E Broteria, Lisboa, vol. LXX, n. 3, Margo, 1960:
i) Mario Martins S. Isidoro na Idade Media portuguesa (56o-
-r96o), ps. 275-283;
2) Ant6nio de Magalhaes-A margem de dois livros subre
Sampaio Bruno, ps. 284-291 ;
3) Ant6nio Leite A iconografia do Infante D. Henrique,
ps. 3o9-316.

([ Publicou-se o indice geral 1918-1959, de Brotdria, de Lisboa,
-sdries botanica, zool6gica, ciencias naturais e vulgarizagao cientifica.







(r 0 Concelho de Santo Tirso n.0 i, vol. vii, ano i96o, e dedi-
cado ao antigo professor universitario e ministry da Educapgo Nacional,
Carneiro Pacheco, no qual colaboram figures nacionais e estrangeiras
de grande prestigio, e no qual se incluem tambdm muitos documents
sobre aquele home public.

([ Estudos Ultramarinos, do Instituto Superior de Estudos Ultra-
marinos de Lisboa, n. i, 1960 :
i) Bibliografia sobre a economic ultramarina portuguesa,
ps. 269-280;
2) Bibliografia portuguesa sobre contabilidade econ6mica e ren-
dimento national, ps. 281-283.

(I Ex-Libris, Lisboa, n.0" io a 12, ano 8, Marqo-Agosto, 1959:
1) 0 que de direito nos pertence..., ps. 145 e i55 ;
2) Mario Vinhas Desenhadores portugueses Ant6nio Pie-
dade-Jorge Nunes, ps. 146-155;
3) Idem 0 ex-libris do conde de Bobone, p. 156;
4) Idem A mistificacdo das listas de cdmbio, ps. 157, 158, i85
e 192;
5) Idem 0 ex-libris do z.0 visconde do Marco, p. 158 ;
6) Ex-libris diversos, ps. 159-163;
7) Ex-libris portugueses, ps. 164-179;
8) Mirio Vinhas 0 ex-libris do dr. Cdndido Sotto Mayor,
p. 180o;
9) Idem Marcas editorials e insignias utiligadas como ex-
-libris, ps. x81-182;
io) Idem 0 ex-libris do dr. Francisco Alberto da Costa
Cabral, p. 183 ;
ii) Helmer Fodedgaard Ex-libris nos paises n6rdicos,
ps. 184-185 ;
12) Mario Vinhas Os ex-libris do dr. Francisco da Silveira
de Morais, ps. 186-187 ;
13) Ernesto Martins A autenticidade dos ex-libris de el-rei
Dom Manuel II e as considerac6es feitas pelo Dr. Jodo Jardim de
Vilhena, p. 188;
14) Armando de Matos 0 ex-libris (continuag9o), ps. 189-192.

(I Insulana, do Instituto Cultural de Ponta Delgada, vol. xiv,
2.0 semestre, 1958:
i) Rodrigo Rodrigues -Indice alfabetico dos principals assun-
tos e curiosidades hist6ricas do Livro 4. das ,Saudades da Terrav
de Gaspar Frutuoso, ps. 325-354;







2) Joao H. Anglin A instruc~o piblica no district de Ponta
Delgada na 2.a metade do sec. XI., ps. 355-358 ;
3) Jos6 Maria Alvares Cabral Documentos publicados [do 4.o
copiador particular de Nicolau Maria Raposo do Amaral, Pai, 2.a metade
do sec. xvmi], ps. 378-404.

( Lavoura Portuguesa, Lisboa, n.0 i, Janeiro, 1960, p. 7 :
Augusto Cardoso Pinto 0 aCalenddrioB do aLivro de Horas
chamado de D. Manuelb.

r Lusitania Sacra, Lisboa, t. iv, 1959:
i) Miguel de Oliveira-Lendas apostdlicas peninsulares, ps. 7-27;
2) Maur Cocheril-Abadias cistercienses portuguesas, ps. 61-92;
3) Mario Martins-Trinitdrios, ps. 131-154.

( Ocidente, Lisboa, n.0 263, vol. 58, Marqo, 1960:
1) Cruz Malpique -Teixeira de Pascoaes -bidgrafo, ps. i i5-i 19;
2) Divaldo Freitas Ura pequena achega d biografia de Frei
Vicente do Salvador (Autor da primeira histdria do Brasil escrita
por um brasileiro), ps. 120-122;
3) H. Howens Post Jodo Huyghen van Linschoten, adminis-
trador da casa do arcebispo de Goa e espido da Holanda (Yy83-i587),
ps. 123-i3o.

i Olisipo, do grupo (Amigos de Lisboab, n.0 9o, ano 23, Abril
de 1960:
Hugo Raposo -Norberto de Araujo e o Inventdrio de LisboaD,
ps. 65-67.

( Na Revista da Faculdade de Cidncias da Universidade de
Coimbra, vol. xxvIl, 1959, ps. 142-176, Luis Mendonga de Albuquerque
insere um trabalho Sobre um manuscrito quatrocentista do Tratado
da Esfera, de Sacrobosco, onde comenta e public extensos fragments
do c6dice alcobacense CCCLXXXIII 285, sec. xv, presentemente na
B. N. de Lisboa.

([ Revista Municipal, da Camara Municipal de Lisboa, ano xx,
n. 82, 3.o trimestre, 1959, ps. 59-63:
Jorge da Cruz Jorge Uma sdrie rara de litografias sobre
Portugal.

41 Revista Portuguesa de Filosofia, Braga, t. xvi, fasc. 2,
Abril-Junho, 1960, e dedicado A filosofia portuguesa actual.








(f Stvdia, Lisboa, n.0 5, Janeiro 1960:
i) W. Ph. Coolhaas As noticias neerlandesas mais antigas
acerca dos Baixos de Pero dos Banhos e das Chagas, ps. 7-19;
2) Alberto Iria Elementos de estudo acerca da possivel contri-
buicdo portuguesa para a organiTacdo do Museu Hist6rico de Malaca,
continuea), ps. 47-134;
3) Luciano Ribeiro Colectdnea de documents acerca de
D. Sebastido, ps. 135-257;
Iniciou-se, ps. 295-297, a sec;o Repertdrio de revistas antigas,
no qual se indicam os artigos e estudos relatives A hist6ria da expan-
sdo e do ultramar portugues. De ps. 3o9-3i3, noticia bio-bibliogrifica
de Alberto Iria sobre o malogrado investigator de Angola, dr. Carlos
Coimbra.

I[ Viagem, de Lisboa, n.0 230, Dezembro, 1959, ps. 9-1 i:
Antunes da Silva Uma biblioteca itinerante da Fundacdo Gul-
benkian.


Autores e temas portugueses em publicac6es estrangeiras

([ A Casa de Rui Barbosa, do Rio de Janeiro, distribuiu agora
os tres volumes dos Anais do Congresso Brasileiro da Lingua Verni-
cula, efectuado em 1949, no Rio de Janeiro, como homenagem ao grande
brasileiro.
Entre as teses ou comunica96es incluidas nos volumes, desta-
cam-se:
I VOL.:

i) Henrique da Silva Fontes- A acdo de Rui Barbosa a favor
da lingua portuguesa literdria. Uma gramdtica portuguesa baseada
na Rdeplica), de Rui Barbosa, ps. 204-206;
2) Propicio da Silveira Machado A licdo e o exemplo de Rui
Barbosa de amor a lingua portuguesa, ps. 207-247 ;
3) Jogo Ziller Observac6es s6bre o monossilabo aseb, ps. 248-
-264;
4) Walter Spalding- A linguagem popular brasileira, espe-
cialmente no Rio Grande do Sul, e o a Cancioneiro Geralb, de Garcia
de Resende, ps. 334-377.

II VOL.:

i) Serafim da Silva Neto A lingua portugudsa e a sua expan-
sao, ps. 95-123;








2) Oscar Bastian Pinto Reflex6es acdrca da expansdo da lin-
gua portuguesa no mundo, ps. 152-193 ;
3) Ant6nio Augusto Soares Amora Declamacao da poesia
trovadoresca portuguesa, ps. 194-214;
4) Odilon de Oliveira A lingua portuguesa no Brasil, ps. 214-
-244;
5) Jaime Cortesdio A lingua portuguesa como expressed his-
tdrica, ps. 30o6-321 ;
6) Phocion Serpa 0 Brasil na A.incora Medicinals (Notas
de um curioso), ps. 327-333.


III VOL.:

i) Cecil Meira A licdo e o exemplo de Rui Barbosa de amor
a lingua portuguesa, ps. 13-26.

(i Anthologica Annua, Roma, n. 7, 1959:
i) Jos6 Janini-Liturgia trinitaria espa~iola en los misales
gelasianos del siglo vin, ps. 9-93;
2) Ramon Robres Lluch e Vicente Castell Maiques La visit
aAd LiminaD durante el pontificado de Sixto V (1585-590go) Datos
para una estadistica general. Su cumplimiento en Iberoamdrica,
ps. 147-zi3;
3) Justo Fernandes Alonso Juan Mierli, legado ante Juan II
de Portugal (1483), ps. 395-407;
4) Jose de Olarra Garmendia e Maria Luisa de Larramendi -
Indices de la correspondencia entire la Nunciatura en Espafia y la
Santa Sede durante el reinado de Felipe III (iy98-z62a) I, afios 1598-
-16oi, ps.409-702.

(I Archivo Espahol de Arqveologia, Madrid, vol. 5, xxxi, n.0' 97
e 98, 1958, 1. e 2.o semestres:
i) Felix Hernandez- El cruce del Odiel por la via romana de
Ayamonte a Merida, ps. 126-152;
2) A. Garcia y Bellido- De nuevo sobre el jarro actual ritual
lusitano, publicado en A.E. Arq. 3o, 1957, 121 ss, ps. 153-164;
3) Maria Helena Rocha Pereira Una krdtera pintada cam-
paniense, ps. 165-168.

([ Archivum, Paris, vol. vm, 1958:
Emilia Felix Les registres paroissiaux et I'dtat civil au Por-
tugal, ps. 89-94.







(T Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional,
Rio de Janeiro, ano xiv, Janeiro-Dezembro, iq58, n.08 27-18:
i) Haroldo Valladao A comunidade luso-brasileira no direito
international, ps. 26-28;
2) Ant6nio Amaral de Sampaio A evolucao histdrica da
ocupacdo ein direito international, ps. 70-91.

(4 Bulletin de l'l"stitut Francais d'Afrique Noire, Dacar,
t. xxi, n.0s 1-2, 1959, ps. 109-154:
K. Han Evidence of the use of pre-Portuguese written charac-
ters by the Bini ?
Idem, serie A, n.0 1960, ps. ?9-94:
Theodore Monod Notes botaniques sur les iles de Sdo Tomd
et de Principe.

(I Hispania Sacra, de Madrid, vol. xi, n.0 22, 1958, ps. 299-341:
Alvaro Huerga Frar Luis de Granada r San Carlos Borro-
meo. UTna amistad al servicio de la restauracidn cal6lica.

([ Kriterion, Belo Horizonte, n.0" 49-50, Julho-Setembro, 1959:
i) A. Pinto de Carvalho -A esfera do Ser: o Absoluto e o
Relatio, ps. 273-296;
2) Terno Mikami-Algumas palavras portugudsas japonigadas,
ps. 488-493.

([ Miscellanea Paul River, Mexico, 1958, ps. 181-188:
The Ecological concept of Ethnography.

(4 Revista Brasileira de Geografia, do Rio de Janeiro, vol. xx,
1958, n.0 2:
i) Luzia Maria Cavalcanti Bernardes Pescadores da Ponta do
Cafu Aspeclos da contribuicdo de portugueses e espanhois para o
desenvolvimento da pesca na Guanabara, ps. 181-201;
2) Vultos da geografia do Brasil Pedro Alvares Cabral,
pS. 221-222.

([ Revista Brasileira de Hist6ria da Medicina, 6rgTo official do
Institute Brasileiro de Hist6ria da Medicina, dedica os seus n." 2 e 3,
vol. x, Margo-Abril e Maio-Junho, 1959, A rainha D. Leonor e As mise-
ric6rdias portuguesas.

([ Revista de Dialectologia y Tradiciones Populares, Madrid,
t. xv, cuaderno 4.:
i) Vicente Garcia de Diego Familias verbales en las lenguas
y dialectos hispanicos: Caryon, ps. 355-38o;







2) Julio Caro Baroja La ciudad y el campo, o una discusidn
sobre viejos lugares comunes, ps. 381-400.

[ Revista de Histdria, S. Paulo, n.0 40, Outubro-Dezembro,
1959, ps. 289-301:
F. 0. Marcondes de Sousa A primeira viagem de Vasco da
Gama d India.

([ Revue du Nord, de Lille, n.0 164, t. XLI, Outubro-Dezem-
bro, 1q59, ps. 241-249:
Oliveira Marques -. Un example des relations maritimes entire la
Prusse et le Portugal au ddbut du XV siecle.

(F Synthses, de Bruxelles, n.0 145-146, Junho-Julho de 1958,
ano 13, e dedicado ao Mundo dos Lusiadas, e apresenta, na parte
relative a Portugal, colaboraqao viria, destacando-se:
i) Leon Kochnitzky-Un humaanisme empirique, ps. 362-369;
2) Etienne Vauthier-- Camuens, l'homme et l'oeuvre, ps. '7o-378;
3) J.B. Aquarone Les deux Henri-le-Navigateur, ps. 379-3qo;
4) F. de Saint-Palais d'Aussac-Un pape portugais: Jean XXI,
ps. 39t-396;
5) Leon Kochnitzky Le jeu d'echecs du bon Dieu, ps. 400-405;
6) Armand Guibert -Fernando Pessoa (i888-1g93), ps. 425-43 1;
7) Keepsake portugais, ps 432-447 ;
8) Emilie Noulet- Les chapelles anachevdes de Batalha, ps. 448-
-449;
9) Fernando Guedes-La peinture au Portugal: 198f, ps. 45o-
-455;
io) Sofia de Melo Breyner Andresen Vieira da Silva, ps. 456-
-458;
SI) Suzanne Chantal Portugal, terre de refuge, ps. 459-463;
12) Suzanne Lilar Portugal fantastique, ps. 464-473;
13) lies Adjacentes Madere et les Acores, ps. 474-476;
14) Eustache de La Fosse Fundements d'une communautd luso-
-africaine en Angola, ps. 477-483 ;
15) Jose Os6rio de Oliveira-La lecon du Cap Vert, ps. 484-
-485;
16) Etablissement des portugais au Mozambique, ps. 486-488;
17) Ludovico Toeplitz de Grand Ry -Diclin et salut de Goa la
Dorde, ps. 489-494;
18) Eduardo Brazao Macao, cite du nom divin, en Chine,
ps. 495-501;
1t) John L. Brown Camoens i New Bedford: immigrds por-
tugais aux Etats-Unis, ps. 502-505;

98




University of Florida Home Page
© 2004 - 2010 University of Florida George A. Smathers Libraries.
All rights reserved.

Acceptable Use, Copyright, and Disclaimer Statement
Last updated October 10, 2010 - - mvs